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Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0100294-79.2020.5.01.0075


em 22/07/2020 18:24:09 - 62f8052 e assinado eletronicamente por:
- LENISA MONTEIRO DANTAS CARNEIRO

Consulte este documento em:


https://pje.trt1.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
usando o código:20072214343236400000115844100
MM. JUÍZO FEDERAL DA 75ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO –
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Processo RT n.º 0100294-79.2020.5.01.0075

ARTEX AR CONDICIONADO LTDA., empresa regularmente


inscrita no CNPJ/MF sob o 28.119.428/0001-77, com sede na Rua Ana Nery, n.º
636 – parte - Sampaio – Rio de Janeiro/ RJ – CEP: 20.960-004, vem perante a este
D. Juízo, por sua advogada que subscreve a presente, nos autos da RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA que lhe move EVERTON ARAUJO VIEIRA, apresentar resposta à
inicial na forma de CONTESTAÇÃO, pelos motivos e fatos de direito a seguir
expostos:

DAS PUBLICAÇÕES

Ab initio, indica como endereço para citações e notificações a Rua


Senador Dantas, Nº 118, Sala 901 – Centro – Rio De Janeiro, bem como requer a
este D. Juízo que se digne determinar a Serventia para que faça constar na capa
deste feito e em todas as publicações advindas deste, o nome da DRª. LENISA
MONTEIRO DANTAS – OAB/RJ 96.023, independente dos patronos que assinem
as vindouras petições, sob pena de nulidade.

DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA PELA RECLAMADA

Prefacialmente, em observância aos termos do artigo 830 da CLT,


com a redação da Lei 11.925/09, todos os documentos apresentados pela
Reclamada neste momento são declarados autênticos, sob pena de
responsabilidade pessoal dos patronos que subscrevem a presente petição.

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SÍNTESE DA RECLAMAÇÃO

Para uma ideal visualização da causa, insta destacar que o


Reclamante ajuizou a presente Reclamação sustentando que foi admitido aos
serviços da Reclamada na data de 01 de abril de 2013, para trabalhar na função
de Meio Oficial, tendo sido demitido em 12 de setembro de 2019, afirmando não
ter recebido as verbas rescisórias corretamente.

Requer, ao final, o pagamento de das verbas rescisórias, bem como


FGTS e 40%, bem como requer a condenação da Reclamada ao pagamento da
multa prevista no art. 467 e 477 da CLT, diferenças salariais e adicional de
insalubridade, bem como o pagamento de honorários advocatícios.

Não obstante, e consoante adiante melhor se elucidará, as alegações


obreiras são inverídicas, motivo pelo qual a Reclamada requer a improcedência
integral da presente reclamação trabalhista, senão porque corretos os valores
elencados nos holerites e na rescisão contratual, conforme passará a demonstrar
pontualmente.

DA PREJUDICIAL AO MÉRITO

DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

A Constituição, em seu art. 7º, XXIX, prevê que o direito de ação


quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho tem o prazo prescricional
de cinco anos.

A Reclamante ajuizou a presente reclamatória na data de


14.04.2020 assim, todos os créditos resultantes da relação de trabalho entre o
Reclamante e a Reclamada, anteriores a 14.04.2015, encontram-se prescritos.

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O STF, no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE)
709212, decidiu pela inconstitucionalidade da prescrição trintenária em relação as
verbas de FGTS resultantes de relação de trabalho.

A decisão teve seus efeitos modulados, para que, os casos que


ocorram após a data de julgamento aplicam-se o prazo prescricional de cinco anos.
Isto posto, as prescrições relativas ao FGTS anteriores a 14.04.2015, também se
encontram prescritas.

MÉRITO

DO CONTRATO DE TRABALHO E SUA RESCISÃO


Restabelecendo a realidade fática

O Reclamante foi admitido aos serviços da Reclamada em 01 de


abril de 2013, para exercer a função de “Meio Oficial”; tendo ocorrido a rescisão
contratual sem motivo em 12 de setembro de 2019.

Percebeu, como último salário, a quantia de R$ 1.522,89 (um mil


quinhentos e vinte dois reais e oitenta e nove centavos).

DAS DIFERENÇAS SALARIAIS

Alega o Autor que a Ré fazia pagamento de salário em valor inferior


ao piso salarial, requerendo desde já a condenação da ré pelas diferenças.

Não assiste razão o Autor. Isto porque, a Ré sempre observou os


reajustes salariais da categoria, quitando as diferenças devidas no TRCT, item
diferenças salariais, campo 95, razão pela qual os pedidos devem ser julgados
improcedentes.

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Improcede o pedido.

DAS VERBAS RESCISÓRIAS

O Autor alega que foi dispensado em 12 de setembro de 2019, de


forma imotivada, afirmando que não recebeu corretamente os valores rescisórios.
Aduz, ainda, que lhe foi oferecido acordo, que foi aceito, porém não foi cumprido
pela Ré.

Narra que são devidas as seguintes verbas rescisórias, a saber:

• Aviso Prévio Indenizado


• Saldo de salário (12 dias)
• Férias Proporcionais – (6/12) e terço constitucional
• Férias Vencidas
• 13º salário proporcional (6/12)
• Multa de 40% sobre o FGTS
• Depósitos de FGTS

Informa a Ré que as verbas requeridas estão consignadas no TRCT.


A ré não nega que tenha entabulado acordo com o Autor para pagamento das
verbas rescisórias, porém, tendo em vista a grave crise financeira do setor da
Construção Civil, não foi possível honrar com as parcelas do acordo, tendo sido
pago R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais) em depósito bancário na data de
18/10/2019 e pago 24 (vinte e quatro) competências de FGTS , no valor de R$
3.574,31 (três mil, quinhentos e setenta e quatro reais e trinta e um centavos).

Entretanto, a Ré pretende a manutenção do acordo entabulado,


com a dedução das parcelas pagas.

DO FGTS E MULTA DE 40%

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O Reclamante pleiteia diferenças de FGTS, informando que os
depósitos não eram corretamente efetuados, bem como não foi paga a multa de
40%.

Relativamente aos depósitos, a Ré está realizando a regularização,


conforme documentos em anexo.

Quanto a multa de 40%, a mesma será regularizada


oportunamente.

DA MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT

O Autor requer o pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º da


CLT, alegando que as verbas rescisórias não foram quitadas no prazo legal.

As verbas não foram quitadas regularmente, tendo e vista a grave


crise financeira pela qual atravessa a Ré.

Assim sendo, improcede o pedido.

DA MULTA DO ART. 467, DA CLT

No que tange à multa prevista pelo artigo 467, considerando que as


os valores apontados pelo Reclamante são totalmente controversos, haja vista o
aduz valores que não são devidos.

Ainda que assim não fosse, o que apenas se aduz por mero amor ao
debate e por observância ao princípio da concentração da defesa, não se poderia
falar em aplicação da multa do art. 467 da CLT sobre a totalidade das verbas
pleiteadas pelo Autor, mas somente da dos valores consignados no TRCT, qual
seja, de R$ 6.756,42.

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DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Alega o Autor que ao longo do contrato de trabalho, efetuava


manutenção em aparelhos de ar condicionado, onde mantinha contato com
graxa, óleo mineral, tinta epóxi, e solventes de limpeza como thineer, bem como
a fluído de limpeza inserido no sistema de refrigeração como o gás R-11/141-B, e
ainda, o Nitrogênio para retirar do sistema, produtos possuem em sua composição
química compostos de carbono à base de hidrocarbonetos aromáticos. Assim,
pleiteia a condenação da Ré ao pagamento de adicional de insalubridade, no
patamar de 20%.

Não assiste razão ao Autor, eis que jamais esteve exposto a agentes
insalubres. Isto porque, suas tarefas consistem em translado de ferramentas,
limpeza de drenos, limpeza de filtros e limpeza de máquina com água e sabão na
qual não havia a exposição a agentes insalubres, bem como o Autor sempre
recebeu os corretos EPIs para a função exercida.

A Reclamada refuta todas as alegações autorais, uma vez que


o Demandante nunca laborou diretamente em contato com materiais insalubres,
uma vez que sua função era tão somente de translado de ferramentas, limpeza de
drenos, limpeza de filtros e limpeza de máquina com água e sabão. Todas as
medidas de controle são executadas nos serviços, sendo todas eficazes, os
colaboradores são treinados periodicamente para o usos de EPI’s (NR-6), sendo
capacitados para higienização, conservação, guarda e conhecimento para troca
quando os mesmos já não se encontram em perfeitas condições de uso (NR-18).

São elaborados programas de atenção à saúde de caráter coletivos


específicos para determinadas condições descritas no PCMSO e PPRA .

Pela análise das informações constantes no programa PPRA, não


existe exposição a agentes nocivos de modo permanente com potencial de causar
prejuízos a saúde ou integridade física, no exercício das atividades informadas nos
referidos postos de trabalho.

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A Reclamada também comprova que o obreiro recebeu EPIs
adequados para o exercício da atividade desempenhado pelo Reclamante,
eliminando assim a insalubridade, nos termos do art. 191, II da CLT, conforme se
depreende do documento em anexo.

Apesar de não haver pedido expresso de prova pericial ante o pleito


de insalubridade, não há o que se falar em pagamento do referido adicional, em
função de comprovar que as atividades exercidas pelo Demandante, não o
colocavam exposto a nenhum elemento insalubre, tais como os descritos na
exordial.

Assim, não tendo o Autor comprovado os fatos constitutivos de seu


direito, nos exatos termos do art. 818 da CLT c/c art. 373, I, do CPC, não há o que
se falar em direito à do adicional perquirido, nem mesmo dos reflexos nas demais
verbas do complexo remuneratório.

Portanto o pedido deve ser julgado integralmente improcedente,


bem como o pagamento de adicional de 20% e seus reflexos nas verbas
rescisórias.

SUCESSIVAMENTE – DO ADICIONAL

Em sua exordial o Autor pleiteia, que, acaso haja a condenação da


Ré ao pagamento do adicional de insalubridade, o mesmo seja efetuado com base
no piso mínimo da categoria, nos termos da Convenção Coletiva de Trabalho.

Entretanto, a jurisprudência das cortes superiores é pacifica, no


sentido de que o adicional deve ser calculado sobre o salário mínimo. Assim, acaso
haja condenação pelo adicional de insalubridade, deve ser considerado como base
de cálculo o salário mínimo.

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DA RETIFICAÇÃO DA CTPS

Requer o Autor a retificação da CTPS, haja vista que alega que ao


longo do contrato de trabalho, laborava como mecânico refrigeração e não como
Meio Oficial.

Inicialmente, ressalta que a declaração assinada pelo sócio e


proprietário da Ré, consta como mecânico trainee, ou seja, em treinamento para
a função de mecânico. Jamais assumiu a função de forma plena, eis que sempre
era supervisionado pelo profissional mecânico.

O Reclamante usou o termo de mecânico de refrigeração,


certamente para confundir o Douto Juízo, função esta que o mesmo nunca
exerceu na empresa durante todo o período que esteve laborando para a
Reclamada.

A jornada laboral do Autor na empresa sempre foi no exercício da


função de meio oficial, razão pela qual não há o que se falar em retificação da
CTPS.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Considerando a mudança imposta pela Reforma Trabalhista, a


Gratuidade de Justiça é deferida somente ao Reclamante que possua renda inferior
a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,
nos termos do § 3º do art. 790 da CLT.

Assim, para a concessão do benefício da Gratuidade de Justiça,


requer a intimação do Autor para que informe se o mesmo recebe valor inferior
ao limite de 40% do teto da previdência social.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

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O Autor ainda persegue a condenação da Reclamada ao pagamento
de honorários advocatícios por perdas e danos e em função do trabalho do
advogado.

Primeiramente, por descabidos o pleito em sede de justiça


trabalhista, diante da improcedência dos pedidos na forma como pleiteada. Ainda
que assim não fosse, o que apenas se aduz por mero amor ao debate e por
observância ao princípio da concentração da defesa, somente se poderia falar em
honorários advocatícios observando-se, para arbitramento do percentual
incidente, aquele condizente à complexidade da demanda.

Outrossim, considerando os termos do art. 791-A da CLT, deverá ser


o Autor condenado ao pagamento da verba honorária em percentual de até 15%
(quinze por cento), naquilo que for sucumbente.

DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS

Não há que se falar em expedição de ofícios, tendo em vista que


não há qualquer irregularidade passível de sanção administrativa.

DAS PROVAS

Pretende a Ré produzir as seguintes provas:

Depoimento pessoal – para deslinde das controvérsias dos Autos;


Prova Testemunhal – para comprovar os fatos da defesa. Indica como testemunha
a Sra. DEBORA CAROLINE FERREIRA DA SILVA, RG 20758349-3, CPF
109.116.037-60, residente a Estrada Cabuçu de Baixo, 800, Bl 20 c 8, CEP 23036-
060, Guaratuba, Rio de Janeiro – RJ; CID GEORGE BEZERRA ARANHA, RG
12.863.396-3, CPF 222.193.154-87, residente a Rua João Rodrigues, nº 31, São
Francisco Xavier, CEP 20960-010; ANDERSON RODRIGO BEZERRA DE BRITO
SILVA, RG. 00.222.545-8, CPF 013.202.594-99, residente a Rua João Rodrigues,
nº 31, São Francisco Xavier, CEP 20960-010.

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Resguarda, ainda, a possibilidade de apresentação de outras testemunhas, nos
termos do art. 825 da CLT.

DA AUDIENCIA

Informa, ainda, que a Ré não possui meios de realização de audiência


telepresencial, requerendo a designação quando da volta das atividades.

DA CONCLUSÃO

Por não se prestar à comprovação do alegado na presente demanda,


restam impugnados todos os documentos apresentados pelo Reclamante que
estejam contrários às fundamentações e documentos adunados à presente peça
de bloqueio, especialmente os cálculos adunados pelo Autor em sua exordial, que
não possuem qualquer parâmetro verossímil.

Caso alguma verba venha a ser deferida, deverá ser observado o


parágrafo único do artigo 459 da CLT, como também o contido na Súmula n.º
381 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, no que tange a época própria para
aplicação da correção monetária. No que se refere aos juros, requer seja observado
o disposto no artigo 883 da CLT e 39, da Lei 8177/91.

Sem prejuízo ou renúncia de todo o contestado, mas, por cautela, a


Reclamada requer sejam aplicadas, em seu favor, as compensações de direito (art.
767/CLT, Súmulas 18, 48, 85 do C. TST) e deduções no tocante a todas as verbas
comprovadamente pagas.

Na remota hipótese de condenação, requer a Reclamada que o


Imposto de Renda incida sobre o montante do que, eventualmente, venha a ser
pago ao Reclamante em execução, conforme prevê o artigo 46 da Lei 8.541/92, o
Provimento 01/96 e 03/05 da CGJT, da Súmula 368 do C. TST e da OJ n.º 363 da
SDI-I do C. TST.

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A Reclamada protesta, desde logo, pela produção de todas as provas
em direito admitidas, notadamente a documental, testemunhal e o depoimento
pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, a teor da Súmula n.º 74 do C. TST.

Declara, por oportuno, na forma do art. 830 da CLT, a autenticidade


dos documentos ora apresentados, sob as penas da lei.

Pelo exposto, a Reclamada pugna e espera pela total


IMPROCEDÊNCIA da presente Reclamação Trabalhista, nos termos da peça de
defesa e documentação anexada e caso seja indeferido a gratuidade de justiça ao
obreiro, também requer a condenação ao pagamento por ele das custas
processuais, na forma dos itens supra contestados, como medida de inteira
JUSTIÇA!!!!!

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 20 de julho de 2020.

Lenisa Monteiro Dantas Carneiro Rocha


OAB/RJ 96.023

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