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DOUTO JUÍZO DA___VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

MARCONDES, brasileiro, aposentado, RG nº 119, CPF nº 87-5, residente e domiciliado na


Rua Joã o , nº 37, Planalto, Ceará – CE. CEP.: 62, titular do e-mail: @outlook.com, por sua
advogada infra-assinada vem perante Vossa Excelência, propor a presente;
AÇÃO DE RESTITUIÇÃO POR FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO BANCÁRIO -
TRANSFERENCIA ELETRONICA DE VALORES INDEVIDOS C/C DANOS MATERIAIS E
MORAIS.
Em face de CAIXA ECONOMICA FEDERAL-CEF, empresa pú blica federal, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ: 00.360.305/0001-04, com endereço eletrô nico
gecol@caixa.gov.br, com sede SBS QUADRA 4 BLOCO A LOTE, 3 / 4, PRESI/GECOL 21
ANDAR, ASA SUL, BRASILIA-DF. CEP: 70.092-900 & PAGSEGURO INTERNET S/A, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ: 08.561.701/0001-01, com endereço eletrô nico
l-pagseguro-tributá rio@uolinc.com, com sede na Av. Brigadeiro Faria Lima, nº 1384, andar
4 - parte A, Jardim Paulistano, Sã o Paulo – SP. CEP.: 01.451-001, pelos motivos de fato e de
direito que passo a expor:

I. PRELIMINARES

I.I DA JUSTIÇA GRATUITA


O requerente, desde já , requer a concessã o do benefício da gratuidade judiciá ria, pois nã o
possui condiçõ es de arcar com o encargo financeiro porventura gerado nesta relaçã o
processual, com base nos Arts. 98 e 99 do CPC/15 razã o pela qual requer que se digne
Vossa Excelência a Justiça Gratuita também com base no inciso LXXIV do artigo 5º da
Constituiçã o Federal.
I.II DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Antes de adentrarmos propriamente na questã o meritó ria, faz-se necessá rio enfatizar a
perfeita aplicabilidade do sistema protetivo previsto no Có digo de Defesa do Consumidor
ao contrato em questã o.
De acordo com a sú mula 297 do STJ: “O Có digo de Defesa do Consumidor é aplicá vel à s
instituiçõ es financeiras”. Destarte, Vossa Excelência, nã o subsiste a mais mínima dú vida
acerca da aplicaçã o do Có digo Brasileiro do Consumidor, Lei 8.078, aos contratos firmados
entre as instituiçõ es financeiras e os seus clientes.
I.III DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
O Có digo de Defesa do Consumidor prevê, em seu artigo 6º, inciso VIII, que diante da
hipossuficiência do consumidor frente ao fornecedor, sua defesa deve ser facilitada com a
inversã o do ô nus da prova. É o que se postula na presente demanda. NELSON NERY JUNIOR
e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY lecionam:
“O processo civil tradicional permite a convençã o sobre o ô nus da prova, de sorte que as
partes podem estipular a inversã o em relaçã o ao critério da lei (CPC 333 par. ú n. a
contrario sensu). O CDC permite a inversã o do ô nus da prova em favor do consumidor,
sempre que for ou hipossuficiente ou verossímil sua alegaçã o. Trata-se de aplicaçã o do
princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente
mais fraca e vulnerá vel na relaçã o de consumo (CDC 4º, I), tem de ser tratado de forma
diferente, a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os partícipes da relaçã o de
consumo. O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio da isonomia, na
medida em que trata desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela
pró pria lei.” (Có digo civil anotado e legislaçã o extravagante. 2 ed., Sã o Paulo: Revista dos
Tribunais, 2003, p. 914).
Considerando, sobretudo, a hipossuficiência e vulnerabilidade técnica e econô mica da
autora, encontram-se caracterizados os requisitos do art. 6º, VIII, do CDC para a imposiçã o
da inversã o do ô nus probató rio e, por conseguinte, promover o equilíbrio contratual entre
os litigantes. Assim, requer a inversã o do ô nus da prova.
I.IV DO LITISCONCOSRCIO PASSIVO – RESPONSABLIDADE SOLIDÁRIA
Cumpre salientar, que no polo passivo devem figurar as duas instituiçõ es financeiras
apontadas na qualificaçã o da presente açã o, aqui explico os motivos;
Embora o autor mantenha relaçã o direto de consumo com a CAIXA ECONOMICA
FEDERAL-CEF, esta que já legitimada para figurar no polo passivo por decorrer de relaçã o
contratual de consumo entre autor e requerida;
A transaçã o bancá ria de transferência na modalidade PIX, se deu da instituiçã o da qual o
autor mantém plena e legitima relaçã o contratual (CAIXA ECONOMICA FEDERAL-CEF)
para a instituiçã o PAGSEGURO INTERNET S/A, da qual o autor nã o tem relaçã o contratual,
mas que diante dos fatos narrados, a legitimidade da instituiçã o PAGSEGURO INTERNET
S/A resta por comprovada, com o intuito de que se possa inicialmente bloquear os valores
que versam a presente açã o, identificando e fornecendo a requerimento do Juízo os dados
de FABIANA , de CPF: XXX 2.4-XX, titular da Conta: 58, na Agência 0001, Instituiçã o
PAGSEGURO 290 – 01, pessoa vinculada ao e-mail franca@gmail.com.
A responsabilidade entre os fornecedores, assim considerados aqueles que antecedem o
destinatá rio final em uma relaçã o de consumo, é solidá ria, nos termos dos artigos 7º,
pará grafo ú nico, e 25, § 1º, do Có digo de Defesa do Consumidor. Assim, em caso de dano
causado ao consumidor, este pode acionar qualquer integrante da cadeia de consumo. Veja-
se:
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

(...)

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

§ 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão


solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
(...)
Por fim é de destaque fundamental esclarecer que o Có digo de Defesa do Consumidor prevê
a responsabilidade solidá ria de todos os agentes envolvidos na atividade de colocaçã o do
produto ou do serviço no mercado de consumo. Ou seja, a necessidade de responder por
quaisquer falhas ou danos abrange nã o apenas quem manteve contato direto com o
consumidor (comerciante), mas também os fornecedores que tenham participado da
cadeia de produçã o e circulaçã o do bem (fabricante, produtor, construtor, importador e
incorporador), respondendo solidariamente pelas falhas na prestaçã o do serviço.
I.IV.I REQUISIÇÃO JUDICIAL PARA ENTREGA DE DADOS ARMAZENADOS PELO
PROVEDOR DE APLICAÇÕES DE INTERNET
Para a melhor elucidaçã o do caso, cabe ainda a necessá ria requisiçã o de dados de SILVA, de
CPF: XXX .4-XX, titular da Conta: 98, na Agência 0001, Instituiçã o PAGSEGURO 290 – 001,
pessoa vinculada ao e-mail franca@gmail.com, com o fito de aferiçã o de eventual
cometimento de delito, necessitando para tanto que PAGSEGURO INTERNET S/A, que na
presente demanda na condiçã o de litisconsorte deverá proceder e se assim entender o
Juízo e desde já requerendo o fornecimento do CPF completo vinculado a presente conta,
além do endereço domiciliar, bem como outros dados que possam trazer a melhor
qualificaçã o deste terceiro na relaçã o; esta requisiçã o se fundamenta na LEI Nº 12.965, art.
10, pará grafo 1º.
O pará grafo 1º. do art. 10 da Lei n. 12.965/14 estabelece que o propó sito primá rio da
quebra do sigilo informacional pode ser justamente a descoberta da autoria de crimes.
Logo, a Autoridade Judicial pode e deve solicitar informaçõ es a provedores de internet
apenas especificando dados bá sicos, como por exemplo, os nomes do usuá rio, e-mails de
cadastro, ID[1], dentre outros, que possam minimamente estar vinculados a um indivíduo.
Observe-se quando o citado dispositivo menciona que os registros de conexã o[2] e de
acesso a aplicaçõ es[3] podem, associados a outros dados pessoais coletados pelos
provedores, ser objeto de requisiçã o judicial para identificaçã o dos usuá rios desses
serviços:
“Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e de acesso a aplicações de
internet de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais e do conteúdo de comunicações
privadas, devem atender à preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem
das partes direta ou indiretamente envolvidas.

§ 1º O provedor responsável pela guarda somente será obrigado a disponibilizar os registros


mencionados no caput, de forma autônoma ou associados a dados pessoais ou a outras
informações que possam contribuir para a identificação do usuário ou do terminal, mediante
ordem judicial, na forma do disposto na Seção IV deste Capítulo, respeitado o disposto no art.
7º.” (grifamos).

Como se observa, o objetivo primacial da quebra do sigilo de dados é a identificaçã o do


usuá rio do serviço ou terminal. A quebra do sigilo informacional tem justamente a
finalidade de proporcionar a descoberta da identidade de quem fez uso do serviço ou
acessou um determinado terminal, em algum momento e em certa localidade.
A Seçã o IV do Capítulo III da Lei n. 12.965/14, que cuida especificamente da “Requisiçã o
Judicial de Registros”, nã o contém nenhum dispositivo que exija a indicaçã o ou qualquer
elemento individualizador, na decisã o judicial, da pessoa que ostenta a condiçã o de
suspeito e que está sendo investigada. Para a quebra do sigilo de dados, a Lei nã o requer os
mesmos requisitos que sã o exigidos para a interceptaçã o telefô nica ou telemá tica. A quebra
do sigilo informacional envolve a requisiçã o de dados pessoais armazenados pelo provedor
de serviço de Internet. Para a quebra do sigilo de dados, os requisitos traçados na Lei
12.965/14 sã o os seguintes, conforme consta do seu art. 22, verbis:
Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório em
processo judicial cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que
ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão ou de registros de
acesso a aplicações de internet.
Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos legais, o requerimento deverá conter, sob
pena de inadmissibilidade:

I - fundados indícios da ocorrência do ilícito;

II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins de investigação ou


instrução probatória; e

III - período ao qual se referem os registros.


Art. 23. Cabe ao juiz tomar as providências necessárias à garantia do sigilo das informações
recebidas e à preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do usuário,
podendo determinar segredo de justiça, inclusive quanto aos pedidos de guarda de registro.
Constata-se, portanto, que para o Juiz requisitar dados pessoais armazenados por provedor
de serviços de Internet, basta fundamentar sua decisã o com os seguintes elementos: a)
indícios da ocorrência do ilícito; b) justificativa da utilidade da requisiçã o; e c) período ao
qual se referem os registros. Nã o é necessá rio que o magistrado fundamente a requisiçã o
com justificativa da indispensabilidade da medida requestada, ou seja, que a prova da
infraçã o nã o pode ser realizada por outros meios. A quebra do sigilo informacional (sigilo
de dados), assim entendida a requisiçã o mediante ordem judicial de registros de conexã o e
acesso a aplicaçõ es de Internet, de forma autô noma ou associados a outros dados pessoais
e informaçõ es, nã o exige que a autoridade expedidora da ordem indique previamente de
forma pormenorizada as pessoas que estã o sendo investigadas, até porque o objetivo dessa
medida, na maioria dos casos, é justamente de proporcionar a identificaçã o do usuá rio do
serviço ou do terminal utilizado.
É a pró pria Lei que estabelece os requisitos para que a medida de requisiçã o de registros
de trá fego na Internet e dados pessoais armazenados em poder do provedor possa ser
considerada proporcional e razoá vel. Se a autoridade judicial, ao fundamentar a quebra do
sigilo de dados, preenche os requisitos traçados nos incisos I a III do art. 22 da Lei
12.965/14, a medida nã o pode ser considerada abusiva ou desproporcional. A Lei
específica, que disciplina a requisiçã o para acesso a registros de trá fego na Internet e dados
pessoais coletados por provedores, nã o faz exigência que a ordem judicial indique de forma
pormenorizada os suspeitos da prá tica delituosa investigada ou a demonstraçã o de
inexistência de outros meios de prova, menos restritivos e mais eficazes. Esses nã o sã o
requisitos legais ou que decorram de algum princípio constitucional.
Inclusive, o provedor nã o pode dar ciência a seus usuá rios sobre ordem que recebe para
entrega de dados, sob pena de ser responsabilizado, sendo que esse tipo de conduta é ilegal
e pode ensejar a adoçã o de penalidades, como imposiçã o de multas[4] e até sançõ es mais
pesadas, pois constitui forma de minar a eficá cia da ordem judicial e pode ter o efeito de
prejudicar a investigaçã o em andamento.
Caso o responsá vel se recuse a fornecer os dados solicitados pelo Juiz, poderá inclusive
responder pelo crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Có digo Penal.
O propó sito primá rio da quebra do sigilo informacional é justamente a descoberta da
autoria de crimes, através do levantamento de registros, dados pessoais e “outras
informaçõ es que possam contribuir para a identificaçã o do usuá rio” de um serviço na
Internet ou terminal conectado à rede (pará grafo 1º. do art. 10 da Lei 12.965/14).
Desta feita considerando todo o acima exposto a parte autora requer que o Réu
PAGSEGURO INTERNET S/A, forneça todos os dados de SILVA, de CPF: XXX 2.4-XX,
titular da Conta: 58, na Agência 0001, Instituição PAGSEGURO 290 – 081, pessoa
vinculada ao e-mail franca@gmail.com, inclusive outras informações que possam
contribuir para a complementação da identificação plena do usuário.
II DOS FATOS
A presente açã o versa sobre falha na prestaçã o do serviço bancá rio, o que gerou imenso
prejuízo material ao autor, devendo os valores lhe serem ressarcidos bem como reparados
os danos morais sobrevindos pela conduta da parte Requerida.
A parte Requerente é titular da conta bancá ria nº 1-4, operaçã o 013, na Agencia 5 situada
no município de Ceará - CE, onde reside.
O requerente a tempos vem realizando na conta acima referida depó sitos com o intuito de
estabelecer uma reserva de emergência, pois na pretensã o de em breve contrair
matrimô nio, e poder valer-se dos valores resguardados na conta para a construçã o e
compra dos itens domésticos.
Nã o obstante isso, o requerente na data de 26 de maio de 2021, recebeu notificaçã o em seu
celular por volta das 08:57, através do aplicativo internet banking da requerida, que uma
transferência de valores no importe de R$12.000 (doze mil reais) na modalidade PIX havia
sido realizada, sendo que na ocasiã o da notificaçã o, o requerente por desconhecer a
transaçã o e obviamente muito preocupado, buscou a gerencia da instituiçã o bancá ria
(CAIXA ECONOMICA FEDERAL-CEF) na referida agência 5 no município de Ceará – CE.
A transferência de R$12.000 (doze mil reais) na modalidade PIX fora efetivada em
beneficio de SILVA, de CPF: XXX .8-XX, na Agencia 0001 Conta: 58 PARTICIPANTE
PAGSEGURO – 01, NR.DOC 26, através da chave singular vinculada ao e-mail
franca@gmail.com.
Ocasiã o que imediatamente apó s comunicar a gerência da (CAIXA ECONOMICA FEDERAL-
CEF), na sede da agência 3535, foi orientado a proceder com a contestaçã o administrativa
da referida transaçã o, que gerou administrativamente o Processo 2021-32-8, que segue
anexo. (PROTOCOLO DE CONTESTAÇÃ O EM CONTA DE DEPÓ SITO VIA CLIENTE).
Importante salientar, que logo apó s cientificar a instituiçã o (CAIXA ECONOMICA
FEDERAL-CEF), dirigiu-se a delegacia, para formalizaçã o da denuncia diante da Autoridade
Policial na Sede da Delegacia Municipal de Ceará , o que gerou o BOLETIM DE OCORRÊ NCIA
Nº 1 -16 / 2021, que segue anexo.
O requerente desconhece por completo a transaçã o, bem como quem pudera ter realizado e
inclusive desconhece a pessoa beneficiá ria, da qual consta no comprovante o nome de
SILVA, de CPF: XXX .8-XX, com trechos suprimidos.
Na ocasiã o do protocolo, a instituiçã o (CAIXA ECONOMICA FEDERAL-CEF), ateve-se a
aná lise do caso, quando ao final da aná lise já no dia 23 de agosto de 2021, nã o apresentou
soluçã o para o presente caso, informando simplesmente que: “apó s a aná lise técnica dos
fatos, (...) NÃ O foram verificados INDÍCIOS DE FRAUDE ELETRÔ NICA nas transaçõ es
contestadas pelo (a) cliente.” Informando ainda no parecer técnico de contestaçã o que: “(...)
a transaçã o contestada foi realizada apó s a validaçã o de dispositivo (celular/tablet) em
terminal de auto atendimento com uso do cartã o e senha cadastrada pelo titular da conta”.
Reitera o requerente que nã o reconhece a transaçã o, nem quem possa ter realizado, muito
menos a pessoa da beneficiá ria, apontada nos pará grafos anteriores.
Com a situaçã o acima narrada, e o prejuízo material de R$12.000 (doze mil reais) o
requerente vem enfrentando graves e incomensurá veis problemas de ordem psíquica, pois
o abalo a estrutura emocional gerado pela expropriaçã o do valor, tem sido o suficiente para
fazer com que o autor perca desde o ocorrido diversas noites de sono.
Além disso, o ressarcimento do valor transferido indevidamente, nã o é um favor que a
instituiçã o fará a autora, é um direito, pois o dinheiro era, e é, seu, qual ela confiou ao Banco
para guarda e depó sito, como é notó rio em uma conta poupança, qual todos tem tendo em
vista a segurança que, ao menos os Bancos alegam ter e, deveriam ter.
É a síntese do que basta.
III DA LEGISLAÇÃO PERTINENTE APLICÁVEL AO CASO

III.I DA BOA FÉ DO AUTOR.


Antes de maiores explanaçõ es, compre salientar a boa fé do autor, quanto ao aviso
administrativo da fraude a que foi submetido, pois conforme se assevera das provas que
acostam-se nos presentes autos, fica nítido o comprometimento do autor, na tentativa de
uma busca IMEDIATA de soluçã o junto a pró pria instituiçã o, em que cliente, mantem sua
conta, de modo que nã o fora atendido da devida forma, inclusive, com o comparecimento
perante a autoridade policial para registro do fato imediatamente posterior ao
conhecimento do problema.
Agiu imediatamente dentro do que se espera do ponto de vista moral o autor, obviamente
lhe entendendo o direito assistido de reaver a quantia e sem intençã o de causar lesã o a
terceiros procedeu com a informaçã o diante da autoridade policial informando o ocorrido,
mostrando o dano que lhe acabara de ocorrer.
A ‘boa-fé subjetiva’ denota ‘estado de consciência’, ou convencimento individual de obrar (a
parte) em conformidade ao direito aplicá vel. Diz-se ‘subjetiva’ justamente porque, para a
sua aplicaçã o, deve o intérprete considerar a intençã o do sujeito da relaçã o jurídica, o seu
estado psicoló gico ou íntima convicçã o. Antitética à boa-fé subjetiva está a má -fé, também
vista subjetivamente como a intençã o de lesar outrem, o que se mostra incompatível esta
com a atitude imediata de informar e comparecer perante a Autoridade Policial, pois se sua
intençã o real o fosse a de lesar outrem, pela logica do homem médio, esse nã o teria
interesse primá rio de estar diante de quaisquer Autoridades Policiais, ficando nítido por
todo exposto que o autor agiu dentro do que se espera em relaçã o a boa fé do homem, da
moral e dos princípios sociais, a conduta da parte no dever de agir com a correçã o e
aproximaçã o ao direito, as leis e toda a proteçã o do ordenamento jurídico, permitem ainda
perceber que o autor agiu com total honestidade, lealdade, probidade imediatamente apó s
o conhecimento do valor transferido via PIX de sua conta, informando perante a pró pria
instituiçã o em que mantém relaçã o contratual, bem como perante a Autoridade Policial a
ignorâ ncia quanto a quem possa ter realizado a transaçã o, como ocorrera e quem é a
pessoa da beneficiá ria.
Merecendo aqui destaque, o parecer técnico de contestaçã o emitido pela (CAIXA
ECONOMICA FEDERAL-CEF) que traz o seguinte: “apó s a aná lise técnica dos fatos, (...) NÃ O
foram verificados INDÍCIOS DE FRAUDE ELETRÔ NICA nas transaçõ es contestadas pelo (a)
cliente.” Informando ainda que “(...) a transaçã o contestada foi realizada apó s a validaçã o
de dispositivo (celular/tablet) em terminal de auto atendimento com uso do cartã o e senha
cadastrada pelo titular da conta”.
Diante disso, e sem maiores detalhes na soluçã o do caso pela parte requerida, o autor
valendo-se da boa fé vem perante este Douto Juízo no intuito de fazer prevalecer à verdade
de tudo que aduz, no intuito ultimo de poder reaver a quantia em questã o na presente açã o.
III.II DA TRANSFERÊNCIA DIRETA DE VALORES MODALIDADE PIX.
Em 2020 o mundo fora acometido pela doença proveniente do COrona VIrus COVID, o que
obrigou as pessoas a adotarem as medidas profilá ticas de combate a disseminaçã o do vírus
dentre elas a mais recomendada que era o distanciamento social; esse distanciamento
social trouxe mudança de certos há bitos humanos, pois a maior parte das relaçõ es
contratuais passou obrigatoriamente a acontecer a através do ambiente digital (internet) e
um dos há bitos de maior mudança na internet foi o rá pido avanço de meios de pagamento e
transferências de valores, com o fim da efetivaçã o de negó cios jurídicos a distancia, e essa
foi uma das maiores mudanças desde o surgimento da moeda e da crença desta como
dinheiro.
Diante da explanaçã o acima, cumpre destacar a implementaçã o pelo Banco Central do
Brasil do meio de pagamento denominado de PIX.
O PIX[5] é o pagamento instantâ neo brasileiro. O meio de pagamento criado pelo Banco
Central (BC) que entrou em operaçã o plena 16 de novembro de 2020, a ferramenta
permitiu que recursos financeiros pudessem ser transferidos entre contas em poucos
segundos, a qualquer hora ou dia, nos termos da RESOLUÇÃO BCB Nº 1, DE 12 DE AGOSTO
DE 2020, veja-se:
RESOLUÇÃO BCB Nº 1, DE 12 DE AGOSTO DE 2020
Art. 1º Fica instituído o arranjo de pagamentos Pix.
Art. 2º Fica aprovado o Regulamento anexo, que disciplina o funcionamento do Pix.
(...)
Art. 9º O Pix entrará em funcionamento:
I - no dia 3 de novembro de 2020, em operação restrita; e
II - no dia 16 de novembro de 2020, em operação plena.
(...)
Com a proposta de ser prá tico, rá pido e seguro, o que passou a permitir a transferência de
valores a partir de uma conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga,
cumprindo com a proposta de aumentar a digitalizaçã o de pagamentos no Brasil, que tã o
necessá ria devido o cená rio pandêmico, onde ir ao banco do ponto de vista infectoló gico,
era arriscado, ter contato físico era arriscado e circular papel moeda também, com isso, a
ferramenta teve imediatamente uma rá pida e vasta aceitaçã o.
A ferramenta sem sombra de duvidas, dada a sua praticidade caiu na graça dos brasileiros,
e hoje passa a ser o principal meio de efetivaçã o de transaçõ es no país.
A ferramenta surgiu em meio a um momento mundialmente crucial em rá pida medida do
banco central frente á pandemia instaurada, sendo que da divulgaçã o da criaçã o até a
implementaçã o demorou menos de 90 dias da resoluçã o de instituiçã o até a operaçã o
plena, nesse curto período a aná lise de riscos nã o foi capaz de realizar uma avaliaçã o
minuciosa dos eventuais problemas que vem acontecendo diariamente.
Nã o demoraram pra surgirem os casos de fraudes bancarias através do uso da ferramenta e
pessoas passaram a ser lesadas, através da ferramenta, que tem a peculiaridade de ser
instantâ nea, logo as transaçõ es realizadas nã o permitem reaver os valores que forem
efetivados em transferências.
Com isso é perceptível que a ferramenta vem passando a medida de sua implementaçã o e
uso por uma lapidaçã o constante em busca da mitigaçã o dos riscos envolvendo a segurança
de validade e legitimidade das transaçõ es.
III.III A ECONOMIA DA FRAUDE
Dada à característica da pandemia, a evoluçã o tecnoló gica aconteceu tã o as pressas que
muitos mecanismos digitais postos em operaçã o plena nã o tiveram o devido tempo de
amadurecer, com isso, atividades ilegais que antes na maior parte ocorriam fora da internet
(DIGIMUNDO) migraram para o ambiente digital, adequando e readequando o Modus
Operandi no intuito de estar cada vez mais presente nesse ambiente.
Nã o há nada de ú nico nas tentativas de fraudes usando a ferramenta PIX. Conforme novos
métodos de pagamento sã o criados, golpistas desenvolvem novas maneiras de tentar
fraudá -los.
Com o uso crescente dos celulares conectados a rede mundial de computadores, para fazer
compras e transferências, é natural que cresçam em proporçõ es as tentativas de golpes na
internet realizadas através dos SMARTPHONES.
Estima-se o aumento dos crimes cibernéticos ao redor do mundo, dada a maior quantidade
de dispositivos e de ferramentas digitais e para enfrentar esse cená rio, os provedores de
serviços de pagamentos e plataformas de e-commerce as instituiçõ es devem dispor de
mecanismos de apuraçã o de fraudes e soluçã o rá pida e eficaz a disposiçã o dos seus
clientes, as instituiçõ es provedoras de contas no Brasil devem ter pronta resposta aos
possíveis golpes envolvendo o PIX para maior chance de sucesso na recuperaçã o dos
recursos.
III.IV DA RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇO – PRESTAÇÃO INEFICIENTE
DO SERVIÇO BANCÁRIO – FALHA NA SEGURANÇA.
O serviço é defeituoso quando não oferece a segurança que o consumidor dele pode
esperar[6], de modo que a falta objetiva de segurança legítima é a definição que melhor se
acomoda a defeito[7], afastando assim, qualquer critério de aferiçã o de cunho apenas
subjetivo/individual de determinado consumidor. Mutatis mutandis:
(...) Isso significa que o defeito há de ser averiguado a partir da comparação entre dois
parâmetros objetivos: de um lado, o grau de segurança que legitimamente se esperava
daquele produto; de outro, o grau de segurança que, de fato, ele apresentou. Haverá defeito
toda vez que esse parâmetro fatual for inferior àquele parâmetro expectado[8].
A valoraçã o da amplitude e da legitimidade da expectativa do consumidor, na essência um
hipossuficiente técnico, bem como da sua postura diante do serviço, de qualquer forma,
será sempre posterior ao conhecimento do problema, que pode ou nã o caracterizar um
defeito, seja a partir do dano causado, seja diante do risco da sua ocorrência. Antes disso o
consumidor só confia, reflexo da boa-fé objetiva, estando satisfeito com a segurança que lhe
foi oferecida.
Nã o se pode reputar razoá vel que um banco como a CAIXA ECONOMICA FEDERAL nã o
consiga agir, em desdobramento inclusive, para atender à reclamaçã o formulada por um
dos seus consumidores apenas poucos minutos apó s ser vítima de uma fraude decorrente
de transferência de valores de sua conta, sem seu conhecimento de quem beneficiá rio, nem
como ocorrerá ou quem quer que tenha feito.
Eis o ponto que, na espécie, caracteriza o serviço defeituoso, a pouco importar a açã o
eventual de terceiros fraudadores.
As instituiçõ es financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no â mbito de operaçõ es
bancá rias[9].
Incide, in casu, a teoria do risco proveito, fundada na livre iniciativa[10], que relega ao
empreendedor, de modo exclusivo, o ô nus da atividade econô mica lucrativa explorada no
mercado, tanto é que o eventual dever de indenizar surge independentemente da
existência de culpa[11].
Outro ponto importantíssimo a ser destacado, é o fato de que os extratos da conta bancá ria
na instituiçã o requerida nã o detalham informaçõ es do beneficiá rio sendo que a
característica das transferências via PIX sã o a identificaçã o do beneficiá rio, seja pelas
chaves, que vinculam diretamente o beneficiá rio ao dado da chave informada, seja pela
conta bancá ria destino, pois o PIX pode ser realizado sem a necessidade de identificaçã o de
qualquer chave inclusive, nesse caso, bastando que no momento da transaçã o haja a
identificaçã o direta da conta do beneficiá rio, assim como ocorriam nas transferências
tradicionais, antes do efetivo lançamento do PIX em de 16 de novembro de 2020.
Esse fato é importante, pois no momento do ocorrido, o autor ficou prontamente impedido
de identificar o beneficiá rio da transferência, somente tendo sido identificado apó s as
informaçõ es repassadas na contestaçã o, isso fere a transparência da instituiçã o para com
seus clientes e esse fato deve ser observado em desfavor da instituiçã o, pois gera com isso
uma demora na consciência situacional do cliente, pois ao ficar impedido de acessar o
beneficiá rio restou por imediatamente prejudicado.
Os comprovantes e extratos sã o justamente um instrumento de controle do pró prio
usuá rio, devendo este ser de pronto acesso e de fá cil interpretaçã o, no caso em comento, a
ú nica informaçã o de que pudera ter acesso o autor, foi o NR.DOC 260857, que somente
identifica a data e valor da transaçã o e isso é uma nítida falha do serviço a ser igualmente
considerada em desfavor da requerida, pois sã o informaçõ es bá sicas que devem figurar nos
comprovantes, como nome do beneficiá rio, horá rio exato e data da transaçã o e por fim o
valor, além da chave utilizada para transferência PIX, seja ela CPF, nú mero telefô nico, e-
mail, as chaves aleató rias.
Logo essa falta de transparência deve ser considerada em desfavor da instituiçã o
requerida, seu modelo de extrato e comprovantes comprometem o acesso as informaçõ es
bá sicas tã o importantes e necessá rias;
Assim, o pagador e o recebedor sempre deverã o receber um comprovante da transaçã o
realizada via PIX.
No caso do pagador, o comprovante deverá conter, no mínimo, o nú mero da transaçã o, o
valor, a data/hora, a descriçã o da transaçã o e as informaçõ es do destinatá rio (quem
receberá o PIX). O histó rico das transaçõ es, assim como seus comprovantes, devem estar
disponíveis no extrato da conta habilitada para fazer o PIX na instituiçã o financeira[12].
No caso concreto, fica nítida a falha quanto a indisponibilidade das informaçõ es acima
descritas, tendo isso sido primordial para gerar transtornos ainda maiores ao autor.
III.V DO DANO MATERIAL – REPETIÇÃO DO INDÉBITO
No caso em tela o requerente teve a quantia de R$ 12.000,00 (doze mil reais) debitada de
sua conta poupança mantida com o banco Réu (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL) por meio
da ferramenta de transferência digital e imediata PIX, sem sua anuência, sem o seu
conhecimento.
O dano material é aquele que afeta diretamente o patrimô nio do ofendido e sem maiores
duvidas, houve a afetaçã o do patrimô nio do requerente, onde a requerida efetivou uma
transferência ilegal, ilegítima dos valores decorrentes de uma relaçã o inexistente entre o
autor e o beneficiá rio (SILVA, de CPF: XXX 2.8-XX, titular da Conta: 598, na Agência 0001,
Instituiçã o PAGSEGURO 290 – 001, pessoa vinculada ao e-mail franca@gmail.com), no
importe de R$ 12.000,00 (doze mil reais) referente a transferência na modalidade
instantâ nea PIX; quanto a isso, nã o restam dú vidas da extensã o do dano material que
sofreu a parte autora.
A este respeito diz o pará grafo ú nico do artigo 42 do Có digo de Defesa do Consumidor que
a devoluçã o do valor deverá equivaler ao dobro da quantia.
Art. 42. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Assim, requer seja a requerida condenada ao ressarcimento do valor debitado
indevidamente, em dobro, totalizando a quantia de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais),
com juros e correçã o monetá ria desde a data do débito em 26 de maio de 2021.
III.V DO DANO MORAL
O Autor teve um valor retirado indevidamente de sua conta e, a partir disso, experimenta
dissabores, transtornos e aborrecimentos advindos nã o somente da falta de segurança do
sistema bancá rio, mas também do atendimento inadequado recebido para sua reclamaçã o,
tendo apresentado administrativamente a contestaçã o.
Nã o houve atendimento pelo banco à demanda do consumidor, insistindo-se numa versã o
de que o evento ocorreu logo apó s a habilitaçã o do (CELULAR/TABLET), presumindo a
participaçã o do autor no evento danoso.
Além disso, o autor apresenta uma situaçã o financeira precá ria – pessoa humilde e
trabalhadora. O valor desviado de sua conta corrente compromete sua subsistência –
pagamento de contas (gá s, por exemplo). Em suma, a situaçã o vivenciada pelo autor
ultrapassa os meros transtornos do cotidiano, qualificando-se como danos morais passíveis
de reparaçã o como concretizaçã o do direito bá sico do consumidor.
Com relaçã o à reparaçã o do dano, tem-se que aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito, ficando obrigado a reparar os prejuízos
ocasionados (Art. 186 e 187 do CC).
No caso exposto, por se tratar de uma relaçã o de consumo, a reparaçã o se dará
independentemente do agente ter agido com culpa, uma vez que nosso ordenamento
jurídico adota a teoria da responsabilidade objetiva (Art. 12 do CDC).
Sendo assim, é de inteira justiça que seja reconhecido ao polo ativo o direito bá sico (Art. 6,
VI, do CDC) de ser indenizado pelos danos sofridos, em face da conduta negligente da
instituiçã o bancá ria (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL) em deixar de proceder com o
imediato desfazimento da transaçã o, ou dispor de meios para que pudesse o autor valer-se
destes na busca de uma pronta resposta necessá ria ao caso.
Ocorre que a instituiçã o informa no parecer técnico de contestaçã o que: “apó s a aná lise
técnica dos fatos, (...) NÃ O foram verificados INDÍCIOS DE FRAUDE ELETRÔ NICA nas
transaçõ es contestadas pelo (a) cliente.” Informando ainda que: “(...) a transaçã o
contestada foi realizada apó s a validaçã o de dispositivo (celular/tablet) em terminal de
auto atendimento com uso do cartã o e senha cadastrada pelo titular da conta”.
O parecer é claro, atribui a responsabilidade para um problema que vem passando o autor,
a ele mesmo, sem maiores explicaçõ es, sem dispor de pronto auxílio na busca da efetiva
soluçã o do problema, e isso gerou um dano a moral do autor, que se viu desamparado, seja
por ter tido seu patrimô nio diminuído diretamente da sua conta bancá ria, a qual
depositava confiança total, seja pela falta das vias conclusivas a que se espera de tamanho
incidente de segurança.
O dano moral sofrido apresentado no caso, ultrapassa sem maiores possibilidades de
duvidas a atribuiçã o do mero aborrecimento do cotidiano. Principalmente pelo fato do
banco nã o fornecer ao requerente alguma resposta conclusiva sobre o caso, aduz inclusive
que a transaçã o fora efetivado em terminal de autoatendimento (TAA) logo apó s o autor ter
habilitado o aparelho celular/tablete, pela validaçã o do dispositivo, sem no entanto
apresentar as comprovas do que alega, tendo sido o autor vítima de um problema de
segurança e de uma falha da tecnologia empregada para o resguardo de seus valores, houve
uma total quebra de confiança, pois com clareza se houvesse de imaginar tamanha violaçã o
moral, nunca teria realizado o resguardo dos valores na conta bancá ria da instituiçã o
Requerida.
Ademais, diante da dificuldade probató ria do autor, de quem nã o pode ser exigida a
produçã o de prova negativa (nã o realizaçã o das transferências bancá rias indicadas na
petiçã o inicial), caberia ao réu, dotado de grande poder econô mico e capacidade técnica,
demonstrar a higidez da operaçã o, como, por exemplo, fornecendo o IP (endereço de
protocolo da internet) utilizado e o local das transaçõ es.
Por certo, se foi o cliente/requerente que transferiu via PIX dinheiro de sua conta, compete
ao banco estar munido de instrumentos tecnoló gicos seguros para provar de forma
inegá vel tal ocorrência.
Assim, o dano moral configura-se nã o somente pelo desgosto e apreensã o ao descobrir o
“desaparecimento” de seu dinheiro, mas também pela forma negligente como foi tratado,
sendo certo que empreendeu todas as tentativas de resolver o problema de forma
amigá vel, infelizmente nã o conseguindo.
O Có digo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) prevê o dever de reparaçã o, posto que
ao enunciar os direitos do consumidor, em seu art. 6º, traz, dentre outros, o direito de "a
efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos" (inc. VI) e "o acesso aos ó rgã os judiciá rios e administrativos, com vistas à
prevençã o ou reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteçã o jurídica, administrativa e técnica aos necessitados" (inc. VII).
Ve-se, desde logo, que a pró pria lei já prevê a possibilidade de reparaçã o de danos morais
decorrentes do sofrimento, do constrangimento, da situaçã o vexató ria, do desconforto em
que se encontra o autor.
Na verdade, prevalece o entendimento de que “o dano moral dispensa prova em concreto,
tratando-se de presunçã o absoluta, nã o sendo, igualmente, necessá ria a prova do dano
patrimonial"(CARLOS ALBERTO BITTAR, Reparaçã o Civil por Danos Morais, ed. RT, 1993,
pá g. 204).
A jurisprudência pá tria corrobora este entendimento:
APELAÇÃ O CÍVEL. INDENIZAÇÃ O. DANOS MORAIS E MATERIAIS. CONTA CORRENTE.
SAQUES INDEVIDOS. REVELIA. SENTENÇA DE PROCEDÊ NCIA. Contumá cia do réu.
Presunçã o de veracidade dos fatos. Documento juntado com a peça de defesa. Ausência de
indícios de que os saques foram realizados pelo correntista ou por terceiro de sua
confiança. Descumprimento de ô nus processual. Realizaçã o de saques indevidos, reputada
como verdadeira. Restituiçã o da integralidade dos valores. Dano moral. Supressã o indevida
de quantias. Conta corrente na qual o consumidor recebe seu salá rio. Afetaçã o da dignidade
humana. Insegurança financeira. Sú bita e indevida privaçã o das quantias indispensá veis à
subsistência. Fato, que, por si só , é há bil a acarretar afliçõ es e angú stias. Abalo na esfera
emocional do indivíduo. Sumiço do dinheiro, que interfere no equilíbrio psicoló gico e afeta
o bem-estar da parte. Valoraçã o. Critérios norteadores. Repercussã o do dano. Possibilidade
econô mica do ofensor e da vítima. Valor fixado na sentença. Consonâ ncia com a ló gica do
razoá vel e com a média dos valores aplicados em casos similares. Minimizaçã o do abalo
emocional. Cunho preventivo. Instituiçã o de elevada capacidade econô mica. Sucumbência
recíproca. Inocorrência. Improcedência apenas da devoluçã o em dobro das quantias
debitadas. Sucumbência mínima. Sú mula 326 do STJ.
2007.001.35375 – APELACAO CIVEL DES. CELIA MELIGA PESSOA – Julgamento:
31/07/2007 – DECIMA OITAVA CÂ MARA CIVEL
APELAÇÃ O CÍVEL. RELAÇÃ O DE CONSUMO. SAQUES E DÉ BITOS INDEVIDOS NA CONTA
CORRENTE DAS APELANTES. SENTENÇA DE IMPROCEDÊ NCIA. INTELIGÊ NCIA DO ART. 14
DO CDC. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DOS PRESTADORES DE SERVIÇO. Cabe ao
prestador de serviço demonstrar a inexistência de defeito no serviço ou culpa exclusiva da
vítima ou de terceiro para se eximir da responsabilidade. A ausência de provas dos autos
nã o pode ser interpretada em desfavor do consumidor, uma vez que o ô nus da prova é do
banco. A fraude efetivada por terceiros é um risco do empreendimento que deve ser
suportado pelo prestador de serviços, e nã o pelo consumidor, parte mais frá gil da relaçã o
que dificilmente conseguiria comprová -las. Precedentes do STJ. No caso em tela, presente o
alegado dano moral, que deve ser indenizado. Sentença monocrá tica que deve ser
reformada para reconhecer os pedidos das consumidoras quanto ao ressarcimento do
valor indevidamente retirado da conta corrente e quanto ao dano moral suportado.
Quantum moral fixado em R$ 7.000,00 (sete mil reais). RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.DESPROVIMENTO DO RECURSO. 2007.001.26096 – APELACAO
CIVEL DES. FERDINALDO DO NASCIMENTO – Julgamento: 10/07/2007 – DECIMA NONA
CÂ MARA CIVEL.
As ofensas e os vícios apontados na relaçã o contratual entre a parte autora e a instituiçã o
financeira Ré ultrapassam o campo das normas regulamentares que se mostram
inobservadas pelo Réu. Muito mais, atingem frontalmente diversas normas constitucionais.
Portanto, não restam dúvidas que o ocorrido ocasionou abalo emocional e enorme
preocupação a parte autora, que se viu desamparado diante da situaçã o de ter seus
valores que com tanto esforço guardou transferidos da sua conta a terceiro em benefício de
um terceiro sem maiores explicaçõ es.
Como se nã o bastasse a evidente ofensa à dignidade da pessoa humana, há de se
reconhecer a inobservâ ncia das normas relativas à proteçã o do consumidor,
especificamente o Có digo de Defesa do Consumidor - CDC (Lei 8.078/90).
Vale ressaltar que as relaçõ es contratuais entre indivíduos e instituiçõ es financeiras
correspondem à relaçã o de consumo, matéria, inclusive, já sumulada pelo Superior
Tribunal de Justiça (sú mula 297), além de ser matéria já pacífica na jurisprudência pá tria.
Neste ponto é necessá ria a consideraçã o do Art. 14, § 1º do CDC, que consagra a
responsabilidade objetiva do fornecedor dos serviços, levados em consideraçã o alguns
fatores, ipsi literis:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
O art. 14 do CDC acima transcrito, trata justamente da responsabilidade objetiva do
fornecedor de serviço. Funda-se esta na teoria do risco do empreendimento, segundo a
qual todo aquele que se dispõ e a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de
bens e serviços têm o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do
empreendimento independentemente de culpa.
A falha de segurança é, portanto, um defeito do serviço bancá rio, de responsabilidade de
seu fornecedor, motivo pelo qual as fraudes e delitos nã o configuram, em regra, culpa
exclusiva de terceiro ou do consumidor, aptas a afastar sua responsabilidade objetiva.
Neste sentido temos os seguintes julgados acerca da matéria:
TJ-SP PROCESSO: 1005132-96.2018.8.26.0161 AÇÃ O DE RESTITUIÇÃ O DE VALOR C.C
INDENIZAÇÃ O POR DANO MORAL. CONSUMIDOR. FRAUDE BANCÁ RIA. Transaçã o
desconhecida na conta-corrente por parte do autor. Fato incontroverso. Fortuito interno.
Sú mula 479 do STJ. Responsabilidade civil do banco réu configurada. Falha no serviço
bancá rio por insuficiência na segurança do sistema, que permitiu a realizaçã o de transaçã o
sem anuência do consumidor. Ausência de qualquer indício de participaçã o do consumidor
em fornecimento do cartã o ou da senha para realizaçã o da operaçã o. Restituiçã o do valor
subtraído da conta-corrente do consumidor em dobro – danos materiais comprovados.
TJ-SP – APELAÇÃ O CÍVEL AC 1002704-49.2018.8.26.0127 AÇÃ O DE REPARAÇÃ O DE
DANOS MATERIAIS E MORAIS. CONSUMIDOR. FRAUDE BANCÁ RIA. RECONHECIMENTO DE
DANOS MORAIS PASSÍVEIS DE INDENIZAÇÃ O. O consumidor teve a quantia de R$ 800,00
debitada de sua conta corrente mantida com o banco apelado sem sua anuência. Incidência
da Sú mula 479 do STJ. Oportuno mencionar que o banco apelado nã o recorreu da sentença,
o que tornou impertinente qualquer cogitaçã o de participaçã o do consumidor no evento
danoso. O consumidor teve um valor retirado indevidamente de sua conta e, a partir disso,
experimentou dissabores, transtornos e aborrecimentos advindos nã o somente da falta de
segurança do sistema bancá rio, mas também do atendimento inadequado recebido para
sua reclamaçã o. Mesmo em Juízo, nã o houve atendimento pelo banco à demanda do
consumidor, insistindo-se numa versã o (sem qualquer indício) de sua participaçã o no
evento danoso. Além disso, deve ser considerado no caso concreto, como ressaltado nas
razõ es de recurso, que o autor apresentava uma situaçã o financeira precá ria – pessoa
humilde e trabalhadora. O valor desviado de sua conta corrente comprometia sua
existência – pagamento de contas (gá s, por exemplo). Em suma, a situaçã o vivenciada pelo
autor ultrapassou os meros transtornos do cotidiano, qualificando-se como danos morais
passíveis de reparaçã o como concretizaçã o do direito bá sico do consumidor. Indenizaçã o
dos danos morais fixada de acordo com parâ metros aceitos pela Turma julgadora (R$
5.000,00). Açã o procedente. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO.
Como demonstrado, a atitude da instituiçã o bancá ria ré vai de encontro com todas as
normas utilizadas neste tó pico, especialmente as normas constitucionais que representam
a dignidade da pessoa humana e à proteçã o ao consumidor, bem como os seus
desdobramentos e regulamentaçõ es.
A importâ ncia da indenizaçã o vai além do caso concreto, posto que a sentença tem alcance
muito elevado, na medida em que traz consequências ao direito e toda sociedade.
Sendo assim, deve haver a correspondente e necessá ria exacerbaçã o do quantum da
indenizaçã o tendo em vista a gravidade da ofensa à honra da autora. Os efeitos
sancionadores da sentença só serã o produzidos e alcançarã o sua finalidade se esse
quantum for suficientemente alto a ponto de apenar a parte Ré e assim coibir que outros
casos semelhantes aconteçam.
Quanto aos danos morais, as lesõ es de direitos da personalidade, que legitimam uma
indenizaçã o pecuniá ria pelas consequências psíquicas, emocionais e intelectuais causadas
pelo ilícito, há um prejuízo a segurança e a tranquilidade quanto a proteçã o de seus dados e
de seu dinheiro.
É importante analisar e visualizar a funçã o tríplice do dano moral: compensar alguém em
razã o de lesã o (funçã o compensató ria ou indenizató ria) cometida por outrem à sua esfera
personalíssima, punir o agente causador do dano (funçã o punitiva ou indenizató ria), e, por
ú ltimo, dissuadir e/ou prevenir nova prá tica do mesmo tipo de evento danoso (funçã o
dissuadora ou preventiva).
Uma vez reconhecido o dano ocasionado, cabe estipular o quantum indenizató rio que,
levando em consideraçã o o princípio da proporcionalidade e razoabilidade, e ainda todo o
abalo psicoló gico do prejudicado e a capacidade financeira de quem ocasionou o dano, deve
ser fixado como forma de compensar o prejuízo sofrido, além de punir o agente causador e
evitar novas condutas ilícitas, preconizando o cará ter educativo e reparató rio e evitando
uma medida judicial abusiva e exagerada.
Cumpre ressaltar, ainda, que a lei nã o estabelece um parâ metro para fixaçã o dos valores
indenizató rios por dano moral, no entanto, essa margem vem sendo estipulada por nossas
Cortes de Justiça, em especial, pelo STJ.
Sendo assim, a parte demandante entende ser justa, para recompensar os danos sofridos e
na prevençã o de que novas condutas ilícitas nesse sentido sejam perpetradas pela parte
requerida, a quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), deixando, ao entender de Vossa
Excelência a possibilidade de ser arbitrado um valor diverso.
III.IV DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
Notó ria a necessidade de concessã o de tutela provisó ria de urgência, tendo em vista o
preenchimento de todos os seus requisitos, uma vez que é demonstrada a probabilidade do
direito do autor, bem como o perigo de demora (CPC, art. 300).
De tã o patente, a demonstraçã o do preenchimento dos requisitos nã o comporta maiores
esforços.
O preenchimento do primeiro pressuposto, a probabilidade do direito do autor, já foi
excessivamente demonstrado no decorrer de toda esta petiçã o, ademais todo o alegado
pode ser comprovado de plano, pela via documental, sem necessidade de qualquer dilaçã o
probató ria, pois ao juntar o comprovante de transferência disponibilizado pela instituiçã o
financeira Ré (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL) em favor de um terceiro desconhecido, do
qual inclusive o autor desconhece a referida transaçã o, bem como quem pudera a ter
realizado, resta claro que é detentor de fato da quantia que alega, devendo esta lhe ser
restituída, logo em sede de decisã o liminar deve o pleito ser concedido no sentido de
intimar-se o Réu PAGSEGURO INTERNET S/A para que imediatamente disponibilize dos
dados de SILVA, de CPF: XXX 2.8-XX, titular da Conta: 58, na Agência 0001, Instituiçã o
PAGSEGURO 290 – 001, pessoa vinculada ao e-mail franca@gmail.com, e demais dados que
assegurem a sua completa qualificaçã o.
Tal pressuposto se encontra evidenciado por toda a documentaçã o em anexo,
demonstrando a data em que ocorrerá o primeiro desconto no benefício da parte autora.
Observa-se ainda, no presente caso, agressã o frontal a direitos e garantias fundamentais
assegurados pela Constituiçã o Federal, o que, por si só , já justifica o reconhecimento da
verossimilhança.
Já no tocante ao segundo requisito, perigo de demora, esse se mostra também atendido,
uma vez que, caso nã o haja o fornecimento dos dados requisitados, o autor ficará impedido
de acessar informaçõ es cruciais e relevantes para o deslinde do caso, visando inclusive
evitar que a CHAVE PIX vinculada ao e-mail franca@gmail.com possa ser desvinculada
aos demais dados.
Assim, é perfeitamente cabível a antecipaçã o dos efeitos da tutela, pois, há interesse
processual pela segurança e eficá cia do processo principal, partindo da apreciaçã o do
perigo de que a demora do processo possa alterar o equilíbrio inicial das partes e tornar
inó cua e imperfeita a providência final de composiçã o da lide.
Desse modo, na tentativa de salvaguardar sua condição digna, somente a concessão
de um provimento antecipado que vise à imposição de obrigação de disponibilização
dos dados de SILVA, de CPF: XXX 2.8-XX, titular da Conta: 598, na Agência 0001,
Instituição PAGSEGURO 290 – 081, pessoa vinculada ao e-mail franca@gmail.com), e
demais dados que auxiliem a sua plena qualificação.
Deferida providências para a obtençã o do resultado prá tico supra, na mesma decisã o, ainda
que provisó ria ou definitiva, requer-se seja fixado o valor de multa penal por
descumprimento indevido da imposiçã o da obrigaçã o, em caso de eventual
descumprimento da ordem judicial, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).
IV DOS PEDIDOS
Perante o acima exposto, requer-se:
I) CONCEDER OS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA GRATUITA, uma vez que a
parte demandante nã o possui condiçõ es financeiras de arcar com as possíveis despesas do
processo, bem como honorá rios sucumbenciais, na forma do art. 98 e ss do CPC e do inciso
LXXIV do artigo 5º da Constituiçã o Federal;
II) A aplicaçã o do Có digo de Defesa do Consumidor, por se tratar a presente demanda de
uma relaçã o de consumo, assim como a inversã o do ô nus da prova nos termos do art. 6º,
VIII, do CDC;
III) CONCEDER A TUTELA PROVISÓ RIA DE URGÊ NCIA, inaudita altera pars e initio litis, nos
moldes do art. 300 do CPC, para que seja determinada que a instituiçã o RÉ , PAGSEGURO
INTERNET S/A para que imediatamente disponibilize dos dados sob sua guarda de SILVA,
de CPF: XXX 8.84-XX, titular da Conta: 582, na Agência 0001, Instituiçã o PAGSEGURO 290 –
0701, pessoa vinculada ao e-mail franca@gmail.com, e demais dados que assegurem a sua
completa qualificaçã o;
III.I) Deferido o pedido anterior, EXPEDIR a competente Ordem Judicial assinalando-se
prazo para seu implemento por parte da RÉ PAGSEGURO INTERNET S/A, com a fixaçã o de
multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) por cada dia de descumprimento quanto a eventual
nã o disponibilizaçã o dos dados de SILVA, de CPF: XXX 2.4-XX, titular da Conta: 588, na
Agência 0001, Instituiçã o PAGSEGURO 290 – 701, pessoa vinculada ao e-mail
franca@gmail.com;
IV) DESIGNAR audiência de conciliaçã o e CITAR os Réus CAIXA ECONÔMICA FEDERAL &
PAGSEGURO INTERNET S/A por meio eletrô nico, nos termos do art. 246 do CPC, para o
seu comparecimento e, nã o havendo acordo, querendo, apresente sua defesa, sob pena de
incorrer contra si os efeitos da revelia.
VI) No mérito, que sejam as Requeridas CAIXA ECONÔMICA FEDERAL & PAGSEGURO
INTERNET S/A CONDENADAS solidariamente a restituiçã o em dobro dos valores
transferidos indevidamente da conta do autor no total de R$ 12.000,00 (doze mil reais) a
título de danos materiais, em todo caso a ser corrigido monetariamente e aplicado juros de
mora desde a data da transferência indevida, qual seja o dia 26 de maio de 2021 até a data
da sentença condenató ria;
VII) CONDENAR também ao pagamento de indenizaçã o a título de danos morais a parte
autora, tendo em vista o grave abalo emocional e situaçã o de nervosismo causada, no valor
de R$ 8.000,00 (oito mil reais) ou, caso entenda Vossa Excelência, quantia arbitrada de
acordo com a concepçã o deste Juízo, nos moldes dos fundamentos apresentados;
VIII) CONDENAR as Demandada CAIXA ECONÔMICA FEDERAL & PAGSEGURO
INTERNET S/A ao pagamento de todas as despesas processuais e de honorá rios
advocatícios;
IX) INCLUIR na esperada condenaçã o dos Réus, a INCIDÊ NCIA DE JUROS E CORREÇÃ O
MONETÁ RIA na forma da lei em vigor, desde sua citaçã o;
Para demonstrar o alegado, o autor valer-se-á de prova testemunhal, documental, pericial e
outras que eventualmente se fizerem necessá rias, bem como em havendo necessidade,
depoimento pessoal do autor e testemunhas que serã o oportunamente arroladas e que
comparecerã o para prestar seu compromisso com o Juízo, independentemente de haverem
sido intimados para tanto.
Dá a causa o valor de R$ 32.000,00 (trinta e dois mil reais) para os efeitos legais.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Ocara - CE; data digital.
ARTUR DOS SANTOS
OAB Nº 00.003/CE
[1] A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu o entendimento de
que a autoridade judicial pode requisitar informaçõ es a provedores de internet apenas com
base no nome de pessoa investigada em processo criminal, sem a necessidade de informar
o ID.
Sigla para a palavra inglesa identity, (" identidade ", em traduçã o literal para o português) o
ID é a forma como cada pessoa se identifica nos sites e aplicativos disponíveis na rede
mundial de computadores e, geralmente, está vinculado a uma conta de e-mail;
[2] Nos termos do inc. VI do art. 5º. da Lei n. 12.965/14, registro de conexã o é “o conjunto
de informaçõ es referentes à data e hora de início e término de uma conexã o à internet, sua
duraçã o e o endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e recebimento de pacotes de
dados”.
[3] Nos termos do inc. VII do art. 5º. da Lei n. 12.965/14, registro de acesso a aplicaçõ es de
internet é “o conjunto de informaçõ es referentes à data e hora de uso de uma determinada
aplicaçã o de internet a partir de um determinado endereço IP”.
[4] O Juiz de Direito da Comarca de Jupi-PE, ao requisitar os dados de localizaçã o para
identificar os executores de um crime de homicídio, na mesma decisã o aplicou multa para a
hipó tese de a Google comunicar seus usuá rios, no valor de dez mil reais por cada
notificaçã o que viesse a fazer, “sem prejuízo das demais medidas legais cabíveis” (Proc. n.
000221-43.2019.8.17.0850)
[5] RESOLUÇÃ O BCB Nº 1, DE 12 DE AGOSTO DE 2020
[6] CDC, art. 14, § 1º, 1ªparte.
[7] Teressa Ancona Lopez. Das consequências jurídicas da dependência ao tabaco: conceito
jurídico e aptidã o para constituir dano indenizá vel. In: LOPEZ, Teresa Ancona (coord).
Estudos e pareceres sobre livre-arbítrio, responsabilidade de risco inerente. O paradigma
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[8] Guilherme Henrique Lima Reinig; Daniel Amaral Carnaú ba. Riscos do desenvolvimento
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Defesa do Consumidor: a responsabilidade do fornecedor por defeitos nã o detectá veis pelo
estado dos conhecimentos científicos e técnicos. Revista de Direito do Consumidor, Sã o
Paulo: RT, v. 124, jul-ago. 2019, p. 19, i. 6.2 (publicaçã o digital).
[9] STJ, Sú m. 479;
[10] CF, arts. 1º, IV, c.c. 170;
[11] CDC, art. 14;
[12] https://jornaldebrasilia.com.br/noticias/economia/transferencia-em-10-segundos-
so-com-cpf-ouemail/

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