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Crédito Amplo de

PIS e COFINS

(Tema 756)
Joinville/SC, novembro de 2022.

Prezados Senhores

Servimo-nos da presente para apresentar a Vossa Senhoria


breves comentários acerca dos procedimentos adotados para pleitear judicialmente
que sejam afastadas as limitações infraconstitucionais impostas ao direito de crédito
do PIS e da COFINS por violação ao princípio da não-cumulatividade previsto no §
12 do art. 195 da Constituição Federal.

Nos termos do § 12 do art. 195 da Constituição Federal: “a lei


definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes
na forma dos incisos I, b, e IV do caput, serão não cumulativas”.

O dispositivo legal supracitado garante à não-cumulatividade


do PIS e da COFINS o status de princípio constitucional em seu sentido mais amplo,
pleno e irrestrito, impondo ao legislador infraconstitucional o dever de concretizá-
lo.

No entanto, em nítida afronta ao texto constitucional, o


legislador ordinário, através dos arts. 3º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, bem como
do art. 31 da Lei 10.865/04, impôs uma série de restrições quanto ao direito ao
crédito, indicando as circunstâncias que ensejariam a dedução, bem como
condicionando seu aproveitamento.

A incompatibilidade dessas restrições com o art. 195, § 12, da


Constituição é evidente. Não há como se confundir a competência para definir
“setores de atividade econômica” com um poder geral de regulamentar por completo
o direito a crédito.

Não poderia o legislador infraconstitucional, ao arrepio da


Carta Magna, apontar as despesas que gerariam, ou não, direito ao crédito, pois tal
situação extrapola demasiadamente a competência que lhe foi outorgada.
Com efeito, a partir da compreensão da sistemática não-
cumulativa, se a base de cálculo do PIS e da COFINS – nos termos dos arts. 1º, das
Leis 10.637/02 e 10.833/03, ambas com a alteração promovida pela Lei 12.973/14
– compreende a receita bruta e todas as demais receitas auferidas, não há nexo
lógico em se afastar o direito ao creditamento sobre todas as despesas incorridas
pelo contribuinte.

Daí por que tem o contribuinte interesse em buscar que todas


as despesas por si incorridas sejam também passíveis de constituição de crédito para
o PIS e a COFINS, de maneira a afastar as limitações infraconstitucionais impostas
ao direito de crédito por violação ao princípio da não-cumulatividade, conforme
previsão do § 12 do art. 195 da Constituição Federal.

É importante destacar, em remate, que a medida judicial


referenciada não busca rediscutir o conceito de insumo construído pelo Superior
Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, tampouco
interpretar e aplicar a legislação infraconstitucional às peculiaridades de cada
indústria, mas unicamente questionar a constitucionalidade das limitações impostas
pelo legislador ordinário, com vistas a ampliar o direito a crédito e, com isso, garantir
que outros créditos sejam tomados.

São estas as informações relevantes para propositura da


demanda judicial – mandado de segurança – visando o reconhecimento do direito de
apropriar créditos de PIS e COFINS sobre quaisquer despesas e custos incorridos em
sua atividade, bem como recuperar os valores indevidamente recolhidos nos 5 anos
anteriores ao ajuizamento do feito.

Sendo o que tínhamos para o momento, permanecemos à


disposição para eventuais esclarecimentos que se julguem necessários.

Atenciosamente,

MARTINELLI ADVOGADOS
OAB/SC 252-97

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