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EXCELENTISSÍMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _________ VARA DO

TRABALHO DA (COMARCA/SIGLA ESTADO)

(REQUERENTE)....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de .....,


portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º .....,(endereço eletrônico), residente e
domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio
de seu (sua) advogado(a) infra assinado (procuração em anexo - doc. 01), com
escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde
recebe notificações e intimações, vem à presença de Vossa Excelência com fulcro
nos artigos 840 da CLT e 319 do NCPC propor a

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

Em face de (REQUERIDO)....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade .....,
Estado ....., CEP ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

1 – DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante foi contratado em 27/01/2009, para o cargo de


borracheiro/geometrista, com a função de montagem e desmontagem de pneus.
Recebia um salário mínimo ao mês (R$ 465,00), com acréscimo de comissão de 6%
sobre o valor total das vendas e serviços prestados por ele, que alcançava a média
mensal R$ 160,00, percebendo, assim, uma remuneração total média de R$ 625,00
mensais.

Em 20/06/2009 foi despedido sem justa causa, sem que o


contrato de trabalho tenha sido registrado em sua Carteira de Trabalho, tampouco
lhe tenham sido pagas as verbas rescisórias. Além disso, restaram verbas não

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pagas durante a contratualidade, motivo pelo qual busca a tutela desta Justiça
Especializada.

2 – DO DIREITO
2.1 - DA CTPS

O vínculo empregatício e o requisito fundamental de existência


de subordinação entre os litigantes configuram-se claramente, pois, na função de
borracheiro/geometrista, sempre ficou totalmente adstrito aos comandos que lhe
eram direcionados, jamais possuindo qualquer independência no exercício de suas
atividades.

A questão da subordinação pode ser conceituada como uma


sujeição ao poder de outrem, às ordens de terceiros, uma posição de dependência.
Ou, segundo a lição do ilustre Amauri Mascaro Nascimento:

Prefiro definir subordinação como uma situação em que se encontra o


trabalhador, decorrente da limitação contratual da autonomia de sua
vontade, para o fim de transferir ao empregador o poder de direção sobre a
atividade que desempenhará. A subordinação significa uma limitação à
autonomia do empregado, de tal modo que a execução dos serviços deve
pautar-se por certas normas que não serão por ele traçadas.

Importante, dessa forma, destacar que o Reclamante não


desempenhava suas atividades autonomamente. Na execução de seus encargos,
obedecia às normas e diretrizes estabelecidas pela Reclamada, bem como o fazia
com exclusividade, intensidade, continuidade e repetição, vez que desde o início do
contrato de trabalho não se afastou mais da Empresa Ré.

Destarte, demonstrada a relação empregatícia existente entre


as partes, não resta dúvida que o Reclamante faz jus à anotação do contrato em sua
Carteira de Trabalho, bem como o pagamento de todas as verbas trabalhistas e
rescisórias que lhe foram sonegadas pela Reclamada.

2.2 – Das verbas inadimplidas

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Consoante já narrado inicialmente, o Reclamante foi despedido
em 20/06/2009, mas não lhe foram pagas as verbas rescisórias até a presente data.

Neste ínterim, faz jus ao pagamento de Saldo de Salário,


Férias proporcionais acrescidas do terço constitucional, 13º Proporcional,
indenização do período do aviso prévio não trabalhado, montante total do valor que
deveria ter sido depositado em conta de FGTS, mais a indenização de 40% sobre o
total em vista da despedida sem justa causa e recolhimentos previdenciários.

2.3 – Das horas extras


A jornada contratual do Reclamante era prevista das 8h às 12h
e 14h às 18h, de segunda a sexta-feira e, aos sábados, das 8h às 16h.

Nestes parâmetros, observa-se a realização de jornada


semanal de 48h, ou seja, com 4h a mais do que o limite legal.

Além disso, em razão do montante de tarefas, fazia suas


refeições na sede da Reclamada, às próprias custas, usufruindo em média de 15
minutos por dia de intervalo, donde verifica-se a não concessão do intervalo mínimo
de 1hora para descanso e alimentação.

Em que pese todo esse trabalho extraordinário, nunca lhe foi


pago valor algum, sendo o Reclamante credor de todas as horas extras realizadas,
devendo ser assim consideradas as excedentes à 8ª hora trabalhada no dia, mais o
intervalo intrajornada não gozado.

Como a Reclamada jamais pagou as horas extras, e estas


foram realizadas com habitualidade, deve ser condenada ao pagamento de todas as
horas extraordinárias trabalhadas além da 8ª diária e 44ª semanal, com adicional de
50%, mas as relativas ao intervalo não usufruído. Pela habitualidade, devem refletir
no RSR e ambos no 13º salário, férias acrescidas de 1/3, FGTS e multa de 40%,
Aviso Prévio e demais verbas rescisórias, previdenciárias e indenizatórias
decorrentes da contratualidade.

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2.4 – Da multa do art. 477, § 8º, da CLT
O Reclamante foi dispensado em junho de 2009 e até a
presente data, não lhe foram pagos seus direitos trabalhistas decorrentes da
rescisão. Diante disso, ocorre a incidência do disposto no artigo 477, § 8º, da CLT,
referente à multa no valor equivalente a um salário percebido, devido ao não
atendimento do constante no § 6º pela Reclamada.

2.5– Do pagamento acrescido em 50%


A Reclamada despediu o Reclamante sem justa causa e não
adimpliu com o montante de valor rescisório a que ele tem direito e, bem assim,
entende-se incontroversas referidas verbas, de maneira que devem ser pagas na
data do primeiro comparecimento na Justiça do Trabalho, sob pena de condenação
ao pagamento com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento), conforme o artigo 467
da CLT.

2.6 – Da Assistência Judiciária Gratuita e dos Honorários Advocatícios


A Constituição Federal, em seu artigo 5°, LXXIV, contemplou a
assistência judiciária gratuita aos que comprovarem o estado de pobreza, nos
termos da Lei nº 1.060/50, com as simplificações introduzidas pelas Leis nº 7.115/83
e 7.510/86. A este tema, o Egrégio Tribunal da 4ª Região, através de suas Turmas,
tem se inclinado no sentido de deferir e/ou manter a condenação da parte
Reclamada ao pagamento de honorários assistenciais.

Neste sentido, a jurisprudência:

Acórdão - Processo 00290-2007-662-04-00-0 (RO)


Redator: FRANCISCO ROSSAL DE ARAÚJO
Data: 03/12/2008 Origem: 2ª Vara do Trabalho de Passo Fundo
EMENTA: Honorários Advocatícios. A Lei 1060/50 estabelece como único
critério para a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita e,
por conseqüência, ao pagamento de honorários advocatícios, a declaração
de pobreza do reclamante. Recurso da reclamada a que se nega
provimento. (...)

Acórdão - Processo 00586-2006-102-04-00-5 (RO)


Redator: MARIA DA GRAÇA RIBEIRO CENTENO
Data: 30/10/2008 Origem: 2ª Vara do Trabalho de Pelotas
EMENTA: Embargos de Declaração. Acórdão que não examina pedido de
absolvição dos honorários advocatícios. Omissão verificada. Embargos
providos, sem efeito modificativo, para esclarecer que a parcela é devida, a

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despeito de o autor não juntar a credencial sindical Incidência da Lei nº
1.060/50, que dispõe que a assistência judiciária compreende, entre outros
benefícios, os honorários de advogado, uma vez que não se pode atribuir
aos sindicatos o monopólio sobre o instituto em questão. (...)

Acórdão do Processo 01026-2005-202-04-00-5 (RO)


Data de Publicação: 17/04/2006
Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça
Juiz Relator: MARIA HELENA MALLMANN
EMENTA: HONORÁRIOS DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. Cabível a
condenação em honorários assistenciais, pela simples aplicação da Lei nº.
1.060/50, afastando o monopólio sindical da assistência judiciária na Justiça
do trabalho, nos termos da Lei nº. 5.584/70, que representa afronta à
disposição do artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal. Recurso
provido.

Ainda, no mesmo viés, transcreve-se parte do excelente voto


da MM. Juíza Maria Inês Cunha Dornelles:

Ainda que não comprovado o credenciamento pelo Sindicato do


Procurador do Reclamante, deve ser mantida a condenação em honorários,
porque o Sindicato não mantém o monopólio da assistência judiciária e,
entendimento em contrário, importaria afronta ao art. 5°, inciso LXXIV da
Constituição Federal de 1988, devendo ser deferida a verba honorária até
que o Estado organize a Defensoria Pública. Após a edição da Carta Magna
de 1988, é certo que, a AJ é ampla e a intermediação do Sindicato, apenas
facultativa.

No Egrégio TST, o mesmo tema vem sendo tratado da


seguinte forma:

PROCESSO: AIRR e RR NÚMERO: 668836 ANO: 2000


PUBLICAÇÃO: DJ - 14/12/2007 8ª TURMA
I RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. O art. 133 da CF assentou ainda mais a
preponderância e a relevância do papel do advogado na administração da
Justiça, colocando-o, em definitivo, como figura indispensável à
administração da Justiça, embora não revogando o jus postulandi da parte.
Pelo que, urge reconhecer o direito a honorários advocatícios como
decorrência da sucumbência, no percentual de 15% (quinze por cento)
sobre o valor da condenação.

[...] é indiscutível que os honorários de advogado devem ser suportados


pela parte perdedora em qualquer Justiça, ante a sua indispensabilidade
prevista no artigo 133, da Constituição Federal.

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Forte nos elementos supra, em vista de que atualmente o
Reclamante percebe valor mensal oriundo de pequenos biscates, suficiente apenas
para sua mantença e de sua família, fica impossibilitado de ingressar em juízo e ter
despesas processuais e advocatícias sem comprometer sua subsistência, razão
pela qual requer a concessão do direito de demandar sob o beneplácito da
gratuidade da Justiça.

Sucessivamente, faculdade que lhe assiste por força do artigo


326 do NCPC, aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho, requer seja a
Reclamada condenada ao pagamento dos honorários advocatícios da procuradora
do Autor, com fundamento no artigo 133 da Constituição Federal e Estatuto do
Advogado, à razão de 20% sobre o total da condenação.

Requer, pois, o beneficio da gratuidade da justiça e a


condenação da Reclamada na satisfação dos honorários advocatícios à sua
procuradora.

3 – DOS PEDIDOS

Ex positis, requer a Vossa Excelência a procedência total da ação, condenando a


Reclamada ao reconhecimento e pagamento dos seguintes direitos e valores ao
Reclamante:
a) vínculo de emprego com o Reclamante nas condições
descritas na inicial e efetuação das anotações devidas na sua CTPS;
b) indenizar o período do aviso prévio não trabalhado, com
juros e correção até o efetivo pagamento, com projeção e integração do período
respectivo ao tempo de serviço total para todos os efeitos legais, o que importa em
mais 1/12 de férias com 1/3 e de 13º salário, bem assim do valor correspondente ao
FGTS + 40%;
c) Pagamento como extras das horas laboradas após a 8ª
diária e 44ª semanal, considerando também o intervalo intrajornada não usufruído,
durante todo o período, com o adicional de 50%, com reflexo em todas as parcelas
que venham a ser deferidas nesta ação e, em face da habitualidade, no RSR e

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ambos no saldo de salário, 13º salário, férias acrescidas de 1/3 e Aviso Prévio,
FGTS e multa de 40% e nas demais verbas rescisórias;
d) efetuar o pagamento do saldo de salário do mês de
junho/2009, não adimplido, com juros e correção;
e) proceder ao pagamento do 13º salário proporcional ao
período contratual;
f) efetuar o pagamento de indenização referente às férias
proporcionais, acrescidas de 1/3, devidamente atualizadas e corrigidas;
g) efetuar o pagamento do valor total dos depósitos do FGTS
que deveriam ter sido realizados, acrescido da multa de 40% deste total, com juros e
correção;
h) pagar a multa disposta no artigo 477, §8º, da CLT, em face
do descumprimento do prazo para efetivação e pagamento da rescisão;
i) indenização de 3 parcelas de seguro-desemprego;

Requer, ainda:
- a notificação da Reclamada no endereço acima indicado, para
que apresente contestação à ação, se quiser, sob pena de revelia e confissão;
- a aplicação do artigo 467 da CLT no que couber, ante a
inadimplência da Reclamada para com o pagamento da rescisão, de forma que são
incontroversas todas as verbas pleiteadas;
- a aplicação de juros e correção monetária até o efetivo
pagamento das verbas requeridas;
- a aplicação do disposto no artigo 523 do NCPC;
- a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita,
por tratar-se o Reclamante de pessoa pobre nos termos da lei, não possuindo
condições financeiras de arcar com os custos da presente ação sem prejuízo de sua
subsistência e de sua família, condenando-se a Reclamada ao pagamento de custas
judiciais e honorários advocatícios no percentual de 20% sobre o valor da
condenação;
- a produção de todos os meios de prova em Direito admitidos,
especialmente documental, testemunhal, pericial, e depoimento pessoal.

Dá à causa, para fins de distribuição, o valor de R$ 7.229,89.

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Termos em que,
Pede e espera deferimento.

_____________, ____ de ______________ de 20___.

__________________________
OAB/UF ______

___________________
Documentos anexados:
Doc.1 – Demonstrativo de cálculo
Doc.2 - Instrumento de Mandato
Doc.3 - Declaração de Pobreza
Doc.4 - Cópia da CTPS do Reclamante
Doc.5 – Cópia nota fiscal de serviço e cartão da Reclamada

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