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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072084-10.2022.8.26.0002 e código 11C84730.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C
REPETIÇÃO DE INDÉBITO, INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE
TUTELA DE URGÊNCIA
E-mail: liaraujo_4@hotmail.com
Contato: (11) 991678948
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LIA DIAS CARNEIRO ARAUJO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 13/10/2022 às 22:54 , sob o número 10720841020228260002.
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1 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
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Inicialmente, a promovente se declara hipossuficiente na forma da lei, pois que não
tem condições de arcar com as custas e demais despesas processuais sem prejuízo do sustento
próprio ou de sua família, uma vez que recebe apenas uma aposentadoria no valor de R$
1.212,00, conforme documento anexo, sendo o referido valor destinado ao custeio de despesas
básicas, asseguradoras do seu mínimo existencial.
Importa consignar que, descontados os valores das parcelas dos empréstimos, sobra
para a autora apenas o valor líquido de R$ 785,67, sendo ínfimo o referido valor,
considerando o custo de vida atualmente.
Além disso, junta aos autos documento da RFB que comprova que a autora NÃO
POSSUI RENDA SUFICIENTE PARA DECLARAR (últimos 2 anos).
1
STJ - AgRg no REsp 846478/MS – “Para a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita basta a
afirmação da parte que não tem condições de arcar com as custas e demais despesas processuais”
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2 DOS FATOS
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Recentemente, a autora, ao consultar seu extrato de empréstimos consignados do
INSS, tomou conhecimento de que havia um contrato de cartão de crédito consignado do
banco réu ativo, na modalidade consignação em benefício previdenciário (RMC), e que está
sendo descontado mensalmente, em seu benefício previdenciário, o valor de R$ 60,60.
Todavia, a autora não reconhece o referido contrato, uma vez que jamais solicitou
qualquer cartão de crédito da promovida.
Como se sabe, esse tipo de contrato vigora ad aeternum, sem prazo para ser finalizado.
Assim, de janeiro 2020 até a presente data, os valores são descontados em benefício
previdenciário, o que evidencia a abusividade e ilegalidade dessa modalidade de negócio
jurídico.
3 DO DIREITO
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O Supremo Tribunal Federal já consagrou o entendimento segundo o qual as
instituições financeiras, em suas relações com os correntistas, regem-se sob os princípios
inscritos no Código de Proteção e Defesa do Consumidor, como já prevê o art. 3º, § 2º da Lei
nº 8.078/1990. Confira-se:
no plano do sistema financeiro. 10. Tudo o quanto exceda esse desempenho não
pode ser objeto de regulação por ato normativo produzido pelo Conselho Monetário
Nacional. 11. A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional,
quando não respeitem ao funcionamento das instituições financeiras, é abusiva,
consubstanciando afronta à legalidade. (ADI 2591, Relator(a): Min. CARLOS
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VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em
07/06/2006, DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-02 PP-00142 RTJ
VOL-00199-02 PP-00481) (grifo nosso)
Art. 186- Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
O artigo 927 do mesmo código é mais específico no que tange ao presente pedido:
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Art. 927- Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá a obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
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autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Assim, a ré, por meio da sua conduta, violou os deveres básicos de boa-fé, de cuidado,
de cooperação, de informação, de transparência, de respeito à confiança pelo consumidor, etc.
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 472
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Assim, diante da conduta ilícita praticadas pela requerida, necessário se faz determinar
que seja declarada a nulidade do negócio jurídico, porquanto a autora não celebrou
qualquer contrato de cartão de crédito consignado com a promovida.
Quanto ao dano moral, é inegável a sua ocorrência, pois que este já está ínsito no
próprio ato ofensivo, isto é, ele existe in re ipsa. Não há dúvida de que o ocorrido extrapola o
limite do mero aborrecimento e invade a esfera extrapatrimonial da autora, causando-lhe dano
de ordem moral, uma vez que essa situação gera sentimentos que superam o mero dissabor
decorrente de um transtorno ou inconveniente corriqueiro, causando frustração,
constrangimento e angústia, superando a esfera do mero dissabor para invadir a seara do
efetivo abalo psicológico.
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APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DO
DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DESCONTO
INDEVIDO DE PARCELAS A TÍTULO DE RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC) – AUSÊNCIA DE PROVA DA CONTRATAÇÃO –
RESPONSABILIDADE OBJETIVA – RESTITUIÇÃO EM DOBRO – DANOS
MORAIS CONFIGURADOS – QUANTUM MANTIDO – RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. I) Na condição de fornecedora de serviços,
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. II) Se o
banco não junta, com a contestação, o suposto contrato que legitimaria os atos
de desconto, há de devolver em dobro os valores descontados indevidamente,
eis que, se contrato não existiu, nada legitimaria referidos descontos, agindo,
assim, com má-fé, estando sujeito às sanções do art. 42 do CDC. III) A conduta
lesiva da instituição financeira que levou a requerente a experimentar
descontos mensais indevidos em sua aposentaria caracteriza danos morais in re
ipsa. IV) Por um critério de razoabilidade, deve a indenização pelo dano moral ser
fixada tendo em vista os transtornos gerados e a capacidade econômica das partes,
atendendo aos objetivos da reparação civil, quais sejam, a compensação do dano, a
punição ao ofensor e a desmotivação social da conduta, mas tendo também o fito de
evitar enriquecimento sem causa. Valor, no caso concreto, mantido em R$ 5.000,00
(cinco mil reais). V) Recurso conhecido e improvido. (TJ-MS - AC:
08013664020208120031 MS 0801366-40.2020.8.12.0031, Relator: Des. Dorival
Renato Pavan, Data de Julgamento: 27/05/2021, 3ª Câmara Cível, Data de
Publicação: 31/05/2021)
Vale frisar ainda que, nesse mesmo diapasão, infelizmente, a autora é apenas mais uma
dentre tantas vítimas que costumam ser enganadas nesse tipo de situação aqui presente.
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No caso em apreço, é patente a hipossuficiência da autora, considerando que esta é
vulnerável jurídica e tecnicamente. Além disso, resta mais do evidente a verossimilhança dos
fatos aqui relatados (vide provas anexas).
O art. 300 do Código de Processo Civil exige, para a concessão da tutela de urgência, a
presença de elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo. Em outras palavras, devem estar presentes o fumus boni
juris e o periculum in mora.
No caso concreto, não resta dúvida de que ambas as condições legais afiguram-se
presentes, uma vez que a violação ao direito é patente, conforme demonstram os fatos e os
documentos (probabilidade do direito).
Dessa forma, a autora faz jus à concessão da tutela de urgência, que consiste na
imediata suspensão dos descontos no benefício da autora, com fixação de multa diária no
valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) caso o prazo estabelecido seja descumprido.
6 DOS PEDIDOS
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diária no valor de R$ 500,00;
g) por fim, seja a ré condenada ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios,
nos termos do art. 85, § 2º do CPC.
Dá-se à causa o valor de R$ 6.999,60 (seis mil novecentos e noventa e nove reais e
sessenta centavos).
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Advogada
OAB/SP nº 433.532
Lia Dias Carneiro Araújo
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