Você está na página 1de 4

PESQUISA DE JURISPRUDÊNCIA – CONTRIBUIÇÃO SISTEMA S

Grande parte dos desembargadores do TRF3 tem entendido que as


contribuições destinadas ao INCRA, Senai, Sesc e Sebrae devem incidir sobre uma
base limitada até o teto de 20 salários-mínimos. Quanto ao salário educação, a
jurisprudência não é tão pacífica, contando com decisões não limitam a
arrecadação e algumas que admitem a limitação em 20 salários-mínimos.
Sendo assim, seguem julgados que espelham essas duas visões da
aplicabilidade da Lei n. 6.950/81 e a consequente limitação da arrecadação nas
folhas de pagamento ao Sistema S.

- Limitação da base de cálculo para o INCRA, Senai, Sesc e Sebrae e não


admitem para o salário educação:
“TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS. LIMITE
DA BASE DA CÁLCULO. 20 SALÁRIOS MÍNIMOS. LEI Nº 6.950/81. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
– A Suprema Corte, em 23.09.2020, apreciou o Tema 325 da repercussão geral,
fixando a tese que: “As contribuições devidas ao SEBRAE, à APEX e à ABDI com
fundamento na Lei 8.029/1990 foram recepcionadas pela EC 33/2001”.
– Quanto ao pedido subsidiário, o E. STJ firmou entendimento no sentido de que o
artigo 4º da Lei nº 6.950/81, permanece vigente para a apuração das contribuições
destinadas a terceiros/parafiscais, aplicando-se o limite de 20 (salários mínimos).
– Assim, o disposto no 3º do Decreto-Lei n.º 2.318/86 aplica-se somente às
contribuições previdenciárias.
– A contribuição destinada ao Salário Educação possui regras próprias, entre elas o
art. 15 da Lei nº 9.424/96, que prevê alíquota de 2,5% (dois e meio por cento)
sobre o total de remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, aos
segurados empregados, assim definidos no art. 12, inciso I, da Lei nº 8.212, de 24
de julho de 1991, de modo que inaplicável a tal contribuição a limitação da base
de cálculo a 20 salários-mínimos.
– Salienta-se, ainda, que o art. 1º, da Lei 9.766/1998, que alterou a legislação
regente do Salário-Educação, disciplina que a contribuição social do Salário-
Educação obedecerá aos mesmos prazos e condições aplicados às contribuições
sociais e demais importâncias devidas à Seguridade Social, ressalvada a
competência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, sobre
a matéria.
– Recurso parcialmente provido para suspender a exigibilidade das contribuições
destinadas ao INCRA, Senai, Sesc e Sebrae incidentes sobre base de cálculo que
ultrapasse 20 salários mínimos.”
(TRF 3ª Região, 4ª Turma, AI – AGRAVO DE INSTRUMENTO, 5013973-
14.2020.4.03.0000, Rel. Desembargador Federal MARLI MARQUES FERREIRA,
julgado em 15/12/2020, e – DJF3 Judicial 1 DATA: 15/01/2021)
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. EMPRESA. TETO DE 20 (VINTE)
SALÁRIOS MÍNIMOS PARA BASE DE CÁLCULO DE CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A
TERCEIROS (INCRA, SENAI, SESI, SEBRAE) INCIDENTES SOBRE A FOLHA DE
SALÁRIOS, COM EXCEÇÃO DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO.LIMITE DO SALÁRIO DE
CONTRIBUIÇÃO. ARTIGO 4º DA LEI N.º 6.950/81. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL
NÃO PROVIDAS.
1. Aduz a impetrante, em suma, que o limite de 20 (vinte) salários mínimos para a
base de cálculo de contribuição a terceiros deve ser preservada haja vista a plena
vigência do artigo 4º, parágrafo único, da Lei nº 6.950/81. Salienta que a edição do
Decreto-Lei nº 2.318/86, artigo 3º, afastou o limite da base de cálculo tão somente
com relação à contribuição previdenciária.
2. Pelo cotejo das redações dos dispositivos transcritos, é possível inferir que o
teto da base de cálculo das contribuições a terceiros permanece em plena
vigência, havendo alteração (revogação) apenas no tocante à contribuição
previdenciária patronal.
3. Tendo em vista que as contribuições destinadas a terceiros gozam de natureza
diversa daquelas destinas ao custeio da previdência social, não é possível concluir
que a novel legislação tenha se referido, ao revogar o teto, também às
contribuições de terceiros já que não há menção legal quanto à específica
circunstância.
4. Não merece provimento o presente Recurso de Apelação, devendo ser mantida
a r. sentença para obstar que a União deixe de observar o valor-limite de 20 (vinte)
salários mínimos vigentes no Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos País para fins de
apuração da base de cálculo (folha de salários) e recolhimento das contribuições
devidas a terceiros (com exceção do salário-educação, INCRA, SENAI, SESI e
SEBRAE). 5.Apelação e remessa oficial não providas.
(TRF 3ª Região, 3ª Turma, ApelRemNec – APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA,
5002722-26.2020.4.03.6102, Rel. Desembargador Federal ANTÔNIO CARLOS
CEDENHO, julgado em 26/10/2020)

- Limitação da base de cálculo para o INCRA, Senai, Sesc e Sebrae e para o


salário educação:
“TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E DE
INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. INCIDÊNCIA SOBRE FOLHA DE
SALÁRIOS. CONSTITUCIONALIDADE. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DEVIDA A
TERCEIROS. LIMITE DE VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 4º DA LEI 6.950/1981 NÃO
REVOGADO PELO ART. 3º DO DL 2.318/1986. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(…)
– Posto isto, anote-se que, no tocante ao pedido subsidiário de limitação do
recolhimento das contribuições sociais devidas a terceiros, o art. 4º da Lei nº
6.950/81, assim dispôs: Art 4º – O limite máximo do salário-de-contribuição,
previsto no art. 5º da Lei nº 6.332, de 18 de maio de 1976, é fixado em valor
correspondente a 20 (vinte) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Parágrafo único – O limite a que se refere o presente artigo aplica-se às
contribuições parafiscais arrecadadas por conta de terceiros.
– Por sua vez, o art. 3º do Decreto-Lei nº 2.318/86 dispõe: Art 3º Para efeito do
cálculo da contribuição da empresa para a previdência social, o salário de
contribuição não está sujeito ao limite de vinte vezes o salário mínimo, imposto
pelo art. 4º da Lei nº 6.950, de 4 de novembro de 1981.
– Dessa maneira, no que se refere às demais contribuições, fica mantido o limite
estabelecido pelo artigo 4º da Lei no 6.950/1981, já que o Decreto-Lei nº
2.318/1986 destina-se apenas às fontes de custeio da Previdência Social.
Precedente do STJ.
– Logo, o artigo 4º da Lei nº 6.950/81 permanece vigente para a apuração das
contribuições destinadas a terceiros/parafiscais.
– Assim, deve ser aplicado o limite de 20 salários mínimos para fins de base de
cálculo das contribuições ao SENAC, SESC, SEBRAE, INCRA e salário-educação.
– Agravo de instrumento parcialmente provido, apenas no que tange ao pedido
subsidiário.”
(TRF 3ª Região, 4ª Turma, AI – AGRAVO DE INSTRUMENTO,           5024434-
45.2020.4.03.0000, Rel. Desembargador Federal MONICA AUTRAN MACHADO
NOBRE, julgado em 11/12/2020, e – DJF3 Judicial 1 DATA: 15/01/2021).

MANDADO DE SEGURANÇA. APELAÇÃO DA IMPETRANTE. DIREITO TRIBUTÁRIO.


CONTRIBUIÇÕES PARA O SISTEMA S (SALÁRIO-
EDUCAÇÃO). CONSTITUCIONALIDADE DA BASE DE CÁLCULO. EC 33/2001. 
APELAÇÃO NÃO PROVIDA.
I - O E. Supremo Tribunal Federal declarou, com eficácia "erga omnes" e efeito "ex
tunc", a constitucionalidade da referida norma na ação Declaratória de
constitucionalidade nº 3, afastando a necessidade de lei complementar para a
instituição da contribuição do salário-educação, bem como editou a Súmula nº
732, verbis:"É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja
sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei
9.424/96."
  II - In casu, a inovação trazida pela EC nº 33/2001 - tem sido objeto de apreciação
no âmbito deste Tribunal, que em vários julgados assentou a legitimidade da
exigência das contribuições impugnadas, inclusive após o início da vigência da EC
nº 33/2001. Com efeito, o entendimento predominante, é de que a inovação
trazida pela emenda constitucional em apreço, na parte em que menciona
algumas bases de cálculo sobre as quais podem incidir tais contribuições (adição
do § 2º, inciso III, alínea "a", ao artigo 149 da CF/1988), refere-se, em verdade, a
um rol não exauriente. Desta forma, nenhuma mácula de inconstitucionalidade
paira sobre a utilização da folha de salários (não mencionada expressamente no
artigo 149, § 2º, III, "a") como base de cálculo destas contribuições.
III – Apelação não provida.
(TRF 3ª Região. 3ª Turma, MS - Mandado de Segurança. 5001802-
43.2020.4.03.6105, Rel. Desembargador Federal ANTÔNIO CARLOS CEDENHO,
julgado em 22/03/2021)

Você também pode gostar