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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ______ VARA DO

TRABALHO DE SÃO PAULO/SP.

PROCESSO 0000000-00.0000.0.00.0000

FULANO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos


da Reclamatória Trabalhista supra, comparece à presença de Vossa Excelência, por seu
advogado e procurador infra-assinado interpor AGRAVO DE PETIÇÃO, nos termos
das razões anexas, requerendo que Vossa Excelência se digne a remeter ao Egrégio
Tribunal Regional do Trabalho da 0ª Região, com fulcro no artigo 897, ‘a’, da
Consolidação das Leis do Trabalho, para que, julgando o presente, modifique a sentença
a quo.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de


admissibilidade do recurso, quais sejam:
a) Tempestividade – As razões recursais foram interpostas
no prazo de 8 dias.
b) Custas Processuais – O reclamante é beneficiário da
justiça gratuita. Não obstante a ausência do recolhimento das custas, considerando que o
objeto do presente Agravo de Petição é justamente a isenção do pagamento de referida
taxa processual, requer seja recebido o Agravo de Petição.
c) Delimitação da Matéria Impugnada – Custas
Processuais.
d) Delimitação do Valor Impugnado – R$800,00.
Diante do exposto, tendo em vista que foram observados
todos os pressupostos de admissibilidade, requer recebimento e conhecimento do
presente recurso, e a sua posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho
da 0ª Região.

São Paulo, 21 de agosto de 2018.


Advogado Advogado
OAB/SP 00.000 OAB/SP 00.000
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.

AUTOS Nº 0000000-00.0000.0.00.0000

AGRAVANTE: FULANO DE TAL

AGRAVADA: EMPRESA S/A

Ínclitos Magistrados,

I – DA PRELIMINAR DE MÉRITO: DO PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA – DANOS GRAVES DE DIFÍCIL
REPARAÇÃO.
O autor é pessoa pobre e detentor da justiça gratuita, uma
vez que recebia salário pouco mais de R$1.600,00 e no momento encontra-se
desempregado.
Ora Exas., não é razoável que o Juízo/Estado imponha e
agrave a miserabilidade do trabalhador aplicando uma lei contrária à constituição em
todos os seus termos.
O artigo 3º da CF/88: “Constituem objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil: III - erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV- promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
O Código de Processo Civil no art. 833, inc. IV,
estabelece que são impenhoráveis os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários,
as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os
montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao
sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal.
Ademais Excelências, o reclamante ausente em audiência
inicial, condenado em custas, em fase de execução sofreu bloqueio e transferência do
valor de R$136,62, único valor encontrado em suas contas bancárias o que demonstra
claramente a condição de miserabilidade do obreiro. Por conseguinte, dando
prosseguimento à execução, o reclamante deve apresentar o veículo motocicleta, de sua
propriedade, para confecção do Termo de Penhora.
Excelências, o autor encontra-se em situação de
desespero uma vez que além do valor já penhorado, para ele significativo, está em
vias de ter seu veículo penhorado, veículo este utilizado para garantir seu sustento
uma vez que realiza “bicos” e serviços diante da notória dificuldade em buscar
uma boa colocação no mercado de trabalho nos dias atuais, neste país.
Desta forma, principalmente em razão da ameaça ao
sustento do trabalhador, a parte autora requer a suspensão da execução.
Por estas razões, vem requerer a antecipação dos
efeitos da tutela requerida no presente Agravo de Petição, a fim de que seja
deferido ao recurso, efeito suspensivo, ou seja, que a decisão a quo não produza
efeitos até o trânsito em julgado.

II. DOS MOTIVOS DA REFORMA DA


RESPEITÁVEL DECISÃO SOBRE CUSTAS PROCESSUAIS.
Em razão da ausência do agravante em audiência
inaugural a MM. Magistrada Monocrática condenou o autor ao pagamento de custas
processuais no importe de R$800,00 (Oito Centos Reais), calculadas sobre o valor da
causa de R$40.000,00.
No prazo para apresentação da justificativa legal o autor
manifestou-se prestando a devida justificativa para sua ausência anexando aos autos,
fotografia corroborando com suas alegações, nos seguintes termos: “...o reclamante
sofreu acidente com sua moto. O acidente foi leve, sofreu algumas escoriações e
pequenos danos ao veículo.
Porém, o acidente lhe custou o atraso, chegando com poucos minutos após
acontecer a audiência...”
O juízo a quo não considerou a justificativa do obreiro e
antes mesmo de mandar citar o reclamante, determinou a penhora de créditos bancários
do mesmo, através do sistema BACENJUD. Assim, V. Exa. procedeu ao bloqueio do
valor de R$136,62, único valor disponível em suas contas bancárias.
Posteriormente, em sede de embargos a parte autora
demonstrou sua discordância com o teor da execução e em Sentença a MM. Magistrada
Monocrática procedeu a seguinte determinação: “...como é necessário o
prosseguimento da execução, determino ao executado que apresente a motocicleta
YAMAHA/FAZER YS250 placa 000-000 a este Juízo, no prazo de 05 dias, para que seja
realizada a penhora, sob pena de multa por infração ao disposto inciso III, do art. 774
do CPC....”
O reclamante efetivamente deixou de recolher as custas
processuais pelo não comparecimento em audiência inaugural, em sua integralidade,
bem como, de garantir a Execução, pois trata-se de pessoa pobre, não tendo condições
de arcar com as custas decorrentes do processo.
Justamente diante de sua condição de pobreza, requereu na
peça de ingresso os benefícios da Justiça Gratuita.
Tal fato resta comprovado, inclusive, a partir da penhora
realizada a qual encontrou ínfimos valores constates nas contas bancárias do obreiro.
Vale destacar ainda que a ação objeto da cobrança
estava sob a égide da CLT não reformada pela lei em vigor a partir de 11 de
novembro de 2017.
O agravante tem interesse em ver seus direitos
reconhecidos por meio da ação trabalhista e ante a falta de condições de arcar com as
custas processuais em razão de sua condição de pobreza, encontra-se impedido de
acessar a Justiça. Ainda que respeite os argumentos do MM. Magistrada, requer a V.
Exas. a reforma da decisão de primeiro grau.
Assim, no sentido de trazer efetividade a norma
constitucional no que tangem os objetivos fundamentais da república, tais como
“erradicação da pobreza”, “reduzir a desigualdade”, a “igualdade entre os brasileiros”,
“a segurança” e o “acesso à justiça”, os artigos 98 e 99 do CPC, estabelecem a
gratuidade de acesso do cidadão ao Poder Judiciário, como vemos os parâmetros
elencados nos artigos citados, garantindo o acesso à justiça:
Artigo 98 - A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência
de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios
têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

Artigo 99 - O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na


contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1º (...)
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural.
§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de
gratuidade da justiça. ”
Excelências, o acesso à justiça é um direito fundamental
da República. O artigo 3º da CF/88 assim, passa a estabelecer:
“Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:III - erradicar
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV-
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Ou seja, a efetiva aplicação dos princípios e das normas do
Direito do Trabalho, tem por finalidade cumprir o mandamento constitucional
insculpido no artigo 3º e 5º da CF/1988.
Na mesma linha, o artigo 5º da CF/1988 estabelece que:
Art. 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”.
Com todo respeito à MM. Magistrada, mas esta vem
agindo mal, uma vez que desconsidera totalmente a justificativa apresentada pela parte
autora. Ora Excelências, não há no dispositivo legal, art. 844 da CLT, rol de
justificativas às quais autorizam a ausência da parte em audiência para serem ilididas as
custas. O que o artigo determina é que a parte autora justifique sua ausência para fins
de, unicamente, a não condenação ao pagamento de custas processuais.
Além de tal situação Excelências, repise-se, a parte autora
é pessoa pobre, beneficiária da justiça gratuita, uma vez que percebia salário
aproximado de R$1.600,00. Destaca-se ainda, que todo o contrato de trabalho
transcorreu durante a vigência da CLT anterior à chamada Reforma Trabalhista, lei
13.467/2017.
Evidente que esta persecução executória à parte autora,
vem jogando o trabalhador e sua família mais ainda à condição de miséria, não
observando o juízo o mandamento previsto na Constituição do dever do Estado de
erradicar a miséria e a pobreza.
Pois bem, na contramão dos princípios constitucionais
de acesso à justiça, do princípio da igualdade entre outros que tem cunho
civilizatório, a lei 13467/17 merece ser questionada, a luz da Constituição de 1988.

No mesmo sentido, quanto ao Acesso à Justiça, a


EMENTA 103 – ACESSO À JUSTIÇA, da 2ª Jornada de Direito e Processo do
Trabalho da ANAMATRA, estabelece:
ACESSO À JUSTIÇA. ART, 844, § 2º E § 3º, DA CLT. INCONSTITUCIONALIDADE.
VIOLA O PRINCÍPIO DE ACESSO À JUSTIÇA A EXIGÊNCIA DE COBRANÇA DE
CUSTAS DE PROCESSO ARQUIVADO COMO PRESSUPOSTO DE NOVO
AJUIZAMENTO. O PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA É UMA DAS RAZÕES DA
PRÓPRIA EXISTÊNCIA DA JUSTIÇA DOTRABALHO, O QUE IMPEDE A
APLICAÇÃO DESSAS REGRAS, INCLUSIVE SOB PENA DE ESVAZIAR O
CONCEITO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA.
Ademais, conforme descrito no artigo 5º da Constituição
Federal: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.”. Necessário frisar também os princípios da vedação de decisões surpresa,
conforme dispõe o artigo 10 do NCPC, a estabilidade e a segurança jurídica.
Assim, ante ao exposto e na melhor forma de JUSTIÇA,
vem requerer a Vossas Excelências a suspensão da execução, bem como, a reforma da
Decisão de Primeiro Grau, isentando o autor do pagamento das custas geradas em razão
do arquivamento da ação proposta anterior a reforma, com o desbloqueio e devolução
do valor de R$136,62 concedendo a ele o benefício pleno da gratuidade da justiça.
Por conseguinte, requer que o processo retorne à Vara do
Trabalho de origem para o seu devido processamento.

III. REQUERIMENTOS.
Assim o autor requer o julgamento pela procedência do
presente Agravo de Petição, repise-se, para isentá-lo no pagamento das custas geradas
em razão do arquivamento da ação proposta anterior a reforma, concedendo a ele o
benefício pleno da gratuidade da justiça.
Diante do exposto, requer que o presente recurso seja
conhecido, estando certa a parte recorrente de que será dado integral provimento ao
presente Agravo de Petição, por ser medida de inteira J U S T I Ç A.

São Paulo, 21 de agosto de 2018.

Advogado Advogado
OAB/SP 00.000 OAB/SP 00.000

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