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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA __

VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE XXX – XX.


Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
RECLAMADA, já qualificada nos autos do processo em epígrafe, representada por seus
procuradores que esta subscreve, com endereço profissional na Rua XXX, nº 00, bairro XXX,
na cidade de XXX/XX, CEP 00.000-000, com endereço eletrô nico: XXXX, onde recebe
intimaçõ es e outros documentos judiciais pertinentes, vem, mui respeitosamente perante
Vossa Excelência, apresentar defesa na forma de CONTESTAÇÃO, que lhe move:
RECLAMANTE, igualmente qualificado nos autos, pelos fatos e fundamentos de direito que
a seguir passa a expor:
I – SÍNTESE DA INICIAL
O Reclamante ajuíza reclamaçã o trabalhista pleiteando, em suma, o reconhecimento do
vínculo empregatício por ter laborado para a Reclamada na funçã o de operador de
má quina pesada, entre o período de 06/01/2020 a 21/02/2020, quando dispensado sem
justa causa, ocasiã o em que percebia um salá rio mensal de R$ 3.000,00.
Alega o Reclamante que nã o teve sua CTPS registrada pela reclamada durante o pacto
laboral, bem como, apó s sua dispensa imotivada, nada recebeu à título de verbas
rescisó rias.
II – DO MÉRITO
DA IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA
No que tange a peça exordial, o Reclamante nã o comprova que atualmente se encontra em
situaçã o de pobreza.
Nã o pode ser desvirtuada a natureza do benefício da assistência judiciá ria gratuita, visto
que destinada a pessoas sem possibilidade de sustento pró prio e de sua família, nã o sendo
este o caso do demandante.
Logo, nã o restaram comprovados os requisitos previstos na Constituiçã o Federal e nas Leis
de nº 1.060/50 e 7.115/73, os quais devem ser interpretados à luz do comando da Lei nº
5.584/70, por sua aplicaçã o específica ao processo do trabalho, devendo a parte autora
arcar com todos os custos no processo.
Atualmente, a simples afirmaçã o de miserabilidade jurídica no Processo do Trabalho nã o
basta para o deferimento da assistência judiciá ria gratuita. Isto é, nã o basta a simples
declaraçã o para o requerente ser considerado impossibilitado de sustento pró prio.
Desse modo, em sede preliminar, requer-se o indeferimento do pedido da justiça gratuita,
condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais.
DA CONTRATUALIDADE
É indiscutível a relaçã o de trabalho com a Reclamada na funçã o de operador de má quina
pesada.
No entanto, divergente da alegaçã o de emprego citada na inicial, é mister esclarecer que o
Reclamante foi contratado para trabalhar para a reclamada de forma eventual.
Tendo em vista o princípio da primazia da realidade tem-se que o autor prestou serviços no
período 06/01/2020 a 28/01/2020.
DA INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO
Excelência, a Reclamada nega, veementemente, a relaçã o de emprego alegada pelo
reclamante no período entre 06/01/2020 a 21/02/2020, justamente porque o Reclamante
nunca trabalhou na empresa com cunho empregatício.
A relaçã o estabelecida entre as partes nã o era e nunca foi de emprego, tendo em vista que o
reclamante apenas prestou serviços de forma eventual no período de 06/01/2020 a
28/01/2020, pois, realizava seus serviços de operador de má quina pesada em dias e
horá rios diversos, sendo que encerrado os serviços prestados pelo reclamante, o mesmo
poderia ir embora.
Outrossim, o valor combinado com o Reclamante foi de R$ 100,00 por dia trabalhado.
Além disso, o pró prio reclamante fazia o seu horá rio, pois, poderia ir embora logo que
terminasse seus serviços.
Vale esclarecer que, nã o resta configurado a relaçã o empregatícia ante a ausência de
continuidade na prestaçã o dos serviços, haja vista que o reclamante prestou serviços para a
reclamada de forma eventual, fato esse que, por si só , já descaracteriza a continuidade dos
serviços prestados, requisito essencial para a configuraçã o do vínculo empregatício.
Assim, a alegaçã o do reclamante de que trabalhou de forma habitual é totalmente falsa,
como também a alegaçã o de que recebia salá rio, visto que a retribuiçã o pelo trabalho
prestado se deu mediante o pagamento de diá rias.
Isto posto, essencial à caracterizaçã o da relaçã o de emprego a presença da subordinaçã o,
pessoalidade, remuneraçã o mediante salá rio e da nã o eventualidade concomitantemente.
Requisitos que o Reclamante nã o preenche e, por isso, afasta a caraterizaçã o da relaçã o
empregatícia.
Dessa forma, requer a total improcedência da açã o, bem como o indeferimento de
reconhecimento de vínculo empregatício e anotaçã o da CTPS do reclamante, pagamento
das verbas rescisó rias, férias proporcionais + 1/3, 13º salá rio proporcional, aviso prévio,
salá rio atrasado, saldo de salá rio, FGTS + multa de 40% e recolhimentos previdenciá rios do
período.
DAS MULTAS DOS ARTIGOS 467 E 477, § 8 DA CLT
Se nã o extintos os pedidos em sede prefacial, tem-se que inexiste fundamento para a
pretensã o acerca das multas em tela, na medida em que todas as parcelas e obrigaçõ es
rescisó rias foram adimplidas/cumpridas dentro do prazo legal, restando afastada a
incidência da multa do art. 477 da CLT. Ademais, inexistem parcelas rescisó rias
incontroversas, razã o pela qual nã o procede o pedido de pagamento da multa do art. 467
da CLT.
Ademais, referidas multas sã o incabíveis diante da nã o existência de relaçã o de emprego.
DA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA
Uma vez sucumbente o Reclamante (ainda que parcialmente), merecem ser arbitrados
honorá rios de sucumbência em favor deste patrono, fulcro disposiçõ es do art. 791-A da
CLT.
Impugna-se, por cautela, qualquer alegaçã o contrá ria.
Na remota hipó tese da procedência da açã o, devendo a condenaçã o limitar-se ao valor de
15%, conforme regra processual celetista vigente.
DO IMPOSTO DE RENDA
No que tange ao imposto de renda e aos encargos previdenciá rios e fiscais, necessá rio
esclarecer que compete à parte Autora a obrigaçã o pelo pagamento do imposto de renda e
de sua cota-parte dos encargos previdenciá rios. Isso porque é pacífico o entendimento
neste Justiça Especializada, no sentido de que nas sentenças condenató rias deverá constar
a autorizaçã o para que sejam efetuados os descontos previdenciá rios e fiscais, conforme
dispõ e a Sú mula 368 do TST.
Sendo assim, encontra-se como sujeito passivo a figura do empregado que é quem,
logicamente, deve arcar com os ô nus do adimplemento das obrigaçõ es fiscais e
previdenciá rias, uma vez que, segundo a sistemá tica fiscal pá tria, nã o é possível a
substituiçã o daquele que, na forma da lei, está adstrito ao cumprimento da obrigaçã o
tributá ria.
Dessa forma, requer sejam autorizados os descontos previdenciá rios e fiscais cabíveis.
III – DOS PEDIDOS
Assim, diante do exposto, vem mui respeitosamente à presença de V. Exa., para requerer:
a) Seja indeferido o benefício da Assistência Judiciá ria Gratuita, eis que o Reclamante nã o
cumpre com os requisitos legais para tal concessã o;
b) A total improcedência da açã o, condenando o Reclamante ao pagamento das custas
processuais, honorá rios advocatícios e demais cominaçõ es legais;
REQUER e protesta ainda em provar o alegado por todos os meios de prova admitidos no
direito, especialmente pelo depoimento pessoal do autor, pena de confissã o e pela oitiva de
testemunhas.
Nestes termos, pede deferimento.
Cidade, 00 de xxx de 2020.
Guilherme Nascimento Neto
OAB/SC 57.154

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