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EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DA 2ª VARA DO

TRABALHO DE ____________________-UF

Processo nº XXXXXXX
720 - RECURSO - interposição (Adesivo)

________________________, já devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, vem a Vossa Excelência, por sua procuradora signatária,
apresentar as anexas RAZÕES DE RECURSO ADESIVO ao recurso ordinário
interposto por ________________________Ltda., para o processamento e posterior
remessa a Instância Superior.

Nestes termos, pede deferimento.

___________, ____ de _________ de 20___.

_________________
OAB/UF _______
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

OBJETO: RAZÕES DE RECURSO ADESIVO


VARA DE ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA-RS
PROCESSO DE ORIGEM: XXXXXXX-83.2010.5.04.0702
RECORRENTE: ________________________
RECORRIDA: ________________________Ltda.

COLENDA TURMA RECURSAL,

________________________, por sua procuradora signatária, nos autos


do processo que move contra ________________________Ltda., vem apresentar
as seguintes RAZÕES DE RECURSO ADESIVO ao recurso ordinário interposto pela
Reclamada, pelos fundamentos de fato e de Direito a seguir expostos:

1 – DA SENTENÇA
O Juízo “a quo” julgou parcialmente procedente os pedidos da inicial,
arbitrando o valor da condenação em R$ 40.000,00.

Entretanto, merece reforma o decisum, como se passa a demonstrar.

2 – DAS RAZÕES RECURSAIS


2.1 – Do quantum indenizatório fixado
O Magistrado condenou a Recorrida ao pagamento de R$ 6.000,00 a
título de danos estéticos, R$ 10.000,00 a título de danos morais e R$ 24.000,00 a
título de danos materiais.

No entanto, os valores encontram-se aquém da compensação necessária


ao Recorrido pelo dano sofrido.
Para quantificação dos danos não materiais, o Juízo considerou em sua
fundamentação a existência de um dano físico, de grau mínimo porque o Recorrente
adquiriu uma “cicatriz na córnea, corectopia (Iris assimétrica) e pseudofacia
(implante de lente intra-ocular) no olho esquerdo”.

Contudo, não avaliou o Juiz satisfatoriamente toda a via crucis enfrentada


pelo Recorrente por culpa da Recorrida desde o sinistro, conforme determina o art.
944 do Código Civil.

Ele nunca teve qualquer problema de saúde e, por causa do acidente


sofrido, teve que se afastar do trabalho por mais de 15 meses, se submeter a
procedimento cirúrgico para redução – e não cura – da lesão pelo Sistema Único de
Saúde ante a baixa capacidade financeira e não auxílio pela Empregadora.

Além disso, para o resto de sua vida vai precisar usar óculos de correção,
submetendo-se a avaliação médica para análise de alteração de grua ou não. Claro,
usar óculos por si só não é uma humilhação.

Porém, o fato é que o Recorrido, que sempre gozou de ótima visão, se viu
atrelado a este objeto permanentemente desde o sinistro, sem qualquer
possibilidade de reversão do quadro. Para sempre ele vai ser obrigado a conviver
com essa alteração em sua imagem e apresentação.

Em que pese o grau considerado mínimo da lesão, o Recorrido para


sempre carregará consigo as consequências do acidente, lembrando-se dele todos
os dias, ao colocar os óculos de grau para suas atividades cotidianas e ao ter
dificultadas tantas outras em virtude deles.

Ademais, com os módicos valores fixados, não se considera cumprido o


caráter pedagógico que a condenação deve ter, uma vez que a Recorrida é empresa
do ramo de grau máximo de risco de acidentes e seu capital social é
consideravelmente elevado, permitindo uma ideia do seu patrimônio real.
Assim, o quantum de R$ 6.000,00 e R$ 10.000,00, para danos estéticos e
morais, respectivamente, apresenta-se muito modesto frente ao patrimônio da
Recorrida e a perpetração do dano e lembrança do acidente ad eternum imposta ao
Recorrente, requerendo seja o valor elevado nos termos em que pedidos na inicial,
ou ainda, em patamar tido por V. Excelências como mais adequado ao caso.

2.2 – Dos honorários advocatícios


O Julgador “a quo” indeferiu o pedido de honorários advocatícios, ao
argumento de que o Recorrente não está representado por advogado credenciado
pelo sindicato, não estando atendidos os requisitos previstos nas súmulas 219 e
329, do TST.

Data Máxima Vênia, este não é o entendimento mais correto ao caso,


tampouco o que vem sendo adotado neste Colendo Tribunal.

Ao Reclamante cabe a escolha de seu patrono, não ficando a mercê de


sindicato, muitas vezes monopolizado ou com apenas um profissional posto à
disposição, tendo tolhido por completo o seu direito de seleção, que, se quiser, tem
que buscar outros profissionais fora do seu órgão de classe.

Além disso, não pode haver diferenciação entre o advogado que atua pelo
sindicato e aquele que atua sem vinculação sindical, de maneira que a escolha do
procurador não pode vir causar prejuízo justamente na esfera judicial criada para
defesa dos direitos, razão pela qual a verba honorária assistencial deve ser deferida.
Neste sentido:
Acórdão - Processo 01694-2007-201-04-00-8 (RO)
Redator: MARÇAL HENRI DOS SANTOS FIGUEIREDO
Data: 18/02/2009 Origem: 1ª Vara do Trabalho de Canoas
EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A assistência judiciária pode ser
concedida com base na Lei 1.060/50 e art. 790, § 3º, da CLT. Isto é suficiente para a
garantia de acesso ao judiciário, como prevê o inciso LXXIV do art. 5º da Constituição
Federal. Entende-se que não há monopólio dos sindicatos para a prestação da
assistência judiciária, não aplicando as Súmulas nº 219 e 329/TST, razão pela
mantém-se a decisão. [grifou-se]

Acórdão do processo 00260-2007-021-04-00-9 (RO)


Redator: ANA ROSA PEREIRA ZAGO SAGRILO
Participam: CLEUSA REGINA HALFEN, MARIA DA GRAÇA RIBEIRO CENTENO
Data: 04/12/2008 Origem: 21ª Vara do Trabalho de Porto Alegre
[...] Entretanto, consoante constou no acórdão embargado, à fl. 268 e verso, entende
esta Turma Julgadora serem cabíveis os honorários assistenciais, próprios à esfera
trabalhista. Para tanto, entendem-se aplicáveis tanto a Lei nº 5.584/70 quanto a Lei nº
1.060/50. Considerando que a autora postulou a gratuidade judiciária e o pagamento
da verba honorária, bem como juntou aos autos declaração de pobreza (fl. 15),
concluiu-se fazer jus a reclamante ao benefício da Assistência Judiciária, “bem como
aos honorários advocatícios daí decorrentes” (fl. 268v.). [grifou-se].

Acórdão - Processo 02105-2007-201-04-00-9 (RO)


Redator: LUIZ ALBERTO DE VARGAS
Data: 28/01/2009 Origem: 1ª Vara do Trabalho de Canoas
EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Diante do cancelamento da Súmula 20
deste Regional, e com base no artigo 22 da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), o qual
estabelece que a prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o
direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de
sucumbência, entende-se devidos os honorários de Assistência Judiciária
independentemente da apresentação de credencial sindical, com fundamento na Lei
1.060/50. Não se adota, destarte, os entendimentos vertidos nas Súmulas 219 e 329
do TST. (...) [grifou-se].

Ainda, no mesmo viés, transcreve¬-se parte do brilhante voto da MM.


Juíza Maria Inês Cunha Dornelles:

Ainda que não comprovado o credenciamento pelo Sindicato do Procurador do


Reclamante, deve ser mantida a condenação em honorários, porque o Sindicato não
mantém o monopólio da assistência judiciária e, entendimento em contrário,
importaria afronta ao art. 5°, inciso LXXIV da Constituição Federal de 1988,
devendo ser deferida a verba honorária até que o Estado organize a Defensoria
Pública. Após a edição da Carta Magna de 1988, é certo que, a AJ é ampla e a
intermediação do Sindicato, apenas facultativa. [grifou-se]

Atente-se também que, com o advento da EC 45/04, que ampliou a


competência da Justiça do Trabalho, esta especializada passou a admitir o princípio
da sucumbência para as novas ações que não as decorrentes da relação de
emprego, nos moldes do art. 5º da Instrução Normativa 27 do TST, que prevê:
"Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios
são devidos pela mera sucumbência".

Ademais, demonstrou o Recorrente possuir renda suficiente apenas para


sua mantença, não tendo condições de pagar os custos da ação sem que haja
prejuízo. Igualmente, a Recorrida tinha os meios legais cabíveis para comprovar
situação em contrário, fazer prova de que não faria jus à AJG, mas deles não se
utilizou, vindo tal fato a corroborar com o pedido de deferimento de honorários
advocatícios.
Enfim, o direito a ser assistido por um profissional habilitado de seu livre
desígnio e não vir a sofrer ônus financeiros em razão disto é um direito de cidadania,
que envolve o livre acesso ao Judiciário e a garantia de igualdade ao litigante
economicamente hipossuficiente com a outra parte, economicamente superior,
consoante disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988.

Forte no exposto, requer seja a Recorrida condenada ao pagamento dos


honorários advocatícios no montante de 15% sobre o valor da condenação.

Ex positis, requer seja modificada a sentença do Juízo “a quo” nos pontos


acima explicitados, com total provimento do presente Recurso Adesivo.

Santa Maria, 21 de março de 2012.

_________________
OAB/RS _______

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