Você está na página 1de 37

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

O direito internacional caracteriza-se a aplicar a uma comunidade, a um conjunto de


sujeitos, que se relacionam em termos distintos da relação que nós temos com o nosso estado.
Os indivíduos têm alguma influencia sobre o estado, mas isso é um ato coletivo. Um voto de
cada pessoa não altera nada, por outro lado, esta subordinação só existe em direito interno, e
tem influencias drásticas, visto que os estados se relacionam em termos de igualdade, não há
modos de criação unilaterais em direito institucional.

Modos de criação unilateral do direito:

 A lei, um ato que é composto de normas, de regras gerais e abstratas. Não identificam
ninguém, nem nada, sujeitam todos a esse dever jurídico.

Identificar os estados enquanto titulares:

 Não há exatamente um poder executivo, mas cabe aos estados, com autotutela,
defender-se dentro de certos limites (os seus limites).
 Os estados não se “esquecem”, no direito internacional, o principal instrumento de
sanção lícito é a represália. “Tu violaste o direito contra mim, eu violo-o contra ti”

FONTES DO DIREITO

O artigo 38 do tribunal internacional de justiça, não reconhece uma hierarquia de


fontes. A generalidade da doutrina considera que não há uma hierarquia de fontes de direito
internacional. Ou seja, em certas circunstancias os tratados podem se revogar mutuamente,
embora se reconheça que, perante um costume internacional, possa ser revogado por um
tratado multilateral geral.

Para o professor Jorge Miranda, não há uma hierarquia de fontes, mas sim uma
hierarquia de normas. As fontes de direito são uma forma de criação de normas. Os modos de
formação não são determinantes para que se faça uma hierarquia de fontes.

O professor tem uma posição diferente. Este, diz que sim há uma hierarquia de fontes
e que nela, o costume prevalece sobre o tratado. Considera que, esta hierarquia traduz-se no
facto de uma fonte conter o regime de formação da outra e por tanto uma norma que
estabeleça quais são as regras de formação, estão numa posição hierárquica estabelecia em
que o direito constitucional está acima das leis ordinárias. E quando é assim é a validade das
leis que depende da sua conformidade com a constituição. ART. 3 nº3 CP. A hierarquia
implica que se reconhece uma norma hierarquicamente superior porque, essa normas
corresponde ao seu fundamento de validade, ou seja, uma norma contraria á hierárquica
superior é invalida.

Transpondo este raciocínio para o DIP, a maior parte dos autores diz que não está
estabelecido uma hierarquia. O professor contradiz, dizendo que há uma hierarquia de fontes
porque o costume tem um valor extra jurídico. Já o fundamento dos tratados corresponde a
uma norma costumeira Pacta sunt servanda – Os tratados devem ser seguidos. Já a validade
do costume tem um fundamento extra jurídico, ou seja, considera que o costume é a fonte
prevalente e não encontra razão nas teorias voluntaristas Consuetudo est servanda –
consideram que é artificial a criação de uma norma acima de costume. O costume é
observado por uma norma hipotética sobre o costume. Os costumes têm uma base axiológica
positivada pelos estados.

O COSTUME

O que é o costume?

Assenta num principio logico e intuitivo. Ou seja, aquilo que todos fazem não pode
ser contrário ao direito, e se todos fazem, é porque é licito, não viola o direito. Isto é a base
do costume: se toda a gente faz, então eu também posso fazer.

O costume não é regulado pelas regras jurídicas, uma vez que se formam através de
regras psicológicas humanas. O costume é próprio de “animais sociais”, regras de hierarquia,
de prudência, etc. assim, a psicologia humana fomenta a obrigatoriedade do costume.

Fomentos do costume:

 Tutela de expectativas
Tutela/proteção desta confiança legitima que se forma quando vemos todos a fazer
uma coisa, e assumimos legitimamente que isso é licito.
O direito visa criar expectativas de que o costume será respeitado, e este constitui um
fundamento essencial do DIREITO DE IGUALDADE: a ideia de que punir uma
pessoa por fazer algo que todos fazem, é ilegítimo. A igualdade também constitui um
fundamento essencial do direito.
Normas costumeiras: quando se forma um costume que não é contra a lei mas é conforme a
lei, desenvolve e cria deveres em relação ao estado que não estão concretizados em lei, isto
vem concretizar “coisas”, cria deveres para lá da lei, mas não são desconformes a esta.
A jurisprudência pacifica a forma costumeira “contra legem”, quando a jurisprudência
não respeita a lei, e cria jurisprudência que vai contra a lei. Em direito constitucional existem
varias flutuações de jurisprudência. Em função de maiorias politicas, a constituição é
interpretada de maneira diferente. Estas alterações por meio de costume contra legem ,
acabam por alterar a lei.

No direito internacional não existem normas escritas no que toca ao costume. Em dip
não há leis, mas há tratados. A única forma de alterar costumes é violando-o. Enquanto que a
lei pode ser alterada de modo formal. Ou seja, a lei posterior revoga a lei anterior. Em dip é
possível haver costume contra legem, quando um estado ou vários estados começam a violar
um tratado, e violam-no com o silencio dos restantes estados partes. Quando o direito não é
claro, a relação dos outros é decisiva, é relevante para o costume, e não para os Tratados em
si. Pode haver costume contra legem quando tratados vinculativos a este o começam a violar.

QUESTÃO: Quais são as regras que mesmo não sendo jurídicas se aplicam á formação do
direito costumeiro?
 Elemento material
 Elemento psicológico. Iuris cogens, convicção de obrigatoriedade

Elemento Material

Comportamentos e atos que apoiam determinada regra. A pratica significativa não é a


“nossa pratica”, a “nossa pratica” é particular, contribuímos para os costumes através das
reações que os indivíduos têm.

Quando temos juízes a fazer as sentenças, aí sim as coisas ficam complicadas. O


estado viola a regra, não a executa. O costume jurisprudencial forma-se pela pratica constante
dos tribunais. Em direito internacional significa que a pratica deve ser proveniente de estados,
de acordo com o direito interno, vinculam ou não, o estado a essa norma costumeira. Em
direito não há só pessoas individuais, ma também pessoas coletivas: ficções jurídicas que se
consideram personalidades jurídicas, e por isso, detêm direitos e deveres autónomos á luz da
lei
Requisitos para ser considerado uma pratica:

 Tem de ser composta por atos de estado


 Tem de ser realizada de modo publico/aberto
Quando um estado é confrontado com violações de direito internacional, em vez de se
dizer que tem o direito de fazer isso, esconde, mente, e assim não pode ser
considerada prática costumeira, porque é ás escondidas
Muitos tratados correspondem á corporação de normas costumeiras. Não é comum a mesma
norma ser corporizada por outras fontes. Ex: a convenção de Viena eram normas costumeiras
que depois deram origem a um tratado
De acordo com o professor: a pratica para ser pratica tem de ser praticada pelos
Estados de modo publico. Os atos de pessoas coletivas como as ONGs não é considerada uma
pratica que poderá proporcionar um costume. Todos os atos de um Estado são praticas desde
que sejam realizados de modo aberto.
A maior parte da doutrina: concorda, mas adiciona as ONGs
No caso das moedas: não têm convicções de obrigatoriedade, apesar da existência de
uma pratica reiterada existente. As pessoas não adotem essas normas costumeiras em questão
a moda, porque não há dever jurídico nem obrigatoriedade. Alguns autores, dizem que a
moda não é questão de obrigatoriedade que é importante mas sim porque não há dignidade
jurídica. O teste decisivo para ver se formou uma norma costumeira ou não, é a reação dos
estados quando a norma não é respeitada: se os estados ficarem calados não há norma
nenhuma

Exemplos de atos suscetíveis de formarem normas costumeiras: notas diplomáticas,


protestos, reconhecimentos, tratados, declarações adotadas pelos estados em conferencias
internacionais, sentenças judiciais e internas, declaração de imprensa, declarações no
parlamento, etc.

Sempre que á pratica, há norma costumeira? Não, para ser considerada pratica tem de
respeitar requisitos: tem de ser uma pratica geral, reiterada e consistente
 Geral
Remete para o numero e qualidade dos estados. Os estados não têm o mesmo peso.
Paar que uma norma costumeira se forme, não tem de ser apoiada por todos os
Estados no mundo, basta uma minoria importante e que os restantes fiquem em
silencio.
E se um estado poderoso se opuser? Regra do Objetor Persistente:
Quando um estado se objeta de forma persistente desde o surgimento da pratica que
apoia aquela norma, não fica vinculado por essa norma costumeira.
Esta regra do objetor persistente é aprovada nos termos de condicionar o direito
costumeira?
A maior parte da doutrina concorda que isto não se aplica ás normas que defendem
interesses coletivos – ius cogens – mas aplica-se sempre aquelas normas que não
sejam de ius cogens. A regra do objetor persistente aplica-se a normas que não sejam
de ius cogens, mas isto acaba por violar por um lado o principio da igualdade e, por
isso, o tribunal internacional de justiça aceita isto apenas em relação ao costume
regional, mas não em relação ao costume global.
A objeção tem relevância? Tem, mas depende do estado, se os estado for pequeno, o
estado fica vinculado, mas se se tratar de uma grande potencia, o direito costumeiro
não se forma ou é atrasado. No entanto, não é apoiado pela pratica que uns fiquem
vinculados e outros não.

Isto é polemico, não é claro, nem cientifico. Não há uma regra clara, e este é o
problemas do direito internacional publico: o direito costumeiro é incerto na sua essência. Só
é claro se afirmado pelo tribunal de justiça, a jurisprudência tem de verificar e dizer se
estamos mesmo perante um direito costumeira.

 Reiterada
É a reiteração que permite a generalização da pratica, pu seja, é testar o grau de
adesão e consistência dos estados e a justeza da normas enquanto regra de conduta. A
apreciação dependerá dos valores em causa e da qualidade e quantidade da pratica e
das objeções que uma norma suscitar. O período mínimo de tempo que a pratica tem
de ocorrer para ser considerada uma pratica costumeira é no miminho 7 ou 8 anos.
 Consistência
É necessário que os estados sejam coerentes e não quando lhes é conveniente. Se a
maioria dos estados fizer isso poe em causa o principio da generalidade.
Alguns autores referem que a pratica deve ser uniforme, mas o tribunal internacional
de justiça refere que o que importa é a consistência.
Difere-se da reiteração porque é necessário a reiteração testar a consistência, já que
pode haver reiteração sem consistência. É possível que sucessivos procedentes de
apoio por parte da generalidade dos estados sejam colocados em por em causa por
inconsistências, igualmente reiteradas. Ex: a separação dos poderes, embora seja
reiterada, não é consistente

Elemento Psicológico: Convicção de obrigatoriedade, opineo iuris


A ideia de que quando um Estado pratica atos de afirmação de ideia costumeira tem
de ser com a convicção de agir. É através disso que identificamos as diferenças entre as
normas costumeiras, os usos ou praticas de trato social.
Alguns teóricos defendem qua a opineo iuris consiste na convicção por parte do
estado de que uma determinada norma é ética ou socialmente necessária.
A tese mais comum considera que a opineo iuris como uma convicção da
obrigatoriedade da norma resultante da pratica, adotando uma posição apenas declarativa.
Trata-se de uma convicção sobra algo que já existe e não algo que se pretende constituir.
Contudo, é consensual que a opineo iuris, enquanto elemento do costume tem de ser
visto como um fenómeno coletivo, pois alguns não podem eximir-se do cumprimento de uma
norma costumeira alegando a sua falta de consciência da obrigatoriedade da norma, dado que
uma norma costumeira não pode estar dependente de meras impressões subjetivas para poder
ser aplicada. Ou existe fundamento objetivo para o não cumprimento ou este é ilícito.

 Problema: que psicologia é que devemos procurar?


Alguns autores reconhecem que se um estado mentir com a convicção de
obrigatoriedade, estando convencidos que é falso.
Há incerteza da norma costumeira porque cada estado puxa para o seu lado. Há mais
opinião que certeza. Há zonas cinzentas. Por isso nem sempre podemos fiar-nos neste
propósito, temos de partir sempre da pratica da norma costumeira.
Alguns autores dizem que a convicção de obrigatoriedade basta ser de justiça. É a
ideia de que o costume é um acordo tácito, por isso, é importante ter o consentimento. Mas o
costume não é isso porque o silencio não impede o direito costumeiro. Os estados podem
concordar com uma situação e depois fazer o oposto, isto cria problemas. Contudo, a maioria
concorda com este segundo elemento e o tribunal internacional de justiça também.
O professor não concorda, diz que este elemento não serve para nada. Só faria sentido
no artigo 38 do estatuto internacional de justiça. A noção atual é ultrapassada. Encara o
costume como forma de norma jurídica já existente, ou seja, direito natura, já existente. Com
o efeito, se a opineo iuris é uma convicção de obrigatoriedade, esta pressupõe de uma norma
onde deriva essa obrigatoriedade, norma que, á luz da tese que o costume é uma fonte
inovadora e não meramente declarativa, terá de ser a própria norma costumeira. Assim, só
pode existir opineo iuris a partir do momento que já existe norma costumeira. Mas esta norma
também não pode surgir sem a opineo iuris, pois esta é pressuposto daquela… segundo uma
logica formal este círculo não tem saída possível, sendo impossível constituir uma nova
norma costumeira, salvo sob a errada convicção de que tal norma já existia. Formalmente não
é possível alterar a natureza do costume e manter a noção declarativa de opineo iuris.
Deste problema logico, alguns autores retiraram um argumento decisivo para rejeitar
o opineo iuris como elemento do costume.
A Doutrina defensora alega que o costume se forma por um processo gradual em que
de inicio existiria uma mera opinio iuris numa visão que acaba por integrar elementos
volitivos e declarativos extra jurídicos, mas que deixa algo na sombra qual o papel de cada
um destes elementos, na alteração de natureza que sofre a opinio.

Modificação de costume:
 Por via de desenvolvimento
O estados adotam pratica no sentido de desenvolver o conteúdo ou âmbito da norma
costumeira. Trata-se de um processo de alargamento que respeita integralmente a
norma costumeira anterior.
Isto não significa que este alargamento não provoque conflitos com outra norma
internacional, a que reconhece a soberania dos estados. Para o alargamento dos
deveres dos estados implica sempre uma restrição da sua soberania na liberdade de
atuação.
 Por via da adoção de atos coletivos contrários
O objetivo é diminuir ou revogar o conteúdo de uma norma costumeira, instituindo
uma norma contraria.
Se a norma costumeira tutelar interesses privados dos estados estar-se á perante uma
norma dispositiva. Portanto, normas que podem ser derrogadas por tratados entre
estados.
Se a norma se tratar de uma norma costumeira tutelar de um interesse publico
internacional – ius cogens – o tratado que tente derrogar será nulo. Contudo, embora a
norma não seja revogada por um tratado, o consenso dos estados pode colocar um
crise a vigência da norma costumeira. Mesmo que esta continue vigente depois de a
assinatura de um tratado multilateral, os estados que adotaram colocaram-se a si
próprios numa situação de estoppel coletaivo. Com a adoção de um tratado
multilateral geral autoinibiu-se de invocar a sua invalidade e a elucidado dos seus atos
de execução. Assim, antes mesmo de um tratado multilateral entrar em vigor, um
outro costume já terá entrado em vigor.

 Por via da sua violação


O direito costumeiro internacional é direito positivo, não é ima espécie de direito
natural. Assim, sistemáticas violações acompanhadas do silencio dos restantes estados
não podem deixar de pôr em causa a sua vigência. Lentamente surgem expectativas de
que tais atos final não ilícitos e a pratica contraria tem tendência a ganhar cada vez
mais aderentes. A norma costumeira objeto da violência acaba por perder a vigência,
sendo revogada por uma de sentindo distinto.

ESPÉSIES DE COSTUME

Tem-se abordado o Direito Costumeiro em geral, mas é necessário apresentar 2


classificações deste com grande importância. O critério de distinção entre estas duas espécies
de normas costumeiras assenta essencialmente em fundamentos objetivos no género de
interesse que a norma tutela.

 Normas que protegem o direito dos estado. Interesses individuais. Temos que vem no
código civil, contem normas que as pessoas por contrato podem arrastar. NORMAS
DISPOSITIVAS. Acontece quando as partes não entram em acordo. Dois estados
podem alterar através de tratados bilaterais (derrogação).
Normas “ius dispositivi” – interesses originários dos estados.

 Normas que protegem os interesses coletivos. Normas de ordem publica. Art 53 da


convenção de Viena, não podem ser afastadas por tratados. Como a aplicação da
norma derrogatória colocaria em causa os interesses dos restantes estados, utiliza-se o
mecanismo de nulidade como meio preventivo da violação desses interesses (se
acontecer esse tratado será nulo). Os estados partes no tratado derrogatório ficam
assim livres para não cumprir as normas nulas deste, sendo um incentivo ao respeito
do DIP Costumeiro
Normas que não regulam os estados, tem interesse no bem estar da comunidade. Ex:
as leis do mar. Se um estado violar e por me causa os interesses coletivos e conseguir
convencer outro estado e fizer um tratado, o tratado fica invalido porque viola os
direitos da comunidade
Norma “ius cogens” – uma norma costumeira que tem interesses coletivos, isto é
interesses de toda a comunidade internacional, que dizem respeito a todos os estados.
Regras relativas aos direitos dos estados não podem ser violadas.
O que é que legitima a russa invadir a ucrania? Qual é a legitimidade politica?
Existem regras que impõe obrigações (o principio do respeito de integridade
territorial). Tal como as normas criam direito também criam deveres. Existem
obrigações que vinculam um estado em relação a outros ao mesmo tempo. Quando
um estado viola essa regra, todos os estados tem o dever e direito de protestar e dar
represálias. A regra jurídica mais importante: a regra que proíbe o uso da força nas
relações internacionais  Tenta evitar a guerra. Esta regra é costumeira “ius cogens”

Obrigações “erga omnes”  todos os estados do mundo têm direito a protestar e a adotar
represálias, mesmo sem nenhuma vinculação entre eles. É devida em relação a todos os
estados e não bilateralmente em relação a cada estado. Assim, um estado sujeito a uma destas
obrigações encontra-se vinculado a respeitá-la em relação a todos os outros estados sujeitos á
norma que impõe, independentemente de o seu desrespeito lhes acarretar qualquer dano.

As normas de ius cogens tem uma ligação com as obrigações erga omnes, uma vez
que impõem obrigações deste género, visto tutelam interesses comuns. Contuso, ao contrario
não acontece uma vez que existem normas que impõem obrigações erga omnes que não são
iuris cogentis, é o caso de todas aquelas que não têm origem costumeira.

 Vinculam cada estado em relação a todos os outros. Muitas vezes as regras violadas,
podem ser bilaterais, como por exemplo, reras sobre a proibição de sobrevoação do
território aéreo, estas não são “ius cogens”, têm a ver com os interesses individuais de
cada um

Existem obrigações bilaterais e obrigações “erga omnes”: nas primeiras, as relações


são de diplomacia bilateral, não violam direitos á integridade física, nem direitos humanos,
quando ocorre a violação destes, falamos de obrigações “erga omnes”.

Os direitos humanos vinculam cada estado, a todos os estados. Como a comunidade


internacional é descentralizada, quase anárquica, como os estados são criadores e
destinatários do direito internacional, atribui-se a cada um, a capacidade de adotar represálias
e interpor-se, invocar legitimidade, etc.

A maioria dos autores que seguem a doutrina da comissão do direito internacional,


refere que as normas de ius cogens não podem ser suspensas nem desrespeitadas com base no
estado de necessidade.

O estado necessidade – é legitimo a intervenção de terceiros, em ordem de proteger um bem


extremamente valioso. Ex: intervenção dos bombeiros em caso de incêndios.

Contudo, o professor nega a doutrina da comissão de que as normas ius cogens não
possam ser suspensas com ase na justificativa do Estado de Necessidade. O professor acredia,
com base no estado de necessidade, que as normas cogens, podem deixar de estar em vigor,
por motivos de força maior. Há regras que podem ser incumpridas porque valores mais altos
se alevantam. Situações de legitima defesa ou de estado necessidade. Ex: terramotos,
incêndios, etc.

Em matéria de responsabilidade internacional, normas de ius cogens não podem ser


violadas com base no estado de necessidade, o que, segundo o professor é absurdo por causa
da legitima defesa. O DIP foge do assunto. Segundo a teoria, o tratado permite o uso da
legitima defesa abusiva não é nula. Só há legitima defesa depois do ataque já ter acontecido,
especialmente para não haver legitima defesa preventiva. Tem de ser exercita de acordo com
o direito internacional humanitário, e por tanto, lançar as bombas atómicas durante a 2
guerra mundial foi um crime de guerra. A 2ºGM é uma guerra de legitima defesa. A guerra
fria não foi considerada guerra em direito internacional, mas sim uma guerra “indireta”. A
legitima defesa pressupõe/condena um ataque armado de um Estado contra outro Estado, mas
não condena o apoio de armas a um estado que está em guerra.

Assim, podemos ver que o DIP chega a todos os lados.

O facto de ius cogens sofrer anulação em relação ao estado de necessidade, para o


professor é legitimo. Mas em relação a anulação conforme de tratados não é legitimo. Ex:
refugiados.

As normas ius cogens tem de ser normas costumeiras coletivas, mas estas, podem
também ser coletivizadas.
Normas costumeiras coletivas – é um interesse comum que é composto pela soma dos
interesses privados de cada estado. Isto é, as normas que tutelam os interesses coletivos e que
garantem os espaços coletivos. Ex: alto mar, corpos celestes, etc

Normas costumeiras coletivizadas – não são compostos por interesses que digam respeito
ao estado. Trata-se de interesses que digam respeito a entidades não estaduais, mas que,
devido á sua importância e carater ético, são tornados comuns como meio de procurar a sua
salvaguarda. Ex: normas humanitárias, não eram uma norma coletiva, mas depois tornaram-
se numa norma coletiva, isto é, o interesse comum foi crescendo até esta matéria torna-se
numa norma ius cogens.

Esta distinção tem relevância no regime de normas iuris cogentis que tutelam cada
uma destas espécies de interesse públicos internacionais.

Segunda distinção: Costume universal e não universal

A maior parte das normas costumeiras têm um carater universal, vincula todos os
sujeitos de DIP, com capacidade para as cumprir ou violar. São estas que compõem o
chamado DIP geral ou comum.

Para quem aceita a regra do objetor as regras costumeiras não são universais, uma vez
que através desta regra é possível atrasar ou impedir a formação da norma. Aqueles que
contestam a regra do objetor, as regras costumeiras são universais. Mas há exceções com as
normas não obtêm uma pratica generalizada, reiterada e consistente a nível universal, mas a
nível regional a norma costumeira cumpre todos os requisitos.

Em matéria de direitos políticos a matéria é mais complexa, por isso é mais


complicado verificar o que é direito internacional ou direito interno. Na europa vigoram os
direitos políticos costumeiros rigorosos, logo, a Rússia tem tido inúmeros problemas com os
restantes estados, e a Rússia sobre maiores pressões que a china porque faz parte da região
europeia. Estados que efetivamente não fazem parte da comissão europeia, mas são estados
europeus estão sujeitos a direito costumeiro regional.

Região – Normalmente tem haver com a geografia, mas também engloba a noção cultural
jurídica. Se um estado tiver metade do seu território numa região, terá de respeitar esse
direito costumeiro dessa região. Região, para efeitos costumeiros é uma noção cultural.
Aqueles estados eu a compõem determinam-se em função da sua cultura jurídica, mesmo que
se encontrem fora da região geográfica em que se encontram a maioria dos Estados
Regionais. Um estado ficará vinculado pela norma costumeira regional, mesmo que tenha
sido um objetor persistente contra essa norma.

A sua diferença em relação face ás universais, é apenas o âmbito de aplicações e não a


sua natureza. Quando há duvidas se um Estado é ou não parte integrante daquela região, o
consentimento – vontade – resolve o problema.

O Direito Costumeiro Regional levanta alguns problemas no que diz respeito á sua
oponibilidade face a Estados terceiros, uma vez que o DIP regional a seu favor nas situações
que digam respeito a principio da territorialidade e regras ligadas á sujeição de soberania de
um Estado ou a utilização de certos espaços. Caso contrario, não pode ser invocado.

O professor acredita que um nº restrito de estados sem essa ligação cultural jurídica,
não se forma direito costumeiro regional, mas sim acordos tácitos, se houver essa ligação
cultural, poderá formar um Direito Costumeiro Regional Restrito. O facto de fazerem parte
de uma organização regional é um elemento fundamental – enquadramento politico,
ideológico e geográfico.

PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO

Artigo 38 do Tribunal Internacional de Justiça: a) tratado, b) costume, c) princípios


gerais do direito reconhecido pelas nações civilizadas (estados que fazem parte das nações
unidas que defendem a paz). É raro aplicado

Quais são os princípios gerais do direito?

 Princípios aceites no direito interno desses Estados.


Ideia de quando não há regra de direito internacional é possível ir ver se existe um
consenso no direito interno para ver se aceitam o principio.
Existe o sistema romano-germânico – direito baseado na importância da lei e códigos.
Racionalistas, baseia-se na criação unilateral de normas abstratas e gerais.
Existe o sistema common low - importância do procedente e jurisprudência.

Se houver um apoio da generalizada criam-se normas internacionais automaticamente


cria-se direito internacional com base na alínea c). alguns autores, e o professor, dizem que
não, que este não tem autonomia, que limita-se apenas a reiterar o direito interno.
A doutrina  especialistas em direito internacional. Estes influenciam o
desenvolvimento do direito interno. Formalmente não criam direito, mas influenciam os
tribunais. Como não é fonte direta, é fonte de matéria, ou seja, anuncia a norma. Diz como a
norma deve ser, mas não a cria, ela é apenas criada com a fonte formal. O autor não é um
legislador é preciso que os Estados ou os tribunais venham a colher essas ideias e normas. A
fonte formal é aquela já executada, quer seja um tratado ou costume, ou seja, normas de
criação de forma jurídicas. Isto é, converte o enunciado em norma.

A jurisprudência  são importantes porque é a pratica do estado. É a pratica que


contribui para o direito internacional. O costume é o modo que permite aos tribunais
“legislar”. Teoricamente aplicam o direito, na realidade criam o direito e aplicam para o
passado, supostamente o direito aplica-se para o futuro. Assim, os tribunais criam e inventam
o direito

TRATADO

O tratado é um contrato, ou seja, um acordo de vontades. Este, vinculam as partes, se


estas ratificarem e consentir no conteúdo do tratado. Contudo, esta característica demonstra
um defeito estrutural uma vez que, este está condicionada ao estados soberanos. Demonstra o
carater primitivo do Direito Internacional: apesar da relevância do tratado na pratica, este está
dependente da vontade dos Estados – sistema anárquico.

O que permite distinguir um tratado com os acordos não jurídicos:

Como distinguir um tratado de outros acordos de vontade: O tratado não se confunde


com meros acordos sociais. Lado a lado com os tratados existem acordos não jurídicos,
acordos sociais. São válidos desde que: desde que ao acordo incida matéria de importância
com dignidade jurídica. Já o tratado, e como já visto, são acordos celebrados entre sujeitos de
direito internacional com capacidade autónoma para os celebrar. Ou seja, duas noções de
tratado: formal e substancial.

Desde que o acordos se incidam em matéria jurídica, com importância de


obrigatoriedade, os restantes acordos entre sujeitos com autoridade para cerem celebrados são
tratados
Tratado formal – qualquer acordo fundado pelo direito Internacional, ou seja, acordos com
responsabilidade internacional.

Tratado material – acordos celebrados entre os sujeitos de Direito Internacional com


capacidade autónoma para celebrar tratados.

Quem são os sujeitos:

 Estado

 Organizações internacionais

 Associações de estados como as confederações e a União Europeia

 organizações armadas com assuntos que diretamente os envolvam para celebrar


tratados com o governo.

Estes critérios substancias que permitem identificar um tratado.

Os indivíduos não conseguem configurar um tratado, uma vez que não têm
capacidade de os celebrar mesmo que tenham a vontade. Contudo, têm capacidade não
autónoma, isto porque, um estado pode reconhecer os indivíduos ou empresas para que estes
celebrem tratados com o governo que os reconhece. Para isto têm de estar presentes os
parâmetros do Tribunal Arbitral - há um Juiz escolhido pelas partes como alguém que vai
decidir o litigio. E é uma forma de escapar aos tribunais nacionais. Se estes termos forem
respeitados poderá haver um tratado entre uma multinacional e o governo.

Sentenças desse tribunal: complicados e implicam uso de represálias/ uma sentença de um


tribunal arbitral pode ser executada por um tribunal nacional

EM SUMA: É possível que indivíduos ou empresas particulares possam celebrar


tratados desde que estes sejam reconhecidos pelas entidades de direito internacional com
capacidade autónoma.

DIFERENÇAS ENTRE TRATADOS, ACORDOS POLITICOS E CONTRATOS COM


DIREITO INTERNO.

Acordos políticos internacionais

Trata-se de acordos que têm sido analisados a propósito dos Estados, mas que podem
ser celebrados por todos os sujeitos de DIP com capacidade jurídica para celebrar tratados.
Contudo, não chegam a produzir alguns efeitos jurídicos ou se são uma figura puramente
extrajurídica.

Quando celebrados em nome das entidades coletivas em causa têm ainda uma
dimensão jurídica. Assim, a regra que se aplica é a de que qualquer acordo entre entidades
com capacidade autónoma para celebrar tratados é um tratado. Se as partes quiserem lhes
conferir o estatuto de acordo, tem de estar presente na letra do tratado.

Estes acordos sem juridicidade são ainda tratados. Serão tratados que os estados
utilizam para se derrogarem entre si o principio Pacta Sunt Servanda em relação ao acordo
em cujo instrumento se inserem.

Pacta sunt servanda – principio da força obrigatória que abrange os contratos entre duas ou
mais partes. Consiste na ideia de que aquilo que está estabelecido nos tratados e assinado
pelas partes deve ser cumprido.

Estes acordos políticos contém uma disposição formal com natureza internacional é
um tratado, mas meramente em questão formal, uma vez que, na parte material, este não tem
uma disposição de obrigatoriedade.

Consequências: coloca a reputação do estado em causa. Ou seja, se um estado violar


um acordo politico, viola o principio de boa fé, mostrando-se não confiável. Faz com que no
futuro nenhum outro estado queira celebrar futuros tratados com esse estado. Outra sequencia
de violação do acordo politico seria os atos inamistosos, estes atos são lícitos, sendo
utilizados como represália (ex: expulsar um diplomata)

Contratos públicos internacionais

É a situação dos contratos entre os Estados em que não se aplica o direito


internacional, mas sim o direito interno de um dos Estados contratantes, ou o direito interno
de um estado terceiro ou mesmo regimes específicos. Aqui, a regra de formação material de
trabalho aplica-se de novo, ou seja, para se considerar um contrato publico internacional e se
aplicar o direito interno é necessário que esteja expressamente explicito na letra do tratado.
Caso contrario, é um tratado em que se aplica o Direito Internacional Publico. Julga-se que
este acordo quanto á aplicação de um outro ordenamento (disposição de um contrato), tem
natureza e regime internacional, sendo lhe aplicável o Direito dos Tratados. A disposição que
converte um tratado para o direito interno, é, ele próprio um tratado.

As coisas complicam: com reconhecimentos de governo/atos jurídicos unilaterais/praticas


costumeiras/reservas.

As outras disposições do contrato perdem a natureza internacional, uma vez que


perderam o seu fundamento na norma internacional pacta sunt servanda, devido á remissão
para um direito Interno. As regras de responsabilidade internacional e resolução de conflitos
não serão aplicáveis á sua violação.

NOTA:

Um acordo entre estados só é politico se for qualificado como tal. Um acordo é um


acordo entre estados ou outros sujeitos com capacidade autónoma para celebrar tratados, que
é esvaziado da sua obrigatoriedade jurídica, os estados entendem que devem introduzir
flexibilidade, e em vez de converter em ato jurídico obrigatório, tornaram mais flexível, e
tornaram-no mero acordo político. Violar um acordo político não implica violação do direito
internacional.

Acordos Sociais: ex: Jantar de diplomatas em que se celebra um acordo social.

Nem sempre é simples distingui-los dos acordos jurídicos. Tal como em direito
interno, existem acordos com teor extrajurídico nas relações sujeitas ao DIP.

Não têm qualquer intenção de vincular estados, ou os seus sujeitos, porque realizam-
se em contexto pessoal e não institucional. A maioria destes acordos destituídos de efeitos
jurídicos, por falta de dignidade do objeto – De minimis non curat ius.

RESUMO:

De um lado: acordos extrajurídicos: não têm dignidade jurídica, por exemplo, acordos
num jantar entre diplomatas.

Do outro: os tratados que são qualquer acordo celebrado entre associações de estados
(entidades similares a organizações internacionais, mas têm população e território, que
também é uma configuração, menos no sentido de componente militar. A União Europeia não
é um estado, mas os tribunais não têm poderes coercivos nos territórios dos estados membros,
o poder de adotar atos que obriguem, pela violência ou ameaça da violência, como uma
polícia europeia, aqui sim, teríamos um estado federal. Um estado é uma organização armada
com monopólio do uso da força legitimo, num determinado território), organizações
internacionais, etc.

Uma ONG distingue-se de uma empresa, porque as empresas visam o lucro, estas
distinções existem em todos os ordenamentos, existem empresas que são sociedades, que se
distinguem das associações por perseguirem o lucro. As ONGS são associações de direito
interno, mas de atividade internacional. Uma ONG é sempre uma associação de estados, as
tais confederações.

DIRETO DOS TRATADOS: MATÉRIA MAIS IMPORTANTE, CONCERTAZA VAI


SAIR NO TESTE.

Art. 60º da convenção de Viena sobre o direito dos tratados (ver)

 onde se estabelece a exceção do não cumprimento dos tratados. Art 60º nº1, uma
violação substancial de um tratado bilateral, por umas das partes, autoriza a invocar
a violação como motivo para cessar a vigência do tratado ou para suspender a sua
aplicação, no todo ou em parte.

 É necessário verificar que tipo de violação foi cometida. Art 60º nº2

Contudo, perante a violação de um tratado, é o lesado que escolhe o que acontece: o


tratado pode ficar anulado ou o lesado pode querer que o infrator seja julgado. É um direito
do estado lesado, este pode querer exigir a sanção do incumprimento do tratado.

ESPÉCIES DE TRATADO

Existem várias espécies de tratados: escritos, verbais, bilaterais e multilaterais.

Tratados escritos e orais:

Artigo 3º da convenção de Viena: deixa bem claro que apesar de a convenção de


Viena só se aplicar a tratados escritos e entre estados, a validade dos tratados entre sujeitos,
que não só estados, e a validade dos tratados verbais é plenamente ressalvada neste. Aplica-se
também a tratados constitutivos de organizações internacionais.

As razões que levaram a que as convenções excluíssem esse tipo de acordos seriam as
suas particularidades em matérias como a simplicidade da sua conclusão e entrada em vigor,
bem como as suas dificuldades de interpretação. É mais vulgar existir clausulas orais em
tratados escritos. O tratado é fundamentalmente mais extenso.

Tratados expressos e tácitos:

Os tratados expressos, os escritos, não levantam qualquer problema quanto á sua


admissibilidade. Mais complexa é a questão dos tratados tácitos.

A doutrina elaborou uma boa parte das suas construções teóricas com base neste
conceito relativas ao costume. Mesmo que estas construções tenham de ser afastadas será
difícil contestar que um estado pode pelo se comportamento de autovincular-se, mesmo que
este não declare expressamente.

O tratado tácito depende de uma conjugação bilateral de vontades tacitamente manifestadas.

O Estoppel – é unilateral e não necessita de qualquer vontade de autovinculação. Um estado


involuntariamente pode encontrar-se vinculado perante outro que confiou na autovinculação
do primeiro e atuou conformemente. Entre este, não existe qualquer acordo nesse sentido.

O tratado, sendo um acordo de vontades, mesmo que tacito, tem de existir vontade
concordante e esta vontade não se presume, tem de ser claramente expressa. Podem contudo,
existir situações tão evidentes que o mero silencio seja prova bastante da vontade
concordante, mas estas serão a exceção.

Os tratados tácitos têm escassa importância e reportam-se a matérias simples, embora


por vezes de grande relevância política. Ex: domínios de fronteira com a interpretação de
tratados, constituem um meio de revisão de tratados.

Tratados bilaterais e multilaterais:

Esta distinção é simples: bilateral só tem duas partes e o segundo tem muitas partes.

Logo, podemos dizer que é um multilateral tem muitos estados e um bilateral só tem
dois? Não é bem assim. Basta pensar nos tratados que puseram termo á 1GM, como
Versailles por exemplo, tínhamos um tratado essencialmente bilateral, onde uma das partes
tinha interesses comuns, e de outro lado, o estado vencido. Havia disposição do tratado
multilaterais, logo era um misto de obrigações multilaterais e bilaterais.

A distinção entre um estado e uma outra parte distingue-se segundo as obrigações


criadas, todos os outros podem parecer constituir uma única parte, e agir unilateralmente ou
podem ser tratados unilaterais que se têm como um feixe de tratados bilaterais, porque é
assim que vão ser aplicados. Tratados de comercio por exemplo: celebrados entre mais de 1
centena de estados, mas depois vão ser sempre aplicados bilateralmente, porque as relações
comerciais fazem-se sempre: Estado a Estado. Depois, caso a caso, violação a violação só vai
afetar um estado, ou dois, e não todos ao mesmo tempo. A violação pode ser grave e
substancial porque se vão ver as consequências na parte, que pode ou não, evocar o art. 60º.
Se for grave em relação ao estado que é violado, é substancial, isto também depende muito
dos valores económicos e políticos envolvidos.

Distinção com importância nas reservas: são relevantes para efeito do direito dos
tratados, um tratado pode ter anexos, estar dividido entre 2 ou 3 textos, que lhes dão
relevância jurídica, que vai ser relevante para o artigo 60º.

Tratados que impõem obrigações bilaterais e erga omnes:

A sua distinção relaciona-se com a diferenciação entre os interesses privados


internacionais, dos estados (interesse individual), e os interesses públicos internacionais, ou
seja, interesses comuns a todos os estado. Os tratados bilaterais são incapazes de impor
obrigações erga omnes, uma vez que pressupõem a agregação dos estados, e por isso as duas
vontades. Estas obrigações só existem apenas em tratados multilaterais.

As obrigações erga omnes manifestam se em tratados multilaterais que ficaram


qualificados como tratados bilaterais complexos, ou seja e que há de um lado um estado e do
outro, um conjunto de estados que compõem uma parte complexa. Como estas obrigações
tutelam interesses comuns e vinculam cada estado em relação a todos os outros vinculados
pela norma. São composto bilateralmente que liga cada um dos estados em relação a todos os
outros. Assim, a violação de uma destas obrigações legitima a protestação destes estados. Os
Estados não partes, não podem protestar.

As obrigações bilaterais tutelam vontades reciprocas, ou seja interesses de cada


estado. Nestas obrigações cada parte de um tratado está apenas um estado. Desta forma, um
tratado multilateral composto somente por obrigações bilaterais será um mero feixe de
tratados bilaterais que ligam cada estado em relação a cada um dos restantes estados partes. A
sua violação num caso concreto apenas prejudicará um estado, apenas esse pode protestar.
Esta diferença é importante no que toca á pratica, uma vez que cada uma destas
espécies de obrigações tem um regime diferente no que toca ás reservas, derrogações e
suspensão de tratados restritos e invocação de causas de invalidade ou extinção dos tratados.

CONCLUSÃO INTERNACIONAL

O procedimento internacional de conclusão de tratados encontram-se regulados nas


Convenções de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 e 1986.

Contudo, a matéria de DIP costumeiro é ainda mais importante para regular a matéria
do que o DIP convencional. Este regime é confirmado pelo artigo 4 CVDT que estabelece
que as suas disposições que forem costumeiras vincularam mesmo não as partes, ao contrario
das inovadoras que apenas se aplicarão aos tratados celebrados entre as partes. Os estados ou
organizações internacionais partes das CVDT ficam vinculadas a estas nas suas relações
convencionais, mesmo que estes tratados tenham partes que não se encontram nas CVDT.
Artº 3 al. c).

 A aplicação da Convenção às relações entre Estados regidas por acordos


internacionais nos quais sejam igualmente partes outros sujeitos de direito
internacional.

Quando estabelece que as suas partes ficam obrigadas a as aplicar nos tratados em que
intervenham outras entidades que não Estados ou organizações internacionais. Assim, o
tratado pode ficar sujeito a dois regimes em função das partes serem ou não parte nas CVDT.
Contudo, pode não ser possível devido á natureza das obrigações. Os tratados multilaterais
que impõem obrigações bilaterais podem ficar sujeitas a dois regimes , visto que não podem
ficar sujeitas a dois regimes. Ao tratados que impõem obrigações erga omnes, não, nesse caso
terá de se aplicar somente o regime o costumeiro.

Formas de vinculação aos tratados: a convenção de Viena estabelece várias formas:

No caso dos acordos em forma simplificada: vinculação pela mera assinatura, ou seja,
a marcha do procedimento da celebração de tratados inicia-se pela negociação, e esta termina
com a adoção do texto.

Se se tratar de uma conferência internacional a aprovação do tratado é feita pela


maioria de dois terços dos estados presentes, estes têm de votar a favor do texto, para este ser
adotado. Quando não seja numa conferencia internacional, é necessária unanimidade.
Como distinguir uma conferencia internacional de situações que não o são:
apliquemos o mesmo critério que nos vai permitir distinguir entre tratados multilaterais gerais
e restritivos. Se tiver 9 ou menos não é uma conferência internacional, ou seja, se forem
menos de 10 estados negociantes não é uma conferência internacional, e o tratado produzido
será multilateral restrito. Se forem 10 ou mais estados, temos uma conferência internacional
em que basta a maioria de dois terços de negociantes para que o texto seja adotado.

Afinal quando é que se aplica a unanimidade, ou o a maioria a dois terços? Nos


termos do artigo 9º nrº1, todos os estados têm de concordar com o texto, unanimidade, menos
de 10 estados negociantes. Artigo nrº2: 10 ou mais negociantes, aplica-se a questão dos dois
terços, em vez da unanimidade.

10 ou mais: artigo nrº2, maioria a dois terços.

Menos que 10: artigo 9, nr1: necessidade da unanimidade.

Como saber quando se terminou as negociações: se forem menos que 10 estados, é


necessário converter-se estados, até se atingir a unanimidade, ou expulsar o estado. Quando
são mais de 10 estados, e como basta a maioria a dois terços, assim que se atingir, está
adotado.

Quando um estado fica isolado, no caso de ter sido expulso, ou não concordar, como
no exemplo acima, pode fazer uma reserva, ou seja, uma disposição com a qual não concorda
não se vai aplicar e ele, apesar deste se vincular ao tratado.

Artigo 9º é a adoção que dá o texto como definitivo. Apesar do texto ter sido já
negociado, não há vinculação. Contudo, há clausulas que produzem efeito imediato, artigo
24, nº4. As clausulas que dizem quando o tratado vai entrar em vigor e como.

1º fase: negociações para o texto do tratado

Quem é que pode adotar um tratado em nome do estado? quem representa o estado:
artigo 7º: o chefe de estado, o chefe de governo e o ministro dos negócios estrangeiros

Quem representa o estado? Quem são os indivíduos cujos os atos são imputáveis ao
estado?

O Estado são pessoas coletivas, atribuiu-se direitos e deveres a entidades criadas por
indivíduos ou por outras pessoas coletivas. Isto é o que se passa com as ONGs, são pessoas
coletivas criadas por outras pessoas coletivas: os Estados.
Organizações armadas com capacidade para levar a cabo expedições amadas, têm
personalidade jurídica, atribuída pelos estados:

Personalidade coletiva  sendo as pessoas coletivas entidades ficiosas, é essencial saber


quem são os indivíduos. A convenção de Viena acerca dos direitos dos tratados vem dizer
quem pode vincular tratados. Existe 3 órgãos que gozam de uma presunção automática – o
chefe de estado, os chefes de governo e o ministro dos negócios estrangeiros.

Da perspetiva do direito internacional são estes órgãos que têm competência para
vincular em estado. A competência para vincular o estado português em matéria de
celebração de tratados, é dividido entre presidente da republica, o governo e o parlamento. Há
uma dupla perspetiva, a do direito internacional e a do direito constitucional de cada estado
que pode diferenciar estas regras.

Tendo presente estes 3 órgãos, todos os outros são órgãos subalternos que com base, e
exceções previstas no art. 7º CVDT, dependem de um ato assinado por estes 3 órgãos, que se
chama “Lei dos poderes” e que os converte em plenos e potenciais, com legitimidade para
vincular o Estado.

Artigo 7 CVDT  algumas exceções: os representes de estados em conferencias


internacionais podem igualmente negociar textos de convenções celebradas no seio dessas
entidades; indivíduos aceites pelos representantes dos estados, e que provem a sua
legitimidade para representar o estado, nesta situação pode-se levar a situações de abuso,
como os outros estados aceitarem indivíduos que são impostores. Um estado escolhe quem o
vai representar, desde que esse individuo leve uma carta de plenos poderes. Este ato é
considerado um ato unilateral, um vez que é praticado por parte de um estado. Contudo,
apesar de estas exceções não terem de apresentar a carta de plenos poderes, os seus poderes
são limitados. Podem negociar, aderir e autentificar, contudo não podem vincular-se a um
tratado.

A possibilidade de os estados aceitarem alguém que não recebeu plenos poderes, pode
dar azos a impostores, com o artigo 8º  em caso de legitimidade do órgão que praticou o
ato. Este ato tem de ser ratificado pelo estado alegadamente representado. A ratificação tem
de ter especificidade retroativa.

No artigo 47º  o individuo tem legitimidade para ratificar o tratado, mas só se o


tratado reconhecer determinado direito. Tem condições. O individuo assina na mesma
podendo celebrar o tratado, apenas com uma condição. No artigo 8 não existe legitimidade de
todo por parte do individuo para o fazer. Contudo, o artigo 47º abusa das restrições de plenos
poderes, dando-lhe legitimidade.

O direito internacional presume competências a estes 3 órgãos, mas cada órgão está
abrigado pelo direito interno e a sua resposta depende daquilo que o direito interno decidir.
Ex: se o chefe de estado português celebrar um tratado, o direito internacional vai entender
que Portugal está vinculado por esses tratados. Contudo, internamente não tem competência
para celebrar tratados. Tem apenas competência para ratifica-los.

Artigo 9  adoção para por termo ás negociações e se considera o texto negociado


como definitivo. Pode ser dada bilateralmente esta adoção visando um tratado bilateral, ou
pode ser concebido em relação a tratados multilaterais. Numa conferencia com 190 estados,
em que um estado não está de acordo, este pode impedir a adoção? Segundo o artigo 2º não.
Contudo, o artigo 9 nº1 refere que se não for em conferencias internacionais, a adoção dá-se
por unanimidade e aqui a adoção pode ser impedida. É essencial saber quando se aplica o art
9 nº2 (estabelece a maioria de 2/3) ou art. 9 nº1 (implica unanimidade). Sempre que
estiverem implicados 10 ou mais estados, aplica-se a regra dos 2/3 – artigo 9 nº2 – e quando
forem menos de 10 estados aplica-se a regra da unanimidade – artigo 9 nº1.

(isto não é cientifico)

O artigo 9 distingue conferencia internacional e as diferentes situações, a regra é a


unanimidade. Quando for uma conferencia internacional só é necessária a maioria de 2/3.

Autentificação do texto:

Este pode ser autentificado por uma rubrica, uma abreviatura de assinatura, um ato
pelo meio do qual se autentica o texto e certifica-se que aquele texto foi efetivamente
adotado. Os plenipotenciários vão rubricar o tratado. O efeito é certificar que aquele é o texto
negociado e adotado. Por acordo, podem-se atribuir outros efeitos outros efeitos á rubrica.

A assinatura é diferente, concede tanta solenidade que se convoca diplomatas, e


juntam-se o chefe de estado para assinar o tratado. Os tratados relativos á União Europeia
limitam a soberania dos estados membros e são negociados exaustivamente, enquanto a
adesão que é uma forma de vinculação, costuma ser feita por uma simples carta de adesão, os
tratados de adesão á UE, são eles próprios tratados extremamente complexos. Estes tratados
têm de ser negociados exaustivamente e quando chega a altura de assinar é uma
comemoração.

Efeitos de assinatura  marca uma das datas, a data politica do tratado, sendo certo
que a data de adoção é a mais importante, para se saber qual tratado vai ser revogado (o
tratado posterior revoga o tratado anterior). A assinatura depois tem o efeito da autentificação
caso o tratado não tenha sido alvo da rubrica.

Tem também um efeito do artigo 18: vincula o estado ao fim e ao objeto do tratado,
ou seja, uma vez tendo assinado o tratado não se podem adotar outros que destruam a vontade
de ser do tratado.

Não se pode destruir o fim ao objeto  contudo há zonas polémicas. Ex: EUA
assinaram o protocolo de Quioto com os termos do Clinton, mas este não conseguiu que o
senado norte americano se apoia a ratificação do tratado, e depois o bush junior, responsável
pela maior crise económica, foi responsável por duas guerras: Afeganistão e Iraque. O bush
veio recusar ratificar o protocolo de Quioto, entre o período entre o senado ratificou, e o bush
deixou claro que não a ratificar, passaram vários anos. Logo, ocorreram dirupções
controversas. Se um estado assina não pode adotar medidas que piorem a situação que existia
antes da assinatura.

Artigo 18º é importante, um estado assinar um tratado e ser manifestamente contrario


ao sentido do tratado.

Rubricar  tem apenas o efeito de autenticar o texto. A assinatura também, se não tiver
existido a rubrica, juntamento com tudo o que foi dito.

Assinatura  implica a data e local do tratado, bem como a aplicação do artigo 18º

Para alem deste artigo, a assinatura dá o direito de ratificar. A ratificação implica


sempre a vinculação. Se um estado assinou um tratado, implica o direito de se vincular ao
tratado, não o dever, mas o direito. As alterações de governo são completamente irrelevantes
em matéria de vinculação de um estado a um tratado. Um estado não pode invocar uma
alteração de governo para recusar qualquer tratado, e esta é a importância da pessoa coletiva,
mantem-se a mesma, ainda que os órgãos vão mudando. Hoje, existe a separação absoluta
entre o património dos governantes e o património do Estado.
A assinatura dá o direito de ratificar, mas não implica o dever, este é outro efeito da
assinatura, mas pode ainda ter efeito extraordinário, excecionalmente a assinatura pode
vincular o estado, nos termos do artigo 12, que afirma que a assinatura vincula o estado  se
o texto do tratado assim o afirmar, se durante as negociações o estado afirmar que a
assinatura o vai vincular a ele, ou se durante as negociações os estados aceitarem que todos
ficaram vinculados a eles. Regra geral, não se vinculam, apenas nos termos do artigo 12. A
aceitação e a aprovação implicam vinculação, tal como a ratificação também implica
vinculação. A mais solene sendo a ultima, mas o direito internacional aceita os vários tipos de
vinculação.

Adesão  um estado pode-se recusar a assinar um tratado, terminar um prazo para a


assinatura desse tratado. O estado deixa passar o prazo e só pode vincular-se ao tratado pela
adesão, a forma de vinculação, onde o estado não assina o tratado, não obteve o tal direito de
ratificar que a assinatura concede.

2 fase do processo de adesão: Vinculação

Quando os tratados dão o seu consentimento e concordância. Estes vinculam-se, ou


não. Neste processo, está também incluído o processo de formação de reservas

RESERVA – forma de vinculação parcial.

As reservas são a segunda forma de um sujeito internacionalmente capaz se vincular


apenas a uma parcela de um tratado.

Segundo o artigo 2 da CVDT, as reservas, são um ato jurídico unilateral por meio do
qual um Estado se furta de uma obrigação decorrente de um tratado. É possível, não obstante
de se vincular, ou seja, ele furta-se de alguns aspetos preceitos do tratado pelos quais
discorda, por diversos motivos, como o facto de ser contra a instituição.

Sublinha-se também que a reserva visa excluir ou modificar o efeito jurídico de


disposições do tratado. Assim, a reserva não pode criar uma nova disposição, apenas excluir
ou modificar os seus efeitos. Um estado não pode por meio de uma reserva autoatribuir-se um
direito ou impor um dever ás outras partes não previsto no tratado. apenas pode excluir ou
modificar, direitos das outras partes ou os seus próprios deveres previstos no tratado.

Coloca-se a questão de saber se, não podendo criar uma nova disposição, a reserva
poderá modificar a disposição no sentido do seu alargamento.
O artigo 2, fala em excluir ou modificar uma obrigação. Esta questão é interpretável.
Ou seja, não é apenas restringir um pressuposto, mas também ampliar um pressuposto.
Contudo, a pratica não apoia as reservas de forma ampla. A reserva deve excluir a aplicação
de um artigo.

Por veze, os tratados proíbem reservas e, por esse efeito, os Estados apresentam
declarações interpretativas, ou seja interpretar o sentido da letra da lei. Se esta declaração for
restrita ao sentido normal do preceito (interpretação declarativa). Se esta declaração
interpretativa não for evidente pode ser considerado uma reserva. O que o estado chama a
declaração não interessa, o que importa é a realidade. O que importa saber é se vai restringir a
aplicação do tratado.

Questão: qual é o sentido de um estado estar vinculado a um tratado se este efetua uma
reserva a alíneas desse mesmo tratado? Mais vale ter um vinculado, exceto a um artigo, do
que um estado não estar vinculado a um tratado por causa de um artigo. Ex: Tratado dos
Direitos Humanos.

Consequências de reservas:

De acordo com o artigo 19 CVDT, os tratados podem proibir as reservas, ou podem


ser proibidas porque só algumas são demissíveis. Aqui, encontramos uma lacuna, uma
omissão que devia estar regulada mas não está.

O artigo 19 – fazer uma reserva proibida significa que o estado não faz parte de um
tratado. se for feita uma reserva, a vinculação só produz efeito se esta for aceite. se um estado
se vincula com uma reserva, mesmo que tenha apresentado um instrumento no dia 1 de
janeiro, essa data não conta, o que conta é a data em que a reserva é aceite.

Principio de consentimento – se um estado faz uma reserva significa que não consentiu á
totalidade do tratado. Por isso, o estado não pode ser vinculado. É como se não produzisse
efeito.

As reservas não se destinam a criar novas disposições, apenas a alterar ou a limitar o que foi
adotado

A formulação de reservas é absolutamente livre? Não á limites 3:

 Temporais – proemio do art 19 CVDT


Só pode ser feita até ao momento de vinculação. Depois de estar vinculado, não é
permitido a reserva uma que espera-se que o estado cumpra o principio pacta sunt
servanda.

 Procedimentais ou forma

Art 23 nº1, em principio o tratado é efetuado de forma escrita. As reservas tem de ser
escritas sobre pena de ineficácia. Não significa que seja invalida, mas ineficácia

 Materiais

Conteúdo da reserva, os mais difíceis. Art 19 a), b) e c)

A) Um tratado proíbe reservas.

B) Só aceitam as reservas previstas no tratado.

A consequência de fazer uma reserva que não está dentro das matérias A) e B), o
consentimento do estado é ineficaz, ou seja, fica fora do tratado.
O que acontece se a reserva formulada é contra uma norma de ius cogens: a
reserva é nula e não produz efeitos. Art 53ª

C) Objetos  os princípios gerais do tratado e os fins  são os objetivos do tratado.


Há dificuldade em aferir e aplicar este limite e por isso, como consequência, não
se aplica o regime do a) e b). Segundo o professor não há sansão internacional.
Mas está a formar-se uma pratica por parte da jurisprudência da Comissão
Europeia dos Direitos Humanos e o Pacto dos Direitos Civis e Políticos da ONU.
Quando estamos perante tratados que regulam direitos humanos, as reservas são
nulas e o estado fica vinculado á totalidade do tratado – 266 manual. 3 casos
belilus, werber, lasidur. Italia e a frança, usaram esta disposição contra os eua
contra a pena de morte a menores, quando este faz uma reserva.

Parece que se está a formar uma norma costumeira de formar reservas contra o
objetivo e fins do tratado em matéria de direitos humanos.

A reserva torna-se nula e o Estado vinvula-se

Exceção – a alínea c), reservas contrarias ao fim do objeto do estado também são
inadmissíveis. Isto, provoca complicações. Ninguém sabe se a reserva é contrario ao fim do
objeto do tratado. Se estiver em causa, de acordo com o tribunal dos direitos humanos, os
direitos humanos o estado fica vinculado e a reserva é considerada nula. Estas questões
dividem a doutrina.

As reservas proibidas por um estado, segundo o artigo 19, alínea a) e b), implicam que
um estado não se vincule a um tratado. As reservas contrarias á alínea c) são irrelevantes,
exceto no caso dos Direitos Humanos.

As reservas não se destinam a criar novas disposições, apenas a alterar ou a limitar o que foi
adotado

O artigo 20 distingue 3 espécies de tratados, nas questões de reservas:

 Tratado Multilateral Restrito – Tratado com menos de 10 estados


A reserva tem de ser aceite por todos, ou seja, o estado não se torna parte do tratado,
ou seja não pode haver objeção explicita.
Artº 20 nº5, se não houver objeções durante 12 meses a reserva é aceita. Isto chama-se
aceitação de forma tacita.
O costume refere que não é preciso 12 meses para a aceitação de um tratado, mas sim
3 meses. O secretário geral das nações unidas, aceita o costume, a convenção obriga
os 12 meses de “silencio”.
Se a reserva for rejeitada, o estado não se torna parte. Aí, aplicasse o artigo 19 alínea
a) e b).
 Tratado Multilateral Geral – aqueles tratados que tem 10 ou mais estados é laxista
Toda e qualquer reserva acaba por reproduzir efeitos, desde que um estado não objete.
Produz efeitos em relação a todos.
Artº20 nº4, mesmo que 100 estados objetem e um ficar calado, há uma aceitação da
reserva. O estado torna-se parte e a reserva produz efeitos
 Art 20, nº3 – reservas que modificam os tratados com uma organização internacional.
O tratado tem de ser aceite pelo órgão competente da organização.

Efeitos das objeções e espécies:

Segundo o artigo 20, nº4, uma reserva num tratado multilateral geral, todos os estados
têm de objetar para que o estado que fez a reserva não pertença a um tratado. Basta um
estado, aceitar, expressamente ou tacitamente, para que o estado pertença a um tratado.

As objeções podem ser simples ou qualificadas


Objeção qualificada – artigo 20, nº4. O estado ao fazer uma objeção qualificada. Ou seja, não
se realiza um tratado entre o objetor e o que faz a reserva, contudo realiza-se o tratado entre
aqueles que aceitaram a reserva.

Objeção simples – tem um sentido politico diferente, mas a jurisdição é diferente. Tem a
mesma consequência jurídica ma é a solução conforme o principio do aceitamento, que está
subjacente ao principio da reciprocidade.

Principio da reciprocidade – quando um estado faz uma reserva, os outros podem invocar a
reserva contra o mesmo

Existem tratados que impõem obrigações erga omnes, todos os estados se vinculam. O
principio da reciprocidade não se aplica aqui. Como elas vinculam cada estado a todos os
outros ao mesmo tempo. O estado que faz essa reserva, solta-se dessa obrigação, mas os
outros estados continuam vinculados ás mesmas.

Terminado este processo, o tratado entra em vigor. Este pode entrar antes,
provisoriamente, em casos de urgência. As partes estabelecem que o tratado vai entrar
provisoriamente. Ex: fronteiras marítimas.

A entrada em vigor pode estar sujeito a condições, um evento futuro incerto, ou a um


termo, como um prazo. Podem estar sujeitos a um prazo para entrar em vigor.

O ESTADO PORTUGÊS EM MATÉRIA DE VINCULAÇÃO – CONSTITUIÇÃO


PORTUGUESA

Para o estado português é um problema efetuar acordos de forma ultrasimplificada


uma vez que o direito interno não aceita apenas a assinatura para a vinculação imediata. O
pleno potenciário que for negociar o tratado e assinar, terá de efetuar uma assinatura sobre
reserva de aprovação ou de retificação. Portugal não pode celebrar acordos de forma
ultrasimplificada.

Art 8 CP – nº1. Pode se usar o costume ou os tratados internacionais

Nº2. Forma de vinculação do estado português. Quando o estado português assina é sobre
reserva de ratificação ou de aprovação. Dois tipos de convenções internacionais. Sobre meio
de aprovação são os acordos sobre forma simplificada ou acordo. Sobre meio de retificação
estamos perante tratados.

Art 197: b) o governo pode negociar os tratados


Aprovação, se for em matéria tratado só pode ser aprovado pela assembleia da republica, art
161 – todos os tratados são privados pela assembleia. Se estivermos perante um acordo, este
pode ser aprovado pela assembleia ou pelo governo em certas matérias

Como é que se sabe se estamos perante um tratado ou um acordo?

 A convenção internacional pode referir, mas se não o fizer entende-se que nas
matérias referida do artigo 162 aline i) da constituição. Ou seja matéria de tratado.
Portugal assina sobre reserva de retificação. Á luz da constituição são matérias solene
ou seja, um tratado.

 Se estivermos perante um acordo, a assembleia aprova nas matérias em que tem


competência legislativa. Artigos 161, 164 e 165

O artigo 165, c) quando estamos perante um acordo temos de verificar se a matéria


desse acordo enquadra-se nas matérias referidas neste elenco de artigos. Se o acordo não
estiver dentro dessas matérias, estas podem ter a aprovação do governo, artigo 197 c). Este
pode também renunciar essa função remetendo essa função para a assembleia da republica

Quando é aprovado pelo governo dá se o nome de decreto de aprovação, artigo 197


nº2. Quando o ato de aprovação dá-se pela assembleia da republica dá se o nome de resolução
artigo 166 nº5. De seguida, este decreto/resolução têm de ser assinados pelo presidente artigo
134 b).

Segundo a constituição as convenções têm de ser publicadas no diário da republica,


artigo nº1 b). Se estas não forem publicadas no diário da republica não têm eficácia e não são
praticadas pelos tribunais portugueses artigo nº2.

Fase 3: entrada em vigor.

Quando o tratado começa a produzir efeito. Neste fase, também está presente o registo
e o deposito dos tratados. Artigo 60 CVDT e artigo 102 CNU

DEPOSITÁRIO

A figura do depositário é própria dos tratados multilaterais, mas também existe nos
tratados bilaterais com partes complexas. Nos tratados entre dois estados, ou outros dois
sujeitos capazes, não é necessário estabelecer depositário, pois as duas entidades partes,
designadamente, trocam os instrumentos de vinculação e contactam entre si. Tem de ter a
versão oficial do tratado

APLICAÇÃO DE TRATADOS

Pacta sunt servanda

Estipulado no artigo 26, esta norma impõe que os tratados devem ser respeitados e de
boa fé. Os estados não o podem violar sem pagar o preço.

Eficácia

De acordo com os artigos 28 e 29 da CVDT 69, os tratados não tem retroatividade, o


que implica que estes, sejam apenas aplicados para o futuro, a sua aplicação territorial, ou
seja, a sua aplicação estende-se á totalidade do território das partes pertencentes ao tratado

Aplicação no tempo:

A imediata aplicação do tratado e a sua entrada em vigor pode abranger situações


jurídicas constituídas antes desta data que subsistem. Ou seja aplica-se a situações jurídicas
existentes na altura da entrada em vigor e não apenas a situações posteriores.

Ao contrario, estando em causa o regime de factos, incluindo atos jurídicos, o tratado


somente será aplicado aos ocorridos depois da sua entrada em vigor. Um estado não pode ser
condenado por um ato de desrespeito de um direito individual praticado antes da sua
vinculação do tratado que o garante.

Aplicação no espaço:

Por território, deve-se entender qualquer espaço sujeito a poderes da mesma natureza
e amplitude aos de que o Estado goza em relação ao seu território: mar territorial, plataforma
continental e espaço aéreo subjacente.

Este principio, aplica-se igualmente, a estados federais. O tratado aplica-se a todo o


seu território e vincula igualmente os estados federados. A menos que do tratado conste uma
clausula federal, que expressamente considera o tratado não vinculativo para os estados
federados.
Em suma, a regra geral será de que os tratados se aplicam igualmente a estes
territórios, mas com a possibilidade de existirem exceções e relação a determinados tratados
cujo âmbito é difícil de determinar. O ónus de fundamentação da exceção caberá ao estado
que a invoca.

Em relação a tratados de direitos humanos, a sua aplicação é de cariz universal. Neste


caso a sua aplicação territorial não tem importância, uma vez que implica obrigações herga
omnes, que vinculam todos os estados a todos os estados.

INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS

Como acontece nos outros tipos de fontes, também os criados pelos tratados
necessitam de ser interpretados para obterem um significado jurídico. A norma jurídica surge
por via interpretativa, pois mesmo quando o sentido parece claro. Esta primeira impressão
depende de uma aplicação intuitiva da metodologia jurídica.

TRATADOS EM RELAÇÃO A ESTADOS TERCEIROS

A regra é a de o tratado, sendo um acordo de vontades, não produz efeitos em relação


a terceiros. A relatividade dos tratados decorre da sua estrutura. Se existir um acordo
internacional de vontade que pretenda impor diretamente uma obrigação positiva a um
terceiro:

 Tal obrigação é estruturalmente ineficaz em relação ao terceiro e por isso, antijurídico


tentar forçá-lo a cumpri-la;
 Se este tiver juridicamente obrigado a catar a obrigação a acatar a obrigação devido a
tal estar previamente estipulado noutro tratado. significa que o acordo deixou de se
incluir no conceito internacional de tratado, para passar a ser em relação ao terceiro
um ato unilateral vinculatório.

O consentimento:

O consentimento expresso ou tácito do terceiro implica o estabelecimento de um novo


tratado entre as partes e o estado terceiro, o que reproduz as obrigações ou direitos do
primeiro tratado em relação ao autor do consentimento.
No caso de estar em causa a criação direta de obrigações para um terceiro, a
convenção estabelece um regime que exige um consentimento escrito – artigo 35. Um tratado
oral não precisa de aceitação por escrito. Ao exigir um acordo escrito, a disposição não está
em conformidade com o DIP costumeiro sobre a matéria que não exige tal forma para o
consentimento dado que tratados a pretender vincular expressa e diretamente terceiros são
uma figura inexistente.

Em geral, desde que as partes num tratado aceitem expressa ou tacitamente a


vinculação de um terceiro, qualquer entidade capaz se pode vincular ao disposto num tratado
por via expressa (oral e escrita) ou tacita. Um tratado tácito, precisa de atos positivos para
considerar que o terceiro estado aceitou. Não há a necessidade do consentimento por escrito,
mas sim atos positivos que comprovam o seu consentimento.

O artigo 35 da CVDT86 acrescenta que o consentimento das organizações


internacionais é dado nos termos das suas regras internas. Isso não significa, que esta
violação seja relevante como forma de invalidação desse consentimento – art 27, nº2 e 46,
nº2 CVDT86.

Ao contrario, para as situações em que o tratado se limite a reconhecer direitos a um


terceiro, e não disponha de outro modo, presume-se o consentimento do terceiro ou de
terceiros. Este tem, de exercer o direito nos termos previstos pelo tratado ou estabelecidos
pelas partes nos termos do tratado. isto é, permite-se que que o estado que aceita tacitamente
a atribuição de um direito se vincule ás obrigações que limitam o seu exercício.

Principio da relatividade – eficácia relativa dos tratados. Só se aplica ás partes concordantes


de um tratado

Artigo 38º  a norma de um tratado, não impede a criação da norma costumeira.


Neste caso, não há casos partes. Quanto menos estados existirem que não são partes, mais
difícil é ver a sua pratica para se tornar um costume.

REVISÃO E MODIFICAÇÃO DOS TRATADOS

Revisão

O tratado pode ser revisto com o acordo de todas as partes. Sendo um contrato, a sua
vigência fica dependente das vontades das partes, que lhe podem introduzir as alterações que
entenderem no respeito dos limites decorrentes do DIP.
Artigo 30  para o tratado ser alterado é preciso celebrar outro tratado entre as partes, sendo
que o segundo tratado revoga o primeiro (quando são as mesmas partes)

Quando estamos perante a revisão/derrogação de um tratado multilateral geral, os


estados pertencentes ao primeiro tratado que celebram um segundo tratado, mas se um estado
recusa-se a ser parte do tratado nº2. O tratado que vigora entre esse estado e os restantes é o
primeiro, contudo, entre os estados parte que se vincularam ao novo tratado, vigora o tratado
nº2.

De acordo com o artigo 108 da Carta das Nações Unidas, as emendas da carta atuam
através de um ato jurídico unilateral, mas é necessário a aceitação de 2/3 dos membros das
nações unidas, inclusive de todos os membros do conselho de segurança.

Artigo 103 CNU – se um tratado for contraditório com a carta das nações Unidas,
prevalece a carta.

O que acontece com tratados incompatíveis?

Artigo 30, nº4 e 5  ambos os tratados são válidos. Os estados vão ter, pelo menos, de
cumprir um dos tratados e compensar/indemnizar aqueles estados que decidem adotar o
primeiro tratado (quando as partes do segundo tratado são dif dos seguno

Artigo 41 aplica-se quando dois tratados vigoram, apedar de contraditórios.

A revogação é uma forma de extinção que é mais abrangente. Uma revisão pode dar
origem a uma revogação – artigo 39, ou a uma derrogação quando se aplica apenas a alguns
estados.

É necessário que o segundo tratado não afete os direitos do primeiro tratado.,


principalmente em relação a obrigações Herga Omnes. Contudo, se os direitos do tratado nº2
forem mais exigentes, vigora o tratado não há problemas. Ambos os tratados são validos e
tem de ser respeitados quanto ás partes.

ANULIDADE E EXTINÇÃO DOS TRATADOS: artigos 42 e seguintes

Artigo 42, nº1 As partes são proibidas de invocar qualquer causa de invalidade as
causas que não estão previstas nas convenções de Viena. Em relação aqueles estados que não
são parte da convenção, aplica-se o costume.
Artigo 42, nº2  A extinção, não está dependente da convenção, uma vez que o
próprio costume e o tratado podem referir causas para a extinção de um tratado.

A nulidade, verifica-se durante o procedimento de conclusão dos tratados, ou seja,


todo o procedimento que ocorre antes da entrada em vigor. São atos/vivios na formação da
vontade. Estes, podem ocorrer devido a coação, corrupção, erro, dolo, etc.

A Extinção, é quando o tratado já se encontra em vigor, ou seja, quando este produz


efeitos. São factos posteriores á entrada em vigor. Se o objeto do tratado for destruído pela
pratica dos estados, então o tratado caduca.

Atos é diferente de facto: os atos são decisões humanas, enquanto que os factos são
ocorrências naturais ou atos de animais. Em sentido amplo, podemos referir os atos humanos,
eventos naturais ou atos de animais, como factos.

Consequências praticas:

Na nulidade, o tratado não produz efeitos desde o inicio.

Em relação á extinção dos tratados, o tratado vai produzir efeitos até á entrada em
vigor do segundo tratado, sendo que esses efeitos, são transferidos para o segundo tratado

Nulidade

Se um tratado é nulo, todos os efeitos vão ser destruídos desde a sua assinatura.
Mesmo aqueles atos de boa fé, ou seja, o estado não sabia que estava a ocorrer um vicio da
vontade, devem ser destruídos. Esta ideia é importante devido ao Erro.

Artigo 43  o facto de um tratado ser nulo não implica o descumprimento das obrigações
que têm outra fontes jurídica, como o um outro tratado ou costume.

Separabilidade das disposições: Artigo 44 da CVDT:

Um tratado, não vê todas as suas disposições afetadas. Nos termos que se estabelece é
possível que apenas uma ou algumas sejam atingidas. De facto, embora formalmente se
anuncie pela positiva o principio da unidade do tratado – artigo 44 nº2 – onde estão
concentradas as exceções para a nulidade de todo o tratado – Principio da separabilidade.

A regra geral, esta matéria é a de que para ser admitida deve respeitar
cumulativamente, 4 condições, como se estabelece no artigo 44 nº3.
1. A causa apenas atinja uma ou algumas disposições. Por exemplo, que o
consentimento em relação a um tratado tenha sido viciado por erro apenas em relação
a uma determinada disposição ou que apenas a execução desta se tenha tornado
impossível
2. A execução das restantes disposições do tratado seja independente da disposição ou
disposições atingidas – artigo 44 nº3, al. a)
3. A disposição não pode decorrer do tratado, ou que não tenha sido por outra forma
estabelecido, que a outra parte ou partes consideram a disposição ou disposições
afetadas como base essencial do seu consentimento em relação ao tratado no seu
conjunto – artigo 44 nº3, al. b)
4. A imposição do equilíbrio original entre direitos e obrigações do tratado não seja
alterado de forma desrazoável, por força da limitação dos efeitos da causa invocada
em relação apenas ás disposições atingidas – artigo 44 nº3, al. c)

O regime das CVDT estabelece depois regras particulares a algumas causas. Segundo
o artigo 44 nº5, nunca é aplicável o regime da separabilidade às invalidades decorrentes de
coação sobre o representante (artº 51), de coação sobre o Estado (artº 52) ou de derrogação
originária de uma norma iuris cogentis (artº 53). Ou seja, nestas questões, todo o tratado é
declarado como nulo.

Temos de fazer uma distinção entre ius cogens:

Artigo 53 – é quando o tratado é concebido quando a norma de ius cogens já se encontra em


vigor.

Artigo 64 – o ius cogens é formado posteriormente á entrada em vigor do tratado. A nova


norma costumeira tornou aquela parte do tratado nula, ou todo o tratado. Causa extinção e
não nulidade, ou seja, estamos perante uma revogação.

Natureza das invalidades: nulidade absoluta e relativa

As CVDT referem-se a invalidades e, por vezes, a nulidade, mas não fica claro se esta
diferente denominação implica uma distinta natureza. Tem sempre a mesma natureza?
Depende da análise completa do seu regime, esta somente poderá ser justificada depois de
terminada esta análise. Mas desde já se assume a defesa que, em todos os casos consagrados
na secção 2 da Parte V das CVDT está presente a nulidade.
Apenas a figura da nulidade absoluta é um desvalor jurídico que respeita os requisitos
que são imputados à nulidade.

No que toca á nulidade relativa, o desvalor sui generis, com a característica


fundamental da nulidade, o carater automático, mas com outros aspetos próprios da
anulabilidade.

São nulidades absolutas os casos de coação sobre o representante e sobre o Estado e a


derrogação do ius cogens. São nulidades que têm subjacentes motivações de Ordem Pública.

São nulidades relativas os restantes casos de vicio do consentimento típico, bem como
o atípico referido, a incapacidade intelectual do representante. O seu caráter deriva do facto
de protegerem interesses diretos de cada estado.

A nulidade absoluta também não é suscetível de confirmação expressa ou tacita, daí a


exclusão das causas do artigo 51 a 53 do âmbito do artigo 45 (nulidades relativas). Um
tratado não pode confirmar a sua vinculação a um tratado que seja nulo por coação sobre o
seu representante ou sobre si próprio, terá de praticar novamente todos os atos de vinculação,
se se tratar de um tratado multilateral, ou celebrar novo tratado bilateral. Quanto à derrogação
do ius cogens, este regime é mesmo uma imposição incontornável, pois um novo tratado com
o mesmo conteúdo será obviamente igualmente nulo.

Há proibição da separabilidade não é uma característica da nulidade absoluta. Faz


sentido em relação aos casos de coação, devido à perda de confiança que daí resulta entre as
partes, mas nada o impõe para a derrogação de uma norma iuris cogentis. Provavelmente,
nem o próprio artigo 45 nº5, dado que ficou defendida a sua revogação na parte respeitante ao
Ius Cogens por uma norma costumeira contrária.

A nulidade relativa apenas pode ser invocada pela parte prejudicada e pode sempre
ser confirmada. A possibilidade da separabilidade não é uma característica da nulidade
relativa, desde logo, também uma boa parte das causas de extinção ou suspensão a permitem,
bem como a nulidade absoluta derivada de derrogação do Ius Cogens.

Ambas as nulidades não dependem de qualquer prazo para serem invocadas.

Você também pode gostar