EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DA
CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA.
NOME DO IMPETRANTE, brasileiro, casado, advogado, portador da ceé dula de
identidade RG 000000000000 SSP/DF e inscrito no Ministeé rio da Fazenda no CPF/MF 0000000000000000, residente e domiciliado na (ENDEREÇO), e-mail xxxx@gmail.com, por seu advogado constituíédo, conforme procuraçaã o anexa, vem mui respeitosamente a presença de V. Exma. , com fulcro no Art. 43 do CDC (Lei 8.078/90), Arts. 7º e ss. da Lei 9.507/1997 e Art. 5º inciso LXXII, da CF/1988, impetrar o presente HABEAS DATA em face de SERASA S.A., pessoa juríédica inscrita no Ministeé rio da Fazenda no CNPJ/MF nº 62.173.620/0093-06, com sede na localizada no Setor de Raé dio e Televisaã o Sul 701 H Ed. Record 703 - Asa Sul, Brasíélia - DF, 70340-908, por meio de seu representante legal, pelos motivos de fato e de direito que se seguem: I DOS FATOS 1. O Impetrante teve o seu nome inserido no cadastro de inadimplente do SERASA pelo Banco Juros Altos diversas vezes. A eé poca da negativaçaã o, foi informado pelo oé rgaã o de proteçaã o ao creé dito das anotaçoã es, atraveé s do envio de “comunicado”. No entanto, naã o se dirigiu ao balcaã o de atendimento do SERASA para solicitar extrato com as referidas anotaçoã es. 2. Posteriormente, ingressou com açaã o cautelar de exibiçaã o de documentos contra o banco, para ter acesso aos contratos que deram origem aà s anotaçoã es. Poreé m, o banco naã o lhe apresentou os documentos requeridos, mesmo apoé s determinaçaã o judicial com traâ nsito em julgado, limitando-se a retirar as restriçoã es inseridas no nome do cliente no SERASA. 3. O impetrante, ingressou com diversas açoã es de desconstituiçaã o de díévida, cumuladas com pedido de indenizaçaã o por danos morais contra o Banco Juros Altos, o qual alega, em suas contestaçoã es, que ao cliente naã o prova o alegado, tendo em vista QUE SOMENTE JOUNTOU O “COMUNICADO” DO SERASA, sem apresentar o extrato fornecido pelo oé rgaã o com as anotaçoã es. 4. Ao dirigir-se ao SERASA para obter o extrato com as anotaçoã es da eé poca em que ocorreram as inscriçoã es indevidas, o autor foi informado que o SERASA somente emite extrato com as informaçoã es de momento, naã o informando ao consumidor a sua situaçaã o preteé rita. 5. Assim, o impetrante, requereu oficialmente ao impetrado, em 20/07/2017 o seu “histórico de restrições retroativas”, conforme demonstra o documento anexo. 6. Em resposta aà solicitaçaã o do consumidor, o impetrado enviou ofíécio ASSINADO PELA GESTAà O DE REQUERIMENTOS ADMINISTRATIVOS, informando que “somente presta informações sobre anotações que constem no seu banco de dados cadastrais, no momento da consulta, para o CPF/CNPJ consultado (...), exceto em casos de ofício judicial que determine a exibição de histórico das anotações em nossa base de dados.” (sic). 7. Assim, naã o resta outra alternativa ao impetrante, senaã o recorrer ao remeé dio constitucional do habeas data para ver assegurado o seu direito de acessar as informaçoã es contidas no banco de dados do SERASA, nos ué ltimos cinco anos, períéodo em que abarca o das negativaçoã es realizadas pelo Banco Juros Altos, visto que o proé prio impetrado informa que somente por meio de determinaçaã o judicial presta tais informaçoã es, tambeé m, por ser esse um direito previsto na constituiçaã o e na legislaçaã o consumerista. II DO DIREITO 8. O Coé digo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), garante ao consumidor o acesso aà informaçaã o em bancos de dados arquivados sobre ele. 9. Nesse sentido, o CDC eé bastante didaé tico: “Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.” 10. A Constituiçaã o Federal, no seu artigo 5º, inciso LXXII assegura ao cidadaã o, por meio do habeas data, o acesso as informaçoã es constantes em registros ou bancos de dados de caraé ter pué blicos, como se veâ : “CF 1988, Art. 5º LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;“ 11. Importante esclarecer que o SERASA e o SCPC são bancos de dados privados, que fornecem informações sobre crédito a quem contratar os seus serviços mediante o pagamento de tarifas pelas consultas. Assim, saã o obrigados a fornecer ao consumidor todas as informaçoã es que constem em seus registros sobre ele, conforme determina o Coé digo de Defesa do Consumidor e a Carta Maã e. 12. Sob a eé gide desta normatizaçaã o, o CDC, por seu artigo 43, regrou o funcionamento dos bancos de dados e cadastros de consumidores e, pelo paraé grafo quarto deste dispositivo, dispoâ s-se que tais bancos de dados passaram a ser considerados como entidade de caraé ter pué blico. “§ 4º Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.” 13. Com efeito, segundo esse entendimento jurisprudencial, se a pretensaã o da parte limita-se ao acesso a dado do registro negativo de creé dito, como se verifica no caso em tela, em que se busca sejam informadas suas datas de abertura e cancelamento, deve impetrar habeas data, tudo de acordo com o disposto no art. 5º, LXXII, a e b, da Constituiçaã o Federal. 14. Nesse condaã o, jaé decidiu o Colendo STJ: "APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS PARA FORNECIMENTO DE DADOS DO CONSUMIDOR EM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INADEQUAÇÃO DO PROCEDIMENTO. Não se presta a ação cautelar de exibição de documentos para atender pretensão de fornecimento de informações existentes acerca do autor em cadastro de serviço de proteção ao crédito. O remédio jurídico processual adequado para tanto é o 'habeas data' (art. 5º, LXXII, 'a', da CF/88 e art. 43 do CDC). Doutrina e precedentes jurisprudenciais. Destarte, ausente pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, é de rigor a sua extinção, sem resolução de mérito, forte no art. 267, IV do CPC. APELAÇÃO DESPROVIDA." (...) (AgRg no Ag n. 1.185.400/SP, Relator Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 19/5/2011, DJe 7/6/2011.) No caso dos autos, o Tribunal de origem, ao negar provimento ao recurso de apelação, fundamentou-se em matéria de cunho constitucional, qual seja: para a obtenção de informações acerca de datas em que o nome do consumidor foi inserido e excluído do banco de dados de órgãos de proteção ao crédito, deve o interessado se valer do remédio constitucional de habeas data, previsto no art. 5º, LXXII, da CF. (...) Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo, nos termos do art. 544, § 4º, II, a, do CPC. Publique-se e intimem-se. Brasília- DF, 19 de março de 2015. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA Relator. STJ - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL : AREsp 574935 RS 2014/0223004-2. 15. A Lei 9.507/1997 apresenta os procedimentos processuais para o ingresso e obtençaã o do remeé dio constitucional do habeas data. Como se verifica no texto da lei, o habeas data eé o instrumento usado para garantir o acesso a informaçoã es num banco de dados de uma entidade governamental ou de caraé ter pué blico. 16. Haé , portanto, um consenso jurisprudencial quanto a utilizaçaã o do habeas data para a obtençaã o, por meio judicial, das informaçoã es pertinentes ao impetrante, aà s quais lhe foram negadas administrativamente pelo oé rgaã o de proteçaã o ao creé dito. III – DOS PEDIDOS Diante do exposto e do que preceitua a legislaçaã o vigente, a doutrina e a jurisprudeâ ncia, requer-se o julgamento procedente da presente açaã o, em todos os seus termos, determinado desde jaé as seguintes provideâ ncias, requer-se: a) A citaçaã o do impetrado, por meio do seu representante legal, o Gestor de Requerimentos Administrativos, no endereço, Setor de Rádio e Televisão Sul 701 H Ed. Record 703 - Asa Sul, Brasília - DF, 70340-908, para que, entregue ao impetrante o histoé rico das informaçoã es inseridas em seu banco de dados, nos ué ltimos cinco anos, no prazo de 10 (dez) dias, conforme o disposto no artigo 9º da Lei 9.507/1997, e para que querendo, venha contestar os fatos narrados, sob pena de arcar com os efeitos da revelia. b) Pede-se a dispensa da realização de audiência de conciliação nessa fase inicial do processo (art. 334. § 4º, I, NCPC), haja visto a pouca resolutividade nessas audieâ ncias, especialmente por se tratar de medida satisfativa, findada com a entrega das informaçoã es requeridas. c) Pugna pela inversão do ônus da prova, conforme o disposto no artigo 6º, inciso VIII, do CDC (Lei 8.078/1990), caso seja necessário, naquilo que ao autor for de difícil comprovação em virtude da hipossuficiência do consumidor, especialmente por se tratar de informações ou documentos que estejam em posse do réu. d) Pede-se, ainda, a condenaçaã o da impetrada, nos moldes do artigo 13 da Lei 9.507/1997, obrigando a entrega definitiva do histoé rico de restriçoã es em nome do autor, anotadas no banco de dados do SERASA, nos ué ltimos cinco anos. e) Requer a gratuidade da justiça, conforme o disposto no artigo 5º, LXXVII da CF/88 e Art. 21 da Lei 9.507/1997. f) Por fim, requer a condenação da reé no pagamento das custas processuais e honoraé rios de sucumbeâ ncia fixados por V. Exª, nos moldes do Art. 85, paraé grafo 2º, do novo CPC. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, em especial pelas provas documentais juntadas e outras que vierem a ser produzidas no curso processual, provas testemunhais, pelo depoimento pessoal dos representantes do reé u, sob pena de confissaã o e demais provas que vierem a ser produzidas durante a instruçaã o processual. Daé a presente causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), somente para fins fiscais. Termos em que, Pede e espera deferimento. Brasíélia, 11 de agosto de 2017. Advogado OAB DF 0000