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Auditoria e Perícia Contábil

Isabella Christina Dantas Valentim

Artigo científico
AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL: UMA ANÁLISE DE SUAS
CARACTERISTICAS E APLICAÇÕES

Isabella Christina Dantas Valentim1

RESUMO

O objetivo deste artigo é descrever o processo de desenvolvimento das áreas de


auditoria contábil e perícia contábil, no que envolve os seus aspectos profissionais e
técnicos. Para isso, foi descrito através da literatura das áreas em estudo e com base
nas normas e legislações aplicáveis às profissões de auditor e perito contábil, que
envolvem uma minuciosa e cautelosa análise dos fatos envolvidos no processo a ser
executado. Assim, ambas áreas em estudo necessitam do envolvimento e da atuação
de profissionais contábeis, devidamente registrados no conselho de classe e com
conhecimento técnico sobre a área pretendida. Também pode ser percebido que
ambas áreas de atuação precisam desenvolver o planejamento prévio das atividades
a serem executadas, assim como adotar procedimentos adequados para obtenção
das evidências e provas que sejam suficientes para sustentar as opiniões que serão
dadas. Com isso, cada um desses profissionais, seja auditor ou perito, deverá elaborar
as suas conclusões. O auditor por meio do seu relatório de auditoria e o perito ou
assistente técnico deve elaborar o laudo e o parecer pericial contábil,
respectivamente.

Palavras-chave: Auditoria Contábil. Perícia Contábil. Procedimentos. Normas de


Contabilidade. Profissional Contábil.

INTRODUÇÃO

O presente artigo busca analisar a Auditoria Contábil e a Perícia Contábil no


que diz respeito às suas sustentações legislativas e às suas aplicabilidades práticas.
Para tanto, será necessária a discussão sobre as perspectivas introdutórias, trazidas
pelas discussões dos conceitos básicos que envolvem as duas áreas, como
específicas da contabilidade. Para isso, serão feitas pontuações quanto aos seus
conteúdos normativos, os quais estabelecem diretrizes e as suas aplicações enquanto
ramo do conhecimento contábil necessário para desempenho das áreas.
Na mesma toada, a partir de uma análise teórica e prática, busca-se apontar
como a auditoria contábil é segregada e como a sua execução afeta a legitimação e
a segurança das informações contábeis geradas. Para isso, compreende-se que esse
profissional irá avaliar, de acordo com suas responsabilidades e ainda dentro da
avaliação de risco aceitável, se as demonstrações contábeis e os demais documentos,
elaborados pela administração ou membros da governança da entidade, foram
elaborados a partir do que determina as normas geralmente aceitas.
Do mesmo modo, serão levantadas algumas pontuações sobre o perfil
profissional do perito contador, que se envolve nas causas judiciais ou extrajudiciais

1Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestre
em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora dos cursos de
Graduação em Ciências Contábeis e Gestão Financeira. Professora dos cursos de Pós-Graduação em
Gestão Financeira e Controladoria, Auditoria Contábil e Fiscal, Perícia Contábil e Planejamento
Tributário.
para resolução de conflitos. A sua atuação será percebida, dentro de um contexto
amplo, o qual envolve diversas varas e esferas judiciárias, elevando tal especialidade
a uma grande responsabilidade e importância. Assim, faz-se necessário ainda
compreender como devem ser expressas as conclusões obtidas pelo perito contador,
elaborando um laudo pericial contábil ou um parecer pericial contábil, este último com
a denominação atualizada pela NBC TP 01, em março de 2020, que trata sobre as
atividades técnicas da perícia.
Este artigo, tem como objetivos descrever o processo de desenvolvimento das
áreas de Auditoria e Perícia Contábil, assim como compreender os aspectos
profissionais e práticos que envolvem cada uma dessas áreas específicas da
contabilidade. Para isso, faz-se necessária a busca na literatura pertinente sobre o
tema, assim como na junção dos conhecimentos práticos e técnicos do autor.

1. AUDITORIA CONTÁBIL

É notório a crescente importância da atividade empresarial nas economias


modernas. De fato, grande parte do crescimento econômico, das inovações e da
criação de riqueza decorre de atividades empresariais. No entanto, o
empreendedorismo traz consigo a noção de risco: as empresas podem passar por
crises motivadas por fatores internos e externos, nas quais os investidores podem ser
privados de obter retornos sobre os seus investimentos e os credores podem não
receber o que contribuíram para uma entidade comercial. Tudo isso, em princípio, é
uma consequência natural dos mecanismos de mercado.
No entanto, deve-se lembrar que as pessoas, especialmente, como entidades
comerciais, que financiam atividades comerciais no mercado (por exemplo,
comprando ações, títulos ou outros valores mobiliários), buscam pelo menos algum
grau de previsibilidade e segurança em suas decisões. Para garantir um nível razoável
de segurança sobre os investimentos realizados, faz-se necessária a obtenção de
uma série de informações sobre a atividade na qual os recursos serão aplicados.
Assim, essas informações destinam-se, principalmente, a fornecer aos
investidores condições para avaliar e mensurar, embora, aproximadamente, a área a
ser enfrentada e até para estimar a remuneração necessária para investir os seus
recursos nessa atividade em particular, mas não basta ter apenas acesso à
informação, é necessário ter credibilidade, segurança e imparcialidade.
Em relação a essa situação, surge uma necessidade básica de auditoria,
levando em consideração apenas uma auditoria externa, realizada por um único
profissional ou empresa independente, a fim de garantir a confiabilidade das
informações fornecidas pelos gerentes de negócios aos financiadores do mercado.

1.1 Conceitos Básicos

De forma básica, Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 4) definem auditoria como “o


levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos,
operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade”. Dessa forma,
por se classificar como uma atividade de essência crítica, resulta na emissão da
opinião do auditor sobre as atividades de verificações (CREPALDI; CREPALDI, 2019,
p. 4).
Do mesmo modo, o Conselho Federal de Contabilidade - CFC, por meio da
Resolução nº 820 de 1997 determina que a natureza da auditoria consiste no “conjunto
de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão da opinião sobre a
adequação das demonstrações contábeis, consoante os Princípios de Contabilidade
e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação
específica”.
Contribuindo de forma igual, Brito e Fontenelle (2015) definiram também que a
atividade de auditar, como a de testar a eficiência e a eficácia do controle patrimonial,
de maneira geral, não se limita apenas aos aspectos contábeis. Nesse sentido,
observa-se que a opinião apropriada do auditor deve ter por objetivo avaliar por meio
de procedimentos técnicos adequados sobre as demonstrações contábeis, as quais
devem ser elaboradas de acordo com os padrões estabelecidos pelas Normas
Brasileiras de Contabilidade – NBC.
Vale ressaltar ainda que a atividade de auditoria controla áreas-chave nas
organizações, com o objetivo de averiguar e prevenir situações que desencadeiem
fraudes, desfalques e subornos, utilizando, dessa forma, testes de auditoria para
detecção dessas ações (CREPALDI; CREPALDI, 2019).
A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria – NBC TA 200, a qual
retrata os objetivos do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em
Conformidade com Normas de Auditoria, destaca que as demonstrações contábeis,
sujeitas à auditoria, devem ser elaboradas pela administração da entidade, com
supervisão geral dos responsáveis pela governança, que consistem em: balanço
patrimonial, demonstrações do resultado, demonstração das mutações do patrimônio
líquido, demonstração dos fluxos de caixa e notas explicativas.
Nessa linha de pensamento, entende-se que a profissão do contador, quanto
ao desenvolvimento específico da auditoria, surgiu a partir das necessidades dos
usuários de informações seguras sobre os dados divulgados pelas empresas. Dessa
forma, com o objetivo de assegurar e dar credibilidade às informações que eram
elaboradas e divulgadas pelas empresas, surgiu a figura do auditor que, por meio da
emissão de sua opinião, expressa o quão confiáveis são as informações contidas no
conjunto de demonstrações contábeis. Dessa forma, assegura aos usuários, através
de uma análise de um profissional independente - conhecedor das técnicas contábeis
- se aquelas informações divulgadas são seguras ou não.
Para Consenza e Grateron (2003), o crescimento da área de Auditoria e o
desenvolvimento de suas funções fazem, de maneira geral, que as normas que
regulam as atividades inerentes à profissão sejam revistas. Essas atualizações devem
ser feitas com o objetivo de garantir aos usuários das informações que todos os
padrões sejam atendidos.
Avaliando a perspectivas de responsabilidade do auditor perante os seus
trabalhos de auditoria, existe a NBC TA 210, a qual descreve as responsabilidades do
auditor quanto aos trabalhos de auditoria com a administração da entidade e os
responsáveis pela governança. Vale ressaltar que, dentro dos trabalhos de auditoria,
algumas considerações e procedimentos prévios devem ser aplicados, com o objetivo
de garantir a independência e a relevância do trabalho a ser realizado. Essas
considerações devem ser tratadas logo no início da auditoria, salvaguardando o
auditor quanto às suas responsabilidades e a empresa quanto aos serviços que serão
contratados.
Ao avaliar o papel a ser desenvolvido pela área de Auditoria, vale descrever os
objetivos referentes à aceitação do trabalho pelo auditor. Considerando que o
profissional auditor poderá aceitar ou não o desenvolvimento da auditoria a partir da
avaliação dos riscos envolvidos no processo, que podem afetar as suas
responsabilidades e sua conduta profissional.
Considerando tal abordagem, Brito e Fontinelle (2015) relatam que as
condições prévias de auditoria, de acordo com as normas de auditoria aplicáveis,
devem corresponder ao uso pela administração de uma estrutura de relatório
financeiro aceitável na elaboração das demonstrações contábeis e a concordância da
administração em relação ao pressuposto em que a auditoria é conduzida.
Para Crepaldi e Crepaldi (2019), o objetivo da auditoria consiste avaliar as
informações contábeis, em especial, aquelas contidas nas demonstrações contábeis
e aquelas previstas em legislação, devendo ainda propiciar revelação suficiente sobre
a entidade. Dessa forma, tais informações devem facilitar a concretização dos
propósitos do usuário, revestindo-se de atributos informacionais, entre os quais, são
indispensáveis: a confiabilidade, a tempestividade, a compreensibilidade e a
comparabilidade.
A NBC TA 200, que retrata os objetivos gerais do auditor independente e a sua
condução, determina que para atendimento da proposta de auditoria, o auditor
enquanto profissional deve-se valer de:
Julgamento profissional: consiste na aplicação de treinamento, conhecimento
e experiência relevantes, dentro do contexto fornecido pelas normas de auditoria,
contábeis e éticas, na tomada de decisões informadas a respeito dos cursos de ação
apropriados nas circunstâncias do trabalho de auditoria;
Evidências de auditoria: consistem nas informações utilizadas pelo auditor para
fundamentar as suas conclusões em que se baseia a sua opinião. As evidências de
auditoria incluem informações contidas nos registros contábeis subjacentes às
demonstrações contábeis e outras informações;
Asseguração razoável: é a segurança considerada no contexto da auditoria de
demonstrações contábeis, um nível alto, mas não absoluto.
Por fim, vale compreender sobre o objeto da auditoria, o qual Crepaldi e
Crepaldi (2019) descreve como o conjunto de elementos que irá controlar o patrimônio
da entidade e, dentro deste, consideram-se os registros contábeis, os papéis,
documentos, as fichas, os arquivos e as anotações que comprovem e garantam a
legitimidade dos atos desempenhados pela administração. Cabe ressaltar ainda que
fatos, os quais não puderam ou não foram documentados pela administração, também
podem ser objeto de auditoria, com a finalidade de assegurar sua veracidade, de
acordo com as evidências obtidas (CREPALDI; CREPALDI, 2019).
Desse modo, a auditoria contábil consiste, em relação ao seu campo de
atuação, na adequada fiscalização do cumprimento das normas contábeis e internas
da empresa em relação à emissão de informações e relatórios com relação às suas
falhas ou irregularidades que possam surgir por meio de ações fraudulentas.

1.1.1 Auditoria Interna versus Auditoria Externa

A Auditoria interna é uma atividade independente de assessoramento a um


conselho gerencial ou uma parte de uma organização, com o objetivo de examinar e
avaliar a adequação, eficiência e eficácia dos sistemas de controle interno e a
qualidade dos resultados das áreas em relação às atribuições, bem como planos,
metas, objetivos e princípios definidos para elas, além de fornecer suporte à gerência
na tomada de decisões.
Enquanto a Auditoria externa é realizada por auditores independentes que não
estão relacionados à empresa auditada, portanto, não há risco de interferência no
conteúdo de suas opiniões. O objetivo é emitir uma opinião sobre as declarações da
empresa auditada, dando aos acionistas e investidores segurança quanto à
confiabilidade dos dados apresentados, assim atende aos interesses de terceiros. O
auditor lida apenas com a detecção e prevenção de erros e fraudes que afetam as
demonstrações financeiras. Isso é feito periodicamente nas empresas obrigadas, de
grande porte, e será executado por esses profissionais devidamente registrados na
Comissão de Valores Mobiliários - CVM.

1.2 Normas Técnicas e Profissionais de Auditoria

Os padrões de auditoria aceitos orientam os auditores a realizar exames e a


preparar relatórios. Alguns padrões são descritos como padrões gerais, padrões de
desempenho no trabalho e padrões de opinião (padrões de relatório). Essas normas
determinam a estrutura exigida pelo auditor para decidir, preparar a auditoria das
demonstrações financeiras, conduzir a auditoria e redigir o relatório. Eles também são
usados para medir a qualidade dos objetivos da auditoria e as medidas tomadas para
alcançá-los. Desde 1972, possuímos os padrões de auditoria implementados pelo
Banco Central do Brasil (BACEN), além da Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
da Comissão Federal de Contabilidade (CFC), o Instituto de Auditores Independentes
(IBRACON) e o Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
Os padrões de auditoria são padrões que controlam a qualidade dos exames e
relatórios, já os procedimentos de auditoria descrevem as tarefas que os auditores
realmente executam na realização dos exames. Os padrões de auditoria são
claramente estabelecidos e, se o objetivo é realizar inspeções satisfatórias, não são
permitidos desvios. Por outro lado, os procedimentos de auditoria geralmente aceitos
são descritos em termos gerais e podem ser modificados para se adequar ao trabalho
de auditoria específico. Os padrões comuns se referem, principalmente, à
personalidade, atitude e treinamento dos auditores, também conhecidos como
padrões pessoais. Referem-se ao treinamento técnico, à capacidade dos auditores, à
experiência, ao entusiasmo profissional e ao espírito de atitude independente.
As normas brasileiras de contabilidade (NBC) emitidas pelo CFC devem
obedecer aos padrões internacionais e incluir esses padrões, essas explicações
técnicas e trocas técnicas. Os padrões de auditoria independente são aprovados pelo
CFC por meio de resoluções e são divididos em padrões profissionais (NBC PA) e
padrões técnicos (NBC TA). A AP da NBC formulou regras de conduta e
procedimentos. Como requisito da prática profissional de contabilidade, a AT da NBC
descreve os conceitos, princípios e procedimentos da doutrina que devem ser
adotados ao executar o trabalho.
De acordo com a Resolução 1.828/2011 do CFC (18 de março de 2011), que
estipula a estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, a resolução determina
a estrutura das normas contábeis brasileiras da seguinte forma:

As Normas Profissionais que podem ser aplicadas aos auditores são:


1. Geral – NBC PG: aplicadas indistintamente a todos os profissionais de
contabilidade;
2. Do Auditor Independente – NBC PA: aplicadas, especificamente, aos
contadores que atuam como auditores independentes;
3. Do Auditor Interno – NBC PI: aplicadas especificamente aos contadores que
atuam como auditores internos.

As Normas Técnicas aplicadas aos trabalhos de auditoria são:


1. Geral – NBC TG: são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes
com as normas internacionais emitidas pelo International
Accounting Standards Board (IASB); e as Normas Brasileiras de Contabilidade
editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais;
2. De Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica – NBC TA: são
as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria, convergentes
com as Normas Internacionais de Auditoria Independente emitidas pela IFAC;
3. De Revisão de Informação Contábil Histórica – NBC TR: são as Normas
Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Revisão, convergentes com as
Normas Internacionais de Revisão emitidas pela IFAC;
4. De Auditoria Interna – NBC TI: são as Normas Brasileiras de Contabilidade
aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna;
5. De Auditoria Governamental – NBC TAG: são as Normas Brasileiras de
Contabilidade aplicadas à Auditoria Governamental, convergentes com as
Normas Internacionais de Auditoria Governamental emitidas pela Organização
Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI).

As normas de auditoria são entendidas como as regras formuladas por todas


as instituições de rotina do setor contábil nacional, o objetivo é regular o exercício das
funções do auditor e estabelecer as diretrizes que esses profissionais devem seguir
ao exercer as suas funções. Elas estabeleceram os conceitos básicos de requisitos
do auditor, de desempenho do auditor e as opiniões que os auditores devem
expressar. Embora na maioria dos casos, os padrões de auditoria sejam apenas
padrões gerais e não um manual de análise de procedimentos que os auditores devem
seguir, eles estabelecem limites claros de responsabilidade e fornecem informações
úteis para o comportamento dos auditores em relação aos auditores, à formação
profissional e aos aspectos técnicos necessários para realizar o trabalho (CREPALDI;
CREPALDI, 2019).
Considerando a diversidade de projetos desenvolvidos na área e os métodos
personalizados específicos para cada trabalho, a criação de padrões de auditoria é
uma tarefa complexa. A tarefa se torna mais difícil, devido à necessidade de criar
padrões que se apliquem ao trabalho realizado por pessoas que foram treinadas em
várias disciplinas. Os profissionais de engenharia, transporte etc., que podem ajudar
a realizar auditorias, devem orientar a sua implementação com os mesmos padrões.
As normas de auditoria e os seus procedimentos de implementação
estabelecem a ordem e a disciplina da execução. Mais importante ainda, a
conformidade com esses padrões pode alcançar uma auditoria completa e objetiva e
fornecer resultados e recomendações tangíveis. Assim, esses requisitos básicos são
razoáveis.

1.3 Planejamento de Auditoria

Ao executar o seu planejamento de auditoria, o auditor deve considerar o


ceticismo profissional, ou seja, manter sempre uma mente questionadora quanto às
questões a serem avaliadas pela sua atividade. Para Crepaldi e Crepaldi (2019), o
ceticismo profissional deve incluir as evidências de auditoria que contradigam outras
evidências obtidas; as informações que coloquem em dúvida a confiabilidade dos
documentos e respostas às indagações a serem usadas como evidências de auditoria;
as condições que possam indicar possível fraude; e as circunstâncias que sugiram a
necessidade de procedimentos de auditoria, além dos exigidos pelas NBCs TA.
Para definir planejamento de auditoria, Lins (2017, p. 235) detalha que:

O planejamento da auditoria é a etapa do trabalho na qual o auditor


independente estabelece a estratégia geral dos trabalhos a executar na
entidade a ser auditada, elaborando-o a partir da contratação dos serviços,
estabelecendo o alcance, a época e a direção da auditoria, para orientar o
desenvolvimento do plano de auditoria de modo que possa desempenhar um
trabalho eficiente e eficaz.

Nessa mesma linha de raciocínio, “planejar”, segundo a perspectiva de Crepaldi


e Crepaldi (2019, p. 332), “é pensar o modo de se realizar a auditoria, de acordo com
os meios disponíveis, tempo, pessoal, recursos financeiros, a fim de se alcançar os
objetivos definidos para o trabalho”.
Para Almeida (2019), o trabalho de auditoria deve ser adequadamente
planejado, de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas. Para isso, o
auditor define que “planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria
seja de excelente qualidade e ao menor custo possível” (ALMEIDA, 2019, p.32).
Dessa forma, os objetivos dentro do planejamento devem ser adquirir
conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e da forma de
organização da empresa; planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares;
obter maior cooperação do pessoal da empresa; determinar a natureza, amplitude e
datas dos testes de auditoria; e identificar previamente problemas relacionados com
contabilidade, auditoria e impostos (ALMEIDA, 2019).
Brito e Fontinelle (2015) relatam que o auditor deve, de forma escrita,
documentar o seu planejamento geral, além de preparar os seus programas de
trabalho, devendo, ainda, detalhar o que for necessário à compreensão dos
procedimentos que serão aplicados, em termos de natureza, oportunidade e
extensão. Assim, o planejamento deve ser detalhado de maneira que possa servir
como um guia e meio de controle de sua execução. Dessa forma, deve ser o primeiro
passo para execução da auditoria, como mostra o seguinte fluxo:

Planejamento
Testes de Avaliação de
(avaliação inicial
controle riscos
de riscos)

Procedimentos
Relatório de Testes de analiticos
auditoria detalhes substantivos

Fonte: Brito e Fontinelle (2015).

Ademais, deve-se considerar dentro do planejamento todos os fatores


relevantes na execução dos trabalhos, para Lins (2017, p. 237) principalmente os que
se relacionam aos seguintes:
a) O conhecimento detalhado das práticas contábeis adotadas pela
entidade e as alterações procedidas em relação ao exercício anterior;
b) O conhecimento detalhado do sistema contábil e de controles
internos da entidade e seu grau de confiabilidade;
c) Os riscos de auditoria e identificação das áreas importantes da
entidade, quer pelo volume de transações, quer pela complexidade de
suas atividades;
d) A natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de
auditoria a serem aplicados;
e) A existência de entidades associadas, filiais e partes relacionadas;
f) O uso dos trabalhos de outros auditores independentes,
especialistas e auditores internos;
g) A natureza, o conteúdo e a oportunidade dos pareceres, relatórios
e outros informes a serem entregues à entidade; e
h) A necessidade de atender a prazos estabelecidos por entidades
reguladoras ou fiscalizadoras e para a entidade prestar informações
aos demais usuários externos.

Assim, de forma adicional, deve-se, dentro do planejamento da auditoria, existir


a designação dos trabalhos a serem desenvolvidos pela equipe técnica, com a
segregação das funções de cada um dos componentes. Para Crepaldi e Crepaldi
(2019, p. 336), “a utilização de equipe técnica deve ser prevista de maneira a fornecer
razoável segurança de que o trabalho venha a ser executado por pessoa com
capacitação profissional, independência e treinamentos requeridos nas
circunstâncias”.
Se eventualmente, nos desenvolvimentos do planejamento e dos programas
de trabalho, for necessário, estes devem ser revisados e atualizados sempre que
novos fatos o recomendarem (CREPALDI; CREPALDI, 2019).
Enfim, a partir das informações obtidas, de forma preliminar, o auditor deverá
elaborar a sua proposta de serviços, de forma a expressar as suas responsabilidades,
como a da administração, além de estabelecer os valores e as horas de trabalho que
serão despendidas. Essas informações devem constar no planejamento de auditoria,
pois ele deverá comprovar no final do processo que todas as etapas iniciais das
propostas foram atendidas e executadas.
Dessa forma, observa-se que muitas são as informações que compõe o
planejamento de auditoria, devendo sempre o profissional atentar-se à necessidade
de revisão e atualização, sempre que um novo fato, durante o seu trabalho de campo,
surgir. Para eficiente condução e o restrito seguimento do planejamento de auditoria,
Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 334) relatam que:

O auditor deve estabelecer como apropriados os termos do trabalho de


auditoria com a administração e os responsáveis pela governança. Esses
termos estabelecidos devem ser formalizados na carta de contratação de
auditoria ou outra forma adequada de acordo, por escrito. Os itens devem
incluir as responsabilidades do auditor, as responsabilidades da
administração.

Finalmente, percebe-se que o planejamento de auditoria é ferramenta-chave


no processo bem-sucedido da execução da auditoria, pois além de assegurar o auditor
quanto às suas responsabilidades, auxilia na segurança e na organização das
informações para desenvolvimento de sua opinião final. Isso deve ser desenvolvido
por meio de uma equipe, a qual deverá estar ciente de todo o processo e de suas
determinadas funções, a partir dos aspectos descritos no planejamento. Para isso, o
auditor ainda deve considerar, dentro de seu planejamento, as propostas de serviços,
com valores, horas e funções a serem desempenhados a partir das informações
coletadas. Para tanto, será necessário, então, avaliar os aspectos ligados à seleção
das informações que serão avaliadas e os riscos nestas envolvidos.

1.4 Seleção da Amostra e Avaliação do Risco

Levando em consideração o fluxo e a quantidade de informações contidas nas


demonstrações contábeis e nos diversos documentos societários que envolvem o
trabalho de auditoria, faz-se necessária a seleção de itens de uma amostra que serão
avaliados pelo auditor. Esse procedimento de seleção, por sua vez, exige que dentro
desse processo todos os itens que compõem as informações tenham as mesmas
possibilidades de serem escolhidos ou selecionados na amostra. Por isso, o
profissional deve-se valer de conhecimentos técnicos, de forma a aplicá-los sobre tal
seleção.
Nessa perspectiva, tais seleções devem evidenciar, segundo Crepaldi e
Crepaldi (2019): o grau de confiança sobre os sistemas de controle internos da
entidade, as bases de seleção, as fontes utilizadas na seleção e, ainda, o número de
itens a ser selecionado. Além disso, na seleção da amostra, deve-se considerar a
seleção de forma aleatória e sistêmica, através das transações realizadas e a seleção
casual, de forma a utilizar os critérios estabelecidos pelo auditor, a partir de suas
experiências, explica Crepaldi e Crepaldi (2019).
A partir da seleção da amostra a ser avaliada pelo auditor, adota-se, a partir de
então, os procedimentos relativos à avaliação dos riscos que envolvem o trabalho de
auditoria. Assim, primeiramente dentro dessa perspectiva, deve-se considerar o risco
do negócio, que consiste no risco que resulta de condições, eventos, circunstâncias,
ações ou falta de ações significativas que possam afetar adversamente a capacidade
da entidade de alcançar os seus objetivos e executar as suas estratégias ou de
estabelecer objetivos ou estratégias inadequadas.
Depois, deve-se avaliar os riscos que envolvem as demonstrações contábeis,
que consistem nos riscos de que os relatórios contábeis apresentem distorções
materialmente relevantes, derivadas de vários fatores, como os problemas inerentes
à gestão da entidade auditada, ao volume e à complexidade das transações lançadas
na contabilidade, à inexistência, à falha, à burla ou à omissão nos controles internos.
No objetivo de orientar os auditores na coleta de evidências, para que possam
emitir uma opinião, com uma segurança razoável, é necessário que sejam trabalhados
os tipos de riscos de auditoria.
Nesse contexto, os riscos inerentes (RI), segundo Lins (2017), são aqueles que
são comuns em qualquer tipo de atividade empresarial, pois têm a sua ênfase no
processo operacional. Nesse sentido, o autor acredita que tal risco é suscetível a
respeito das transações, dos saldos contábeis e, até mesmo, das divulgações que
podem levar a uma distorção, que seja considerada relevante.
Outro risco, avaliado por Lins (2017), é o risco de controle (RC). Este é
considerado pela sua capacidade de avaliar a possibilidade de erro material de um
determinado saldo ou transação, que não pôde ser evitado pelos controles internos
pertencentes à empresa.
Por fim, existe o risco de detecção (RD), referente à avaliação dos
procedimentos, os quais foram adotados pela auditoria e não são capazes de detectar
um erro ou uma fraude, considerados materiais sobre a avaliação feitas nos itens.
Assim, acredita-se que para quantificar os riscos de auditoria (RA), boa parte da
doutrina contábil emprega modelos matemáticos. O modelo de risco de auditoria,
conceitua risco de auditoria (RA), de modo que combine em seu conceito o risco
inerente (RI), o risco de controle (RC) e o risco de detecção (RD), segundo a seguinte
fórmula matemática:

RA = RI x RC x RD

Em que: RI é o risco inerente; RC será o risco de controle; e RD é o risco de


detecção. Assim, já destacavam Castro et al. (2015) os indicadores de risco de
auditoria, que afetarão dois quadrantes: o horário de trabalho e os honorários. Quanto
maior o risco, maior o nível de procedimentos que o auditor deve executar para obter
segurança. Ao mesmo tempo, o auditor pode considerar cobrar uma taxa mais alta
como prêmio pelo risco assumido.

1.5 Papéis de Trabalho

A NBC TA 230 trata da responsabilidade do auditor na elaboração da


documentação de auditoria para a auditoria das demonstrações contábeis. Para tanto,
são necessárias algumas definições prévias. A documentação de auditoria consiste
no registro dos procedimentos de auditoria executados, da evidência de auditoria
relevante obtida e das conclusões alcançadas pelo auditor. Assim, usualmente, utiliza-
se a expressão “papéis de trabalho” para esses tipos de documento. Já os arquivos
de auditoria compreendem, em uma ou mais pastas ou outras formas de
armazenamento, em forma física ou eletrônica, os registros que constituem a
documentação de trabalho específico da auditoria.
Por considerar a sua natureza e a sua finalidade, a partir da norma geralmente
aceita, os papéis de trabalho utilizados na Auditoria, devem atender a essa norma,
além de suas exigências específicas, pois tais procedimentos fornecem ao profissional
evidências suficientes para o auditor concluir e cumprir os objetivos globais propostos
em seu planejamento. Além de evidenciar como a auditoria foi planejada e executada,
de acordo com as normas aplicáveis e os regulamentos específicos.
Para Ribeiro e Ribeiro (2017), os documentos de auditoria servem para dentro
do contexto do planejamento e execução da auditoria, assistir à equipe de trabalho,
determinar das responsabilidades que envolvem a assistência dos membros da
equipe que supervisionam e dirigem o trabalho de auditoria, podendo permitir, ainda,
que a equipe se responsabilize pelo seu respectivo trabalho.
Ademais, acredita-se que os papéis de trabalho de auditoria auxiliam no
mantimento dos registros sobre os assuntos considerados relevantes, até mesmo
para consultas futuras, através de inspeções e revisões, que podem ser realizadas
para manter o controle de qualidade, mantendo, ainda, os padrões estabelecidos
pelas normas e exigências legais. Além disso, Ribeiro e Ribeiro (2019) acreditam que
a preparação dos papéis de trabalho deve ser suficiente para que um auditor
experiente, que não possua nenhum envolvimento na auditoria, consiga entender os
trabalhos desenvolvidos.
Vale-se compreender sobre a divisão que existe em relação aos papéis de
trabalho e, geralmente, compreende o programa de auditoria, que se refere aos papéis
de trabalho padronizados, por exemplo: checklist, formulários, entre outros. Os papéis
elaborados pelo auditor consistem nos papéis/documentos elaborados ao longo da
auditoria pelo próprio profissional. Por fim, existe ainda os outros papéis de trabalho
que se referem aos documentos diversos, como as circularizações, as cópias de
estatuto social, os contratos, entre outros.
A doutrina contábil, relacionada à auditoria, classifica, ainda, os papéis de
trabalho quanto à sua natureza, tais como: correntes e permanentes. Assim, os papéis
de trabalho, considerados correntes, são aqueles utilizados apenas no exercício social
do objeto da auditoria, por exemplo: caixa e bancos; contas a receber, estoques,
investimentos, imobilizados, contas a pagar, receitas e despesas, demonstrações
financeiras e questionários de controle interno. Por sua vez, os papéis classificados
como permanentes referem-se àqueles utilizados em mais de um período, por
exemplo, o estatuto social ou contrato social, as cópias de contratos bancários de
financiamentos a longo prazo, os manuais de procedimentos internos e as cópias de
atas de reuniões.
Para Ribeiro e Ribeiro (2017), todos esses procedimentos de elaboração e
organização dos papéis de trabalho irão servir para preparação do arquivo final da
auditoria. De maneira que o auditor deverá montar a sua documentação de auditoria
por meio dos arquivos, após a emissão do relatório final. Deverá o auditor atentar-se,
ainda, para que mesmo depois de concluído o trabalho de auditoria e elaborados os
papéis de trabalho, não deverá apagar ou descartar os documentos levantados pela
auditoria, seja qual for sua natureza, devendo guardá-los.
Nesse contexto, os papéis de trabalho desenvolvidos pelos auditores são de
sua propriedade, pois refletem o trabalho executado e utilizado para base de sua
opinião final. Por isso, recomenda-se que tais documentos sejam guardados de forma
segura, para que evitem qualquer desvio ou manipulação de informações. O Comitê
de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) orientam
os profissionais de auditoria à guarda dos papéis de trabalho por um período de cinco
anos, a contar a partir da publicação da opinião do auditor para a administração da
empresa auditada (RIBEIRO; RIBEIRO, 2017).

2. AUDITORIA APLICADA

O plano de auditoria é o plano de trabalho a ser executado no local. Esse plano


deve ser elaborado de acordo com o objetivo da auditoria e as características da
empresa a ser auditada. Ele definirá os objetivos do exame em uma área específica,
o escopo e a profundidade do exame, os pontos de controle interno a serem
verificados, os procedimentos a serem utilizados, o tempo estimado gasto, a equipe
de trabalho e outros aspectos.
Nesse sentido, será necessário a compreensão sobre os procedimentos a
serem executados nos trabalhos de auditoria sobre as demonstrações contábeis, pois
são a partir desses procedimentos e de sua adequada aplicabilidade que as
evidências, que sustentaram a opinião do auditor, serão adequadas e suficientes.
Avaliando essas perspectivas, faz-se necessário, assim, conhecer a aplicação
da auditoria sobre as contas patrimoniais e de resultado, para que consequentemente
o auditor consiga emitir a sua opinião através do relatório de auditoria.

2.1 Procedimentos de Auditoria

Para desempenhar as suas funções de maneira eficiente, além de entender as


características do próprio negócio, os auditores também devem ter um entendimento
suficiente do mercado, clientes e fornecedores, obrigações legais e controles internos
existentes da entidade auditada, afirma Pereira (2018). Esses detalhes desempenham
um papel fundamental no trabalho inicial de tomada de decisão e na auditoria do
serviço de emprego, porque permitem ao auditor entender claramente os motivos que
constituem o posicionamento físico do mercado e a tomada de decisão econômica.
Além disso, o conhecimento dos detalhes acima também permite que os auditores
mensurem os riscos dos negócios e, assim, gerenciem os riscos da auditoria
(PEREIRA, 2018).
Para obter segurança razoável, o auditor deve obter evidência de auditoria
suficiente para reduzir o risco de auditoria para um nível baixo aceitável, para que ele
possa obter uma conclusão razoável e emitir uma opinião baseada em objetivos, com
base na NBC TA 200, de acordo com o auditor independente; e da auditoria, de acordo
com as normas de auditoria.
Castro et. al (2015, s/n) destacam que “a métrica de governança tem uma
tendência natural à redução da quantidade de horas. Uma empresa com governança
e bons controles permite ao auditor testar controles internos e reduzir,
consideravelmente, os procedimentos analíticos de auditoria.” Para o levantamento
adequado e técnico das evidências de auditoria e para que estas sejam adequadas e
suficientes é necessário que auditor adote procedimentos para tal objetivo e, assim,
fundamentar sua opinião. Dessa forma, os procedimentos que podem ser adotados
pelo auditor no decorrer de seu trabalho são: contagem física, confirmação de
terceiros, recálculos, inspeções, observação e outros procedimentos analíticos.
A contagem física, consiste no procedimento que utiliza as contas do ativo e
consiste em identificar fisicamente o bem declarado nas demonstrações financeiras,
como o dinheiro em caixa; os estoques; os títulos, como as ações; os títulos de
aplicações financeiras; e bens do ativo imobilizado.
O procedimento de confirmação de terceiros é utilizado pelo auditor para
confirmar, por meio de carta, os bens de propriedade da empresa em poder de
terceiros, direitos a receber e obrigações, por exemplo, o dinheiro em conta corrente
bancária, as contas a receber de clientes, os estoques e os títulos em poder de
terceiros, as contas a pagar a fornecedores e os empréstimos e financiamentos a
pagar. Esse procedimento é estabelecido pela NBC TA 505.
O procedimento do recálculo é feito através dos diversos cálculos realizados
no decorrer da auditoria, a partir da elaboração das demonstrações financeiras, assim
são exemplos dos tipos de recálculos: os de valorização de estoques, os cálculos de
amortização de despesas antecipadas, de depreciações dos bens do ativo
imobilizado, a realização de cálculos de variação monetária e cambial de empréstimos
a pagar e os cálculos dos juros provisionados.
A inspeção é um procedimento que envolve a análise de registros ou
documentos internos ou externos, documentos em papel, formulários eletrônicos,
outras mídias ou inspeção física de ativos. Fornece graus variados de evidência de
auditoria com base em sua confiabilidade. A natureza e a fonte, em termos de registros
e documentos internos, controlam a eficácia de sua produção. Exemplos desses
documentos a serem inspecionados são os relatórios de despesas; boletins de caixa;
desenhos de relatórios, como a apropriação de custos, depreciação, amortização etc.;
requisições, desenhos de ofertas; registros de funcionários; folha de pagamento; livros
sociais, como as atas de reuniões de acionistas, conselho de administração e ata da
reunião do diretor executivo e do comitê de finanças.
No que diz respeito ao procedimento da observação, este é o exame de
processo ou procedimento executado por outros, por exemplo, a observação pelo
auditor da contagem do estoque pelos empregados da entidade ou da execução de
atividades de controle, por isso, esses procedimentos fornecem evidência de auditoria
a respeito da execução de processo ou procedimento, mas é limitada ao ponto no
tempo em que a observação ocorre e pelo fato de que o ato de ser observado pode
afetar a maneira como o processo ou procedimento é executado.
Os procedimentos analíticos estão expostos na NBC TA 520 e consistem na
avaliação das informações feitas por meio de estudo das relações plausíveis entre
dados financeiros e não financeiros. Além disso, devem ser incluídas a investigação
de flutuações e as relações identificadas que sejam inconsistentes com outras
informações relevantes ou que se desviem significativamente dos valores previstos.
Assim, será necessário conhecer a aplicabilidade dos procedimentos sobre as
demonstrações contábeis, a partir da execução da auditoria sobre cada conta
específica.

2.2 Auditoria das Contas Patrimoniais

Ao avaliar o balanço patrimonial, observa-se que ele mostra o valor


correspondente ao saldo dos dois grupos de contas correspondentes aos ativos, aos
passivos e ao patrimônio líquido. Além disso, o balanço patrimonial obteve finalmente
o valor final dos resultados da demonstração dos resultados acumulados (finalmente,
transferidos para a reserva de lucros) no patrimônio líquido, fato que permite à
demonstração exibir as contas e os resultados do patrimônio líquido.
Embora essa não seja a única maneira de apresentar o relatório analisado,
geralmente, a representação gráfica do balanço patrimonial é a conta do ativo à
esquerda, enquanto a conta do passivo ainda está no canto superior direito e a conta
do patrimônio líquido está no canto superior direito do balanço.
Compreendendo a estrutura do balanço, faz-se, então, necessária a
observação quanto à aplicação da auditoria sobre as contas que compõem o balanço
patrimonial, visto que a sua composição se deve ao equilíbrio entre os recursos da
empresa sobre as suas fontes de captação.

2.2.1 Contas de Ativo

Além da observação ou confirmação pessoal dos dados, as auditorias de


contas de ativos também são baseadas em inspeções e evidências da existência e
valor de ativos tangíveis ou intangíveis. Dessa maneira, o auditor pode reunir
evidências satisfatórias sobre a existência e suficiência do valor registrado. Embora
os objetivos da auditoria possam variar um pouco de um tipo de atividade para outro,
eles geralmente são aplicáveis a quase todos. Assim, deve-se focar nos escopos
básicos que geralmente estão relacionadas aos itens individuais do ativo.
Aspectos relacionados à existência, incluindo a verificação de projetos de
ativos, devem ser o principal objetivo da auditoria. Esse objetivo propõe um
procedimento, principalmente, em termos de ativos tangíveis, o auditor inspeciona
pessoalmente a propriedade. A confirmação (consulta por escrito), geralmente,
fornece evidências da existência da propriedade, bem como documentos de consulta
e inspeção verbais. Em alguns casos, são necessárias evidências qualitativas e
quantitativas para determinar a existência de mercadorias. Nesse caso, geralmente,
são necessários procedimentos especiais para dar ao auditor a certeza necessária.
Esses procedimentos podem envolver a contratação de especialistas para inspecionar
ativos. O aspecto da qualidade dos produtos está intimamente relacionado ao objetivo
da avaliação. A função de avaliação usada para determinar o valor dos ativos é outro
objetivo importante das auditorias, em que são necessários procedimentos
específicos para reunir evidências sobre seu valor.
O auditor deve garantir que os ativos incluam ativos obtidos por meio de
autorização, ou seja, autorização de avaliação. Por exemplo, essa autorização deve
ser expressa: a estratégia de determinar que o estoque seja necessário apenas pelo
departamento de produção e que o departamento de compras adquira depois de
competir para selecionar o melhor preço. A autorização de contas a receber também
é geralmente geral, devido ao fato de a política de crédito autorizar a venda de crédito
a clientes que atendem a determinados requisitos. Em geral, requer autorização
especial para comprar itens e investimentos muito importantes em outras entidades.
Nesse caso, o conselho de administração e até o comitê de investimentos, nomeado
pelo conselho de administração, votaram pela aprovação ou reprovação da aquisição
mencionada. Os auditores devem usar o método de verificar os manuais de
procedimentos da entidade e outros documentos para entender as suas políticas
oficiais e ler as atas das conferências, reuniões do conselho ou outros grupos, para
entender mandatos específicos.
A avaliação de ativos inclui observação precisa dos auditores e determinação
da propriedade dos projetos de ativos. Em muitos casos, a posse de ativos lastreados
em notas ou faturas é suficiente para provar a propriedade, especialmente, para
ações, títulos, máquinas etc. A propriedade do veículo também pode ser comprovada
por meio de certificados de propriedade, documentos de registro e recibos de
impostos. Os imóveis podem ser estabelecidos verificando contratos, recibos e
formulários de impostos sobre propriedades.
Além disso, as restrições devem ser avaliadas, especialmente, ao identificar
projetos de ativos, que estão intimamente relacionados a outra meta, ou seja, para
verificar se o projeto em questão tem algum passivo ou restrição de qualquer tipo. Se
houver, eles devem ser divulgados nas demonstrações financeiras. Portanto, o auditor
deve se esforçar para descobrir quaisquer restrições ou encargos.
Na auditoria da conta do balanço, quando se refere aos ativos, também é
necessário avaliar a precisão do valor. O objetivo comum de se verificar qualquer tipo
de ativo é verificar se o valor relatado é preciso. Esse objetivo está intimamente
relacionado à determinação da quantidade de mercadorias, mas se concentra mais
especificamente na precisão matemática. O processo usado para atingir esse objetivo
inclui a verificação física, como contagem, confirmação e verificação de registros
contábeis e documentos qualificados.
No entanto, precisa-se, ainda, avaliar a utilidade, porque, em alguns casos,
haverá muitos itens de ativos; portanto, o objetivo da auditoria é tirar conclusões sobre
o uso potencial da propriedade. Já foi dito que, no caso de ativos fixos, o valor de
mercado é mais relevante na maioria dos casos. Para os auditores, os dados mais
importantes são que um item está desatualizado ou usado para produzir produtos que
podem ser produzidos off-line. Além disso, por qualquer outro motivo, o estoque
desatualizado ou não vendável é quase inútil.
Além disso, os profissionais devem avaliar a apresentação nas demonstrações
financeiras, inclusive, verificando se os ativos no balanço estão listados corretamente.
Isso é alcançado analisando as características de cada ativo e aplicando
criteriosamente as suas regras de classificação constituintes, descrições elaboradas,
métodos de avaliação, divulgação entre parênteses de valores substitutos, referência
às notas explicativas e descrições de encargos e restrições.
O auditor deve estar ciente de que erros de classificação ou descrições
inadequadas podem ser tão graves quanto erros de valor. Portanto, cada auditoria
deve incluir procedimentos para garantir o envio fiel das demonstrações financeiras.
Os ativos são divididos em duas categorias: ativo circulante e ativo não circulante.
Desde 2008, as manifestações em grupo "permanentemente ativas" deixaram de
existir. Se houver evidência clara de que o ativo está incluído na provisão para redução
ao valor recuperável no futuro, a entidade deve confirmar imediatamente a redução
ao valor recuperável através da criação de uma provisão para perda. As contas a
examinar, de acordo com a sua representatividade, são basicamente: caixa e
equivalentes de caixa, duplicatas a receber, estoques, investimentos, imobilizado e
intangível.
A auditoria eficaz e eficiente tira proveito do controle interno para minimizar os
testes diretos de caixa. A maioria das organizações de médio ou grande porte possui
um bom controle interno de caixa. Nesse caso, a auditoria se concentra no teste dos
controles e na determinação de defeitos imprecisos ou maiores. Se não houver
defeitos maiores, o teste menos substancial será realizado. No entanto, se houver
pelo menos defeitos significativos ou conteúdo substantivo no controle, o auditor deve
determinar que tipos de imprecisões podem existir e estabelecer testes de auditoria
substantivos para confirmar a existência (GRAMLING et al., 2012).

2.2.2 Contas de Passivo

De muitas maneiras, a auditoria da dívida requer um conceito diferente do uso


de ativos. Nas auditorias de ativos, com base na confirmação ou observação pessoal
direta, os auditores têm um método mais eficaz de provar a existência. Não é fácil
obter essa evidência específica na verificação da dívida.
Os auditores devem reconhecer que a dívida constitui uma enorme área de
risco, devido à sua forte tendência de relatar um valor abaixo da realidade. Devem,
assim, introduzir as Leis 11.638/07 e 11.941/09 como critérios para avaliação de
passivos, ajustar as obrigações, custos e riscos do passivo a longo prazo pelo valor
presente e ajustar outros passivos quando tiverem um impacto relevante.
De acordo com as Leis 11.638/07 e 11.941/09, em termos de passivos, as
contas serão divididas nas seguintes categorias: passivo circulante, passivo não
circulante e patrimônio líquido, divididos em capital, reservas de capital, ajustes de
avaliação patrimonial, reservas de patrimônio Lucros, ações em tesouraria e prejuízos
acumulados.
De acordo com a Lei nº 11.941/09, as obrigações da empresa (incluindo
financiamento para obtenção de direitos a ativos não circulantes) serão classificadas
como passivo circulante, quando expirarem no segundo ano ou como passivo não
circulante, se expirarem dentro de um período mais longo.
Se o ciclo de negócios de uma entidade continuar além do ano fiscal para
classificá-lo como um passivo circulante, o ciclo de negócios da entidade deve ser
observado. De acordo com a Lei nº 11.941/09, o resultado fixado para os próximos
anos foi revogado e o "arrendamento financeiro" deve ser considerado.
De maneira geral, os objetivos na auditoria de passivos devem ser aplicados
em casos, como a verificação da adequação do controle interno. O sistema de controle
interno do passivo deve garantir que todas as dívidas sejam comunicadas com
precisão. Todas as dívidas da entidade são registradas nos registros contábeis. Todos
os itens registrados no passivo são os direitos e interesses legítimos da entidade da
dívida e baseiam-se na administração da entidade, uma política a resolver.
Ao determinar a razoabilidade e propriedade dos passivos registrados, o auditor
deve adotar todos os procedimentos julgados necessários para chegar ao saldo
apresentado como um passivo no balanço patrimonial, incluindo: a listagem correta
dos passivos contingentes reais; todas essas dívidas são certificadas pela entidade;
garantir a sua correta divulgação nas notas explicativas; avaliação e aplicação
uniforme dos passivos, de acordo com os princípios contábeis.
Deve garantir que todos os passivos sejam registrados, ou seja, não há
obrigações não registradas. O programa permite que os auditores adotem uma
abordagem sistemática para verificar os dados, o que pode revelar a existência de
itens potencialmente não registrados. Na medida do possível, deve ser aplicada no
último dia da pesquisa de campo para cobrir o valor máximo do período subsequente
e corresponder à data da submissão. Os auditores devem estar cientes de outros
sinais de passivos não registrados. Ao verificar as evidências do aumento na
propriedade registrada, ele precisa garantir que todos os itens de responsabilidade
relacionados tenham sido registrados corretamente.
Determine se os itens do passivo são exibidos corretamente nas
demonstrações financeiras. Dois aspectos muito importantes na apresentação de
passivos nas demonstrações financeiras são a classificação correta e a divulgação
adequada. O primeiro requisito divide as contas em categorias regulares e não
recorrentes. Nessas categorias, pode haver critérios de classificação com base na
data de vencimento, na subordinação ou em qualquer outro critério. As parcelas de
curto prazo, das contas a pagar de longo prazo, devem normalmente ser calculadas
como passivo circulante. Assim, as principais contas a examinar são: empréstimos e
financiamentos, fornecedores, debêntures, obrigações tributárias, salários e encargos
sociais, contas, encargos a pagar e provisões.

2.2.3 Contas do Patrimônio Líquido

A auditoria da conta do patrimônio líquido inclui o auditor verificando as


transações que ocorreram durante a auditoria e observando se a empresa e os
regulamentos estatutários são cumpridos. Entre as empresas listadas, essa é uma
das auditorias mais importantes, porque envolve muitos aspectos de grande valor para
os investidores, como a distribuição de dividendos (CREPALDI; CREPALDI, 2019).
Os aspectos mais importantes nesse campo são o cumprimento de leis e
procedimentos estatutários, como determinar se o direito de emitir ações ou capital
social foi devidamente autorizado e emitido, bem como determinar todas as regras
estipuladas nos estatutos, cumprir obrigações sociais e legais, garantir a organização
e atualização dos livros da empresa, atas das assembleias gerais e da comissão
executiva e/ou do conselho de administração, determinando se o patrimônio líquido
foi adequadamente contabilizado e classificado nas demonstrações financeiras,
conforme descrevem Crepaldi e Crepaldi (2019).
Com o advento da Lei nº 10.303/2001 (principalmente a Lei nº 11.638/2007), a
prática de sociedades anônimas foi eliminada, ou seja, as contas que costumam ser
chamadas de "lucros acumulados" por muitos anos foram usadas pelas empresas com
o objetivo de reter lucros.
Quando a Lei nº 10.303 inseriu o parágrafo 6, do Artigo 202, da Lei das
Sociedades por Ações (LSA), foi determinado que "lucros não realizados", de acordo
com parâmetros legais, deveriam ser distribuídos como dividendos.
A Lei nº 11.638 fez outras alterações a respeito desse assunto, alterando o Artigo
178 da LSA, que exclui a referência a "lucros acumulados" do patrimônio líquido,
causando, assim, uma meta de lucro para empresas públicas de responsabilidade
limitada e até grandes empresas, também, de responsabilidade limitada. De acordo
com a lei, elas devem adotar os regulamentos da LSA sobre contabilidade e
preparação de demonstrações financeiras.
O Decreto nº 10.303 concede dois talentos importantes: primeiro, incluído no
Artigo 202, parágrafo 2, da LSA, sendo que esse decreto permite que as empresas
decidam sobre distribuições de dividendos "menos que obrigatórias" e, até mesmo,
distribuições de dividendos sobre "todo o lucro líquido", mas a premissa é que
"nenhum acionista não tem objeções na assembleia”.
E a segunda, contida no parágrafo seguinte do mesmo Artigo, prevê a não
obrigatoriedade da distribuição do dividendo obrigatório no exercício social em que os
órgãos da administração informarem à assembleia geral ordinária ser ele incompatível
com a situação financeira da companhia.
Portanto, tudo isso mostra que embora seja inegável que a partir da promulgação
das Leis nº 10.303 e 11.638, não será mais possível distribuir legalmente os resultados
do ano, em um determinado período, após o final do ano fiscal, para contas de lucros
acumulados, em que essa conta deve ser zerada, o fato é que a empresa ainda pode
usar várias ferramentas para evitar a distribuição de todos os resultados do ano.

2.3 Auditoria das Contas de Resultado

Os resultados econômicos dessa entidade são refletidos na demonstração do


resultado e são críticos para a administração, os acionistas, os bancos, os
fornecedores, os funcionários, os investidores e os potenciais fornecedores, bem
como o próprio governo.
O objetivo da auditoria, na conta de resultados, é analisar o ciclo operacional da
entidade e os seus resultados econômicos. O auditor deve ter em mente que, para a
existência de documentos justificativos relacionados à transação, é viável a
verificação simples dos procedimentos de trabalho. Na perspectiva de sua principal
atividade (ou seja, obtenção de lucros), a precisão dos princípios contábeis utilizados
em seu registro não significa necessariamente que a entidade opere da maneira mais
recomendável.
Para Gramling et al. (2012), na maioria das auditorias, as contas de receita e
contas a receber relacionadas devem ser consideradas de alto risco, pois são
extremamente propensas a erros. O auditor precisa entender o relacionamento entre
as contas e a melhor maneira de resolver a auditoria abrangente da conta e os
controles relacionados.
As contas de receita (vendas à vista) e de despesas afetam diretamente as contas
de caixa e equivalentes à caixa (caixa e banco). Portanto, são mais suscetíveis a
fraudes. No entanto, não se limitando a essa área, a inspeção será limitada. Também
se aplica a depreciação e amortização, devedores duvidosos ou reservas para
despesas financeiras vencidas e não pagas. Portanto, todas as contas que interferem
nos resultados do exercício são incluídas no exame.
Agora, o problema é que a reflexão acerca dos resultados da implementação será
inevitavelmente afetada pela composição desses regulamentos. O processo de
receita pode variar para um cliente e cada cliente pode ter vários processos de receita.
No entanto, aspectos comuns do ciclo de receita podem ser usados para estabelecer
procedimentos de auditoria para os processos de receita da maioria das organizações.
Para tanto, Gramling et al. (2012, p. 377) exemplificam esta situação da seguinte
forma:

Uma transação de venda de uma camisa em uma loja de departamentos


difere da venda de livros pela internet. A venda pela internet e a realizada na
loja, provavelmente, exigem pagamento à vista ou por cartão de crédito. A
venda de equipamento de construção muito provavelmente envolve uma
conta a receber, ou talvez seja obtido um empréstimo com outra parte.
Algumas transações de venda envolvem arranjos contratuais de longa
duração que determinam quando e como a receita será́ contabilizada.
Algumas organizações geram documentação detalhada de vendas; outras
mantém um histórico de auditoria somente em formato computadorizado. Os
objetivos dos controles são semelhantes entre processos de receita e clientes
diferentes, mas os controles específicos e os modos pelos quais eles são
implantados tendem a variar.

Assim, na auditoria da demonstração do resultado, o objetivo é determinar se


todas as receitas, os custos e as despesas atribuídos ao período foram devidamente
certificados e contabilizados, e se toda a receita atribuível ao período ou anos futuros
foi entregue adequadamente. Isso para determinar se as receitas, os custos e as
despesas são contabilizados de acordo com os princípios contábeis e se as
divulgações apropriadas estão listadas na descrição.
O principal objetivo das auditorias nessas contas é encontrar evidências ou
descobrir fraude, desvio, evasão, apropriação indébita ou outros tipos de crimes
cometidos por administradores ou gerentes nos ativos da empresa intencionalmente
ou devido a erros de controle. O relatório do auditor sobre os resultados dessas
inspeções é de extrema importância para a administração da empresa auditada, pois
pode ter um impacto positivo ou negativo nos métodos de gestão e administrativos e
nos funcionários.
A auditoria da demonstração do resultado deve permitir que o auditor tire as
seguintes conclusões: receita, despesa e custos estão relacionados às atividades da
empresa e são suportados por documentos qualificados e se as operações foram
devidamente autorizadas e adequadamente contabilizadas, de acordo com os
princípios contábeis. Ao realizar transações com partes relacionadas, deve-se verificar
se as opiniões aplicáveis foram acompanhadas de notas explicativas, se as normas
regulatórias aplicadas uniformemente no ano anterior estão corretamente
classificadas nas demonstrações financeiras e divulgadas, de acordo com os
princípios e normas contábeis da CVM, e não são apropriadamente alocadas às
demonstrações contábeis. Os projetos que se beneficiarem nesse período ou no
próximo ano devem ser adiados adequadamente e deve-se determinar se os custos
e despesas compensam corretamente os recebíveis.
O controle de despesas é quase inteiramente baseado no princípio da separação
de tarefas. Todos os documentos devem ser rigorosamente verificados por um caixa
independente e cancelados no momento do pagamento, o que só pode ser feito sob
a autorização do titular responsável. O controle não deve se limitar ao departamento
puramente físico da inspeção de despesas. O saldo deve ser analisado e comparado
com anos anteriores ou previsões de orçamento. Todas as deformações devem ser
verificadas e explicadas corretamente.

2.4 Relatórios de Auditoria

O relatório de auditoria independente é o resumo de um trabalho prestado à


empresa auditada, mas também aos investidores e, até mesmo, à sociedade.
Portanto, o entendimento da estrutura dessa peça é de fundamental importância para
todos aqueles que estão inseridos no meio empresarial. Já para você, auditor, esse
conhecimento é de fundamental importância para o exercício da profissão.
Relatório de auditoria é a fase final do processo de auditoria e consiste em uma
narração ou descrição escrita, ordenada e minuciosa dos fatos que foram
constatados, com base em evidências concretas, durante o transcurso dos exames
de auditoria. Representa a fase mais significativa do trabalho e se constitui no seu
produto. O relatório é o meio técnico pelo qual o auditor comunica ou apresenta
resultados do trabalho, comentários, opiniões, conclusões, opiniões, sugestões e
medidas necessárias que a administração deve adotar. O relatório consiste numa
narração ou descrição escrita, ordenada e minuciosa dos fatos que foram constatados
e constitui o produto final da auditoria.
O novo relatório de auditoria independente foi reformulado, no Brasil, em 2016,
segundo o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), devido à
insatisfação dos usuários das informações contábeis ao modelo anteriormente
adotado. A falta de atualização das mudanças internacionais tornou o parecer do
auditor obsoleto, ocasionando insegurança dos usuários ao posicionamento do
auditor.
As Normas de Auditoria que tratam desse assunto são: NBC TA 700, que trata
da formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as
demonstrações contábeis; NBC TA 701, que relata a comunicação dos principais
assuntos de auditoria no relatório do auditor independente; NBC TA 705, que trata das
modificações na opinião do auditor independente; e NBC TA 706, que orienta sobre
os parágrafos de ênfase e de outros assuntos no relatório do auditor independente.
De acordo Attie (2018, p. 51) “o auditor precisa, neste momento, avaliar a
suficiência dos elementos comprobatórios obtidos; deve considerar, portanto, a
origem, a forma e o grau de credibilidade dos referidos elementos”. No
desenvolvimento do relatório, deve-se conter basicamente os seguintes parágrafos:
relacionados à opinião do auditor; a base para sua opinião; os principais assuntos de
auditoria (NBC TA 701); as outras informações que acompanham as demonstrações
contábeis e o relatório do auditor (NBC TA 720); as responsabilidades da
administração e da governança pelas demonstrações contábeis; e as
responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações contábeis.
Além disso, vale ressaltar que existem tipos distintos de relatórios, a partir de
sua segurança e de seus atendimentos às normas geralmente aceitas para
elaboração das demonstrações contábeis. Dessa forma, os tipos de relatórios são:

a) Relatório sem ressalva;


b) Relatório com ressalva;
c) Relatório com opinião adversa;
d) Relatório com abstenção de opinião; e
e) Relatório com parágrafo de ênfase.

Segundo Perez Júnior (2018), o relatório sem ressalvas é um parecer limpo


que, após aplicar todos os procedimentos cabíveis ao auditor e não forem encontrados
acontecimentos que possam influenciar na opinião emitida, torna-se um relatório sem
modificação.
Nessa perspectiva, compreende-se que existam três tipos de opiniões
modificadas que são: “opinião com ressalva”, “opinião adversa” e “abstenção de
opinião”. A decisão sobre qual tipo de opinião modificada é apropriada depende,
principalmente, da natureza do assunto que deu origem à modificação, ou seja, se as
demonstrações contábeis apresentam distorção relevante ou, no caso de
impossibilidade de se obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, podem
apresentar distorção relevante; e do julgamento do auditor sobre a disseminação de
forma generalizada dos efeitos ou possíveis efeitos do assunto nas demonstrações
contábeis (ARRUDA; ARAUJO, 2017).
Após a obtenção de evidência de auditoria apropriada e suficiente, o auditor
independente conclui que as distorções, isoladamente ou em conjunto, estão
relacionadas, mas não generalizadas nas demonstrações financeiras e devem
expressar opiniões com ressalvas. Todavia, existe evidência de auditoria suficiente
para apoiar o seu ponto de vista, mas ele concluiu que os possíveis efeitos de
distorções não detectadas (se houver), nas demonstrações contábeis, podem ser
relevantes, mas não generalizados.
Após obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, o auditor conclui que
quando distorções individuais ou combinadas estão relacionadas às demonstrações
contábeis e são generalizadas, o auditor deve emitir "opiniões adversas", como
propõe a NBC TA 705. Quando os auditores não puderem obter evidência de auditoria
apropriada e suficiente para apoiar as suas opiniões, devem abster-se de expressar
opiniões e concluir que os possíveis efeitos (se houver) de distorções não detectadas,
nas demonstrações financeiras, podem ser relevantes e generalizados, conforme a
NBC TA 705.
Se o auditor acreditar que é necessário chamar a atenção do usuário para os
assuntos levantados ou divulgados nas demonstrações contábeis e considerar a sua
importância, já que o entendimento dos usuários das demonstrações contábeis é
essencial, assim, ele deve incluir um parágrafo de ênfase no relatório. A premissa é
que, de acordo com os regulamentos da NBC TA 705, o assunto não exige que o
auditor modifique a opinião e o assunto não foi determinado como o principal assunto
de auditoria a ser comunicado no relatório do auditor.
De acordo com Dantas, Barreto e Carvalho (2017), a auditoria torna-se um
instrumento fundamental para o andamento dos mercados de capitais. O auditor
independente assume a responsabilidade de revisar as demonstrações financeiras da
entidade, devendo avaliar e opinar se tais demonstrações permanecem livres de erros
relevantes. Os autores ainda inteiram que esse processo aumenta o grau de
credibilidade da empresa, pois gera um alicerce confiável na divulgação das
informações utilizadas pelos usuários externos das demonstrações contábeis.
A emissão do relatório adequado do auditor torna-se bastante significativo
diante dos vários escândalos de corrupção, fraudes e desvios de informações no
mercado financeiro. Considerado um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil,
em 2014, a Operação Lava Jato deflagrou um esquema de lavagem de dinheiro e
pagamento de propina a terceiro, o que sucedeu várias denúncias feitas em diferentes
áreas da empresa. O marco significativo para tal processo foi devido à recusa da
empresa responsável pela auditoria a assinar as demonstrações contábeis daquele
ano e de anos anteriores, ocasionado, assim, grande impacto na publicação das
demonstrações contábeis (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2018).

3. PERÍCIA CONTÁBIL

O conhecimento profissional é composto por diferentes espécies, que podem


ser identificadas de acordo com o ambiente e as características. Existem quatro tipos
de conhecimento profissional: perícia judicial, perícia semijudicial, perícia extrajudicial
e perícia em arbitragem (LOPES SÁ, 2000).
A perícia judicial é realizada dentro dos procedimentos processuais do poder
judicial quando o tribunal solicita o tratamento do assunto e o objetivo é fornecer aos
juízes questões técnicas ou científicas que estão fora de sua jurisdição. A experiência
semijudicial é implementada no ambiente nacional, mas fora do judiciário. É
semelhante à perícia judicial.
O conhecimento profissional extrajudicial refere-se ao conhecimento
profissional que as partes executam voluntariamente fora do âmbito judicial.
Especialização em arbitragem é um tipo especial de especialização implementado em
um tribunal arbitral. As partes na disputa determinam as regras a serem aplicadas.
Esse tipo de conhecimento é inconsistente aos modelos anteriores, porque parte dele
serve como uma característica do comportamento judicial e extrajudicial (SOUZA,
2004).

3.1 Perfil Profissional do Perito

O Perito Contábil, segundo Souza (2004), é um promotor ativo do


conhecimento profissional, responsável por moldar os resultados da investigação e
verificação da verdade e incorporá-los ao documento final da perícia, que constituirá
a própria prova e um importante meio de solução de problemas. Logo, percebe-se, as
responsabilidades que o profissional de perícia tem diante de si. Dessa forma, faz-se,
então, necessário fazer algumas considerações sobre o perfil exigível desse
profissional.
Então, do perito é exigido profundos conhecimentos técnico-científicos para o
exercício de sua função. Isso se comprova no Código de Processo Civil (CPC, Artigo
145), que assim dispõe: “Artigo 145. Quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito”. O CPC, em seu
Artigo 421, determina que os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível
universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o
disposto no Capítulo VI, seção VII, desse Código. Assim, os peritos deverão
comprovar a sua especialidade na matéria sobre a qual deverão opinar, mediante
certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. Vale ressaltar ainda que,
nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os
requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do
juiz.
O seu trabalho é cuidadosamente projetado e revisado com base em dados e
o seu compromisso com a verdade, a moralidade e a moralidade é a base dessa
função, porque a competência moral é a base para estabelecer a ética profissional e
os padrões éticos dos contadores. A competência ética do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) baseia-se nas atitudes e princípios pessoais dos profissionais.
Dentro dessa perspectiva, o perito contábil pode atuar como: perito judicial, que
é nomeado pelo Juiz e assistente técnico, que é contratado pelas partes. No escopo
da perícia judicial, essa é a área de ação com maior demanda por especialistas em
Perícia Contábil no Brasil. Nessa área, os juízes nomeiam especialistas em
contabilidade para preparar relatórios contábeis e as partes envolvidas contratam os
seus especialistas assistentes para preparar os seus relatórios. Em caso de
desacordo parcial ou total com o relatório elaborado pelo especialista, há as
respectivas opiniões técnicas. No entanto, a experiência extrajudicial é praticada fora
do sistema judicial e quaisquer assistentes técnicos são fornecidos sem acordo entre
as partes relevantes e recomendam a aceitação dos resultados apresentados por
especialistas em contabilidade (MARTINS, 2018).
Na esfera privada, ele é sempre empregado por todas as partes. De qualquer
forma, ele é o agente responsável pelas atividades dos especialistas, as quais serão
incorporadas no documentário e terão um alto grau de rigor científico, sendo uma
prova necessária da solução do problema. O trabalho do perito é, portanto, elaborar
essa peça fundamental, denominada de laudo ou parecer, dependendo da sua esfera
de atuação (judicial ou não), com todos os meios permitidos para o exercício de sua
função.
Para um melhor desempenho do perito contábil diante do processo da perícia,
para que os objetivos de seu trabalho sejam plenamente alcançados, é necessário
que esse profissional seja orientado, no exercício de sua função, pelas Normas
Contábeis aplicáveis à Perícia. A legislação profissional visa padronizar as técnicas a
serem utilizadas no trabalho especializado e no desempenho do profissional
especialista, a fim de padronizar os atos procedimentais, seja no âmbito judicial ou
extrajudicial (SOUZA, 2004). Para isso, Souza (2004) subdivide o trabalho da perícia
contábil em fases, tais como: planejamento, execução, procedimentos (exame,
vistoria, diligências etc.) e elaboração do laudo ou parecer.
Já na perspectiva de Zanna (2017), a perícia contábil não é, em si, uma
profissão. É, por sua vez, uma especialização da profissão contábil em que um
contador está envolvendo. Assim, os tribunais precisam contar com especialistas em
assuntos contábeis, econômicos, financeiros, tributários, trabalhistas, previdenciários
e de gestão de negócios e seus relacionamentos com parceiros, o Estado e outros
relacionados às atividades econômicas e comerciais, o que significa que os
contadores atendem especificamente a essas exigências. Do mesmo modo, Fonseca
et al. (2000, p. 37-38), defendem que:

A Perícia Contábil é uma área de especialização da Contabilidade que vem


despontando como amplo e promissor campo de atuação do Contador.” ... É
um importante ramo da Contabilidade, e, para sua realização, faz-se
necessário profissional especializado, que esclarece questão sobre o
patrimônio das pessoas físicas e jurídicas.

Em 27 de março de 2020, foram alteradas as Normas Brasileiras de


Contabilidade NBC TP 01 (Perícia Contábil) e NBC PP 01 (Perito Contábil), cujas
últimas alterações foram realizadas em 27 de fevereiro de 2015. A nova redação dada
a essas normas simplificou e alterou algumas definições, assim como acrescentou
outras abordagens importantes para o entendimento da profissão e das técnicas de
perícia. Os campos de atuação do Perito Contador, foram descritas por Zanna (2017)
como:
Perito oficial: nesse campo, o perito exerce sua especialidade no âmbito do
serviço público e atua como funcionário do Estado. Normalmente, esse profissional
pertence aos quadros da polícia técnico-científica;
Perito judicial: nesse caso, o perito irá atender às nomeações realizadas pelos
juízes e árbitros, que necessitam de uma prova contábil. Assim, exercerá a profissão
contábil na condição de profissional autônomo;
Perito extrajudicial: para o campo de atuação extrajudicial, o perito terá de
atender à indicação de quaisquer pessoas físicas que necessitem de uma prova
contábil independente, para esclarecer dúvidas suscitadas por algum tipo de suspeita
sobre a economia da empresa da qual é sócio. Dessa forma, será aplicada na
apuração de haveres em casos de inventário por falecimento do detentor de
patrimônio vultoso e diversificado;
Perito assistente: deve comparecer às partes que solicitam os seus serviços e
acompanhar o trabalho de especialistas judiciais ou extrajudiciais para, finalmente,
apresentar pareceres técnicos que possam ter convergência, desacordo parcial ou
desacordo completo com os relatórios fornecidos por especialistas judiciais ou
extrajudiciais;
Consultor dos advogados: dá-se quando o perito contador está pronto para se
preparar a "inicial" da ação. O "documento inicial" é uma ação tomada por alguém
(autor) contra outra pessoa (réu) no tribunal. Nesse caso, o advogado contratará um
contador especializado para preparar opiniões técnicas sobre questões econômicas,
financeiras e comerciais, com antecedência, e submetê-las à sentença;
Ainda, pode-se acrescentar como campo de atuação, a de professor da
disciplina Perícia Contábil junto às faculdades de Ciências Contábeis e como
professor em cursos de pós-graduação que tenham em sua grade curricular temas
relacionados à perícia contábil.
Pode-se observar que a especialidade da perícia contábil possui uma ampla
gama de campos profissionais, exigindo conhecimentos técnicos em contabilidade,
tributação, finanças, economia, regulamentos trabalhistas aplicáveis à solução de
julgamentos, gestão de negócios, matemática e direito processual. Também é
recomendável que se entenda o conhecimento do ramo jurídico que gera o trabalho
de um especialista em contabilidade, especialmente, a lei de recuperação judicial de
empresas e falências, lei geral das empresas, direito civil, direito tributário, legislação
trabalhista e previdenciária, incluindo direitos e legislação relacionada aos direitos,
certificação de obrigações e testamentos familiares (ZANNA, 2017).
Assim, Zanna (2017) defende que a complexidade das relações comerciais
produziu direitos e obrigações cada vez mais complexos, além de exigir que os peritos
contábeis façam atualizações técnicas e profissionais permanentes, compreendam
totalmente a linguagem contábil e jurídica, porque o relatório contábil deve estar
vazando. Embora sejam técnicos, são termos claros para o magistrado e as partes.
Portanto, o conteúdo do laudo pericial deve permitir que os juízes e as partes
relevantes entendam de maneira completa, abrangente, clara e simples e,
simplesmente, os fatos que são objetos de discussão.
Além da discussão, é claro que, além da competência profissional técnica e das
qualificações legais, os especialistas também devem ter as qualidades necessárias
para garantir um trabalho digno, considerando o importante papel na busca por
direitos e justiça abrangentes. O "Código de Processo Civil", o "Código de Ética
Contábil" e "NBC PP 01 - Perito Contábil" listam algumas das qualidades e
características essenciais para o exercício de conhecimentos contábeis, por exemplo:
Imparcialidade e honestidade: somente o trabalho realizado com a verdade
pode tirar conclusões justas. O comportamento justo e honesto dos especialistas
executará justiça e verdade. Assim, o profissional perito contador deverá ser imparcial
e honesto na execução de suas atividades;
Independência: o perito contador deve manter total independência das partes
para não se restringir, comprometendo, assim, o desempenho da perícia, restringindo-
se apenas ao trabalho atribuído a ele. Esse atributo está descrito no Código de
Processo Civil, em seu Artigo 423 e na NBC PP 01.
Observador e Crítico: ao procurar evidências e provas suficientes para suas
conclusões, os peritos contábeis devem ser críticos e perspicazes ao observarem
cuidadosamente todos os fatos e dados ao seu alcance;
Zelo: é de responsabilidade do perito contador ser cauteloso, dedicado e
entusiasmado no desempenho das tarefas confiadas a ele, desde o cumprimento de
todos os prazos até o desempenho de todos os seus privilégios profissionais;
Sigilo: os peritos não podem divulgar os resultados obtidos durante a
investigação e outros procedimentos utilizados na execução do trabalho, tratando a
divulgação como não conformidade e não conformidade com o Código de Ética
Profissional. Ao procurar um tipo de dados, um dado pode atravessar muitos outros
dados. Os profissionais são responsáveis por não divulgar tudo o que sabem quando
se preparam para o trabalho e não devem comentar sobre o relacionamento com
terceiros. De acordo com a Resolução CFC nº 733/92, de 22/10/92, NBC – P-2 –
Normas Profissionais de Perito Contábil, item 2.6 - Sigilo:

2.6.1. O perito contábil deve respeitar e assegurar o sigilo do que apurar


durante a execução de seu trabalho, não divulgando em nenhuma
circunstância, salvo quando houver obrigação legal de fazê-lo, dever que se
mantém depois de entregue o laudo ou terminados os compromissos
assumidos.

Desse modo, na realização de suas atividades, o perito contábil e o assistente


técnico são responsáveis por agir de forma ética, leal, apropriada e honesta com juízes
e litigantes. Se o especialista em contabilidade tiver cometido alguma irregularidade,
especialmente, práticas erradas que possam causar danos às partes, ele responderá
a elas e, ainda, estará sujeito às sanções pelo comitê de contabilidade regional por
sua jurisdição e direito penal.
O exercício profissional da função de perito contábil baseia-se em duas formas
de desempenho técnico. A primeira sugere quando os magistrados nomeiam
profissionais de contabilidade de nível superior para assumir o papel de peritos em
justiça. Quando as partes nomearem profissionais de contabilidade como assistentes
técnicos, ocorrerá outra forma de litígio. Observe que o magistrado nomeia peritos,
enquanto as partes nomeiam assistentes técnicos. Embora ele esteja incluído na lista
de assistentes da justiça, o CPC, em seu Artigo 139, inclui o escrivão e o oficial de
justiça, visto que o perito não é um servidor público que tenha sido submetido a
exames públicos. Por ser uma pessoa confiável, ele é um profissional liberal, que está
qualificado a ser designado pelo magistrado.
Aos olhos da Resolução nº 857/99, do Conselho Federal de Contabilidade, os
peritos são profissionais contábeis equivalentes, ou seja, especialistas em
contabilidade, designados por magistrados; e assistentes técnicos, designados pela
parte, que gozam dos mesmos privilégios e responsabilidades.
Desse modo, o profissional, que tem a honra de esclarecer o juiz, responde
sem restrições ao conteúdo de seu trabalho. A responsabilidade moral, por meio da
qual um profissional realiza a sua tarefa com total coragem, deve ser guiada pelo
dever de lealdade, consistindo em fornecer todas as explicações quantas vezes forem
necessárias, abstendo-se de expressar convicção pessoal, apreciando
imparcialmente os fatos e, se necessário, recusar-se a cumprir quando não se está
devidamente treinado para concluir a tarefa corretamente.

3.2 Objetivos e Tipos de Perícia

No sentido de avaliar o interesse que emerge o perito contábil, o objeto deverá


ser formalizado com elementos que serão utilizados para fornecer evidências de
especialistas específicos. É o que existe e pode ser percebido pelos sentidos com a
predominância da visão e a aplicação do conhecimento obtido a partir da experiência
profissional, por meio do uso da inteligência (ZANNA, 2017).
Logo, a perícia contábil terá como objetos o exame da contabilidade, os
documentos justificativos e as demonstrações financeiras e contábeis resultantes, os
cálculos do trabalho e as contas financeiras, determinando ativos e os seus balanços,
assim como os documentos especiais e os seus determinantes, bem como outros
documentos, como os cálculos e relatórios, contas relacionadas às atividades
comerciais, econômicas e financeiras de pessoas jurídicas e indivíduos. Assim, ao
avaliar as áreas em que se aplica a perícia contábil, percebe-se de acordo com Castro
(2020, as seguintes:
Contabilidade: lançamentos, documentos, diário, contabilidade, livros fiscais,
livros auxiliares, balancetes e demonstrações financeiras. Esse conhecimento contábil
aplica-se a todos os tipos de contabilidade, que as partes na disputa chamam de
contabilidade. Até mesmo para contas elaboradas, de acordo com as normas
contábeis brasileiras, contrárias aos princípios contábeis básicos, na ausência de
consentimento à legislação da profissão contábil e no descumprimento das
disposições do Código Civil, deve-se manter livros contábeis. Apesar disso, é
chamado de conhecimento contábil, usado para certificar, auditar, verificar contas no
sentido mais amplo possível. A perícia contábil, como pode parecer a um leigo, pode
ser aplicada mesmo às empresas ou às atividades que não realizam contabilidade ou
aquelas que estão isentas dela.
Finanças das pessoas físicas e jurídicas: aqui, são as perícias aplicadas em
empréstimos, arrendamento mercantil, financiamento de todos os tipos,
desenvolvimento comercial ou factoring, seguros, previdência privada, câmbio e
contratos similares. A experiência contábil se aplica nos casos em que há disputas
relacionadas a juros simples e compostos, encargos financeiros de qualquer natureza,
capitalização de juros, pagamentos de durabilidade, alterações monetárias,
alterações cambiais e expurgos monetário;
Administração da empresa: as perícias contábeis estão relacionadas ao
desempenho descuidado, impróprio ou injusto de contratos para a prestação de
serviços no campo da implementação de sistemas administrativos, relatórios
gerenciais, controles internos e tecnologias da informação relacionadas às atividades
comerciais (compras, vendas, remessas, todos os tipos de serviços etc.); relacionadas
à administração de recursos humanos (folha de pagamento, pagamento de custos
trabalhistas etc., estruturas de carreira nos termos do Artigo 461, da CLT, igualdade
funcional, qualificações profissionais etc.). Também vale a pena acrescentar a perícia
contábil aplicada no fornecimento de contas de condomínio e no fornecimento de
comissões, direitos autorais, royalties e outras taxas de participação. A lista inclui o
conhecimento contábil de escolas, igrejas, clubes, sindicatos e até o conhecimento
contábil de entidades chamadas organizações não governamentais (ONGs) e outras
entidades do terceiro setor (CASTRO, 2020);
Economia empresarial e/ou avaliações econômicas de bens e direitos: nesse
caso, máquinas, instalações e outros ativos do ativo permanente precisam ser
avaliados. Deve-se realizar uma avaliação econômica do processo de trabalho para
medir e/ou determinar custos e produtividade, bem como para avaliação de bens,
crédito e outros ativos e bens. Deve-se avaliar ativos intangíveis, como marcas
comerciais, patentes, processos de fabricação, fórmulas, direitos autorais de imagem
e outros bens não materiais, bem como deve-se realizar a avaliação em caso de
dissolução e resolução da empresa. Nesse campo, algumas vezes, as perícias
contábeis e econômicas são confundidas com os conhecimentos de engenharia
aplicados nas atividades de produção e na avaliação de propriedades. Sem alocar
contribuições valiosas de engenheiros e atuários, estamos convencidos de que, de
fato, contadores, economistas e administradores de empresas podem fornecer as
evidências especializadas descritas aqui. Quando é necessário o envolvimento de um
engenheiro e/ou atuário, um especialista pode contratá-lo para trabalhar. As parcerias
profissionais são consideradas a maneira mais eficaz de produzir relatórios entre
profissionais (CASTRO, 2020);
Área fiscal: nesse caso, esse é um procedimento relacionado à contabilidade
fiscal e a outros procedimentos relacionados ao campo adotado pela empresa ou
indivíduo para fins contábeis e fiscais. Tendo em vista a existência de notificação de
Auto de Infração e Imposição de Multa (AIIM), no campo administrativo (tribunais
tributários e tributários), trata-se ainda de uma inspeção judicial da empresa diante
das autoridades fiscais (Municipal, Estadual, Federal) (CASTRO, 2020);
Área previdenciária: nesse caso, o trabalho pericial é resultado de uma ação
movida pelo INSS contra a empresa ou cidadão e vice-versa. O conhecimento contábil
em questões de seguridade social pode ser usado em combinação com o trabalho ou
separadamente. Quando estiver envolvido o conhecimento contábil em
aposentadorias privadas, pode ser necessário o envolvimento de atuários, quase
sempre em parceria com um especialista em contabilidade (CASTRO, 2020);
Área trabalhista: a perícia será aplicada, na maioria dos casos, sobre um ou
mais funcionários ou os seus empregados previstos - como um sindicato - e uma
arbitragem por uma empresa ou entidade que representa os interesses da empresa,
conforme necessário (CASTRO, 2020).
Dessa forma, percebe-se que o profissional de perícia pode optar pela
especialização em uma ou várias das áreas acima mencionadas. Também permite a
existência de uma empresa ou escritório com vários especialistas, cada um com a sua
própria especialização. Em cada uma dessas áreas e de acordo com o escopo de
cada processo, o assunto para um perito contábil é limitado pelo que foi solicitado na
parte introdutória e pelo que o magistrado especificou.
Ainda, existem vários fatores que podem ser listados como responsáveis por
ampliar o escopo da perícia contábil, tanto judiciais quanto extrajudiciais. Existem
muitos processos judiciais nos quais é necessária experiência em contabilidade.
Como evidência, com base em outros elementos que provam, como contabilidade,
documentos, entre outros, o conhecimento especializado é específico. Às vezes, ele
é decisivo nas decisões. No caso de fatos patrimoniais de pessoas, empresas
instituições, em caso de dúvida, o perito parece ser útil. Portanto, a área de atividade
de um perito contábil é bem vasta. Em relação à sua classificação, na perícia contábil,
pode-se perceber sua aplicação a partir dos seguintes aspectos:
Perícias extrajudiciais: são aquelas realizadas fora da esfera estadual, devido
à necessidade e à escolha de determinadas entidades físicas e jurídicas - privadas -
no sentido estrito, isto é, não sujeitas a uma ou outra pessoa encarregada de arbitrar
a questão conflitante (fora da arbitragem). Assim, é a realização da perícia fora do
judiciário, por vontade das partes. O seu objetivo pode ser: demonstrar a veracidade
ou não do fato em questão, discriminar interesses de cada pessoa envolvida em
matéria conflituosa; provar fraude, desvios e até simulação (ZANNA, 2017);
Perícias judiciais: é específica e define-se pelo texto da lei; estabelece o Artigo
420, do Código de Processo Civil, na parte relativa ao “Processo de Conhecimento”:
“a prova pericial consiste em exame, vistoria e avaliação.” Dessa forma, será motivada
pelo fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou especializado de um
profissional para poder decidir. Assim, as perícias contábeis podem ser: oficiais e
requeridas, quando determinadas pelo juiz, sem requerimento das partes;
necessárias, quando a lei ou a natureza do fato impõe a sua realização; facultativas,
quando o juiz determina, dependendo da conveniência; perícias de presente que são
aquelas realizadas no curso do processo; e as perícias do futuro, que consistem nas
medidas cautelares preliminares para a ação principal. Elas visam perpetuar fatos que
podem desaparecer com o tempo. O profissional, para realizar essas análises
forenses, deve prestar atenção ao objeto de maneira clara e objetiva, pois em todos
os casos as análises forenses terão evidências, o que implica responsabilidade pelo
especialista, seja civil ou criminal (ZANNA, 2017).
A experiência judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais
do Judiciário, por determinação, exigência ou necessidade de seus agentes ativos,
sendo processada de acordo com regras legais específicas. Esse tipo de perícia é
subdividido, de acordo com os seus objetivos principais no processo judicial, por meio
de evidências ou arbitragem. Adicionalmente, a perícia contábil pode ser percebida
em diversas áreas do contexto jurídico, principalmente, no que diz respeito às varas e
aos juizados específicos, tais como:
Varas Criminais: fraudes e vícios contábeis, adulteração dos lançamentos e
registros, desfalques, apropriações indébitas, inquérito judicial para efeitos penais,
crimes contra a ordem econômica e tributária e outros;
Justiça do Trabalho: indenizações de diversas modalidades, litígios entre
empregadores e empregados de diversas espécies;
Varas de Falências e Concordatas: perícias falimentares em geral e
concordatas preventivas e suspensivas;
Varas da Fazenda Pública e Execuções Fiscais: perícias envolvendo tributos
de um modo geral, tais como: ICMS, ISS e IPTU;
Varas de Família: avaliação de pensões alimentícias, avaliação patrimonial e
outras;
Justiça Federal: execuções fiscais (INSS, FGTS e tributos federais em geral),
ações que envolvem a União (desapropriação de terras por parte da União) etc.
Nesse contexto, observa-se que a perícia contábil é um ramo importante da
Contabilidade e, para sua realização, é necessário ter um profissional especializado,
que esclareça dúvidas sobre os ativos de pessoas físicas e jurídicas. Para a execução
da perícia contábil, o profissional utiliza um conjunto de procedimentos técnicos, tais
como: o exame, as diligências, a coleta de dados, a análise, os cálculos, o
levantamento, o inquérito, a investigação, a arbitragem, a medição, a avaliação e a
certificação, além da testabilidade. A conclusão da perícia contábil, por sua vez, é
expressa em um relatório de especialista, esclarecendo todos os pontos requeridos,
os quesitos e as controvérsias.
Ademais, para esclarecimento do objetivo da perícia, é válido trazer as
preposições de Fonseca et. al. (2000, p. 39), sobre tais objetivos: “a perícia tem como
objetivo fundamentar as informações demandadas, mostrando a veracidade dos fatos
de forma imparcial e merecedora de fé, tornando-se meio de prova para o juiz de
direito resolver as questões propostas”.
Por conseguinte, Zanna (2017) acrescenta que o objetivo de Perícia Contábil é
apresentar a veracidade dos fatos econômicos, comerciais, tributários, de seguros,
previdenciários, financeiros, trabalhistas, tributários e administrativos, de acordo com
cada caso e conforme o que foi reivindicado na inicial. A contestação pode ampliar o
campo da perícia e, portanto, ampliar o objetivo do especialista. Por meio de
despacho, o magistrado ao definir os pontos controversos do feito pode, também,
direcionar o objetivo do trabalho do especialista. Para esse fim, defina o que você quer
que seja esclarecido com o trabalho do seu elogiado.
O objetivo da Perícia Contábil é fornecer, nos autos, provas materiais e/ou
científicas, obtidas por meios de procedimentos previstos na norma contábil NBC TP
01 – Perícia Contábil de 27/03/2020. Como se constata, o objetivo da perícia contábil
é subsidiar o juízo com elementos extraídos de documentos mercantis e de seus
registros em livros contábeis, de contratos, de livros fiscais e societários, de livros de
atas e de todo e qualquer livro e documento, que sendo válido e merecedor de
credibilidade perante a Justiça, faça prova da verdade que se deseja conhecer. A
apresentação de cálculos, de tabelas, de gráficos e de tudo que o perito contábil fizer
para revelar a verdade a respeito do que se investiga, insere-se no objetivo do trabalho
pericial.

3.2.1 Normas de Perícia Contábil

As Normas Brasileiras de Contabilidade de Perícia sofreram recentemente uma


atualização. Em março de 2020, as duas normas que abrangem a profissão e os
trabalhos técnicos de perícia passaram por um processo de revisão, com o objetivo
de atualizar os aspectos conceituais e técnicos sobre a especialidade de Perícia
Contábil.
A norma profissional de perícia é a NBC PP 01, que orienta o perito contábil
sobre a sua conduta e a sua atuação quanto à necessidade de trabalho periciais. Por
isso, a norma profissional tem o objetivo de estabelecer diretrizes inerentes à atuação
do contador na condição de perito. Nessa norma específica, serão descritas as
definições inerentes ao profissional perito, assim como o seu escopo de atuação.
Ademais, vale ressaltar que essa norma também esclarece as possibilidades de
suspeição e impedimentos quanto à atuação do perito. Deixa ciente sobre as suas
responsabilidades profissional, civil e criminal acerca das ações desenvolvidas
enquanto perito contábil e orienta, ainda, sobre a elaboração do planejamento de
perícia e a proposta dos honorários.
A norma técnica de perícia é a NBC TP 01, que descreve sobre a perícia
contábil enquanto área técnica contábil e como deve ser a adoção das ferramentas a
serem utilizadas para levantamento das provas que sustentarão os laudos e
pareceres. Essa Norma tem como objetivo estabelecer diretrizes e procedimentos
técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia
contábil, nos âmbitos judicial e extrajudicial. Dentro da nova atualização da norma,
alguns aspectos foram modificados, como a expressão sobre o “parecer técnico
contábil” para “parecer pericial contábil”, além de envolver outros aspectos que
melhoram as técnicas desenvolvidas pelo profissional.
Nessa norma, ainda, é possível observar quais os procedimentos devem ser
adotados na execução da perícia, tais como: exame, vistoria, indagação, investigação,
arbitramento, mensuração, avaliação, certificação e o novo procedimento trazido na
atualização de março de 2020, a testabilidade. Outro item novo, contido nessa norma,
está relacionado às atas e aos termos, os quais determinam os procedimentos para
elaboração de atas durante as reuniões com as partes envolvidas no litígio e, ainda,
sobre a importância da elaboração do termo de diligência, instrumento utilizado para
coleta de informações pelo perito contábil.

3.2.2 Laudo Pericial Contábil e Parecer Pericial Contábil

Após a conclusão do trabalho pericial, o perito nomeado deve apresentar um


laudo pericial contábil e o assistente técnico pode cumprir suas respectivas leis e/ou
termos contratuais e fornecer o parecer pericial contábil. Depois de enviar o laudo, o
perito designado pode fornecer uma cópia ao assistente técnico. Quando leigos ou
profissionais de outros campos preparam documentos, o assistente técnico não pode
verificar o laudo pericial e, nesse caso, um parecer pericial contábil deverá ser
fornecido sobre o assunto.
Para Zanna (2017), o objetivo do laudo pericial - seja de natureza contábil ou
de qualquer outra natureza - é dar a conhecer a opinião técnica do especialista sobre
o assunto das controvérsias que deram origem à investigação dos fatos, seja no
âmbito da Justiça ou fora dele. É uma prova de que, para ser obtido, depende de
conhecimento científico especializado aplicado de acordo com técnicas de
investigação específicas para cada especialidade do conhecimento humano.
O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil devem ser escritos apenas
por contadores ou pessoas jurídicas (se permitido por lei, devem ser devidamente
registrados e qualificados). Essa qualificação é demonstrada por um certificado
periódico profissional emitido pelo Registro Nacional de Peritos contadores e do
Conselho Regional de Contabilidade ou Conselho Federal de Contabilidade.
Assim, compreende-se que os laudos e pareceres são orientados e executados
por peritos nomeados e assistentes técnicos, respectivamente, os quais devem adotar
os seus próprios padrões e respeitar as leis, os regulamentos administrativos e a
estrutura especificada nessa norma.
No conteúdo do laudo e do parecer, em relação à linguagem adotada pelo
perito, deve-se atentar para uma descrição clara e concisa. Os termos técnicos que
forem utilizados, devem ser inseridos nos documentos, pois eles caracterizam uma
redação qualificável ao trabalho pericial, respeitando sempre as Normas Brasileiras
de Contabilidade.
Para termos técnicos relacionados à ciência contábil, além de outras
explicações ou notas de rodapé, deve-se também adicionar os seus respectivos
conceitos acadêmicos, o significado de cada termo técnico e o escopo da
contabilidade. Recomenda-se o uso dos termos já estabelecidos na literatura contábil.
Os laudos e pareceres devem considerar os resultados finais obtidos através das
evidências contidas nos registros ou as evidências coletadas por meio das diligências
realizadas, através de documentos contábeis e quaisquer outros documentos e
formulários.
A NBC TP 01 – Perícia Contábil destaca quais os itens mínimos um laudo ou
parecer pericial contábil deve conter, tais como:
(a) Identificação do processo ou do procedimento, das partes, dos
procuradores e dos assistentes técnicos;
(b) Síntese do objeto da perícia;
(c) Resumo dos autos;
(d) Análise técnica e/ou científica realizada pelo perito;
(e) Método científico adotado para os trabalhos periciais, demonstrando as
fontes doutrinárias deste e suas etapas;
(f) Relato das diligências realizadas;
(g) Transcrição dos quesitos e as suas respectivas respostas conclusivas para
o laudo pericial contábil;
(h) Conclusão;
(i) Termo de encerramento, constando a relação de anexos e apêndices;
(j) Assinatura do perito: deve constar sua categoria profissional de contador, o
seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade e, se houver,
o número de inscrição no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) e a
sua função: se laudo, perito nomeado e seu parecer, assistente técnico da
parte. É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a
legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileiras - ICP-Brasil;
(k) Para elaboração de parecer, aplica-se o disposto nas alíneas acima, no que
couber.

A norma contábil, aplicada à perícia, determina que, na existência de


esclarecimentos sobre o laudo ou se parecer for determinado sem a realização de
uma audiência, o perito contábil deverá proceder por escrito e seguir o mesmo
procedimento usado para esclarecer durante a audiência. As perguntas
suplementares, que forem elaboradas com a proposta de esclarecimentos, devem ser
enviadas à autoridade julgadora, que pode ser o juiz ou não.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos parâmetros e definições traçadas, tem-se como referência que a


Auditoria Contábil, seja no âmbito interno ou externo da entidade, é uma importante
ferramenta de controle, prevenção e identificação de erros e fraudes que possam
afetar as demonstrações contábeis. Elevando, dessa forma, as informações que são
divulgadas pela empresa a um nível de credibilidade aceitável no mercado, fazendo
com que os usuários das informações contábeis estejam seguros quanto à
manipulação e à omissão das informações, que possam surgir em determinado
período. Para isso, então, é necessário que o profissional conheças as normas
técnicas e profissionais que devem ser aplicadas durante todo o trabalho de auditoria,
assim como deve conhecer como deve ser elaborado o relatório final, com sua opinião
e, ainda, saber sobre os tipos de opiniões devem ser aplicadas.
Da mesma forma, observou-se que perícia contábil é uma atividade a ser
desenvolvida por profissional contábil, devidamente registrado pelo conselho Federal
de Contabilidade e com grande conhecimento técnico contábil, pois a sua atividade
irá auxiliar o juiz ou árbitro em alguma lide, de modo que as suas conclusões irão
definir a decisão final do ente julgador. Para isso, compreende-se que a perícia
contábil está envolvida na esfera judicial e extrajudicial, possibilitando ao profissional
uma gama de oportunidades no que diz respeito à sua área de atuação.
Dessa forma, tal especialista deverá conhecer de procedimentos jurídicos e
nomenclaturas padrões, a fim de possibilitar linguagem e tratamento adequado no
âmbito envolvido. Assim como auditor, o perito contábil deverá expressar uma opinião,
só que, na perícia, o profissional irá elaborar um laudo ou perecer pericial contábil,
dependendo do âmbito que está inserido. Este relaciona-se ao assistente técnico
(contratado pelas partes), sendo aquele o perito contador (nomeado pelo juiz).
Por fim, os objetivos deste trabalho foram atendidos, de maneira que através
das discussões e levantamentos literários realizados, pode-se observar o
desenvolvimento das áreas de Auditoria e Perícia Contábil. De mesma forma, foi
possível analisar, através do estudo e dos apontamentos feitos neste artigo, que essas
duas áreas do conhecimento contábil estão em ascensão, pois as suas atualizações
e necessidades por parte dos entes empresariais são constantes e as suas práticas
devem ser consideradas a partir das orientações normativas fiéis.
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