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DIR 250 – RESUMOS MONITORIA

INTRODUÇÃO AO DIREITO E À LEGISLAÇÃO

Prof.: Dr. Felipe Comarela Milanez

Monitora: Luana Carolina Silva

ATENÇÃO: As ideias trazidas neste resumo são produtos das reflexões do professor
Felipe Comarela e de suas aulas, organizadas sob a forma de texto pela monitora. Sob
hipótese alguma deve ser compartilhado sem autorização, sob pena de violação de direitos
autorais.

TÓPICO 1 – ITEM A

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

Existe uma relação direta e indissociável entre Direito e sociedade. O Direito atua
como um balizador, regulando comportamentos para alcançar a harmonia social.

O ser humano sozinho não é capaz de grandes feitos, é necessário viver em sociedade
para que haja uma relação solidária entre os indivíduos, de maneira a satisfazer
necessidades que não poderiam ser supridas individualmente.

Dessa forma, o Direito deve agir como um balizador do que é esperado pela sociedade
para viver de forma ordenada e harmônica. Não podendo ser uma ferramenta acabada,
pelo contrário, deve ser mutável para se adaptar ao contexto social.

A ferramenta adotada pelo Direito para alcançar a harmonia é a norma jurídica, que
expressa um dever ser, ou seja, o indivíduo deve (dever) se orientar pela norma para
que adote um comportamento (ser) aceitável.

Para a Teoria Tridimensional do Direito, existem os seguintes momentos para a


formação da norma jurídica:

Teoria tridimensional do Direito


Fato Valor Norma
O Direito se origina Posteriormente, a Nesse momento, surge a
através de um sociedade faz um juízo de norma jurídica, pois ela é
acontecimento do mundo. valor sobre o caracterizada como um
acontecimento, cabendo dever ser, ou seja, é o
definir se o comportamento esperado
comportamento é do indivíduo.
aceitável ou reprovável.

Porém, nem todo comportamento tem relevância jurídica, somente aqueles que têm é que
são chamados de fatos jurídicos.

FATO JURÍDICO – acontecimento do mundo fático a que o Direito atribui efeito


jurídico, por meio da norma.

CONCLUSÃO: O Direito acompanha (ou ao menos deveria acompanhar) a


evolução da sociedade como objetivo de alcançar a harmonia da vida social.

O que implica a vida em sociedade (na relação entre os indivíduos)?

Conforme anteriormente observado, o Direito atua buscando harmonizar os diversos tipos


de relações, buscando justiça (dar a cada um o que lhe é devido), segurança (garantia de
previsibilidade e certezas), bem-estar (harmonia) e progresso.

Relações de Cooperação: se orientam pela solidariedade, quando o indivíduo ou um


grupo de indivíduos se unem para promover o bem maior da coletividade, nesse caso,
tem-se como exemplo o pagamento de tributos.

Relações de competição: existe um mesmo objeto de interesse por diversas pessoas. Ex.:
Concursos públicos.

Nesse sentido, a ausência de solução harmônica (não atendimento aos objetivos sociais)
pela via de cooperação e/ou de competição geram relações conflituosas, que também são
disciplinadas pelo Direito.

Recapitulando:

Dupla Função do Direito


Função Preventiva Função Corretiva
Normas de cooperação e competição. Normas de conflito.
Estabelece limites entre a cooperação e a Solução para conflitos.
competição.
CONCLUSÃO: Sociedades que tem maior necessidade de utilização de normas de
função corretiva, têm maior dificuldade para obter progresso.

SISTEMAS ÉTICOS DE ORIENTAÇÃO DE RELAÇÕES E CONDUTAS

O Direito é o único sistema que cria normas para convivência em sociedade?

Normas éticas: determinam um fazer ou não fazer. Ex.: religião, moral, Direito e regras
de trato social.

DIREITO E RELIGIÃO
Pontos convergentes Orientação para a busca do bem.
O Direito possui alteridade – apenas existe Direito em uma
relação com outro indivíduo, por outro lado, as normas
Pontos divergentes religiosas podem ser aplicadas de forma unilateral.
O Direito possui segurança – estabelecimento prévio de
comportamentos de forma objetiva, por outro lado, as
normas religiosas são transcendentais.

A religião influenciou a formação do Direito, e atualmente, ainda existem resquícios de


questões religiosas em normas jurídicas.

DIREITO E MORAL
Pontos convergentes Regulam o comportamento em sociedade.
O Direito é predeterminado, estabelecendo normas sobre
situações objetivas.

Ex.: Art. 1.694, CC - Podem os parentes, os cônjuges ou


companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive
para atender às necessidades de sua educação.

Pontos divergentes Por outro lado, a moral traz concepções abstratas. Ex.: é
necessário o zelo dos pais para com o seus filhos.
O Direito é bilateral, impõe um comportamento esperado
(dever ser), chamado de imperativo-atributivo, de caráter
obrigatório. Ou seja, existe um indivíduo que impõe uma
regra de dever ser e outro que a cumpre.
Por outro lado, a norma moral é uma concepção dos
indivíduos sobre o que é ou não devido. O descumprimento
pode ensejar reprovação pela sociedade, mas não uma
penalidade pelo Estado.
O Direito é aplicado aos atos já externalizados, portanto,
não interfere no plano do pensamento. Ex.: furto é crime,
mas pensar em furtar não.
A moral está relacionada com a consciência pessoal,
geralmente é aplicada em âmbito interno.
O Direito é heterônomo, é determinação alheia a vontade
do indivíduo. Ex.: O Estado cria o Direito e o cidadão
Pontos divergentes precisa seguir, obrigatoriamente.
Por outro lado, a moral é um querer espontâneo. Ex.: Devo
doar aos necessitados, mas se eu não doar, não serei
punido.
O Direito é coativo, ou seja, o Estado impõe o respeito a
norma, caso contrário, serei punido.

Ex.: Art. 121, CP. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a


vinte anos.

Já a moral, não é coercitiva, cumpro a norma moral porque


quero.

TEORIA DOS CÍRCULOS

2
1) Teoria dos círculos concêntricos: ideia de que o direito é um mínimo moral para
se conviver em sociedade.
2) Teoria dos círculos secantes: o direito e moral em determinados aspectos
encontram uma intersecção, mas existem normas morais que não são jurídicas e
normas jurídicas que não são morais.
3) Teoria Kelseniana: há uma desvinculação total entre Direito e moral.

DIREITO E REGRAS DE TRATO SOCIAL


Pontos convergentes Tornar as relações mais agradáveis, ambas são através de
condutas exteriorizadas.
O Direito é bilateral, mas as regras de trato social são
unilaterais
Pontos divergentes O Direito é coercitivo ao contrário das regras de trato
social.
A sanção no Direito é previamente estabelecida, já nas
regras de tratos sociais, as sanções são difusas.

CONCLUSÃO

DIREITO RELIGIÃO MORAL TRATO SOCIAL


Bilateral Unilateral Unilateral Unilateral
Heterônomo Autônomo Autônomo Heterônomo
Externo Interior Interior Externo
Sanção prefixada Sanção geralmente Sanção difusa Sanção difusa
prefixada

OBSERVAÇÃO: o resumo visa auxiliar no processo de estudo e não exclui a


necessidade de leitura da bibliografia básica.

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