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É muito comum as pessoas definirem o Direito como uma série de normas que regulam a

vida em sociedade. No entanto as normas não são todas jurídicas, e o Direito não é só
normas. Aliás o Direito vai mais à frente do que a Norma, mas continua a ser necessário
compreender e respeitar as leis pois este ainda é considerado o grau zero do Estado de
Direito.

A norma é a principal função reguladora da sociedade, deriva de valores que levam a fatos, e
tem por vista factos influenciados pelos valores.

A norma jurídica tem uma estrutura, as normas ou proposições legais, levam o facto A
corresponder ao facto B, que dele é consequência jurídica. Em forma de esquema será: “se A,
então B. Ou será B se A” (Teoria geral do Direito, P.Ferreira da Cunha (pg.304)) em que A é
considerada a hipótese e B a estatuição ou efeito jurídico).

A norma jurídica tem características que são indicadores importantes do Direito, é por isso
necessário distinguir as normas jurídicas das normas de outra natureza, como: morais,
religiosas, corteses, etc.

Estas várias características da norma podem ser divididas em dois planos:

O Plano externo que é o mais mencionado na doutrina e diz respeito à forma e valor externo
das características, e tem como elementos a imperatividade ( dá ordens com base em juízos
de valor), a generalidade (esta norma não se aplica apenas a uma pessoa, mas a todas as se
encontrem em determinada situação hipotética, se a pessoa A age de forma X, então a reação
jurídica é Y), abstração ( é a capacidade da norma tratar todos os atos por igual, sem se
prender às particularidades da situação em causa), coercibilidade ( o incumprimento da
norma, leva a uma sanção jurídica), e por último a violabilidade ( uma pessoa não é obrigada
a cumprir uma norma, desde que se sujeite à sanção que ocorrerá devido ao seu
incumprimento). As características do plano externo respondem aos seguintes critérios:
características da generalidade e abstração – Critério do interesse espacial de vigência
(normas universais, gerais e locais), critério de interesse (normas de interesse público e
normas de interesse privado), critério de frequência e normalidade ( normas gerais, especiais
e excecionais); Características de imperatividade – critérios da força vinculativa ( normas
imperativas e normas facultativas; Características de coercibilidade e violabilidade tem como
critérios as consequências da violação ( normas mais que perfeitas, perfeitas, menos que
perfeitas e imperfeitas).
No plano interno, as normas jurídicas são fundadas na justiça, e a assim a justiça criar
proibições no abuso do Direito “honeste vivere”, no uso do direito “ alterum non laedere” –
não lesar ninguém, respeito pelos direitos dos outros “suum cuique tribuere” dar a cada um o
que é seu por direito. As características do plano interno correspondem os critérios relativos à
fonte de Direito (normas consuetudinárias, jurisprudenciais, doutrinais, legais e negociais),
critérios da eticidade ou juridicidade imediata da norma ( normas éticas, normas técnicas,
normas de estatuição material e estatuição jurídica), critérios de inovação ( normas
inovadoras e normas interpretativas).

Existem ainda características relacionadas com a presença de várias características ao mesmo


tempo numa norma, que respondem aos critérios de importância e causação das normas
(normas principais e normas secundárias), critérios de autonomia, totalidade e trocas
normativas (normas autónomas e não autónomas, normas completas e incompletas, e normas
diretas e indiretas)

As normas jurídicas podem ser classificadas e qualificadas em vários tipos de normas ao


mesmo tempo. O que normalmente acontece é que uma norma é classificada consoante o seu
aspeto mais claro, deixando para trás os outros possíveis aspetos.

Existem diferentes tipos de normas jurídicas, as Universais aplicáveis em todo o território


nacional e regiões autónomas, as Locais aplicáveis num determinado local sendo chamados
de autos deliberados pelas autarquias, as Gerais aplicáveis aos vários tipos de relações
jurídicas no território nacional.

As Normas de interesse Público protegem os interesses do direito público e que regulam a


relação entre as entidades públicas e os cidadãos, as Normas de interesse privado, são o
oposto, protegem e regulam a relação entre os cidadãos e os interesses dos privados (hoje em
dias os interesses e critérios que separam o Direito público do Direito Privados encontram-se
misturados, não sabendo se faz sentido continuar a manter esta distinção entre os mesmos);

As Normas Gerais, Especiais e Excecionais possuem uma abrangência territorial grande e


podem relacionar-se umas com as outras, assim sendo quando estamos perante um direito
comum trata-se de uma norma geral, no caso de uma pequena alteração da norma em geral,
torna-se numa norma especial, e caso o regime jurídico seja o oposto da norma geral, estamos
perante uma norma excecional;
As normas imperativas podem ser preceptivas/positivas no sentido em que indicam a ação a
realizar e como a realizar, e as normas proibitivas que proíbem o individuo de realizar
determinada ação como fumar nos transportes públicos; as normas facultativas servem para
regular determinadas situações, mas não são obrigatórias e dão a oportunidade de escolha ao
cidadão, podem ser normas dispositivas como por exemplo um casal ao casar-se pode
escolher o regime de comunhão de bens que quer, ou normas interpretativas que na ausência
de escolha por parte dos cidadão entram em vigor, e as normas supletivas que funciona como
reserva na falta de opção por parte dos cidadãos.

As normas mais que perfeitas, perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas servem para
classificar as normas segundo as sanções aplicadas : nas normas mais que perfeitas, sãos as
que imputam consequências mais graves ao violador, o ato em si pode ser anulado, e pode ser
aplicada uma sanção monetária, ou privação da liberdade por exemplo estabelecer contratos
ilegais; as normas perfeitas impõem a anulação do ato, mas não impõem sanções; as normas
menos que perfeitas, o ato não pode ser anulado ou revertido, mas o violador sofre sanções;
nas normas imperfeitas o violador não sofre sanções nem anulação do ato em si.

Como normas derivadas das fontes de direito temos, as normas consuetudinárias formadas
pelo costume (convicção de algumas práticas são lei) e jurisprudência (decisões tomadas
pelos tribunais em casos anteriores).

As normas técnicas servem para regular aspetos técnicos sem conteúdo moral ou jurídico,
como por exemplo impor um único sentido de transito; as normas éticas aplicam-se à
humanidade do homem com foco nos valores morais e regras sociais; as normas de estatuição
material aplicam-se à vida social do cidadão em casos como não matarás, não roubarás, etc;
as normas de estatuição jurídica aplicam-se ao cidadão enquanto sujeito de direito.

As normas inovadoras que alteram as normas jurídicas existentes; as normas interpretativas


que se referem a normas que já existem, mas explicadas em maior detalhe.

As normas podem ser classificadas hierarquicamente em normas principais (ou primárias) e


normas derivadas (secundárias), as normas principais são a norma base e dela derivam as
normas derivadas/secundárias.

As normas influenciam-se entre si, mas quando encontramos uma norma na qual possamos
compreender o sentido completo sem necessitar de recorrer a outras normas, estamos perante
uma norma autónoma, estas normas normalmente dão a noção de comando ou proibição; no
caso de necessitarmos de recorrer a outras normas ou regulamentações estamos perante uma
norma não autónoma, normalmente são normas que completam ou especificam outras
normas. Uma norma completa é aquela que explica por inteiro a sanção jurídica presente em
caso de incumprimento, por exemplo quando estacionamos o carro num parque em que o
bilhete avisa em caso de perda pode ser aplicado x vezes o valor diário; uma norma
incompleta é uma norma que por si só não explica as consequências da violação do ato, como
os sinais de proibido fumar, proibido pisar a relva, etc. As normas diretas aplicam-se a todos
os cidadãos e têm como objetivo a resolução dos problemas jurídicos dos cidadãos, se a
norma apenas se aplicar a questões jurídicas denomina-se norma indireta.

Direito:
O Direito está em todos os momentos da nossa vida, a maioria das pessoas apenas se lembra
que o direito existe e que é necessário quando precisa dele, seja porque foi lesado ou sofreu
algum dano na sua propriedade.

No princípio, a justiça da humanidade era estabelecida pela lei do mais forte, ou pela vontade
divina. Era possível ganhar os bens da outra pessoa num combate, ou utilizando a força bruta.
Mas a sociedade está em constante evolução, e essa evolução criou a necessidade de uma
justiça que não fosse física ou avaliada por alguma divindade.

“Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus.” – “Onde houver sociedade, aí haverá Direito”

O Homem é um ser social, para que possa existir uma vida em sociedade foi necessário criar
um conjunto de regras que regule as relações sociais.

Podemos dizer que o Direito se manifesta através da norma, e que as normas servem para
regular a vida em sociedade. Para que uma sociedade possa existir em paz, é necessário haver
uma hierarquia de poderes, como não podemos todos mandar é para isso que é eleito um
governo. No caso de Portugal é um governo parlamentar representativo do povo português
através da assembleia da república, com deputados eleitos pelos cidadãos para os
representarem a nível nacional. Daí ser tão importante as pessoas votarem, para que os ideias
de toda a população possa estar representada na assembleia, neste momento devido à elevada
taxa de absentismo quase metade da população não se encontra representada, onde são
tomadas decisões que nos afetam a todos.

É de ressaltar também que o Direito acompanha a evolução sociológica da população, mas


que se encontra sempre um passo atrás, principalmente o Direito Legislativo. Na considerada
era digital, as Leis demoram muito tempo a acompanhar o avanço da tecnologia, damos como
exemplo o uso da assinatura digital. A assinatura digital já existia desde o início da década de
90, mas apenas em 1999 com o decreto de Lei nº 290-D/99, foi reconhecida a eficácia e
validade dos documentos eletrónicos e da sua assinatura Digital.

Outra definição possível para o Direito, é que se trata de um conjunto de direitos e deveres
orientadores, para que o individuo compreenda o seu papel na sociedade e que o Direito não é
só direitos, mas que também existem deveres e que pode servir como arma de punição a
comportamentos ou atitudes desviantes, no incumprimento das regras.

Não existe apenas uma definição simples de Direito, até porque o Direito é universal e cada
País ou Estado tem o seu direito e as suas ordens sociais, podemos dizer que o Direito é
particular a cada sociedade pois é influenciado por um conjunto de fatores como a cultura, a
religião, a moral, a economia, a política, geografia, etc.

Dentro das ordens sociais encontramos as ordens jurídicas, que são as tais normas ou regras,
que tem o objetivo de ajudar a regular a vida em sociedade e a evitar conflitos sociais.
Podemos encontrar também ordens de origem moral como o não matarás, que apesar de ser
um Direito Natural (direito baseado na moral e bom senso das pessoas, o direito natural tem
duas visões, a primeira é considerada universal e imutável e a segunda mutável consoante o
período histórico, a cultura e a localização geográfica) foi criada uma lei punitiva para quem
viole esta ação que no caso de Portugal o máximo será de 25 anos, e em alguns Estados dos
Estados Unidos pode ir de prisão perpetua à pena de morte. Ou o Direito ao aborto onde se
cruza a ordens de origem moral com as de origem religiosa. Em Portugal apesar de ser um
país cuja religião base é a católica, é permitido o aborto até à décima semana de gravidez, o
que quer dizer que a ordem religiosa não tem um peso muito alto na constituição das leis, no
entanto existem países que levam a religião ao mais alto patamar e que o aborto não é de todo
permitido. As violações das ordens de origem moral podem ter punições legislativas,
conforme verificamos, mas são maioritariamente punidas pela sociedade. Estas ordens tem
um critério de coercibilidade e de exterioridade, visto que o individuo acaba por não ir de
encontro ao que a sociedade impõe com medo de represálias e exclusão social.

Podemos falar do aborto, da eutanásia, ou das touradas com matança do touro, cada pessoa
tem a sua opinião sobre qual deverá ser a realidade final de cada um destes casos, uns
mencionam questões mais éticas, outros abordam questões religiosas ou de carater social. O
Direito entra aqui como regulador das inúmeras realidades diferentes que se encontram
dentro da mesma sociedade. Sem o Direito cada pessoa tentaria fazer prevalecer a sua
vontade ignorando o respeito pelos outros e voltaríamos aos primórdios da civilização onde
era cada um por si. Podemos dizer que o Direito é muito importante para a vida em
sociedade, porque serve como “mala de ferramentas” na manutenção da paz e harmonia das
relações sociais.
Bibliografia: https://sebentadedireito.wordpress.com/2012/01/24/as-diversas-ordens-sociais-
normativas-2/

https://www.portugal.gov.pt/pt/gc21/portugal/democracia

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