Você está na página 1de 11

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao

Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.


fls. 1

AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO-SP.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C
REPETIÇÃO DE INDÉBITO, INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE
TUTELA DE URGÊNCIA

TANIA DOS SANTOS RAMOS, brasileira, aposentada, portadora do RG nº


03.832.151-37, SSP BA, inscrita no CPF sob o nº 380.897.265-34, residente e domiciliada na
Rua Doutor Nuno Guerner de Almeida, nº 12, Parque Cocaia, São Paulo/SP, CEP: 04850-230,
vem, por meio de seu advogado signatário, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE
NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO,
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA contra
BANCO BMG S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.
61.186.680/0001-74, com sede na Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1830, Andar 9, 10, 14, Sala
94, 101, 102, 103, 104, 141, Bloco 01, 02, 03, 04, Vila Nova Conceicao – São Paulo/SP, CEP
04543-900, com fulcro no art. 5º, inciso XXXV da Constituição da República, pelos fatos e
fundamentos jurídicos seguintes:

E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 2

1 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
Inicialmente, a promovente se declara hipossuficiente na forma da lei, pois que não
tem condições de arcar com as custas e demais despesas processuais sem prejuízo do sustento
próprio ou de sua família, uma vez que recebe apenas uma aposentadoria no valor de R$
1.212,00, conforme documento anexo, sendo o referido valor destinado ao custeio de despesas
básicas, asseguradoras do seu mínimo existencial.

Importa consignar que, descontados os valores das parcelas dos empréstimos, sobra
para a autora apenas o valor líquido de R$ 785,67, sendo ínfimo o referido valor,
considerando o custo de vida atualmente.

Além disso, junta aos autos documento da RFB que comprova que a autora NÃO
POSSUI RENDA SUFICIENTE PARA DECLARAR (últimos 2 anos).

Assim, requer os benefícios da gratuidade da justiça, com fulcro no art. 98 e seguintes


do Código de Processo Civil, uma vez que a promovente se enquadra na situação legal
prevista para sua concessão.1

1
STJ - AgRg no REsp 846478/MS – “Para a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita basta a
afirmação da parte que não tem condições de arcar com as custas e demais despesas processuais”
E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 3

2 DOS FATOS

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
Recentemente, a autora, ao consultar seu extrato de empréstimos consignados do
INSS, tomou conhecimento de que havia um contrato de cartão de crédito consignado do
banco réu ativo, na modalidade consignação em benefício previdenciário (RMC), e que está
sendo descontado mensalmente, em seu benefício previdenciário, o valor de R$ 60,60.

Todavia, a autora não reconhece o referido contrato, uma vez que jamais solicitou
qualquer cartão de crédito da promovida.

A autora, ao tomar conhecimento dos referidos descontos em seu benefício, tentou


contatar o banco réu, a fim de que os descontos fossem cessados, gerando inclusive o número
de protocolo 275324678. Todavia, não conseguiu resolver o problema, apesar das diversas
tentativas.

Como se sabe, esse tipo de contrato vigora ad aeternum, sem prazo para ser finalizado.
Assim, de janeiro 2020 até a presente data, os valores são descontados em benefício
previdenciário, o que evidencia a abusividade e ilegalidade dessa modalidade de negócio
jurídico.

Portanto, considerando a referida ilegalidade, a autora agora aciona o Poder Judiciário


a fim de que o negócio jurídico seja declarado nulo, para que sejam restituídos em dobro os
valores indevidamente descontados de seu benefício, bem como sejam devidamente
compensados os prejuízos extrapatrimoniais advindos do evento danoso.

3 DO DIREITO
E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 4

3.1 DA RESPONSABILIDADE DA FORNECEDORA DO SERVIÇO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
O Supremo Tribunal Federal já consagrou o entendimento segundo o qual as
instituições financeiras, em suas relações com os correntistas, regem-se sob os princípios
inscritos no Código de Proteção e Defesa do Consumidor, como já prevê o art. 3º, § 2º da Lei
nº 8.078/1990. Confira-se:

EMENTA: CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA


CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO
DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA
ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A
REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA
EXPLORAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART.
3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO
CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. 1. As instituições
financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo
Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do Código de
Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como
destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito. 3. O preceito veiculado
pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve ser interpretado em
coerência com a Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a
remuneração das operações passivas praticadas por instituições financeiras na
exploração da intermediação de dinheiro na economia estejam excluídas da sua
abrangência. 4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a fixação, desde a
perspectiva macroeconômica, da taxa base de juros praticável no mercado
financeiro. 5. O Banco Central do Brasil está vinculado pelo dever-poder de
fiscalizar as instituições financeiras, em especial na estipulação contratual das taxas
de juros por elas praticadas no desempenho da intermediação de dinheiro na
economia. 6. Ação direta julgada improcedente, afastando-se a exegese que submete
às normas do Código de Defesa do Consumidor [Lei n. 8.078/90] a definição do
custo das operações ativas e da remuneração das operações passivas praticadas por
instituições financeiras no desempenho da intermediação de dinheiro na economia,
sem prejuízo do controle, pelo Banco Central do Brasil, e do controle e revisão, pelo
Poder Judiciário, nos termos do disposto no Código Civil, em cada caso, de eventual
abusividade, onerosidade excessiva ou outras distorções na composição contratual
da taxa de juros. ART. 192, DA CB/88. NORMA-OBJETIVO. EXIGÊNCIA DE
LEI COMPLEMENTAR EXCLUSIVAMENTE PARA A REGULAMENTAÇÃO
DO SISTEMA FINANCEIRO. 7. O preceito veiculado pelo art. 192 da Constituição
do Brasil consubstancia norma-objetivo que estabelece os fins a serem perseguidos
pelo sistema financeiro nacional, a promoção do desenvolvimento equilibrado do
País e a realização dos interesses da coletividade. 8. A exigência de lei
complementar veiculada pelo art. 192 da Constituição abrange exclusivamente a
regulamentação da estrutura do sistema financeiro. CONSELHO MONETÁRIO
NACIONAL. ART. 4º, VIII, DA LEI N. 4.595/64. CAPACIDADE NORMATIVA
ATINENTE À CONSTITUIÇÃO, FUNCIONAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ILEGALIDADE DE RESOLUÇÕES QUE
EXCEDEM ESSA MATÉRIA. 9. O Conselho Monetário Nacional é titular de
capacidade normativa --- a chamada capacidade normativa de conjuntura --- no
exercício da qual lhe incumbe regular, além da constituição e fiscalização, o
funcionamento das instituições financeiras, isto é, o desempenho de suas atividades
E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 5

no plano do sistema financeiro. 10. Tudo o quanto exceda esse desempenho não
pode ser objeto de regulação por ato normativo produzido pelo Conselho Monetário
Nacional. 11. A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional,
quando não respeitem ao funcionamento das instituições financeiras, é abusiva,
consubstanciando afronta à legalidade. (ADI 2591, Relator(a): Min. CARLOS

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em
07/06/2006, DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-02 PP-00142 RTJ
VOL-00199-02 PP-00481) (grifo nosso)

Na esteira de tal pensamento o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça,


através da Súmula nº 297, que possui o seguinte enunciado: “O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável às instituições financeiras.”

Assim, não resta a menor dúvida de que a responsabilidade contratual da parte ré é


objetiva, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, deve responder
independentemente de culpa pelos danos causados a seus clientes, decorrentes dos serviços
que lhes presta, vejamos:

Trata-se de responsabilidade objetiva pelo fato do serviço,fundada na teoria do risco


do empreendimento, segundo o qual todo aquele que se dispõe a exercer alguma
atividade no campo do fornecimento de bens e serviços tem o dever de responder
pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento independentemente de culpa.
Este dever é imanente ás normas técnicas e de segurança, decorrendo a
responsabilidade do simples fato de dispor-se alguém a realizar atividade de
executar determinados serviços. Em suma, os riscos do empreendimento correm por
conta do fornecedor de produtos e serviços) e não do consumidor (Sérgio Cavalieri
Filho, Programa de Responsabilidade Civil, 7ª edição, ano 2007, editora Atlas, pags
391 e 392)

Entretanto, para a caracterização do dever de indenizar, basta demonstração da


conduta lesiva e do dano, comprovando-se o nexo de causalidade entre aquela ação e o
resultado gerado. O Código Civil, em seu artigo 186, estabelece:

Art. 186- Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

O artigo 927 do mesmo código é mais específico no que tange ao presente pedido:

E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 6

Art. 927- Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá a obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Dessa forma não há dúvida de que o Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao


caso, devendo, inclusive, ser reconhecida a responsabilidade objetiva da ré pelos danos
indubitavelmente causados à autora, bem como deverá esta ser condenada à repetição do
indébito, por valor igual ao dobro, nos termos do art. 42, parágrafo único, do referido
diploma legal.

3.2 DA NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Conforme já foi mencionado, a autora jamais celebrou qualquer contrato de cartão de


crédito consignado com a requerida. Assim, falta ao negócio jurídico um requisito
essencial, qual seja, a manifestação da vontade.

Assim, a ré, por meio da sua conduta, violou os deveres básicos de boa-fé, de cuidado,
de cooperação, de informação, de transparência, de respeito à confiança pelo consumidor, etc.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves2, “o negócio é nulo quando ofende preceitos de


ordem pública, que interessam à sociedade. Assim, quando o interesse público é lesado, a
sociedade o repele, fulminando-o de nulidade, evitando que venha a produzir os efeitos
esperados pelo agente.”

Assim, considerando que o Código de Defesa do Consumidor estabelece normas de


ordem pública e interesse social (art. 1º), a violação de seus preceitos resulta em nulidade
absoluta do negócio jurídico.

2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 472

E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 7

Ademais, importante que se diga que, ao empregar tal expediente malicioso,


beneficiando-se de sua própria conduta, a ré incorreu em dolo, maculando o negócio jurídico,
o qual é anulável (art. 171, II, do Código Civil).

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
Assim, diante da conduta ilícita praticadas pela requerida, necessário se faz determinar
que seja declarada a nulidade do negócio jurídico, porquanto a autora não celebrou
qualquer contrato de cartão de crédito consignado com a promovida.

3.3 DO DANO MORAL

Quanto ao dano moral, é inegável a sua ocorrência, pois que este já está ínsito no
próprio ato ofensivo, isto é, ele existe in re ipsa. Não há dúvida de que o ocorrido extrapola o
limite do mero aborrecimento e invade a esfera extrapatrimonial da autora, causando-lhe dano
de ordem moral, uma vez que essa situação gera sentimentos que superam o mero dissabor
decorrente de um transtorno ou inconveniente corriqueiro, causando frustração,
constrangimento e angústia, superando a esfera do mero dissabor para invadir a seara do
efetivo abalo psicológico.

Quanto ao reconhecimento do dano moral em casos semelhantes, vale mencionar a


jurisprudência dos tribunais pátrios:

EMENTA: APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE CONTRATAÇÃO - EMPRÉSTIMO CONSIGNADO -
JUSTIÇA GRATUITA - MASSA FALIDA - AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO DE
EXISTÊNCIA DE DIFICULDADES FINANCEIRAS - INDEFERIMENTO DO
PEDIDO - PAGAMENTO DAS CUSTAS AO FINAL - POSSIBILIDADE -
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA - RETENÇÃO DE
MARGEM CONSIGNÁVEL - DANO MORAL CONFIGURADO. Consoante
posicionamento esposado pelo STJ, a decretação de falência da empresa não
presume a existência de dificuldades financeiras apta a autorizar a concessão dos
benefícios da gratuidade judiciária e, inexistindo nos autos provas da alegada
hipossuficiência financeira, deve ser indeferido o pedido, podendo, contudo, a massa
falida realizar o pagamento das custas ao final. A venda da carteira de cartões de
crédito consignado pelo Banco Cruzeiro do Sul S.A., por meio de leilão oficial, não
configura sucessão empresarial, sendo descabida sua alegação de que é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da presente demanda. A retenção da margem
consignável para operações de crédito sem anuência da aposentada a impede de
exercer o direito de obtenção de crédito no mercado, sendo o bastante para
configurar danos morais, passíveis de compensação.

E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 8

(TJ-MG - AC: 10000206009391001 MG, Relator: Marcos Henrique Caldeira Brant,


Data de Julgamento: 24/02/2021, Câmaras Cíveis / 16ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 25/02/2021)

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DO
DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DESCONTO
INDEVIDO DE PARCELAS A TÍTULO DE RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC) – AUSÊNCIA DE PROVA DA CONTRATAÇÃO –
RESPONSABILIDADE OBJETIVA – RESTITUIÇÃO EM DOBRO – DANOS
MORAIS CONFIGURADOS – QUANTUM MANTIDO – RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. I) Na condição de fornecedora de serviços,
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. II) Se o
banco não junta, com a contestação, o suposto contrato que legitimaria os atos
de desconto, há de devolver em dobro os valores descontados indevidamente,
eis que, se contrato não existiu, nada legitimaria referidos descontos, agindo,
assim, com má-fé, estando sujeito às sanções do art. 42 do CDC. III) A conduta
lesiva da instituição financeira que levou a requerente a experimentar
descontos mensais indevidos em sua aposentaria caracteriza danos morais in re
ipsa. IV) Por um critério de razoabilidade, deve a indenização pelo dano moral ser
fixada tendo em vista os transtornos gerados e a capacidade econômica das partes,
atendendo aos objetivos da reparação civil, quais sejam, a compensação do dano, a
punição ao ofensor e a desmotivação social da conduta, mas tendo também o fito de
evitar enriquecimento sem causa. Valor, no caso concreto, mantido em R$ 5.000,00
(cinco mil reais). V) Recurso conhecido e improvido. (TJ-MS - AC:
08013664020208120031 MS 0801366-40.2020.8.12.0031, Relator: Des. Dorival
Renato Pavan, Data de Julgamento: 27/05/2021, 3ª Câmara Cível, Data de
Publicação: 31/05/2021)

Vale frisar ainda que, nesse mesmo diapasão, infelizmente, a autora é apenas mais uma
dentre tantas vítimas que costumam ser enganadas nesse tipo de situação aqui presente.

Do mesmo modo, a violação aos deveres básicos de boa-fé, de cuidado, de


cooperação, de informação, de transparência e de respeito à confiança pelo consumidor são
fatores que invadem a esfera extrapatrimonial da autora, acarretando dano moral.

Portanto, deverá a ré, independentemente de demonstração de culpa, reparar os danos


causados ao autor em razão do ato ilícito por ela praticado.

4 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Conforme preceitua o art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 9

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da


prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
No caso em apreço, é patente a hipossuficiência da autora, considerando que esta é
vulnerável jurídica e tecnicamente. Além disso, resta mais do evidente a verossimilhança dos
fatos aqui relatados (vide provas anexas).

5 DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

O art. 300 do Código de Processo Civil exige, para a concessão da tutela de urgência, a
presença de elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo. Em outras palavras, devem estar presentes o fumus boni
juris e o periculum in mora.

No caso concreto, não resta dúvida de que ambas as condições legais afiguram-se
presentes, uma vez que a violação ao direito é patente, conforme demonstram os fatos e os
documentos (probabilidade do direito).

Além disso, tratando-se de ofensa a direito da personalidade, o desfalque em sua


aposentadoria provoca, per se, dano à promovente, uma vez que esse se configura in re ipsa,
já que se trata de verba de natureza alimentar. Por isso, a fraude mencionada já vem
provocando transtornos no seu dia a dia, ofendendo a sua dignidade (perigo de dano).

Dessa forma, a autora faz jus à concessão da tutela de urgência, que consiste na
imediata suspensão dos descontos no benefício da autora, com fixação de multa diária no
valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) caso o prazo estabelecido seja descumprido.

6 DOS PEDIDOS

De todo o exposto, requer:

E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
fls. 10

a) seja concedido o benefício da Gratuidade da Justiça;

b) seja, após o recebimento da presente ação, concedida a TUTELA DE URGÊNCIA,


determinando a imediata suspensão dos descontos no benefício da autora, sob pena de multa

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
diária no valor de R$ 500,00;

c) seja declarada a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA na presente demanda em


favor da AUTORA, devido à natureza consumerista da lide e em cumprimento ao previsto no
art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

d) seja a presente ação recebida e ordenada a citação da requerida;

e) seja, ao final, julgada PROCEDENTE a presente demanda, sendo declarado NULO


o negócio jurídico em apreço e, consequentemente, seja a ré condenada à repetição EM
DOBRO dos valores indevidamente debitados nos proventos da parte requerente no valor de
R$ 1.999,80 (em dobro, R$ 3.999,60) bem como à devolução em DOBRO dos valores a
serem descontados no decorrer da presente ação, condenando a ré em danos materiais e ou
perdas e danos;

f) seja a ré condenada ao pagamento de indenização pelos DANOS MORAIS


indubitavelmente experimentados pela requerente, sugerindo-se como valor compensatório
dos danos extrapatrimoniais sofridos a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais);

g) por fim, seja a ré condenada ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios,
nos termos do art. 85, § 2º do CPC.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 6.999,60 (seis mil novecentos e noventa e nove reais e
sessenta centavos).

Termos em que pede deferimento.

São Paulo, 10 de outubro de 2022.

E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Contato: (11) 991678948
E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Advogada
OAB/SP nº 433.532
Lia Dias Carneiro Araújo
fls. 11

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.

Você também pode gostar