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ATUAL
RESUMO
ABSTRACT
que está nas leis, mas aquilo que é efetivamente aplicado pelos juízes. Nesse caso, por que não
adotar essa perspectiva teórica e ir ver o que é efetivamente aplicado pelos juízes. Nesse caso,
porque não adotar essa perspectiva teórica e ir ver o que efetivamente acontece com as ações
judiciais – mas também com iniciativas extrajudiciais do parquet, entre outras possibilidades –
tendo por objeto essa proteção? Para começo de assunto: essas ações e iniciativas existem?
Quais são seus resultados? Positivos? Negativos? Nesse caso, por quê? São respostas cujas
respostas poderão estar em autos de processos que o jurista-autor sabe manusear e poderá
efetivamente é aplicado pelos juízes. Se nota que a legislação é antiga, apenas
com o impulso das Advocacias Gerais da União e com a atuação dos juízes é
que o instituto legal tomou relevância econômica e social.
10 “As razões para adotar uma abordagem múltipla do desenvolvimento tornaram-se mais claras
em anos recentes, em parte como resultado das dificuldades enfrentadas e dos êxitos obtidos
por diferentes países ao longo das últimas décadas. Essas questões relacionam-se
estreitamente à necessidade de equilibrar o papel do governo – e de outras instituições políticas
e sociais – com o funcionamento dos mercados.” SEN, Amartya, 2000).
11 “A segunda condição em que se desdobra o princípio da livre-iniciativa é a do lucro como o
principal fator de motivação da iniciativa privada; o lucro obtido com a exploração regular e lícita
da empresa. Como afirmado, qualquer empresa nasce sempre do interesse individual e egoísta
do empresário, que busca auferir ganhos com a exploração de uma atividade econômica, que vá
ao encontro das necessidades e querenças dos consumidores. O lucro, assim, no sistema
capitalista, não pode ser jurídica ou moralmente condenado”. (COELHO, 2012. p. 32-33)
Os movimentos do judiciário até algumas décadas não tinham tanto relevo
econômico quanto o tem ante a jurisdicialização de condutas da atualidade. Hoje
ele é demandado a apresentar soluções para tantas e tantas questões que se
arrisca a dizer, suas decisões possuem mais valor do que a norma positivada,
voltando a teoria do realismo já citada anteriormente neste artigo, o direito não é
a lei positivada, o direito é o que os juízes ditam.
As ações regressivas acidentárias, são a mostra de um movimento atual
de mudança nas regras do jogo e que ainda não se tem exata noção de seus
efeitos para a atividade empresarial.
O fato é que excluindo empresas beneficiadas por algum incentivo
tributário, uma empresa hoje paga de 26,30% à 31,80% do valor de sua folha de
salários a título de encargos sociais. Deste percentual, de 0,5% à 6% dizem
respeito ao encargo social chamado “Risco Acidente Trabalho (RAT)” adicionado
do “Fator Acidentário de Prevenção (FAP)” que constituem um fundo para
custeio das pensões por morte e invalidez no ambiente do trabalho 12.
Não obstante o pagamento mensal deste valor expressivo por parte da
Empresa, os Advogados Gerais da União vêm promovendo com sucesso ações
de regresso cobrando o valor destas pensões custeadas por todas as empresas
e pagas pela União da pessoa jurídica responsável pelo acidente.
A regra é, ou até então era, recolher de 0,5% à 6% do valor total das folhas
de salário de todas as empresas do Brasil para custear um fundo destinado ao
pagamento de pensões por morte ou invalidez. A regra atual é a manutenção da
antiga norma, acrescendo o risco da empresa ser condenada a pagar ainda a
própria pensão do empregado que sofreu o acidente.
O importante aqui não é o mérito da questão mas sim a atenção para a
mudança da regra, ou melhor, a adição de uma nova regra sem se dar conta da
inteligência da anterior.
O RAT – Risco Acidente de Trabalho – constituí um fundo para o
pagamento de benefícios ao trabalhador acidentado ou a família do trabalhador
falecido, mas nem de longe pode ser considerado um benefício exclusivamente
12 Brasil. Lei 8.212/1991. Art. 22, II “para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57
e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre
o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados
e trabalhadores avulsos:
do trabalhador, na ordem constitucional vigente se pode entender também que
é uma forma de proteção da empresa, da atividade negocial, ante sua
importância estrutural para o país.
Para a manutenção de um ambiente de negócios que atraia o capital ao
invés de deixar o risco de acidentes de trabalho a encargo da empresa, o Estado
mensalmente recolhe de todas as empresas uma contribuição a título de uma
espécie de “seguro”.
Uma questão tão esdruxula quanto a cobrança dupla, a empresa
condenada em ação regressiva acidentária poderia requerer a repetição do
indébito do que foi recolhido a título de RAT ao longo dos anos? O fato concreto
é que a nova regra instituiu mais um custo para as empresas, se está cobrando
inicialmente na forma de tributo (wellfare state) e em um segundo momento em
espécie, mais próximo de um modelo liberal.
O efeito deste novo custo também é lógico, a partir do momento em que
a ação regressiva se mostre um risco, o movimento da empresa será o de criar
provisões para custear tal despesa. Caso o custo de tal provisão possa ser
repassada aos consumidores, se aumentará o valor dos produtos. Caso por força
da concorrência o preço não puder ser aumentado a empresa será obrigada a
sacrificar ao seu lucro.
O instituto da empresa gira em torno do lucro e segue uma lógica
matemática. Caso o efeito das ações regressivas seja relevante e impacte no
lucro, a empresa começará a fazer contas para cogitar a busca por um ambiente
mais propício.
Se observe e pontue, não se está discutindo os méritos das ações, por
óbvio, atrás de cada caso concreto existe uma história triste, questão irrelevante
para o que se propõe. Tampouco se quer defender a empresa como se tratasse
de instituto fraterno e filantrópico, muito pelo contrário, empresa para que
funcione bem (atinja o máximo de lucro) é e tem de ser fria e racional. No modelo
constitucional vigente o Estado tem de ao mesmo tempo atrair investimento e
controlar a Empresa para evitar a prática de abusos.
O aqui proposto é uma reflexão sobre os efeitos meta jurídicos trazidos
por tais ações judiciais e se tais efeitos se mostrarem relevantes, a proposta de
um modelo mais ou menos adequado.
Em curto prazo tais ações judiciais podem ou não levar a falência aquelas
empresas que não possuem recurso financeiro para custear o “novo encargo”
causando a demissão de outros funcionários. Porém o problema real não é o
fechamento de uma empresa, o problema para o qual se chama a atenção é a
falta de interesse, ou o medo, de abertura de outra no lugar.
Para a teoria macroeconômica não tem relevo a demissão de mil
empregados por meio da falência de uma empresa, desde que outras empresas
nas fronteiras nacionais empreguem mil pessoas para suprir a demanda do
mercado advinda da falta da produção daquela empresa falida.
O problema real é a alta mobilidade do capital ante a economia
globalizada e a falta de interesse do capital em fixar suas bases em solo
nacional. Se pense na dificuldade de se explicar para um investidor Americano
por exemplo (economia liberal) o funcionamento do jogo para uma empresa
estrangeira no caso de acidente de trabalho, ou mesmo para um empresário
brasileiro. Quando o empresário começar a questionar a viabilidade dos
negócios no Brasil e a possibilidade de mudança de planta fabril para outras
fronteiras é que deveríamos começar nos preocupar. Se atentarmos para o fato
de que muitas empresas nacionais já migraram ao menos parte de sua planta
fabril para outras nações se nota que talvez já estejamos atrasados em oferecer
uma resposta.
Entendido o funcionamento do jogo se começa a entender a importância
do “ambiente de negócios”. Se uma outra economia, China por exemplo, oferecer
maior garantia de lucro (segurança jurídica e proteção da propriedade privada)
por que o investidor arriscaria seu capital no Brasil? O fechamento de uma
empresa no Brasil causaria a contratação de empregados na China, e este é o
cenário que se precisa evitar.
Da mesma forma apontada na introdução, o Brasil apresenta déficit
primário indicador de que já se perdeu tempo na tomada de medidas para atrair
investimento e fortalecer as Empresas e com isso aumentar a produção de
riquezas e de arrecadação tributária para que se diminua a necessidade de
cortes orçamentários e consequente alteração forçada dos projetos sociais de
Estado em curso.
7 – CONCLUSÃO
SITE
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/77939/000897718.pdf?seque
n ce=1 Acessado em 22/02/2015
SITE
https://repositorio.ucs.br/jspui/bitstream/11338/601/1/Dissertacao%20Cirlene%
20Lu iza%20Zimmermann.pdf Acessado em 22/02/2015