Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 24ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO
I - OBJETO
2. A perícia requerida nos autos (fl. 1092), tem como objeto a regularidade do
contrato de mútuo e a validade das cláusulas da Escritura Pública de Compra e Venda com
acordo de Hipoteca, que dispõem sobre a capitalização mensal dos juros, CET – Coeficiente de
Equalização de Taxas e utilização da Tabela Price.
II – FATOS
1
José Tadeu dos Santos Travassos Economista
E-mail: travassos.perito@gmail.com Corecon / RJ - registro 25.300
Telefone: (21) 99709-8530 Rio de Janeiro – RJ 1135
9. A tabela abaixo otimiza a materialidade das cláusulas terceira e quinta (fl. 750),
a fim de resumir o negócio financeiro do contrato de mútuo:
10. A capitalização mensal dos juros, observado na cláusula sétima (fl. 751) do
referido contrato. Dentro do conceito da matemática financeira, é perfeitamente válido e sua
aplicabilidade é recorrente em nosso país, nas diversas modalidades de operações financeiras,
inclusive em contrato de financiamento imobiliário.
12. No entanto, após análise das vinte e quatro cláusulas do contrato (fls. 748/757),
como também o CARIM - Regulamento da Carteira Imobiliária (fls. 361/388), destaca-se que não
há referência explícita a quaisquer Sistemas de Amortização do Financiamento.
14. A cláusula sétima (fl.751), institui os juros a taxa de 6% (seis por cento) ao ano
calculados sobre o saldo devedor e capitalizados mensalmente. Em seguida, cláusula oitava (fl.
751), afirma que além dos encargos descritos na cláusula anterior, os devedores pagarão ainda
uma taxa de 1% (hum por cento) ao ano calculados mensalmente sobre o saldo devedor
respectivo, para constituição de um fundo destinado a responder pela solução de todas as
obrigações vincendas em caso de morte, tradicionalmente conhecido como FQM – Fundo de
Quitação por Morte.
15. As condições estabelecidas na cláusula décima (fl. 752), menciona que o saldo
devedor será corrigido mensalmente sempre no primeiro dia de cada mês. Assim como a primeira
correção do saldo devedor, cujo montante é incorporado ao valor da dívida, sob a forma
proporcional de 11 dias, diferença entre as datas de contratação (20/03/1991) e o fim do mês de
março/1991. Em seu parágrafo único (fl. 752), sustenta a Correção Monetária como condição
essencial do contrato de maneira a assegurar o equilíbrio financeiro do mútuo. Indica o IGP-M
Índice Geral de Preços do Mercado, ou outro indicador publicado por instituição idônea e que
reflita a real inflação ocorrida no período considerado.
2
José Tadeu dos Santos Travassos Economista
E-mail: travassos.perito@gmail.com Corecon / RJ - registro 25.300
Telefone: (21) 99709-8530 Rio de Janeiro – RJ 1136
16. A cláusula décima primeira (fl. 752) afirma que o valor das prestações será
reajustado sempre que o Banco do Brasil S/A conceder elevação geral do vencimento padrão do
seu pessoal em atividade.
17. Cabe destacar que a Planilha de Evolução do Saldo Devedor, fornecida pelo Réu
(fl.731), apresenta em sua coluna destinada a Correção Monetária, cujo índice utilizado foi a TR
– Taxa Referencial, que para o período considerado em 1991 (fevereiro a dezembro), acumulou
alta de 335,51%, na amostragem de 11 meses. O índice IGP-M acumulou alta de 374,40%. A
inflação oficial no país, IPC – Índice de Preços ao Consumidor, à época, acumulou alta de
394,78%. Não obstante, a Correção Monetária ter efeito multiplicador em mais de três vezes o
saldo devedor inicial. A utilização da TR como índice adotado pelo Réu, levemente menor ante
o IGP-M, torna a alteração amena. Em outra análise no mesmo período, a variação salarial do
devedor acumulou alta de 79,60%. Por consequência, o reajuste da prestação eleva-se no
mesmo patamar da conquista do mutuário.
19. Pode-se encontrar, na primeira linha da Tabela, cujo nome atribuído pelo Réu é
“Multiplicador”. Sinônimo para o Contador é “Fator”, e para o Economista: “Coeficiente da
Prestação”, que nesse caso da fl.382, corresponde a 0,00814064.
3
José Tadeu dos Santos Travassos Economista
E-mail: travassos.perito@gmail.com Corecon / RJ - registro 25.300
Telefone: (21) 99709-8530 Rio de Janeiro – RJ 1137
22. Constata-se então, que além do CET, o FQM também foi embutido naquele
coeficiente da prestação inicial, 0,00814064, apresentado pelo Réu (fl. 382).
24. Em outra análise, há que se distinguir, pelo ponto de vista técnico econômico-
financeiro, a capitalização mensal dos juros e o anatocismo.
25. Com esse discernimento, verifica-se na fl. 731, na Planilha de Evolução do Saldo
Devedor, apresentada pelo Réu, não apenas a qualificada “amortização negativa”, mas também
a sua adição ao saldo devedor para nova cobrança de juros no próximo vencimento da prestação.
Portanto, fica caracterizado o anatocismo.
Resposta: Os parâmetros estão materializados na fl. 382, como também descritos no parágrafo
18 deste trabalho.
4
José Tadeu dos Santos Travassos Economista
E-mail: travassos.perito@gmail.com Corecon / RJ - registro 25.300
Telefone: (21) 99709-8530 Rio de Janeiro – RJ 1138
Resposta: No contrato, a cláusula décima primeira (fl. 752) afirma que o valor das prestações
será reajustado sempre que o Banco do Brasil S/A conceder elevação geral do vencimento
padrão do seu pessoal em atividade.
Resposta: A materialidade está apresentada na cláusula sétima (fl. 751), como também
descritos no parágrafo 14 deste trabalho.
Resposta: No modelo utilizado pelo Réu, ocorre a capitalização mensal dos juros.
Resposta: Afirmativa é a resposta. Eleva-se para 8% a.a. de acordo com a cláusula sétima (fl.
751).
Resposta: A cláusula quinta (fl. 750) elenca que o “Fundo de Liquidez” é destinado a responder
pela solução do saldo devedor acaso verificado ao final da prorrogação do prazo inicialmente
pactuado.
39. 13 – Queira o Sr. Perito esclarecer a finalidade do “Fundo de Quitação por Morte
– FQM”.
Resposta: A cláusula oitava (fl. 751) afirma que é para constituição de um fundo destinado a
responder pela solução de todas as obrigações vincendas em caso de morte.
5
José Tadeu dos Santos Travassos Economista
E-mail: travassos.perito@gmail.com Corecon / RJ - registro 25.300
Telefone: (21) 99709-8530 Rio de Janeiro – RJ 1139
Resposta: A cláusula décima segunda (fl. 753) descreve ser para prevenir eventuais diferenças
decorrentes da adoção de índices não uniformes para correção do saldo devedor e das
respectivas prestações.
Resposta: A cláusula vigésima (fl. 756) estabelece que o Réu para cobrança do que lhe for
devido, tiver que recorrer à justiça, os devedores pagarão ainda a pena convencional de 10%
sobre o montante do débito, inclusive acessórios, mais custas processuais e honorários de
advogado.
VI – CONCLUSÃO
45. Analisada a materialidade disponibilizada nos autos, nos elementos que foram
anteriormente exarados, esse perito constata, expõe e submete ao MM Juízo, as imperfeições
da composição da prestação inicial, da dupla cobrança do FQM- Fundo de Quitação por Morte,
aliado a existência do anatocismo, como cerne deste estudo.
46. Ratifico a aceitação da Capitalização Mensal dos Juros, bem como a utilização
da Tabela Price como Sistema de Amortização de Financiamento.
47. Nada mais havendo a expor, dá-se por finalizado o presente laudo pericial,
composto por 6 (seis) páginas, todas numeradas, para que produza os efeitos legais.