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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FLORITA GLORIA PAULON VASCONCELOS e Tribunal de Justica do Estado de Sao

Paulo, protocolado em 08/07/2022 às 13:54 , sob o número 10178493620228260021.


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AO JUÍZO DA ___ VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DO
MÉIER DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO - ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PIERRE OLIVEIRA OBERT, brasileiro, solteiro (união estável),


policial militar, portador da CNH nº 05193976096, expedida pelo DETRAN/RJ, inscrito
no CPF Nº 058.224.947-30, com endereço eletrônico pierreoliveira90@gmail.com,
residente e domiciliado na Rua Cel. Almeida, 163, BL 1 AP 1101, Piedade, Rio de
Janeiro/RJ, CEP 20756-070, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, com
fulcro no artigo 104-A do Código de Defesa do Consumidor, conforme redação dada pela
Lei 14.181/2021, propor

AÇÃO DE REPACTUAÇÃO DE DÍVIDAS COM PEDIDO DE TUTELA DE


URGÊNCIA

em face do BANCO BRADESCO S.A. -


Prédio Cinza 1º andar - Vila Yara Osasco/SP, CEP: 06029-900, inscrita no CNPJ/MF
sob o n.º 60.746.948/0001-12; BANCO SANTANDER S.A.
instituição financeira de capital aberto com sede em São Paulo/SP, na Rua Amador Bueno
nº 474, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 90.400.888/0001-42, e BANCO MASTER,
administrador do cartão de crédito Credcesta, com sede na Rua Praia de Botafogo, 228,
sala 1702, Botafogo, Rio de Janeiro RJ, CEP: 22250-906 e na Avenida Brigadeiro Faria
Lima, 3.477, Torre B, 5º andar, Itaim Bibi, São Paulo, SP, CEP: 04538-133, inscrita no
CNPJ/MF sob o nº CNPJ 33.923.798/0002-83, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos.

I. QUESTÕES PRÉVIAS
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FLORITA GLORIA PAULON VASCONCELOS e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 08/07/2022 às 13:54 , sob o número 10178493620228260021.
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I.I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Requerente não dispõe de meios para arcar com as custas e despesas


processuais sem o prejuízo de seu sustento, motivo pelo qual requer a concessão dos
benefícios da justiça gratuita nos termos do artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição
Federal, e artigo 99 do Código de Processo Civil.

Assim sendo, o Requerente é hipossuficiente e não possui recursos


financeiros suficientes para arcar com os ônus processuais sem significante prejuízo de
seu sustento. A fim de instruir seu pedido, faz a juntada da declaração de hipossuficiência
e contracheque, tais quais demonstram de forma concreta e irrefutável a
impossibilidade de despender valores pecuniários para ônus processuais. Ademais, seu
pedido encontra esteio no artigo 99 do Código de Processo Civil e artigo 5°, inciso
LXXIV da Constituição Federal.

Destarte, por expressa previsão legal, o Requerente faz jus à concessão


à justiça gratuita, considerando que a legislação pertinente dispõe que o benefício poderá
ser pleiteado e concedido por simples petição e com a declaração de hipossuficiência, não
necessitando de demais provas.

Insta consignar que por letra do artigo 98 do Código de Processo Civil


o benefício em comento não depende de estado de miserabilidade extrema, sendo

Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com boa renda mensal, seja
merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é
proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A gratuidade
judiciária é um dos mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não
se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer de
seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o processo.
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(DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da
Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a parte seja


pobre ou necessitada para que possa beneficiar-se da gratuidade da
justiça. Basta que não tenha recursos suficientes para pagar as custas,
as despesas e os honorários do processo. Mesmo que a pessoa tenha
patrimônio suficiente, se estes bens não têm liquidez para adimplir com
essas despesas, há direito à gratuidade. MARINONI, Luiz Guilherme.
ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de
Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers.
ebook. Art. 98)

Desta forma, requer-se seja concedido o benefício de gratuidade da


justiça, com fulcro no artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal, e nos termos do
artigo 98 do Código de Processo Civil.

I.II. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Em atendimento ao disposto no artigo 104-A do Código de Defesa do


Consumidor o Requerente informa ter interesse na realização de audiência de conciliação
ou mediação, com a presença de todos os credores e que o não comparecimento implique
a cominação estipulada no § 2ºdo artigo supracitado.

I.III. DA COMPETÊNCIA DO DOMICÍLIO DO REQUERENTE

Impende anotar que o microssistema consumerista busca garantir ao


consumidor o real exercício dos direitos a ele assegurados na legislação, dentre eles, a
facilitação de sua defesa. A propósito, dispõe o artigo 101 do Código de Defesa do
Consumidor, que se copia:

e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título,


serão observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do auto


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Com efeito, deve ser assegurado ao consumidor, parte, em regra,
hipossuficiente no negócio jurídico e na relação processual, o amplo acesso ao Judiciário.
Tratando-se de cláusula contratual que estipula foro de eleição capaz de inviabilizar a
defesa judicial por parte dos consumidores, evidente que deverá ser recebido o presente
feito no domicílio do demandante.

Portanto, requer seja reconhecido como competente o foro de domicílio


da parte Requerente.

II. SÍNTESE DOS FATOS

O Requerente é policial militar e o seu labor é a única fonte de renda


para sustentar a casa e sua família, composta por ele, sua companheira, um filho de 8
(oito) anos e outro com 1 (um) ano e 8 (oito) meses.

Ocorre que as dívidas do Requerente, carreadas ao longo dos últimos


anos, acabaram tomando proporções alarmantes, de modo que já não consegue saldá-las,
inclusive para quitar contas básica, quais sejam: energia, água, celular, internet, escola e
plano de saúde de seus filhos, seu veículo, aluguel, condomínio, alimentação, dentre
outras dívidas, sem contrair novos empréstimos junto aos Requeridos.

Importante registrar que os valores das parcelas de empréstimos


estavam altíssimos, à medida que foram refinanciadas.

Neste ponto, necessário trazer aos autos, que as dívidas contraídas estão
virando um grande imbróglio financeiro, a par que o Requerente, contrai novos
empréstimos, para saldar outros, e as parcelas dos financiamentos estão sendo
descontadas diretamente de sua folha salarial, além de um empréstimo pessoal descontado
diretamente em sua conta corrente, não restando quantia suficiente para garantir o seu
sustento e de sua família.
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De modo geral, os gastos básicos mensais do Requerente e de sua
família estão listados abaixo, como sendo:

Descrição Valor mensal (R$)


Aluguel R$ 1.250,00
Gás R$ 300,00
Luz R$ 500,00 à 900,00
Internet R$ 150,00
Telefone R$ 150,00
Escola R$ 500,00
Refeição/Supermercado/sacolão R$ 1.000,00
Plano de saúde R$ 400,00
Manutenção do carro R$ 100,00 a 200,00
Total R$ 4.350,00

Desta forma os gastos mensais básicos do Requerente giram em torno


de R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinquenta reais), deixando de lado lazer entre
outros e os empréstimos que teve que contrair.

A situação do Requerente está insustentável, já que os descontos


realizados pelos inúmeros empréstimos ultrapassam a metade sua folha salarial,
prejudicando o seu sustento e de sua família.

Neste sentido, o Requerente decidiu propor a presente ação como


último recurso para não chegar à insolvência, necessitando urgentemente da repactuação
dos empréstimos consignados que possui, os quais são descontados diretamente de seu
salário mensal, conforme fica comprovado pelo documento abaixo colacionado e em
anexo:
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Ademais, frisa-se que o Requerente adquiriu empréstimo pessoal com
o Banco Bradesco, ora requerido, no valor de R$ 9.057,03 (nove mil e cinquenta e sete
reais e três centavos) com parcelas mensais de R$ 421,28 (quatrocentos e vinte e um reais
e vinte e oito centavos) descontados em conta corrente, o qual também necessita
repactuar.

Também, o Requerente contraiu dívidas com o Requerido Banco


Master, administrador do cartão de crédito Credcesta, através de cartão de benefício,
debitadas em folha de pagamento, sendo uma parcela no valor de R$ 353,01 (trezentos e
cinquenta e três reais e um centavo) e outra na quantia de R$ 352,97 (trezentos e cinquenta
e dois reais e noventa e sete centavos, ambas debitadas mensalmente, almejando também
a sua repactuação.
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Cabe salientar que o Requerente já tentou refinanciar as parcelas
mensais junto aos Requeridos, porém, sem sucesso e desta feita, não vê alternativa à
solução da demanda senão a propositura da presente ação.

III. DO MÉRITO

III.I. DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR E DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Conforme narrado, o Requerente está endividado, contraiu diversos


empréstimos para arcar com suas contas mensais, porém, os descontos efetuados em seu
contracheque mensalmente e em sua conta corrente está o impedindo de dar o sustento
adequado a sua família e também de arcar com as demais contas, afinal, não possui
somente os empréstimos para pagar mensalmente.

Nessa toada, convém destacar que emerge entre as partes uma inegável
relação de consumo, aplicando-se à presente demanda o Código de Defesa do
Consumidor.

Isto porque, o Requerente se enquadra perfeitamente no conceito de


consumidor e, de igual forma, a Requerida se amolda ao conceito de fornecedor, ambos
descritos nos artigos 2.º e 3.º do Código de Defesa do Consumidor.

Desta forma, de acordo com o que preceitua a Súmula 297 do Superior


Tribunal de Justiça, temos:

Súmula 297/STJ - 09/09/2004 - Consumidor. Banco. Contrato bancário.


Instituição financeira. Hermenêutica. Código de Defesa do
Consumidor. Aplicabilidade. CDC, art. 3º, § 2º.
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Ademais, o Código de Defesa do Consumidor versa sobre o
superendividamento, conforme preceitua o artigo 104-A.

Logo, é de rigor a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor


a demanda em tela, tendo em vista que a repactuação de dívida que ora se busca tem aso
no artigo 104-A do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o


juiz poderá instaurar processo de repactuação de dívidas, com vistas à
realização de audiência conciliatória, presidida por ele ou por conciliador
credenciado no juízo, com a presença de todos os credores de dívidas previstas
no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor apresentará proposta de plano
de pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo
existencial, nos termos da regulamentação, e as garantias e as formas de
pagamento originalmente pactuadas. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

Superada a aplicabilidade de tal codex a presente demanda, cumpre


salientar ainda a necessidade de inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6.º,
inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão


do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Do referido artigo, depreende-se possível a inversão do ônus de prova,


ainda mais porque o Autor é parte hipossuficiente da relação de consumo, sendo incabível
lhe ser exigido a produção de provas negativas das quais não possui acesso.

Por oportuno, salienta-se que a necessidade da inversão do onus


probandi também encontra amparo na distribuição dinâmica do ônus da prova, disposta
no artigo 373, parágrafo 1.º, do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


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[...]

§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa


relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de
cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de
obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da
prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada,
caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do
ônus que lhe foi atribuído. (grifo nosso)

Daí que, tendo em vista a hipossuficiência probatória do Requerente, a


inversão do ônus da prova traduz-se na aplicação do Princípio da Isonomia, segundo o
qual todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, observados os limites de sua
desigualdade.

Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência do


Requerente, vez que disputa a lide com uma empresa de grande porte, é de rigor a inversão
do ônus da prova, o que se requer.

III. II. DO SUPERENDIVIDAMENTO

Conforme aludido alhures, a maior parte dos rendimentos líquidos do


Requerente estão sendo tomados pelos descontos dos empréstimos e demais dívidas que
possui, não restando valores suficientes para suas contas básicas que remontam o valor
mensal de aproximadamente R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinquenta reais),
conforme tabela acima.

Quanto ao conceito de superendividamento, Risatto Nunes,


desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, diz o seguinte:

de Defesa do Consumidor uma série de normas visando aperfeiçoar a


disciplina do crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção e o
tratamento do superendividamento. Cuido, hoje, do conceito de
superendividamento, previsto no novo art. 54-A.
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A lei definiu o superendividamento como sendo a impossibilidade
manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade
de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer
seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação (conf. o §1 do
art. 54-A).

Anoto, incialmente, que a norma protege apenas a pessoa natural.


Pessoa jurídica devedora não recebe a mesma proteção. O texto é claro:
está superendividado o consumidor que não consegue pagar a totalidade
de suas dívidas de consumo, vale dizer, entram na composição de suas
dívidas apenas aquelas que envolvem relações de consumo. As dívidas
tributárias estão fora. Estão fora, também, aquelas estritamente
privadas, como, por exemplo, a compra de um veículo de um particular.

A regra do § 2º apenas reforça o contido no § 1º, deixando claro que,


inclusive, estão incluídas na hipótese as dívidas relativas aos serviços
de prestação continuada, tais como de planos de saúde, seguros em geral

Portanto, o superendividamento, é a impossibilidade de o consumidor


pagar o total de suas dívidas de consumo, razão pela qual o Requerente propôs a presente,
principalmente para os valores dos empréstimos serem repactuados.

A repactuação das dívidas é medida que se aplica neste caso, a par que,
somente se excluem desta possibilidade os consumidores que as contraíram de má-fé ou
de modo fraudulento, que não é o caso dos autos, pois conforme já citado, o Requerente
contraiu suas dívidas para arcar com as despesas de seu lar, porém, os empréstimos
começaram a tomar a maior parte do seu soldo mensal.

Neste sentido, o Código de Defesa do Consumidor estabelece regras e


conceito quanto ao caso de superendividamento, in verbis:

Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do


superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito responsável e
sobre a educação financeira do consumidor. (Incluído pela Lei nº
14.181, de 2021)

§ 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta


de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas
dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu
mínimo existencial, nos termos da regulamentação. (Incluído pela
Lei nº 14.181, de 2021)
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§ 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer
compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de
consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de
prestação continuada. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas


dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam
oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não
realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de
produtos e serviços de luxo de alto valor.

[...]

Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa


natural, o juiz poderá instaurar processo de repactuação de dívidas, com
vistas à realização de audiência conciliatória, presidida por ele ou por
conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores
de dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor
apresentará proposta de plano de pagamento com prazo máximo de 5
(cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento originalmente
pactuadas. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

O Requerente é pessoa natural, suas dívidas as quais deseja repactuar


são descontadas diretamente de seu contracheque e de sua conta corrente, de seu soldo
mensal, e conforme dito, estão o impossibilitando de arcar com as contas mensais de seu
lar e implicando em prejuízo ao seu sustento.

Ademais, os empréstimos contraídos foram todos com a finalidade


única de pagar outros empréstimos realizados, para arcar com as dívidas mensais de sua
família, a incluir escola dos filhos, plano de saúde, entre outras despesas.

Conforme colacionado acima, o Código de Defesa do Consumidor


prevê que pode ocorrer o endividamento do consumidor que a impossibilidade de arcar
com sustento e disponibiliza como um direito dos consumidores a repactuação das
dívidas, como no caso em tela.

Neste sentido o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em decisão


recente decidiu que deverá ocorrer repactuação em casos como este em tela:
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AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIMITAÇÃO DE DESCONTOS
DECORRENTES DE EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS. DECISÃO
INDEFERITÓRIA DA TUTELA DE URGÊNCIA QUE NÃO É
TERATOLÓGICA. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO SUMULAR Nº
59 DO EG. TJRJ. RETENÇÃO EM CONTA CORRENTE QUE NÃO
SOFRE A MESMA LIMITAÇÃO DAQUELAS IMPLEMENTADAS
EM CONTRACHEQUE. NOVO ENTENDIMENTO DO COL. STJ E
DESTE EG. TJRJ. SOMA DAS PARCELAS QUE, ENTÃO, FICA
AQUÉM DA MARGEM CONSIGNÁVEL. OBSERVÂNCIA DO
LIMITE IMPOSTO PELA LEI 14.131/2021. NECESSIDADE DE
SUBMETER À CONSUMIDORA AO PROCEDIMENTO
PREVISTO PARA REPACTUAÇÃO COLETIVA, NA FORMA DOS
ARTIGOS 104-A E SEGUINTES DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. (Processo AI 0014618-13.2021.8.19.0000 Órgão
Julgador PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL Partes AUTOR: SIMONE
BRANDAO LIMA, RÉU: BANCO SANTANDER BRASIL S.A.,
RÉU: AYMORE CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
S A Publicação 05/11/2021 julgamento 21 de Outubro de 2021 Relator
Des(a). CUSTÓDIO DE BARROS TOSTES)

Ademais o Superior Tribunal de Justiça estabelece:

RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÕES DE MÚTUO FIRMADO


COM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DESCONTO EM CONTA-
CORRENTE E DESCONTO EM FOLHA. HIPÓTESES
DISTINTAS. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DA LIMITAÇÃO
LEGAL AO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO AO MERO
DESCONTO EM CONTA-CORRENTE, SUPERVENIENTE AO
RECEBIMENTO DA REMUNERAÇÃO. INVIABILIDADE....
razoabilidade, limitam-se os descontos compulsórios que incidirão
sobre verba alimentar, sem menosprezar a autonomia privada.2. O
contrato de conta-corrente é modalidade absorvida pela prática
bancária, que traz praticidade e simplificação contábil, da qual
dependem várias outras prestações do banco e mesmo o cumprimento
[...] (PROCESSO REsp 1586910 (ACÓRDÃO) Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO DJe 03/10/2017 Decisão: 29/08/2017)

Em complemento, procura-se em decisão judicial, o reequilíbrio do


contrato em decorrência do endividamento do Requerente, sob a égide do artigo 317 do
Código Civil:

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção


manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua
execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que
assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1017849-36.2022.8.26.0021 e código D889FB0.
Ademais, por se tratar de relação de consumo, presente pleito de
repactuação de dívida é um direito do Requerente, pois este deve viver com dignidade,
de acordo com o artigo 4º, inciso X e artigo 6, inciso V ambos do Código de Defesa do
Consumidor.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo


o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

X - prevenção e tratamento do superendividamento como forma de


evitar a exclusão social do consumidor. (Incluído pela Lei nº
14.181, de 2021)

[...]

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações


desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que
as tornem excessivamente onerosas;

Neste passo, abaixo está colacionado holerite recente do Requerente, o


qual demonstra seus ganhos e seus descontos mensais:
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FLORITA GLORIA PAULON VASCONCELOS e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 08/07/2022 às 13:54 , sob o número 10178493620228260021.
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Percebe-se que os ganhos referentes ao soldo mensal do Requerente são Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1017849-36.2022.8.26.0021 e código D889FB0.

de maneira substancial tomados pelos descontos efetuados pelos Requeridos em mais de


53% (cinquenta e três por cento), assim, o que lhe sobra não é o suficiente para arcar com
as dívidas de seu lar, que ultrapassam R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

No mais, a Lei nº 14.181, de 1º de julho de 2021 dispõe que o


consumidor não deverá ser excluído socialmente por conta de suas dívidas, e para isso
existe a possibilidade do pedido judicial de repactuação dos débitos exorbitantes.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FLORITA GLORIA PAULON VASCONCELOS e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 08/07/2022 às 13:54 , sob o número 10178493620228260021.
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1017849-36.2022.8.26.0021 e código D889FB0.
No momento em que os fornecedores, ora Requeridos ofereceram os
seus serviços, os empréstimos, o crédito, deveriam ter sido claros com o Requerente
quanto a valores finais, que a soma iria descontar substancial parte do soldo salarial,
prevendo assim as taxas, multas, juros, porém, nada foi informado.

A Legislação acima citada permite que o consumidor apresente um


plano de pagamento de dívidas diverso do atual, dentro de suas possibilidades de
pagamento mensal, é o que se fará em tópico propício.

Conforme relatado, o Requerente já tentou pelas vias extrajudiciais a


resolução do problema com as ambas instituições financeiras Requeridas, porém, não
obteve sucesso:

O que o Requerente deseja é que as dívidas vencidas e vincendas


descontadas em seu contracheque e em sua conta corrente não ultrapassem 30% (trinta
por cento) de seu soldo líquido, para que ele possa viver com dignidade e proporcionar
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FLORITA GLORIA PAULON VASCONCELOS e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 08/07/2022 às 13:54 , sob o número 10178493620228260021.
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vida digna a sua família que dele são dependentes, dignidade esta outorgada a todos os
seres humanos pela Constituição Federal e pelos artigos acima colacionados.

III.III. DOS CREDORES

BANCO BRADESCO S.A.


s/n.º - Prédio Cinza 1º andar - Vila Yara Osasco/SP, CEP: 06029-900, inscrita no
CNPJ/MF sob o n.º 60.746.948/0001-12;

BANCO SANTANDER S.A.


financeira de capital aberto com sede em São Paulo/SP, na Rua Amador Bueno nº 474,
inscrita no CNPJ/MF sob o nº 90.400.888/0001-42;

BANCO MASTER, administrador do cartão de crédito Credcesta, com


sede na Rua Praia de Botafogo, 228, sala 1702, Botafogo, Rio de Janeiro RJ, CEP:
22250-906 e NA Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3.477, Torre B, 5º andar, Itaim Bibi,
São Paulo, SP, CEP: 04538-133, inscrita no CNPJ/MF sob o nº CNPJ 33.923.798/0002-
83, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

III.IV. DAS DÍVIDAS

Sendo assim, para evitar a insolvência do Requerente, apresenta-se


neste momento todas as dívidas que pretende repactuar por meio da presente e no tópico
seguinte, o plano de pagamento. As dívidas são: 6 (seis) empréstimos consignados com
os Requeridos Banco Bradesco e Banco Santander, descontados diretamente na sua folha
de pagamento; 1 (um) empréstimo de crédito pessoal com o Requerido Banco Bradesco,
descontado em sua conta corrente; 2 (dois) parcelamentos no cartão de crédito Credcesta
administrado pelo Requerido Banco Master, descontado em conta corrente (contracheque
e quadro 1 anexos), além de saldo devedor em conta corrente do Requerido Banco
Bradesco.
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Os valores descontados em folha de pagamento e em conta corrente do
Requerente mensalmente no que se refere às dívidas aqui discutidas são:

Quadro 1
* VALOR DO ** VALOR *** FORMA DE **** CREDORES
EMPRÉSTIMO MENSAL DESCONTO
R$ 16.189,16 R$ 303,29 EM FOLHA BRADESCO
R$ 198,19 R$ 3,37 EM FOLHA SANTANDER
R$ 8.340,87 R$ 148,13 EM FOLHA SANTANDER
R$ 15.686,52 R$ 357,95 EM FOLHA BRADESCO
R$ 29.987,92 R$ 502,49 EM FOLHA BRADESCO
R$ 11.185,16 R$ 227,77 EM FOLHA BRADESCO
R$ 9.057,03 R$ 421,28 EM CONTA BRADESCO
R$ 9.000,00 R$ 353,01 EM FOLHA B. MASTER/CREDCESTA
R$ 4.000,00 R$ 352,97 EM FOLHA B. MASTER/CREDCESTA

* Valor total de cada empréstimo realizado pelo Requerente junto aos


credores/Requeridos.

** Valor mensal descontado do Requerente para pagamento das parcelas aos


credores/Requeridos.

*** Formas nas quais as parcelas são descontadas mensalmente pelos


credores/Requeridos, quais sejam, desconto em folha de pagamento ou desconto em conta corrente.

**** Credores/Requeridos que o Requerente contraiu as dívidas.

o no contracheque do Requerente.

Desta maneira, buscando maior clareza aos autos, o quadro a seguir traz
o resumo das dívidas supracitadas, desta vez informando o valor total das parcelas
mensais somadas, devidas a cada credor/Requerido; a porcentagem que cada
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credor/Requerido recebe da totalidade da dívida; o valor total dos parcelamentos da dívida
que o Requerente suporta atualmente todo mês.

Quadro 2
* VALOR TOTAL ** PORCENTAGEM *** CREDORES
DAS PARCELAS MENSAL DAS
MENSAIS PARCELAS

(POR CREDOR) (POR CREDOR)


R$ 1.812,70 67,89% BRADESCO
R$ 151,50 5,67% SANTANDER
R$ 705,98 26,44% B. MASTER/CREDCESTA
TOTAL: R$ 2.670,18 TOTAL: 100%

* Valor total das parcelas descontadas mensalmente (juntando todos os


parcelamentos), por cada credor/Requerido, e o valor total das parcelas mensais juntando todos os
credores/Requeridos.

** Porcentagem que cada credor/Requerido desconta mensalmente do Requerido em


relação ao valor total do parcelamento do seu endividamento mensal, no valor de R$ 2.670,18 (dois mil,
seiscentos e setenta reais e dezoito centavos).

*** Todos os credores

Além dos parcelamentos supracitados oriundos de empréstimos


consignados e empréstimo pessoal com desconto em conta corrente, o Requerente possui
um saldo negativo em conta corrente que possui com o Requerido Banco Bradesco no
valor de R$ 4.065,67 (quatro mil e sessenta e cinco reais e sessenta e sete centavos). O
saldo negativo é referente ao desconto no presente mês de 2 (duas) parcelas do
empréstimo pessoal com desconto em conta corrente, e juros, no valor de R$ 911,16
(novecentos e onze reais e dezesseis centavos), além de descontos incluídos
anteriormente, visto que a fonte pagadora do Requerente não repassou inúmeras parcelas

e sete reais e noventa e cinco centavos) ao credor, como verifica-se colacionado a seguir..
do empréstimo consignado das parcelas no valor de R$ R$ 357,95 (trezentos e cinquenta
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Desta forma, o Requerido se torna impedido, por exemplo, de fazer
refinanciamento, adiantar 13º salário, além de suportar cobrança de juros e taxas. Assim,
requer que o saldo negativo faça parte da repactuação, ora proposta.

III.V - DO PLANO DE PAGAMENTO

Conforme aludido alhures, o requerente encontra-se superendividado e


é de extrema necessidade que seja contemplado com a repactuação de suas dívidas, para
isso, apresenta a seguir o plano de pagamento.

Quadro 3
* DESCONTO DE 30% ** PORCENTAGEM *** CREDORES
DA RENDA LÍQUIDA MENSAL DAS
DO REQUERENTE PARCELAS

(POR CREDOR) (POR CREDOR)


R$ 1.058,10 67,89% BRADESCO
R$ 88,18 5,67% SANTANDER
R$ 412,57 26,44% B. MASTER/CREDCESTA
TOTAL: R$ 1.558,85 TOTAL: 100%

* O Requerente possui uma renda líquida mensal de R$ 5.196,18 (cinco mil cento e
noventa e seis reais e dezoito centavos) e propõe que seja descontado 30% (trinta por cento) mensalmente
deste valor para quitar as dívidas, ou seja, R$ 1.558,85 (mil, quinhentos e cinquenta e oito reais e oitenta e
cinco centavos), devendo cada credor receber os valores indicados no quadro.
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** Propõe que dos 30% (trinta por cento) do salário líquido do Requerente, isto é, do
valor de R$ 1.558,85 (mil, quinhentos e cinquenta e oito reais e oitenta e cinco centavos), sejam descontadas
as porcentagens indicadas no quadro. Frisa-se que são as mesmas porcentagens que os credores descontam
atualmente, havendo apenas mudança no valor.

*** Todos os credores

Insta esclarecer, conforme apresentado nesta, o Requerente possui uma


única renda mensal no valor líquido de R$ 5.196,18 (cinco mil, cento e noventa e seis
reais e dezoito centavos). Para tanto propõe que deste valor seja descontado, no máximo,
30% (trinta por cento), ou seja, R$ 1.558,85 (mil, quinhentos e cinquenta e oito reais e
oitenta e cinco centavos) para pagamento das parcelas das suas dívidas agrupadas
vencidas e vincendas.

Deste valor, propõe que R$ 1.058,10 (mil e cinquenta e oito reais e dez
centavos) mensais, equivalente a 67,89% do total a ser descontado do Requerente, sejam
destinados ao Requerido Banco Bradesco para o pagamento mensal de 4 (quatro)
empréstimos consignados e 1 (um) empréstimo pessoal com desconto em conta corrente.
Também, que seja destinado para o Requerido Banco Santander a quantia mensal de R$
88,18 (oitenta e oito reais e trinta e dezoito centavos), equivalente a 5,67% do montante
a ser descontado do Requerente, para pagamento de 2 (dois) empréstimos consignados.
E, para finalizar, que seja pago R$ 412,57 (quatrocentos e doze reais e cinquenta e sete
centavos) para o Requerido Banco Master, administrador do Credcesta para o pagamento
de 2 (duas) parcelas mensais referentes a utilização do cartão saque de valores de cartão
de benefício (contracheque, empréstimo pessoal e quadros 1,2 e 3 anexos aos autos).

O Requerente necessita para pagar as contas de sua casa diga-se as


mais básicas de, no mínimo R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinquenta reais) livres,
isso embasando o cálculo nos valores mínimos:
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Descrição Valor mensal (R$)
Aluguel R$ 1.250,00
Gás R$ 300,00
Luz R$ 500,00 à 900,00
Internet R$ 150,00
Telefone R$ 150,00
Escola R$ 500,00
Refeição/Supermercado/sacolão R$ 1.000,00
Plano de saúde R$ 400,00
Manutenção do carro R$ 100,00 a 200,00
Total R$ 4.350,00

Porém, o soldo líquido que resta para Requerente após os descontos dos
empréstimos gira em torno de R$ 2.300,00 (dois mil e trezentos reais):

Diante destas informações, evidente que o Requerente está vivendo mês


após mês em saldo negativo, as suas contas mensais estão tendo juros, multas por atraso
e isso só tende a piorar.

Por este motivo que o Requerente propõe, conforme detalhado no Plano


de Pagamento (doc. anexo),
ou do modo que este d. Juízo entender mais apropriado, que todos os seus empréstimos e
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demais dívidas apresentadas alhures sejam adequados para que não ultrapassem de 30%
(trinta por cento) de seus rendimentos líquidos mensais, vide Lei nº 14.181 de 2021, para
que o mesmo e sua família passem a viver com maior tranquilidade e dignidade.

III.VI. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


ANTECIPADA

Pretende o Requerente, em virtude dos relevantes fundamentos


expostos, que lhe seja deferida a tutela antecipada com a finalidade de que sejam
imediatamente suspensos os descontos em sua folha de pagamento, suspensos os
descontos do empréstimo pessoal em conta corrente e suspenso o saldo negativo em sua
conta corrente supracitados. Pretende também que os descontos sejam aplicados em
conformidade com o Plano de Pagamento apresentado no item III.V, desta, detalhado
ou do modo que este d. Juízo entender mais apropriado, não ultrapassando
o limite de 30% (trinta por cento) da sua renda líquida mensal, até a repactuação das
dívidas.

Nesse sentido, o artigo 300 do Código de Processo Civil estabelece:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados. O


periculum in mora se faz presente pelo fato de que se permanecerem os descontos em
folha de pagamento, desconto de empréstimo de crédito pessoal em conta corrente do
Requerente, além da manutenção do expressivo saldo devedor em conta corrente, nos
moldes atuais, suas dívidas só tendem a aumentar e remontar em juros, portanto, pleiteia
que seja imediatamente suspensos, passando a ser aplicados os descontos em
conformidade com o Plano de Pagamento apresentado no item III.V, desta, detalhado no
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ou do modo que este d. Juízo entender mais apropriado, não ultrapassando o
limite de 30% (trinta por cento) da sua renda líquida mensal, até a repactuação das dívidas.

Assim, a demora da prestação jurisdicional fará com que seu nome seja
considerado como negativado, e que as dívidas fiquem ainda maiores.

Já o fumus boni iuris fica demonstrado diante da comprovação do


direito do Requerente, conforme preceitua o artigo 54-A e 104-A do Código de Defesa
do Consumidor, adicionados pela Lei nº 14.181 de 2021.

Nesse passo, a doutrina majoritária considera que não há razão lógica


para aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar


o autor a esperar o tempo necessário à produção das provas dos fatos
impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se
desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à prova dos fatos,
cuja prova incumbe ao réu certamente o beneficia. (MARINONI, Luiz
Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT,
2017. p.284)

Ademais, tendo em vista a gravidade do direito que se pleiteia a


antecipação, requer-se que Vossa Excelência estabeleça prazo mínimo para cumprimento
da tutela pleiteada, sob pena de multa, conforme autoriza o artigo 537 do Código de
Processo Civil.

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser


aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença,
ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a
obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do
preceito.

Por todo exposto, e evidenciados os requisitos necessários para tanto,


requer-se a antecipação dos efeitos da tutela para que seja imediatamente suspensos os
descontos em sua folha de pagamento, suspensos os descontos do empréstimo pessoal em
conta corrente e suspenso o saldo negativo em sua conta corrente supracitados; que os
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descontos sejam aplicados em conformidade com o plano de pagamento apresentado no
ou do modo que este d. Juízo entender mais
apropriado, não ultrapassando o limite de 30% (trinta por cento) da sua renda líquida
mensal, até a repactuação das dívidas.

IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

a) Concessão do benefício da Justiça Gratuita, nos termos dos artigos


5.º, inciso LXXIV, da Constituição Federal e 98 do Código de Processo Civil;

b) Por todo exposto, e evidenciados os requisitos necessários para tanto,


requer-se a antecipação dos efeitos da tutela para que sejam imediatamente suspensos
todos os descontos em sua folha de pagamento, suspensos os descontos do empréstimo
pessoal em conta corrente e suspenso o saldo negativo em sua conta corrente que possui
no Requerido Banco Bradesco, passando os descontos aplicados imediatamente em
conformidade com o Plano de Pagamento apresentado no item III.V, desta, detalhado
ou do modo que este d. Juízo entender mais apropriado, não ultrapassando
o limite de 30% (trinta por cento) da sua renda líquida mensal, até a repactuação das
dívidas.

c) Sejam citados os Requeridos para se manifestarem na presente


demanda no prazo legal, sob pena de revelia e confissão;

d) Seja designada a audiência conciliatória nos termos do Art. 104-A


do Código de Defesa do Consumidor, com a presença de todos os credores e que o não
comparecimento implique a cominação estipulada no § 2ºdo artigo supra;

e) Sejam julgados PROCEDENTES os pedidos para:


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e.1) Confirmar a tutela de urgência para que sejam imediatamente
suspensos todos os descontos em sua folha de pagamento, suspensos os descontos do
empréstimo pessoal em conta corrente e suspenso o saldo negativo em conta corrente que
possui no Requerido Banco Bradesco; para que os descontos passam a ser aplicados em
conformidade com o Plano de Pagamento apresentado no item III.V, desta, detalhado no
ou do modo que este d. Juízo entender mais apropriado, não ultrapassando o
limite de 30% (trinta por cento) da sua renda líquida mensal, até a repactuação das dívidas.

e.2) Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer


credores, requer desde já que seja instaurado processo por superendividamento para
revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante
plano judicial compulsório, nos termos do art. 104-B do Código de Defesa do
Consumidor;

e.3) Condenar os Requeridos ao pagamento das custas e honorários


advocatícios, nos termos do artigo 85, parágrafos 1.º e 2.º, do Código de Processo Civil.

V. DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados, com inversão
do ônus da prova.

VI. DAS PUBLICAÇÕES

Sejam todas as publicações e intimações, referentes a este processo,


expedidas em nome do patrono que esta subscreve, Dr. Wendel da Silva Domingues
(OAB/RJ nº 203.513), sob pena de nulidade, nos termos do artigo 272 do Código de
Processo Civil.
e sete reais e oito centavos).
VII. DO VALOR DA CAUSA

Nestes termos, pede deferimento.

OAB/RJ nº 203.513
Rio de Janeiro/RJ, 13 de abril de 2022.

Dr. Wendel da Silva Domingues


Dá-se à presente causa o valor de R$ 109.107,08 (cento e nove mil cento
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