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Instituições de Direito

Mônica Alves Costa Ribeiro

Unidade 1
 Noções de Teoria Geral do Direito
A Teoria Geral do Direto é a teoria que sistematiza o conjunto de regras ou leis do Direito – é a análise
dos conceitos fundamentais que são comuns aos diferentes sistemas jurídicos.

 Natureza e Cultura
O homem, ao viver em sociedade, estabelece relações com os outros homens. Com essas relações há
o aparecimento de regras de organização de conduta. Dessas relações nascem?
▪ Produto Natural: coisas anteriores à existência dos seres humanos.
▪ Produto Cultural: coisas que se originam naturalmente, mas sofrem adaptação da ação do
homem para alcançar certa finalidade.
▪ Cultura é o conjunto de tudo aquilo que o homem constrói sobre a base da natureza, seja para
modificá-la, seja para modificar a si mesmo.
▪ Leis físico-matemáticas e leis culturais
• Leis Físico-Matemáticas: é uma ciência descritiva do real, podem ser alteradas caso o
fato mude.
• Leis Culturais: são leis baseadas no que foi construído pelo homem e não podem ser
mudadas caso descumpridas, mas o autor do descumprimento é punido.

 O mundo ético
▪ Juízos de valor e de realidade
Uma das características do direito é a imperatividade (a lei não te pergunta, ela obriga), por
isso é importante definir o que é juízo.
• Juízo é o ato mental de atribuir qualidades a um ser ou ente – julgar mentalmente um
ser ou de um ente.
o Juízo de realidade: é o que diz respeito ao fato em si, como ele realmente é.
o Juízo de valor: é a imperatividade do Direito, ou seja, o que deve ser ou o que
deveria ter ocorrido.

 Direito e Moral
Os conceitos de Direito e moral podem se confundir, por isso é importante distingui-los. A moral se
refere a um conjunto de práticas, costumes e padrões de conduta formadora da ambiência ética.
▪ Norma moral: determina ao ser humano qual conduta seguir para seu aperfeiçoamento como
humano.

▪ Teorias sobre a relação entre Direito e moral

Moral

Moral Direito
Direito Moral Direito
▪ Imoral e Amoral
• Imoral é tudo aquilo que fere a moral.
• Amoral é tudo aquilo que não influi no campo da moral.

▪ Semelhanças entre o Direito e a moral


• Ambos têm por objeto os atos humanos
• Ambos têm a ética por fundamento
• São de caráter obrigatório, com sanções diferentes
• São de caráter prescritivo: vinculam e estabelecem obrigações
• Ambos são indispensáveis à vida em sociedade

▪ Coerção e Coação
• Coerção é uma força que se observa no campo psicológico, levando alguém a cumprir
determinada regra ou ter determinada conduta, devido à pressão “abstrata” exercida.

• Coação é outra fase de imposição da força que ocorre no plano físico, é uma força
evidentemente manifesta, pois se reflete no campo físico.

Unidade 2
 Direito Público
As normas de Direito Público são aquelas em que o Estado toma parte – é o conjunto de normas e
princípios que regem a atividade do Estado, a relação deste com os particulares, assim como o atuar
recíproco dos cidadãos – ao Direito Público não cabe negociação.
▪ Penal
▪ Constitucional
▪ Administrativo
▪ Trabalho

 Direito Privado
As normas de Direito Privado tendem sempre a regular um interesse dos particulares – é aquele
formado por normas que tem por matéria as relações existentes entre os particulares, relativas à vida
privada e às relações patrimoniais ou extrapatrimoniais – ao Direito Privado cabe negociação.
▪ Código Civil (CC 1)
▪ Código Comercial (CC 2)

 Direito Coletivo e Direito Difuso


▪ Direito Coletivo é aquele que atinge um grande número de pessoas interessadas, porém, é
possível definir quem são.
Exemplo: usuários do plano da UNIMED, boate Kiss.

▪ Direito Difuso é aquele que atinge uma coletividade que não se consegue identificar e
enumerar.
Exemplos: usuários do transporte coletivo e do sistema público de saúde.
Unidade 3
 Normas Jurídicas
Normas Jurídicas são esquemas ou modelos de organização e conduta. Para Hans Kelsen é a
exteriorização do Direito.
▪ Kelsen diz que se tem fato, tem consequência. Entretanto, isso cai por terra em virtude das
normas que apenas expressam definições, uma vez que essas não podem ser descumpridas.

 Tipos de Normas
▪ Normas de organização e de conduta são aquelas que disciplinam o comportamento humano,
organizando o Estado.
Exemplo: A capital do Brasil é Brasília

▪ Normas Primárias ou Secundárias


• Primárias são aquelas que estabelecem obrigações, deveres e proíbem crimes, atos
infracionais, etc.

• Secundárias são aquelas que visam sanar as deficiências do sistema, elas especificam
os modos pelos quais as regras primárias podem ser determinadas de forma
concludente.

 Validade da Norma
Para que a norma se torne obrigatória, é necessário que seja vista de três aspectos: o da validade formal
(vigência), o da validade social (eficácia) e o da validade ética (fundamento).

▪ Validade formal ou Vigência


Refere-se à existência específica da norma; é preciso que ela tenha:
• Legitimidade quanto ao órgão: se o órgão é competente para elaborar tal norma.
• Legitimidade quanto à competência ratione materiae: diz respeito ao conteúdo da
norma.
• Legitimidade quanto ao procedimento: se obedeceu ao processo de elaboração correto.

▪ Validade social ou Eficácia


Refere-se à aplicação ou execução da norma jurídica, se a norma é formalmente válida e
socialmente eficaz – se ela funciona.
Exemplo: cidade onde é proibido morrer.

▪ Fundamento é o valor ou o fim objetivado pela norma – o que se pretende atingir com ela.

Valor

Fato Norma
 Classificação das Normas
▪ Quanto ao território
1. Normas jurídicas de direito interno: aplicáveis no Brasil
• Federal (está acima das estaduais e municipais, não pode ser violada por
nenhuma das duas instâncias)
• Estadual
• Municipal
2. Normas jurídicas de direito externo: aplicáveis a nível internacional (com ressalvas)
• Só quem faz parte do grupo/acordo está sujeito às normas.

▪ Quanto as fontes do Direito


1. Normas legais: que advém do Estado
2. Normas consuetudinárias: que advém dos costumes
3. Normas jurisprudenciais: que vem do tribunal
4. Regras negociais: negócio jurídico, contrato.

▪ Quanto à violação
1. Mais que perfeita: são as que a violação pode levar à anulação e aplicação de uma pena.
Exemplo: bigamia
2. Perfeita: determinam anulação do ato sem imposição de pena. Exemplo: contrato
assinado por menor idade – é anulado, mas não é punido.
3. Menos que perfeita: não prevê sanção, apenas é feito um ajuste. Exemplo: contrato
gera multa por atraso no pagamento
4. Imperfeita: aquela que proíbe o ato, mas não prevê punição para o descumprimento.
Exemplo: mãe que impõe horário para voltar mas se o filho se atrasa ela não faz nada.

▪ Quanto à imperatividade (poder de mando)


1. Coagentes ou de ordem pública: o interesse público se impõe sobre o privado.
Exemplo: João tenta matar Pedro, Pedro não quer processar João. O processo ocorrerá
mesmo contra a vontade de Pedro.
2. Norma dispositiva: te dá a chance de escolher entre duas ou mais opções. Exemplo:
compra e venda podem ser feitas pelo telefone, pela internet ou pessoalmente.
3. Norma interpretativa: só interpreta conceitos, não há como infringi-la.

 Fontes do Direito
▪ Fontes Materiais: são as situações econômicas, sociais, problemas de justiça, segurança e
outros fatores que levaram à criação da norma. Exemplo: lei de crimes hediondos (falsificação
de remédio, sequestro e assassinato da filha da Glória Perez)

▪ Fontes Formais: são os processos pelos quais as regras jurídicas se positivam com vigência e
eficácia no contexto da estrutura normativa.

▪ Há quatro principais fontes do Direito:

1. Os usos e costumes jurídicos


O costume se torna um costume jurídico quando passa a intervir intencionalmente a
valores do Direito, tanto para realizar um valor positivo, quanto para evitar um valor
negativo. É o chamado Direito Consuetudinário, que surge dos costumes da sociedade
e não passa por um processo formal de criação das leis.
2. Processo Legislativo
É a sequência de atos realizados que buscam a elaboração da norma jurídica, os quais
devem observar regras particulares previstas na Carta Magna. Esse processo pode ser
utilizado para criar:
• Emendas Constitucionais: remonta no texto constitucional.
• Leis Complementares: complementam o texto constitucional, autorizadas pela
própria constituição.
• Leis ordinárias: leis comuns
• Decretos legislativos: competência total do Congresso, independentes da
sanção do presidente
• Resoluções: atos vinculados à atividade privativa

• Legislativo em todas as esferas


o Federal: Congresso = Câmara + Senado
o Estadual: Assembleia legislativa
o Distrital: Câmara legislativa
o Municipal: Câmara municipal

• A elaboração das leis passará por um processo deveras complexo, que inclui:
Iniciativa, Discussão, Votação, Aprovação, Sanção ou Veto, Promulgação e
Publicação. A norma só entra em vigor na data da aprovação ou da publicação,
mas caso seja uma mudança muito radical, tem até um ano para entrar em vigor.

3. Jurisprudência
De forma ampla, jurisprudência é a coletânea de decisões proferidas pelos juízes ou
tribunais sobre uma determinada matéria jurídica. A atividade jurisprudencial é usada
para normas defeituosas e que contém lacunas, mas também é utilizada para a
interpretação de normas preexistentes.
• Precedente Jurisprudencial é a decisão tomada por um juiz ou tribunal em um
primeiro caso.
• Existem três tipos de jurisprudências:
o Secum legem: só interpreta
o Prateter legem: quando a norma é omissa
o Contra legem: se forma ao arrepio da lei
• Para combater jurisprudências conflitantes, pode ser solicitado recurso para
julgamento pelo STF.

4. Fonte Negocial
É a fonte de livre negociação das partes – as cláusulas não podem ferir a lei.
• Contrato não vem do Estado portanto não tem efeito erga omnes.
• O que caracteriza a fonte negocial é:
o Manifestação da vontade de pessoas legitimadas a fazê-lo.
o Forma de querer que não contrarie a exigida em lei.
o Objeto lícito
o Quando não paridade, é necessário ao menos uma devida proporção
entre os participantes da relação jurídica.
 Hierarquia das Normas

 Hermenêutica
É a ciência da interpretação do Direito – diz o alcance das normas, suas brechas, quem ela beneficia
ou prejudica. Exemplo: Cálice de Chico Buarque e Conto da Bela Adormecida.
▪ Diferença entre Interpretação e Hermenêutica
• Interpretação é um trabalho prático que busca fixar o sentido e o alcance das normas
jurídicas.
• O objeto da Hermenêutica é a interpretação.
• Interpretação busca apenas dizer o que está falando.

▪ Tipos de Interpretação
• Gramatical: é a menos segura, analisa a norma segundo as palavras.
• Lógica: interpretação segundo o contexto.
• Sistemática: ler todos os artigos, incisos e parágrafos.
• Teleológica: leva em consideração a finalidade pela qual a norma foi criada – lei de
crimes hediondos e estatuto da criança e do adolescente.
• Histórica: relacionar a norma ao contexto histórico em que foi criada.

▪ Resultado da interpretação pode ser:


• Declarativa: o intérprete se limita a declarar o sentido da norma sem ampliá-la ou
restringi-la.
• Restritiva: ocorre quando se percebe que a norma disse mais do que deveria dizer.
• Extensiva: ocorre quando se percebe que a lei disse menos do que deveria.

 Integração
É o ato de preencher as lacunas das normas. A integração é feita de maneira singular, caso a caso.
Esse processo de integração faz com que o juiz tenha que decidir pelas seguintes formas:
▪ Analogia: é a aplicação da lei em um fato parecido. Exemplo: lei que regulamenta a guarda
de filhos em casos de divórcio usada para a guarda do cachorro.

▪ Equidade: leva em conta a igualdade e proporcionalidade. Exemplo: pessoa que casa com 20
outras pessoas, quando morre os bens são divididos igualmente entre os 20

▪ Costumes: quando não existe norma a respeito ou é preciso o uso dos costumes para entender.
Exemplo: casamento cigano.

▪ Princípios Gerais do Direito: a integração é feita com a utilização dos princípios


fundamentais que regem o Direito.
Unidade 4
 Estado Democrático de Direito
O Estado Democrático de Direito é aquele que produz as leis e protege o povo mas ele se torna sujeito
às normas que ele mesmo criou.

Unidade 5
 Constituição
É o código de normas máximas e fundamentais do país, sobre as quais todas as outras devem se moldar.
Trata dos direitos da pessoa humana, tanto os individuais como os sociais, da organização do Estado.
É a norma das normas, o alicerce.
▪ Classificação
• Quanto à origem
1. Promulgada: feita pela população através da eleição de alguém que a
represente – é convocada uma Assembleia Nacional Constituinte.
2. Outorgada: imposta pelo Estado.

• Quanto ao conteúdo
1. Formal: diz respeito a forma, ao modo de elaboração da norma.
2. Material: diz respeito ao conteúdo da norma.

• Quanto à extensão
1. Sintética: composta apenas de normas essenciais para a estruturação do Estado.
2. Analítica: de conteúdo extenso, traz minúcias desnecessárias a estruturação do
Estado.

• Quanto ao modo de elaboração


1. Dogmáticas: elaboradas em um momento determinado, refletem os valores
(dogmas) daquela época. Exemplo: Brasil e a redemocratização em 1988.
2. Históricas: formam-se a partir do lento evoluir da sociedade. Exemplo:
conquistas feministas.

• Quanto à ideologia
1. Ecléticas: fundadas em várias ideologias.
2. Ortodoxas: fundadas em só uma ideologia.

• Quanto á alterabilidade
1. Imutável: não prevê mecanismos de alteração, pretensão de ser eterna.
2. Rígida: prevê um procedimento solene mas é mais difícil que alterar leis
ordinárias. Exemplo: CF brasileira – maioria absoluta e 2 turnos.
3. Flexível: rígida para fazer, mas para alterar é fácil.
4. Semirrígida: parte segue como Constituição e parte é como leis ordinárias.

• Quanto à forma
1. Escritas: garante segurança jurídica.
2. Não-Escritas: são mais fáceis de mudar e acompanham o pensamento da
sociedade.
▪ Primado da Constituição
Trata-se da supremacia da Constituição sobre todas as outras normas. Entretanto, é limitada
pelos direitos naturais e grupais (índios).

 Controle de Constitucionalidade das Leis e dos Atos Normativos


Usado para garantir que as normas jurídicas não firam a supremacia da constituição federal.

• ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade): usada para alegar inconstitucionalidade de uma


lei em tese ou ato normativo.
• Proposta por: Pessoas do Artigo 103 da Constituição
• Para quem: STF
• Quem defende a norma: Advogado Geral da União
• Efeito para quem se aplica: erga omnes vinculante
• Validade: ex tunc
• Meio: Via ação
• Tipo: Abstrato

▪ ADIN por omissão: proposta quando um direito garantido na Constituição prevê uma norma
regulamentadora, mas tal norma não foi produzida ainda.
• Proposta por: Pessoas do Artigo 103 da Constituição
• Para quem: STF
• Quem defende a norma: Advogado Geral da União
• Efeito para quem se aplica: erga omnes vinculante
• Validade: ex tunc
• Meio: Via ação
• Tipo: Abstrato

▪ Ação Declaratória de Constitucionalidade: proposta com o objetivo de tornar certo


judicialmente que uma dada norma é compatível com a Constituição.
• Proposta por: Pessoas do Artigo 103 da Constituição
• Para quem: STF
• Quem defende a norma: Advogado Geral da União
• Efeito para quem se aplica: erga omnes vinculante
• Validade: ex tunc
• Meio: Via ação
• Tipo: Abstrato

▪ Arguição de Descumprimento de Preceito Constitucional: tem como objetivo, se não


houver mais nenhum outro meio judicial, evitar ou reparar lesão a Preceito Fundamental
resultante de ato do Poder Público.
• Proposta por: Pessoas do Artigo 103 da Constituição
• Para quem: Tribunal Regional
• Quem defende a norma: Advogado Geral da União
• Efeito para quem se aplica: erga omnes vinculante
• Validade: ex tunc
• Meio: Via ação
• Tipo: Abstrato
▪ Representação Interventiva
• Proposta por: Presidente da República
• Para quem: Congresso Nacional
• Quem defende a norma: Advogado Geral da União
• Efeito para quem se aplica: erga omnes vinculante
• Validade: ex nunc
• Meio: Via ação
• Tipo: Abstrato

▪ Processo Comum
• Proposta por: Qualquer pessoa
• Para quem: Qualquer nível de justiça
• Quem defende a norma: Advogado contrário
• Efeito para quem se aplica: Válida entre as partes (não vinculante)
• Validade: ex nunc
• Meio: Via defesa
• Tipo: Concreta (defesa dos interesses pessoais)

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