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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DA 5 ª VARA DO TRABALHO DA CIDADE DE

CURITIBA- PR

Processo n º 0000555-59 2022.5 09.0005

Reclamante: xxxxxxxxxxx

Reclamada: Laminasul Ltda

LAMINASUL LTDA, já qualificada na petição inicial, vem respeitosamente


perante Vossa Excelência, por intermédio de suas advogadas (procuração anexa),
com escritório profissional no endereço xxxxxxx, onde recebe intimações e
notificações, com fulcro no artigo 847, da CLT e arts. 335, 336 e seguintes do CPC,
aplicados supletiva e subsidiariamente ao processo do trabalho por força do artigo
769 da CLT e artigo 15 do CPC, apresentar CONTESTAÇÃO à Reclamatória
Trabalhista que lhe move xxxxxxxx, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas.

I- SINTESE DA ALEGAÇAO EXORDIAIS

Alegou o Reclamante, em síntese, que foi admitido pela Reclamada em


06/04/2019, para exercer a função de vendedor externo , percebendo o salário de
R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais) mensais, sendo dispensado sem justa causa em
26/06/2021. Diz o Reclamante que extrapolava a jornada de 44hs semanais. Aduz
que sua jornada era de segunda a sexta, das 08h00 às 12h00 – 13h00 as 18h00, o
mesmo relatou que três vezes na semana, iniciava seu expediente ás 05h00 da
manhã ate as 23h30min da noite, principalmente em viagem visitar cliente e buscar
material nos clientes, na maioria das vezes nem parava para almoçar. Realizava
01h00 de intervalo, porém 1x na semana realizava apenas 30 minutos de intervalo.
O reclamante afirmou que trabalhou sem registro em CTPS durante 90 dias
antes da contratação , e que recebia a latere , o valor de 2.000,00 . Também relatou
que recebeu somente 4x a comissão e foi feito em deposito, mas não consta em
folha de pagamento , que variavam de média de 980,00 e 5.000,00 no mês.
Pediu, portanto o reconhecimento de vinculo empregatício, no período de 06 de
janeiro de 2019 a 26 de junho de 2021 , a integração do pagamento a latere , e de
comissão ao salario do reclamante a condenação da reclamada ao pagamento de
horas extras , de adicional noturno ao recolhimento do FGTS . Ao pagamento do
proporcional ao intervalo intrajornada , verbas rescisórias e o deposito do INSS
referente as verbas deferidas na inicial .

II- PRELIMINAR
JUSTIÇA GRATUITA- BENEFÍCIO INDEVIDO

A Reclamante pleiteia os benefícios da justiça gratuita sem atender às


exigências e formalidades previstas em lei, razão pela qual deve ser-lhe negado o
benefício. 
Não há como prosperar o pedido de justiça gratuita, vez que o Reclamante
não provou a necessidade de tal concessão, mesmo porque, contratando
profissional do direito.
Conforme ensina a doutrina e jurisprudências mais balizadas, a justiça
gratuita é forma de garantir o livre acesso ao Poder Judiciário aos efetivamente
necessitados, e não pode ser utilizada como meio para a parte furtar-se ao
pagamento de custas e despesas processuais, prodigalizando um instituto de direito
processual tão importante à democracia.
Tanto esta assertiva é verdadeira, que a assistência judiciária gratuita é
destinada apenas e tão-somente àqueles que COMPROVAREM real insuficiência
material, conforme dispõe o artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal, e o
artigo 2º da Lei número 1060/50, in verbis:
“Art. 5º. (...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de fundos;” (Grifo Nosso)
“Art. 2º Gozarão dos benefícios desta lei os nacionais e estrangeiros residente no
país, que necessitem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho.
Parágrafo único. Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja
SITUAÇÃO ECONÔMICA não lhe permita pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.”
(Grifo Nosso)
Se o constituinte condicionou a favor da gratuidade a prova de insuficiência
econômica (medida de proteção ao patrimônio público), não cabe ao legislador
ordinário dispensá-la (JTJ 196/239 e 240). Neste sentido:
“Assistência judiciária - parte que contratando advogado, pede justiça gratuita
tendo em vista não possuir condições econômicas de pagar as custas do processo,
sem prejuízo do sustento próprio e de sua família – indeferimento em 1º grau,
lançado nos autos principais, que se mantém, improvido o agravo de instrumento,
superada a falta de preparo do recurso ante a peculiaridade de voltar-se contra o
indeferimento da assistência judiciária. A própria agravante limita-se a alegar a
impossibilidade do pagamento de custas, mas não da honorária advocatícia, tendo
contratado patronato. “Agravo de instrumento nº 340.508-4/3, Relator Des. Marcos
César, j. 2 de março de 2004." (Grifo Nosso)
“BENEFÍCIOS DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA. JUSTIÇA DO TRABALHO.
INDISPENSABILIDADE DA ASSISTÊNCIA SINDICAL. A representatividade
processual pelo sindicato da categoria profissional é delimitadora da possibilidade de
concessão da benesse insculpida na Lei nº 1.060/50, no âmbito do Judiciário
Trabalhista. Exegese da regra do artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal, que
prevê a assistência jurídica integral, pelo Estado, àqueles aptos a usufruir dos
benefícios da gratuidade da justiça, e do disposto no artigo 14 da Lei nº 5.584/70. Ao
exercer livremente a opção de contratar advogado particular, despe-se, o
necessitado, da prerrogativa que lhe garante a legislação comentada, não podendo
mais valer-se desta condição, ainda que eventualmente forneça declaração
comprobatória de fragilidade econômica.” Recurso Ordinário em Rito Sumaríssimo -
Data de Julgamento: 12/06/2003 - Relator (a): Mariangela de Campos Argento
Muraro- Acórdão nº: 20030294473 - Processo nº: 00964-2002-063-02-00-0 - Ano:
2003 - Turma: 2ª - Data de Publicação: 01/07/2003 - Recorrente: Francisca Lourenço
Fernandes - Recorrido (S): Clean Mall Serviços S/C Ltda. (Grifo Nosso)
“Gratuidade judiciária trabalhista - Seja na forma do Decreto-lei nº 229, de
28.02.1967 (revogado parágrafo 9º do art. 789 da CLT), ou naquela prevista pela
atual redação do art. 790, parágrafo 3º, consolidado (Lei nº 10.537, de 27.08.2002,
DOU de 28.08.2002, em vigor trinta dias após sua publicação oficial), o benefício da
justiça gratuita trabalhista é faculdade que só pode ser exercida pela autoridade
jurisdicional quando o reclamante atender nos autos os pressupostos fáticos e legais
para tal gratuidade, sob pena de estar-se abrindo mão de algo que pertence ao
Estado, do qual o Juiz é agente.” Recurso Ordinário - Data de Julgamento:
10/06/2003 - Relator: Ricardo Verta Luduvice - Revisor (a): Tânia Bizarro Quirino de
Morais – Acórdão Nº: 20030284109 - Processo nº: 51281-2002-902-02-00-4 - Ano:
2002 - Turma: 5ª - Data de Publicação: 04/07/2003 - Recorrente: Daniel Carvalho Da
Silva - Recorrido (S): Orion Transportes Ltda (Grifo Nosso)
“Inexiste arrimo legal para julgador de primeira instância declarar beneficiário de
gratuidade judiciária o reclamante que não atende aos requisitos erigidospara tanto,
contidos nas Leis nº 1.060/50 (art. 4º) e 5.584/70 (art. 14).”Recurso Ordinário em
Rito Sumaríssimo - Data de Julgamento: 19/03/2002 - Relator: Ricardo Verta
Luduvice - Acórdão Nº: 20020176664 - Processo nº:02871-2002-902-02-00-3 - Ano:
2002 - Turma: 4ª - Ata De Publicação:05/04/2002 - Recorrente: Dolores Barbosa
Malaquias - Recorrido (s):São Paulo Transporte S/A E M Falida De Masterbus
Transportes Ltda (Grifo Nosso).
Ora, já não é sem tempo dessa D. Justiça Especializada, a exemplo do que já
vem ocorrendo com as Justiças Comum e Federal, exigir do solicitante a efetiva
comprovação da alegada incapacidade econômica para efetuar o pagamento das
custas judiciais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família.
A Lei nº 1.060/50, quando garante à parte o direito ao benefício da assistência
judiciária gratuita, pressupõe sua assistência por advogado dativo, figura inexistente
na Justiça do Trabalho, que deve fazer representado conforme pelo advogado do
Sindicato Profissional, conforme artigo 14 da Lei nº 5.584/70.
O próprio § 10 do artigo 789, da CLT, disciplina que “§ 10 - O sindicato da
categoria profissional prestará assistência judiciária gratuita ao trabalhador
desempregado ou que perceber salário inferior a cinco salários mínimos ou que
declare, sob responsabilidade, não possuir, em razão dos encargos próprios e
familiares, condições econômicas de prover à demanda”.
Por tais fundamentos, considerando-se que estão ausentes os requisitos
legais para a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, mormente
a falta de patrocínio da causa pelo Sindicato da Categoria, deve ser INDEFERIDO o
pedido de gratuidade.
Todavia, caso concedida a gratuidade, requer, com fulcro no parágrafo 1º do
artigo 5º da Lei 1060/50, que Vossa Excelência notifique o serviço de assistência
judiciária para que indique, no prazo de 2 (dois) dias úteis, o advogado que
patrocinará a causa do necessitado.

III- MERITO

1- DO CONTRATO DE TRABALHO

De fato, o Reclamante trabalhou nas dependências da Reclamada, no


período compreendido entre 06/04/2019 à 26/06/2021, ocasião em que foi
dispensado sem justa causa, recebendo todos seus consectários legais, guia para
levantamento do FGTS e TRCT.
Contudo, ao contrário do que aduziu, a jornada de trabalho do reclamante
sempre foi de segunda à sexta-feira, das 08:00 às 18:00, com 01 hora para intervalo
e descanso, sendo que JAMAIS ficava sem seu intervalo pra refeição.
“Ad Cautelam” a Reclamada impugna todas as alegações da inicial por serem
decorrentes de entendimento equivocado.

2- INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

“Art. 818.

Requer ônus da prova, nos termos do Art. 818, inciso 2º, da CLT. Os cartões
já estarão consignado nos autos no momento da audiência, porém na
réplica cabe o reclamante apontar as diferenças e se constam nos contracheques o
pagamento da horas extras.

3- DA JORNADA DE TRABALHO

DA INEXISTÊNCIA DE HORAS EXTRAS NÃO REMUNERADAS E REFLEXOS


Aduz o Reclamante que, laborava habitualmente em jornada extraordinária,
contudo, não recebeu corretamente pelas horas laboradas, alegações estas que não
podem ser aceitas por V. Exa., senão vejamos:

Conforme já elucidado, diferentemente das afirmações constantes da inicial,


cumpriu o Reclamante jornada de trabalho de segunda à sexta-feira, nos horários
das 08:00 às 18:00, com 01 hora para intervalo e descanso, conforme comprovam
os cartões de ponto acostados.
Ademais, importante frisar que o Reclamante realizava 01 hora de intervalo.

Desta feita, não há que se falar no pagamento de horas extras, uma vez que,
não há irregularidades quanto a jornada laboral, uma vez que sua jornada jamais
ultrapassou o permitido por lei.
Ante o exposto, o pedido de pagamento das horas extras merece ser julgado
integralmente improcedente, bem como, as integrações e reflexos nos consectários
de direito, posto que, em não havendo a condenação no pagamento do principal,
não há que se cogitar no pagamento do acessório; assim, da mesma forma deverá
ser julgada o pleito quanto à incidência dos reflexos em DSR's, 13o salários
proporcionais, férias proporcionais + 1/3, FGTS + 40%, e demais consectários.
Diante do exposto, o ônus da prova compete aquele que alega, cabendo ao
reclamante, comprovar a realização de horas extras, tudo na forma do artigo 818 da
CLT e art. 333, inciso I, do Código de Processo Civil.

Neste sentido:

“HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova quanto às horas


extraordinárias é do autor, por se tratar de fato constitutivo de seu direito
(inciso I do artigo 333 do CPC e artigo 818 da CLT). Os registros de horários
trazidos pela reclamada, devidamente assinados pelo obreiro, merecem
credibilidade, quando não infirmados por prova em contrário. Recurso a que
se nega provimento. (TRT/SP - 00971200700202006 - RO - Ac. 8aT 20090904332
- Rel. SILVIA ALMEIDA PRADO - DOE 23/10/2009)
Outrossim, apenas por argumentar, na remota hipótese de serem deferidas
horas extras, requer a Reclamada seja observada a efetiva remuneração da
Reclamante, bem como, os respectivos adicionais de 50% (cinquenta por cento) de
acordo com a carta Magna de 1988, observando ainda a compensação das horas
extras quitadas.

4- ADICIONAL NOTURNO

Improcedem o pedido de condenação da reclamada no pagamento de horas


extras declinadas na exordial.
O autor foi admitido para laborar externamente como vendedor externo
Portanto, sendo por excelência um trabalho externo, por consequência, impossível
controle de jornada, descabendo assim falar em horas extras, nos termos do Art. 62,
I, da CLT.
Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime
previsto neste capítulo:
I - os empregados que exercem atividade
externa incompatível com a fixação de
horário de trabalho, devendo tal condição ser
anotada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social e no registro de
empregados.

5- DAS DIFERENÇAS DE VERBAS RESCIÓRIAS, FÉRIAS, 13o, FGTS E


RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS, COMISSÃO

A teor do que dispõe o artigo 92 do CC/02, ante a total inexistência de valore


devidos, tais como horas extras, comissões, não há que se falar em integrações nas
verbas salariais e rescisórias por serem totalmente indevidas.

COMISSÃO

É ônus do trabalhador provar a ocorrência de pagamento realizado “por fora”,


nos termos dos artigos 818 da CLT e inciso I do artigo 333 do CPC. Assim, havendo
prova robusta do seu pagamento , de se referir a sua integração ao salario e
respectivos reflexos.

6- DO FGTS

A reclamada confessa que não procedeu ao recolhimento do FGTS do


reclamante. Para efeito da multa do art. 467 da CLT, a reclamada informa que
procederá ao pagamento dos valores devidos durante todo pacto laboral .

7- MULTAS DO ARTIGO 477 DA CLT

Improcede o pleito da multa do artigo 477 da CLT, posto que, não houve
atraso na apuração das verbas rescisórias do Reclamante, não merecendo a
procedência do pedido.
Insta consignar que, tampouco se pode alegar que o deferimento de qualquer
importe através da presente Reclamação, faria incidir a multa em questão, uma vez
que, apuradas as verbas rescisórias dentro do prazo legal, o deferimento de
qualquer diferença não importa no pagamento da referida multa.
Ademais, mencionado artigo celetista não prevê qualquer pagamento quando
alguém alega controvérsia quanto às verbas que lhe são devidas perante a Justiça
do Trabalho, restando ilegal a pretensão contida na inicial.

8- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


(Perdas e Danos e Sucumbência)

A Reclamada desde já impugna o pedido da Reclamante concernente ao


pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais.
Ao que parece, o Reclamante tenta impor à Reclamada o pagamento dos
honorários advocatícios de seu patrono, que no processo do trabalho é descabido,
conforme artigo 791 da CLT e Súmula no 329 do TST, exceto no caso de entidade
sindical, quando são devidos honorários advocatícios na Justiça do Trabalho.
Ademais, a Reclamada não cometeu qualquer ato que desse ensejo à
referida reparação, tratando a escolha do patrono de livre vontade do Reclamante já
que podia-se valer do Sindicato ou até da reclamação verbal.
Nesse sentido, em recentes julgados, o nosso Tribunal têm o seguinte
entendimento quanto a questão de honorários advocatícios a título de perdas e
danos:

EMENTA: INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. ART. 389 DO CÓDIGO


CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LEI 5.584/70. SÚMULA 219 DO C.
TST. Por existir legislação específica e prioritariamente aplicável ao Processo
do Trabalho, mais especificamente a Lei 5.584/70, que trata da questão dos
honorários advocatícios, e que condiciona sua condenação à assistência ao
empregado, na ação trabalhista, por sindicato de classe e ao estado de
miserabilidade, na acepção jurídica do termo, resta inaplicável o teor do
art. 389 do Código Civil para sustentar condenação da Reclamada em
pagamento de indenização por perdas e danos referentes aos honorários
de advogado, sendo aplicável ao caso, ainda, o teor do item I
da Súmula no 219 do C. TST, que cristaliza o entendimento
jurisprudencial iterativo, notório e atual daquela Corte, a respeito.
Recurso Ordinário a que se dá provimento, no aspecto. TRT/SP -
01630200607302004 - RO - Ac. 5aT 20080473649 - Rel. ANELIA LI CHUM -
DOE 20/06/2008. (negrito e Grifo nosso)
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. Na Justiça do Trabalho a
Lei 5.584/70 é que estabelece o cabimento de honorários advocatícios, uma
vez não preenchidos os requisitos ali estabelecidos, que é o caso dos autos,
indevida a verba honorária. Ressalta-se que o artigo 133 da Constituição
Federal de 1988 não teve o condão de afastar o jus postulandi na Justiça do
Trabalho. Súmula no 219 do C. TST. Se a parte não faz jus à verba honorária
por não estar assistida pela entidade sindical, por óbvio não pode obter a
condenação do ex adverso ao pagamento dessa verba sob o disfarce de
indenização por perdas e danos com base no art. 404 do Código Civil.
TRT/SP - 00624200605502008 - RO - Ac. 12aT 20080550686 - Rel.
MARCELO FREIRE GONÇALVES - DOE 04/07/2008. (Negrito nosso)
Cumpre ressaltar que o art. 133 da Carta Magna não eliminou o jus postulandi
das partes no processo do trabalho, devendo-se aplicar o disposto nas Leis nas:
5.584/70 e 1.060/50, esta última com alteração introduzida pela Lei n.o 7.510/86.
Assim, são indevidos honorários advocatícios na Justiça do Trabalho, vez que
não preenchidos os requisitos das Leis acima citadas, conforme se dessume a
jurisprudência abaixo mencionada:

“EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INDEFERIMENTO NA


JUSTIÇA DO TRABALHO. A despeito de ter a Reclamante firmado
declaração de pobreza, não estando assistido pelo sindicato de classe
restam indevidos os honorários advocatícios pela reclamada
sucumbente. Incidência da Súmula no 219 do C. TST. TIPO: RECURSO
ORDINÁRIO - DATA DE JULGAMENTO: 12/05/2009 - RELATOR (A):

RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS - ACÓRDÃO No: 20090363684 -


PROCESSO No: 00937-2008-006-02-00-8 - ANO: 2009 - TURMA: 4a - DATA
DE PUBLICAÇÃO: 22/05/2009
EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. Verba honorária
é incabível: a) não há os requisitos da Lei 5.584/70, nos artigos 14 e
seguintes (Súmulas 219, 329 e OJ 304 e 305); b) o art. 133 da CF não é
auto-aplicável e não derrogou o teor do art. 791 da CLT. A verba
honorária pela sucumbência é indevida, já que as partes no processo do
trabalho possuem a capacidade postulatória. A princípio, por outro
fundamento, ou seja, pela aplicação da responsabilidade civil e pelo
princípio da restituição integral, a parte que tem despesas com
honorários advocatícios tem o pleno direito de ser ressarcida de acordo
com os artigos 389 e 404 do Código Civil. Este é o entendimento pessoal
deste Juiz Relator. Contudo, em atendimento à posição dominante da
Turma, rejeita-se o pedido de indenização pelos honorários advocatícios
contratuais ante os parágrafos iniciais deste tópico. TIPO: RECURSO
ORDINÁRIO - DATA DE JULGAMENTO: 18/11/2010 - RELATOR (A):
EDILSON SOARES DE LIMA - ACÓRDÃO No: 20101201472 - PROCESSO
No: 02242-2006-201-02-00-3 - ANO: 2008 - TURMA: 12a - DATA DE
PUBLICAÇÃO: 26/11/2010
Ressalte-se, ainda, que o pedido de honorários advocatícios encontra óbice,
ainda, na Súmula 219 do C. TST, que prevê o pagamento de citada verba apenas
para os casos em que a Reclamante esteja assistido em Juízo por Sindicato de
Classe e perceba salário inferior ao dobro do mínimo legal e, ainda, comprove não
ter condições econômicas de arcar com os ônus do processo, sendo certo que a
Reclamante não se enquadra em nenhum dos referidos requisitos, na medida em
que, contratou advogado particular e percebia salário superior ao dobro do mínimo
legal.
Outrossim, incabível a indenização pleiteada, na medida em que a CLT,
diploma legal aplicável nesta Justiça Especializada, possui dispositivos aplicáveis
específicos para o tema.

Neste sentido, colaciona a Ré recente jurisprudência:

EMENTA: Honorários advocatícios. Indevidos. Não configurada a


hipótese preconizada pela Lei 5.584/70, que dispõe acerca das hipóteses
de cabimento dos honorários advocatícios nesta Justiça Especializada,
ainda em vista do disposto no artigo 133, da Constituição Federal.
Súmulas n. 219 e 329, do C. TST. TIPO: RECURSO ORDINÁRIO - DATA
DE JULGAMENTO: 16/11/2010 - RELATOR (A): SILVIA REGINA PONDÉ
GALVÃO DEVONALD - ACÓRDÃO No: 20101202894 - PROCESSO
No: 01653-2007-003-02-00-9 - ANO: 2009 - TURMA: 3a - DATA DE
PUBLICAÇÃO: 26/11/2010
EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Os honorários de advogado,
na Justiça do Trabalho, são devidos, apenas, quando o autor estiver
assistido por advogado de seu sindicato de classe, nos termos das
Súmulas 219 e 329, do C. TST. TIPO: RECURSO ORDINÁRIO - DATA DE
JULGAMENTO: 16/11/2010 - RELATOR (A): MERCIA TOMAZINHO -
ACÓRDÃO No: 20101203165 - PROCESSO No: 00646-2008-444-02-00-9 -
ANO: 2009 - TURMA: 3a - DATA DE PUBLICAÇÃO: 26/11/2010
EMENTA: "Honorários Advocatícios - A Súmula 329, o E. TST, manteve o
entendimento de que, nesta Justiça Especializada, o deferimento de
honorários advocatícios não depende de sucumbência, e, para tanto a
parte deve estar assistida por seu sindicato profissional e,
cumulativamente, perceber menos que dois salários
mínimos."TIPO: RECURSO ORDINÁRIO - DATA DE JULGAMENTO:
09/11/2010 - RELATOR (A): ANA MARIA CONTRUCCI BRITO SILVA -
ACÓRDÃO No: 20101173568 - PROCESSO No: 00448-2008-011-02-00-1 -
ANO: 2009 - TURMA: 3a -DATA DE PUBLICAÇÃO: 19/11/2010

Desta forma, resta especificamente impugnado o pleito declinado no rolde


pedidos que integra a exordial, devendo ser declarada a IMPROCEDÊNCIA do
pedido de condenação da empresa ao pagamento de honorários advocatícios.

DOS DOCUMENTOS JUNTADOS

Conforme determina claramente o Novo Código de Processo Civil, incumbe à


parte instruir a petição inicial com todos os documentos destinados a provar suas
alegações, sendo admitidos documentos posteriormente SOMENTE SE
devidamente provada a inacessibilidade à época da distribuição, in verbis:
Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os
documentos destinados a provar suas alegações.
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos
novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articuladosou
para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos
formados após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se tornaram
conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os
produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo
ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5o.
No presente caso, os documentos anexados são: cnpj, exame médico,
atestado de saúde ocupacional, comprovante das verbas rescisórias, Termo de
rescisão do contrato de trabalho, pedido de demissão, recibo de férias, contra
cheques e ficha de registro do contrato do empregado
REQUERIMENTO FINAL

Provará o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidos,


especialmente pela juntada de documentos, depoimento pessoal das partes, oitiva
de testemunhas e todos os outros que se fizerem necessários a perfeita instrução do
feito.
Por todo o exposto, protestando por todos os meios de prova admitidas em
direito, em especial, depoimento pessoal da Reclamante sob pena de confessa e
juntada de novos documentos, requer a Reclamada seja apreciada a preliminar
acima arguida e no mérito seja a demanda julgada INTEIRAMENTE
IMPROCEDENTE, pois os pedidos são impertinentes e descabidos e, ao final, seja o
reclamante condenado como LITIGANTE DE MÁ FÉ, com a condenação da
Reclamante em todos os consectários legais, como medida da mais lídima
JUSTIÇA!

Nestes termos,

Pede deferimento.

Curitiba, 12 de setembro de 2022.

LURIANE FERNANDA LIMA DA SILVA


OAB/PR XX.XXX

VITTORIA LETICIA RIBEIRO ROSA


OAB/PR XX.XXX

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