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Conceituação das diferentes formas financiamento das atividades comerciais e seus tratamentos
contábeis.
PROPÓSITO
Compreender o conceito e a importância das diferentes formas de financiamento das atividades
comerciais para a captação recursos de modo otimizado pela empresa, tal como os efeitos contábeis
de tais decisões.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos recursos computacionais, como acesso a
planilhas eletrônicas (Excel) e calculadora, visando efetuar o cálculo das questões.
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OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Para compreendermos como uma empresa se financia, é necessário que entendamos as diferentes
formas possíveis para que isso ocorra. Além disso, é necessário que uma empresa também saiba
como as suas decisões de financiamento afetam as suas demonstrações contábeis.
Neste tema, aprenderemos sobre como as empresas se financiam, a diferença entre o financiamento
de e o financiamento via dívida, bem como os tratamentos contábeis para diferentes formas de
atividades financeiras que ocorrem na empresa.
MÓDULO 1
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Fonte: Number1411/Shutterstock
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Qualquer atividade empresarial necessita de financiamento para o seu funcionamento. A necessidade,
portanto, de obtenção de recursos é de fundamental importância para que uma empresa consiga fazer
a sua operação de forma eficiente e lucrativa. No entanto, há diversas formas de se obter o necessário
para financiar um negócio. Quais são elas?
RESPOSTA
RESPOSTA
A primeira seria você poupar e guardar os R$80.000,00 necessários. Na segunda opção, você
convidaria outra pessoa a aportar os R$80.000,00 e dividiria a receita de aluguel com essa
pessoa. Finalmente, na terceira opção, você obtém um empréstimo bancário dos R$80.000,00 e
pagaria de volta, ao banco, o valor do principal mais um valor a título de juros.
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Note que a primeira opção demanda um tempo muito grande para ser implementada e, portanto, não
será incluída como possibilidade durante os nossos estudos. A segunda opção é interessante, pois
você não estaria assumindo a obrigação de arcar com os valores de um empréstimo. A outra pessoa
assumiria, junto com você, os riscos da operação, mas ela teria direito à parte da receita de aluguel na
perpetuidade. Na terceira opção, a dívida será quitada um dia e, desse ponto em diante, toda a receita
do aluguel será sua. No entanto, mesmo que o imóvel não esteja alugado, você terá de arcar com as
parcelas do financiamento.
Na realidade empresarial, a segunda forma é o financiamento via capital, ou seja, com a inclusão de
novos sócios na empresa. Esses sócios compartilharão o risco com você, em troca de receberem uma
porcentagem dos lucros da empresa na perpetuidade. Outra opção é o financiamento via dívida. Nesse
caso, a estrutura societária permanece intacta, e a empresa assume uma dívida cuja obrigação de
pagar é dela, independentemente do seu resultado.
O tratamento contábil também é diferente nesses dois tipos de financiamento. A dívida ficará
contabilizada no passivo da empresa e, a depender do vencimento dela, será contabilizada tanto como
circulante como não circulante. O passivo circulante é aquele que a empresa deverá pagar até os
próximos 12 meses, e o não circulante é o que vence após isso. Já o valor do capital é contabilizado
no Patrimônio Líquido da instituição. Essa diferenciação é importante, uma vez que, como veremos na
próxima seção, alguns tipos de contratos possuem cláusulas de covenant, que levam em conta o
endividamento da empresa (ou seja, o passivo).
Para uma empresa saber o quanto valeria a pena financiar via dívida ou via capital, é necessário que
cálculos sejam feitos, a fim de que os valores sejam comparados. Todos esses cálculos serão
estimados com base no Valor Presente do custo de uma dívida versus o valor presente do custo de um
sócio.
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Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Em que VPD é o valor presente da dívida, Pn é a n-ésima parcela da dívida e r é a taxa interna de
Em que VPC é o valor presente do capital, D é o valor do dividendo a ser pago no primeiro ano para
o(s) novo(s) sócio(s), r é a taxa interna de retorno e c é a taxa de crescimento esperada dos dividendos
nos próximos anos, com c < r.
EXEMPLO
João tem uma startup no ramo de tecnologia e necessita de R$100.000,00 para aumentar as suas
operações. Ele pode pegar um empréstimo de R$100.000,00 no banco, que cobrará 10 parcelas
anuais e sucessivas de R$22.000,00. No entanto, José se ofereceu para aportar R$100.000,00 em
troca de 10% na participação da empresa. Levando em conta que a TIR da empresa é de 15% a.a., os
lucros do ano atual foram de R$80.000,00 (assuma que todos os lucros são distribuídos como
dividendos) e que há uma expectativa de crescimento de 10% a.a. da empresa, qual forma de
financiamento é melhor para João escolher?
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Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Parece que o financiamento por dívida está melhor do que o financiamento por capital. Será, então,
que João deve escolher o financiamento por dívida? Não necessariamente. Ele somente deve escolher
o financiamento por dívida se sua empresa tiver certeza de que poderá arcar com as parcelas do
financiamento. Lembre-se: o financiamento via dívida não reparte os riscos!
Pelo fato de o financiamento via dívida não repartir os riscos, muitas startups e pequenas empresas se
financiam, normalmente, via inclusão de novos sócios, e não via dívida. Há tantas incertezas no
negócio que tais empresas não podem assumir a obrigação de arcar com as parcelas dessa dívida.
Entretanto, como já mencionado, muitas empresas e startups escolhem se financiar por dívida,
especialmente quando elas trabalham na parte financeira.
EXEMPLO
A Affirm se financiou por meio de dívida para prover crédito para consumidores adquirem produtos. Já
a Opendoor fez isso para financiar os imóveis dos quais eles fazem a intermediação de vendas. Por
fim, a SoFi tomou dívida para emprestar a estudantes no pagamento de suas faculdades.
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Nesse caso, as firmas ganham no spread — elas tomam empréstimos a taxas menores do que
emprestam para seus clientes. Além dessas empresas, várias outras startups, como a Avant e a Tala,
cresceram seus negócios utilizando dívida.
CLÁUSULAS DE COVENANT
Para finalizar este módulo, no qual falamos da decisão da empresa de se financiar por dívida ou por
capital, veremos uma parte muito importante: as cláusulas de covenant.
Essas cláusulas servem para proteger os credores de possíveis situações de insolvência da empresa.
Ou seja, essas cláusulas ajudam a reduzir o risco do contrato, já que diminuem o risco de default
(“calote”) pela empresa.
Adicionalmente, essas cláusulas de covenant também podem ser benéficas para as empresas que
estão tomando empréstimos. Elas podem possibilitar que empresas que não conseguiriam acessar
linhas de crédito, por serem julgadas muito arriscadas, tenham acesso a essas linhas. Além disso,
empresas que já conseguem acessar essas linhas podem obter condições de empréstimos mais
favoráveis, como maiores valores de empréstimo ou menores taxas de juros.
EXEMPLO
O valor que ela deverá pagar devido à violação da cláusula de covenant será, então, de:
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Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Portanto, ao assumir uma dívida de longo prazo com cláusulas de covenant, a administração da
empresa deve estar atenta à capacidade da mesma em cumprir essas cláusulas no longo prazo, tendo
em vista que o não cumprimento enseja em uma necessidade grande de caixa para fazer o pagamento
antecipado da dívida.
Desse modo, conforme já mencionado, não é necessário apenas que sejam feitos os cálculos de VPC
e VPD, mas também deve-se olhar para:
O tipo de negócio dessa empresa (empresas financeiras podem, normalmente, assumir mais
dívidas, pois elas ganham no spread entre a taxa de juros pagas e as cobradas de seus clientes);
e
As possíveis cláusulas de covenant, as quais a empresa pode (ou não) ter como cumprir.
Consequentemente, a decisão de se financiar via dívida ou via capital é bastante complexa e afetará a
vida da empresa por um grande período.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) O financiamento via dívida tem um momento de vencimento a partir do qual nenhum pagamento é
mais devido.
C) Uma das vantagens do financiamento via dívida é a divisão dos riscos do negócio.
E) Ambos os financiamentos, via dívida ou capital, servem para dar à empresa acesso a mais recursos
para suas operações.
A) O financiamento via dívida é mais atrativo, pois tem valor presente de R$200.000,00.
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B) O financiamento via capital é mais atrativo, pois tem valor presente de R$180.000,00.
D) O financiamento via capital é mais atrativo, pois tem um valor presente de R$42.529,73 abaixo do
financiamento via dívida.
E) O financiamento via dívida é mais atrativo, pois tem um valor presente de R$42.529,73 abaixo do
financiamento via capital.
GABARITO
O financiamento de uma empresa pode ocorrer tanto por meio de dívida como de capital, e ambos têm
como objetivo fornecer mais recursos para a empresa crescer. O financiamento via capital ocorre com
a entrada de um ou mais sócios, ou pelo aumento no aporte de capital de um ou mais sócios que já se
encontravam no corpo societário da empresa, acarretando uma mudança da estrutura societária dessa
empresa. Entretanto, o financiamento via dívida NÃO incorpora os riscos do negócio, de modo que os
pagamentos devidos não têm qualquer relação com o desempenho da empresa.
2. Uma empresa pode acessar um financiamento via dívida, com um banco, de R$200.000,00,
com 10 pagamentos anuais e sucessivos de R$30.000,00. Entretanto, ela também poderá admitir
um novo sócio que aportará R$200.000,00 em troca de 1,5% de participação acionária na
empresa. Sabendo que a empresa pode arcar com os valores dos empréstimos e que seu lucro
anual é de R$500.000,00, com uma expectativa de crescimento de 4% a.a., e sua taxa interna de
retorno é de 9% a.a., qual forma de financiamento é a mais atrativa?
MÓDULO 2
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Descrever as operações básicas financeiras relativas ao financiamento das atividades
Fonte: TimeShops/Shutterstock
Conforme vimos no módulo anterior, as operações financeiras sempre dependem de taxas de juros a
fim de trazer os valores do presente a um valor futuro, ou valores do futuro a um valor presente. Há
duas formas de fazer esse cálculo: utilizando juros simples ou juros compostos. A seguir, veremos
cada uma dessas formas:
JUROS SIMPLES
No caso dos juros simples, os juros apenas incidem sobre o principal. Assim sendo, o valor futuro é
dado por meio da multiplicação:
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Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
JUROS COMPOSTOS
No caso dos juros compostos, os juros incidem sobre o principal e também sobre os juros anteriores,
por isso, tal sistema é conhecido como “juros sobre juros”. Portanto, o valor futuro é dado a partir da
exponenciação:
Assim como fizemos no caso dos juros simples, podemos fazer o cálculo do valor presente, a partir dos
valores apresentados, da seguinte maneira:
Tendo em vista que as operações financeiras utilizam-se, normalmente, dos juros compostos,
estudaremos, deste ponto em diante, apenas operações que envolvam juros compostos.
EXEMPLO /
Uma empresa pega um empréstimo no valor de R$120.000,00. O valor dos juros é de 10% a.a. Qual o
valor da dívida passados 1, 2 e 3 anos após ela ser contratada, sendo que nenhum pagamento foi feito
ainda?
Nesse exemplo, fica claro o efeito do “juros sobre juros”. No ano 1, o valor dos juros foi de 132.000-
120.000=R$ 12.000. No entanto, no ano 2, o valor foi ainda maior, sendo igual a 145.200-132.000=R$
13.200. No ano 3, o valor dos juros foi maior ainda, chegando a 159.720-145.200=R$ 14.520. Por isso,
ao se financiar por meio de dívida, uma empresa necessita levar em consideração o tempo de
pagamento, já que ele influencia, direta e exponencialmente, o custo da dívida.
Agora, vamos supor que, continuando no caso do exemplo apresentado, a empresa pague
R$24.000,00 por ano para quitar a dívida, mais os juros anuais. Quanto tempo demoraria para quitar a
dívida? Esse tempo seria calculado da seguinte maneira: Portanto, demoraria 5 anos para
a empresa quitar a sua dívida.
Existe, entretanto, outra pergunta importante: quanto essa empresa pagaria de juros?
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Ano Saldo inicial Juros Pagamento Saldo final
A coluna de saldo inicial traz o saldo do início do período. O valor dos juros é o valor do saldo inicial
vezes 10% (o valor dos juros no período). O valor do pagamento é o valor dos juros mais o abatimento
de R$24.000,00 por ano, e o saldo final é igual ao valor do saldo inicial menos o abatimento anual de
R$24.000,00.
Ao somar as colunas de juros, chega-se ao valor dos juros totais de R$36.000,00. Uma maneira
adicional seria somar todos os pagamentos e diminuir o valor do empréstimo. Portanto, o valor é de
R$156.000 - R$120.000 = R$36.000.
DICA
Note que, no primeiro caso, no qual a empresa toma R$120.000,00 de empréstimo e paga o valor
apenas em um pagamento único no final de 3 anos, ela pagará um total de R$159.720,00, ou seja, um
total de R$39.720,00 de juros. No segundo caso, ela pagou apenas R$36.000,00 de juros, sendo que
teve 5 anos para pagar (2 anos a mais do que no primeiro caso). Isso demonstra que não só o tempo
de pagamento é importante, mas também o abatimento da dívida, pois isso reduz o efeito dos “juros
sobre juros”.
Até agora, vimos os casos em que os juros são capitalizados em períodos discretos, ou seja, todo
ano, todo mês, ou todo dia. Agora, iremos analisar a taxa de juros capitalizada de forma contínua.
Em alguns tipos de problemas de finanças (e também em certos tipos de contratos), os juros são
capitalizados continuamente. Na maioria dos casos, temos capitalizações anuais (a.a.), mensais
(a.m.) e diária (a.d.). Porém, a capitalização contínua é calculada instantaneamente. Em casos assim,
usamos a fórmula com o exponencial:
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Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Vejamos a diferença entre um investimento de R$1.000,00 nessas taxas por dois anos:
Para calcular o segundo caso, temos de fazer uma transformação da taxa a.a. para taxa a.m., e isso
pode ser feito por meio da fórmula de juros compostos:
Na primeira, o valor final será de 1.000 × 1,12= R$1.210,00. Na segunda, temos que 1.000 ×
1,00797424 = R$1.210,00 também, e na terceira, temos que 1000 × e0.2 = R$1.221,40. Note que a
capitalização contínua dará valores ligeiramente superiores aos das capitalizações em regimes de
tempos discretos.
OPERAÇÕES DE DESCONTO
Muitas vezes, quando empresas se financiam por dívida — seja por meio de emissão de debêntures
ou de empréstimos —, é vantajoso para ela pagar (ou quitar) antecipadamente um título. Para isso, é
necessária a utilização de uma taxa de desconto, que pode ser aplicada “por dentro” ou “por fora”.
Em ambos os casos, o valor do desconto será a diferença entre o valor futuro e o valor presente.
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No caso do desconto “por dentro”, o cálculo se dará da seguinte maneira:
CÁLCULO DE DESCONTO
Uma empresa se financiou emitindo títulos de debêntures no valor futuro de 10 milhões de reais. A
taxa de juros é igual à taxa de desconto, que é de 8% a.a., e os títulos vencem daqui a 2 anos. A
empresa deseja fazer uma proposta para quitação antecipada das debêntures. Qual é o valor do
desconto se ele for calculado “por fora”? E se fosse calculado “por dentro”?
Ou seja, o valor do desconto “por fora” seria de R$1.536.000,00. Já o cálculo do desconto “por dentro”
se daria da seguinte maneira:
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Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Como seria o cálculo se o valor futuro não fosse conhecido? O caso a seguir descreve essa situação.
Primeiramente, temos de calcular o valor futuro através da fórmula de juros compostos, conforme
mostrado a seguir:
Portanto, o valor do desconto “por dentro” dará sempre igual ao desconto se usarmos a fórmula dos
juros compostos. A fórmula do desconto “por fora” é uma aproximação mais “fácil” de se calcular, mas
sempre tenderá a dar um valor presente menor.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
ENCARGOS FINANCEIROS
Muitas das vezes em que empresas se financiam por meio de empréstimos contraídos com instituições
financeiras, há a incidência de encargos financeiros. Tais encargos, se forem pagos separadamente
antes da obtenção do empréstimo, são encarados como despesa no resultado. Porém, se forem pagos
depois ou incorporados ao empréstimo, eles integram o custo do empréstimo e, portanto, são
contabilizados como pagamentos do empréstimo, alterando a taxa de juros nominal.
A taxa de juros nominal é a que conta no contrato e remunera o valor emprestado pela instituição
financeira. Já a taxa de juros efetiva é o quanto o tomador do empréstimo está pagando efetivamente
para recebe-lo. Portanto, como estamos sempre analisando os eventos contábeis por meio da ótica do
tomador do empréstimo (isto é, a firma que está se financiando por dívida), sempre nos atentaremos à
taxa de juros efetiva.
Por exemplo, imagine que uma empresa contrate um empréstimo de R$100.000,00 e que efetue o
pagamento em 12 meses com valor mensal de R$8.811,84, conforme a tabela a seguir:
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Valor devido Juros Valor pago Valor final
Agora, imagine que há encargos no empréstimo no valor de R$2.400,00, que será parcelado em 12
vezes de R$200,00 e embutidos nas parcelas do empréstimo. Nesse caso, a nova prestação mensal é
de R$9.011,84, e a nova taxa de juros (que pode ser encontrada via Excel ou utilizando uma
calculadora financeira) é de, aproximadamente, 2,3423% ao mês, conforme mostra a tabela a seguir:
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Valor Devido Juros Valor Pago Valor Final
A taxa de 2,00% é chamada de taxa nominal, e a taxa de 2,3423% é chamada de taxa efetiva. O
lançamento contábil ocorrerá, portanto, da seguinte maneira (para o lançamento dos juros do primeiro
mês):
D – Empréstimos = R$9.845,08
C – Bancos = R$9.845,08
Em seguida, o lançamento do valor dos juros ocorrerá igualmente ao feito anteriormente, só que sobre
o saldo devedor de R$94.785,86, e não sobre os R$100.000,00:
C – Empréstimos = R$2.178,75
Fonte: TippaPatt/Shutterstock
O ajuste a valor presente é regulado pelo CPC 12 (NBC-TG 12), que o define da seguinte maneira:
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O AJUSTE A VALOR PRESENTE TEM COMO OBJETIVO
EFETUAR O AJUSTE PARA DEMONSTRAR O VALOR
PRESENTE DE UM FLUXO DE CAIXA FUTURO. ESSE
FLUXO DE CAIXA PODE ESTAR REPRESENTADO POR
INGRESSOS OU SAÍDAS DE RECURSOS (OU MONTANTE
EQUIVALENTE; POR EXEMPLO, CRÉDITOS QUE DIMINUAM
A SAÍDA DE CAIXA FUTURO SERIAM EQUIVALENTES A
INGRESSOS DE RECURSOS). PARA DETERMINAR O
VALOR PRESENTE DE UM FLUXO DE CAIXA, TRÊS
INFORMAÇÕES SÃO REQUERIDAS: VALOR DO FLUXO
FUTURO (CONSIDERANDO TODOS OS TERMOS E AS
CONDIÇÕES CONTRATADOS), DATA DO REFERIDO FLUXO
FINANCEIRO E TAXA DE DESCONTO APLICÁVEL À
TRANSAÇÃO.
O CPC 12, por ser mais generalista, traz diversos exemplos de situações contábeis e financeiras em
que o ajuste é necessário. Porém, neste módulo, nos ateremos apenas aos casos que envolvam
financiamentos de empresas por meio de dívida, que é o escopo deste conteúdo.
Um desses casos é quando há uma renegociação das taxas de juros, o que enseja um lançamento
para se alterar o valor presente. Vejamos o exemplo a seguir:
EXEMPLO
A dívida foi de R$150.000,00, com uma taxa de juros 18%a.a., então, em agosto de 2020, o valor da
dívida estava contabilizado como:
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Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Em que o valor de 1,18 foi elevado a 5,67, pois se passaram 5 anos e 8 meses (ou 5 mais oito doze
avos). Como a dívida foi repactuada, o valor presente correto é de:
Portanto, o valor do ajuste a valor presente será de R$19.848,15, a ser lançado da seguinte forma:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) R$1.960,00
B) R$2.060,00
C) R$15.000,00
D) R$16.960,00
E) R$17.060,00
A) R$500.000,00
B) R$505.000,00
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C) R$525.000,00
D) R$525.505,03
E) R$563.412,52
GABARITO
O valor que virá como despesa financeira na DRE do primeiro mês será com a taxa de juros efetiva de
1,03% x R$200.000,00 = R$2.060,00. O valor da taxa de juros nominal, conforme já discutido
anteriormente no conteúdo, não deve integrar o cálculo da despesa financeira.
Tendo em vista que não houve pagamentos, o valor do passivo é de R$500.000 × 1,015 =
R$252.505,03. Caso houvesse pagamentos, deveria ser construída uma tabela, conforme vimos no
conteúdo, com os valores dos pagamentos diminuindo o valor devido.
MÓDULO 3
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Fonte: Monster Ztudio/Shutterstock
CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES
FINANCEIRAS COM JUROS PREFIXADOS E
PÓS-FIXADOS
Na contabilidade, segue-se o regime de competência, ou seja, os fatos contábeis só são
contabilizados conforme ocorrem. O CPC 00 traz a definição e a importância do regime de
competência da seguinte maneira:
Portanto, os juros só são contabilizados após o período que foi transcorrido. Por quê?
EXEMPLO
Vamos supor que sua empresa tenha contraído um empréstimo de R$100.000,00, com juros de 1%
a.m. para serem pagos, na totalidade, após 12 meses. O que acontecerá se a empresa quitar o
empréstimo na data de pagamento? Nesse caso, ela pagará R$100.000 × (1,01)12 = R$112.682,50.
Ou seja, os juros totalizarão R$12.682,50. Mas o que ocorrerá se ela pagar antecipadamente no
Note que, agora, o valor dos juros é de apenas R$1.000,00. Ou seja, o valor dos juros muda com o
decorrer do tempo e a contabilidade deve refletir isso. Caso fossem contabilizados os R$112.682,50 na
contabilidade, se a empresa pagasse antecipadamente a dívida já no primeiro mês, o passivo ficaria
maior em R$11.682,50 (pois a empresa pagou R$101.000,00, mas o valor da dívida na contabilidade
estava em R$112.682,50). Isso geraria um erro contábil que teria de ser corrigido. Dessa forma, é
sempre importante contabilizar os juros mês a mês, a fim de evitar erros contábeis.
Além disso, um aspecto muito importante é referente à diferença entre amortização e juros. No caso
apresentado anteriormente, após 12 meses, a empresa pagará R$112.682,50 sendo R$100.000,00 de
amortização e R$12.682,50 de juros.
É importante diferenciar, pois os R$100.000,00 não são uma despesa da empresa, já que ela apenas
estaria devolvendo o valor que tinha tomado emprestado e estava contabilizado em seu ativo. Porém, /
os R$12.682,50 representam uma despesa que a empresa incorreu para obter o empréstimo.
RECEBIMENTO DO EMPRÉSTIMO
C – Passivo = R$100.000,00
D – Caixa = R$100.000,00
Esses valores das despesas de juros vão acumulando, mês a mês, na conta de passivo, até que a
mesma chegue ao valor de R$112.682,50 no décimo segundo mês, e o empréstimo é quitado,
conforme lançamento a seguir:
APÓS O PAGAMENTO
D – Passivo = R$112.682,50
C – Caixa = R$112.682,50
No caso apresentado, os juros são prefixados, ou seja, os valores dos juros mensais são conhecidos
já no início de contrato. No caso dos pós-fixados, os mesmos são conhecidos com o passar do
tempo. Um exemplo do caso de juros pós-fixados seria um empréstimo tendo como juros o IPCA +
0,50% a.m. Nesse caso, sempre há um componente prefixado e um pós-fixado.
Por exemplo, se o IPCA foi 0,25%, em fevereiro de 2020, a taxa do mês para a contabilização da
despesa com juros seria de 0,75% do saldo do passivo (0,25%+0,50%). Porém, em março de 2020,
como o IPCA foi de 0,07%, a taxa para a contabilização da despesa com juros seria apenas de 0,57%
(0,07%+0,50%).
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No entanto, pode haver casos em que ambas as taxas estejam descritas em taxas anuais (a.a.), mas
precisamos atualizar o valor mês a mês (a.m.) para fins contábeis. Como fazer essa transformação?
Vejamos um exemplo:
EXEMPLO
Uma empresa emite um título que paga 5,0% + IPCA a.a., mas o IPCA foi de 0,2% no primeiro mês.
Qual é o valor contábil dos juros, no primeiro mês, a fim de se ajustar o passivo? Primeiramente, temos
de transformar a taxa prefixada, que está em a.a., em a.m. Isso pode ser feito utilizando a fórmula de
juros compostos, conforme veremos a seguir:
Desse modo, um título que rende 5,0% + IPCA a.a. é como um título que rende 0,407% + IPCA a.m. A
partir dessa transformação, podemos calcular o valor para o mês, que será de 0,407 + 0,200 = 0,607%.
Assim, o valor para atualizar o título nesse mês seria de 0,607%.
Fonte: Setthawuth/Shutterstock
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PERDAS ESTIMADAS EM CRÉDITOS DE
LIQUIDAÇÃO DUVIDOSAS
À diferença dos casos que vimos até aqui, este item se refere à parte que detém o direito de receber o
crédito. Muitas empresas, para manter as suas margens de lucro e aumentar a sua clientela, vendem
seus produtos a prazo para continuar a financiar as suas atividades.
Tal “calote” faz parte da operação da empresa, de modo que ela deve reconhecer sempre uma
provisão para isso. Tal normativa estava no CPC 38 até o ano de 2018 e foi substituída para pelos
CPCs 47 e 48.
O CPC 00, que traz todo o arcabouço teórico da Contabilidade, diz o seguinte sobre a representação
fidedigna das informações contábeis em relatórios financeiros:
A empresa, de acordo com tais normativas, deve estimar, nas suas operações financeiras de venda a
prazo, o percentual dos créditos que possui liquidação duvidosa, isto é, que possui o risco de “calote”.
Normalmente, isso é feito por meio de previsões estatísticas que levam em conta tanto os valores
passados que não foram pagos quanto aspectos macroeconômicos, tais como taxa de juros, inflação,
PIB etc.
A contabilização é feita por meio de uma conta redutora no ativo. Vejamos um exemplo a seguir:
LANÇAMENTO DA PERDA
REVERSÃO DA PERDA
LANÇAMENTO DA PERDA
Uma empresa estimou que R$10.000,00 dos seus créditos de venda a prazo não seriam recebidos.
Nesse caso, o lançamento contábil correto é o seguinte:
Com o tempo, a empresa verifica que R$2.000,00 de uma dívida de um cliente não serão pagos (não
vale a pena cobrar judicialmente a dívida, e o cliente está com a dívida há anos). O lançamento dessa
perda, portanto, não irá influenciar o resultado da empresa, pois não será contabilizada uma despesa,
apenas será incorporada a PCLD na conta de clientes:
C – Clientes = 2.000
REVERSÃO DA PERDA
Retomando o exemplo anterior, vamos supor que a empresa revisasse sua estimativa de PCLD de 10
mil para 8 mil. O lançamento de reversão seria feito da seguinte maneira:
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OPERAÇÕES COM INSTRUMENTOS
FINANCEIROS
Primeiramente, temos de definir o que é um instrumento financeiro. O instrumento financeiro pode ser
definido como um contrato que dá origem a um ativo ou passivo financeiro, ou a um instrumento
patrimonial. Portanto, os casos anteriores que já analisamos se enquadram em instrumentos
financeiros. Agora, vamos analisar a contabilização de operações com instrumentos financeiros de
forma mais geral.
A empresa XYZ compra 10 títulos de dívida que pagam 10% a.a. de juros mais 10.000 de amortização
do principal anualmente. O objetivo da empresa é receber os juros contratuais, e não negociar o título. /
A partir dessas informações, podemos calcular a tabela a seguir:
Podemos, nesse caso, realizar a contabilização do primeiro ano para a entidade que comprou essa
dívida da seguinte maneira:
C – Caixa = R$1.000.000,00
D – Caixa = R$120.000,00
/
O segundo lançamento será repetido todos os 10 anos até o saldo da conta ser zerado. No entanto,
caso a empresa o mantivesse também para a venda, ela deveria contabilizar o instrumento por meio
do Valor Justo em ORA. Ou seja, vamos supor que a taxa de juros básica caia e o instrumento esteja
cotado em R$98.000,00 ao fim do ano 1. Nesse caso, os R$8.000,00 de “ganho” versus o valor
contratual de R$90.000,00 deverão ser contabilizados em outros resultados abrangentes, como
veremos a seguir:
EXEMPLO
Vamos supor que a empresa invista o valor de R$100.000,00 em um Fundo Multimercado e, após 1
mês, o saldo seja de R$102.500.00. Tendo em vista que esse tipo de investimento não se enquadra
em nenhum dos dois primeiros itens, o valor é lançado como valor justo por meio do Resultado,
conforme o exemplo a seguir:
C – Caixa = R$100.000,00
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Não deve ser feito lançamento dos juros, apenas a marcação a valor justo.
B) Deve ser feito no valor de R$2.125,00 na conta do ativo contra a conta de Outros Resultados
Abrangentes.
/
C) Deve ser feito no valor de R$2.125,00 na conta do ativo contra a conta de Receita Financeira no
Resultado.
D) Deve ser feito no valor de R$4.250,00 na conta do ativo contra a conta de Receita Financeira no
Resultado.
E) Deve ser feito no valor de R$ 4.250 na conta do ativo contra a conta de Outros Resultados
Abrangentes.
A) R$50.000,00
B) R$55.000,00
C) R$60.000,00
D) R$80.000,00
E) R$100.000,00
GABARITO
1. Uma empresa decide investir R$50.000,00 do seu caixa em um título que paga IPCA +2,0% a.a.
A empresa deseja manter o título até o vencimento e não negociá-lo. O título não possui cupons
(o valor será pago apenas no vencimento). Após 1 ano, o valor do IPCA foi de 2,25%. Como
deverá ser feito o lançamento dos juros?
Tendo em vista que o ativo é mantido para recebimento dos juros, o método utilizado deverá ser o do
custo amortizado. Portanto, deverá ser lançado o valor de R$50.000 × (2,0% + 2,25%) = R$2.125,00
na conta de resultado (Receitas Financeiras).
2. Uma empresa tomou um empréstimo de R$100.000,00 com juros de 10% a.a. e pagamentos
anuais. No primeiro ano, pagou R$60.000,00, e no segundo ano, pagou R$55.000,00. Qual é o
valor da amortização anual?
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, você aprendeu sobre as principais formas de financiamento das empresas e suas
diferentes formas de contabilização. Foi abordada a decisão entre emitir ações e se financiar por
dívida, bem como o tratamento contábil de empréstimos, vendas a prazo e outras operações
financeiras.
Além disso, abordamos tipos de instrumentos pré e pós-fixados, a diferença entre a taxa de juros real e
nominal, bem como os tipos de desconto “por dentro” e “por fora”.
REFERÊNCIAS /
GALDI, F. C.; BARRETO, E.; FLORES, E. Contabilidade de instrumentos financeiros – IFRS 9 –
CPC 48. Rio de Janeiro: Atlas, 2018.
PUCCINI, A. Matemática Financeira objetiva e aplicada. 7. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2006.
ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JAFFE, J.; LAMB, R. Administração Financeira. 10. ed. [s.l.]:
McGraw-Hill, 2015.
EXPLORE+
Indicamos, como leitura complementar, o livro Contabilidade de Instrumentos Financeiros – IFRS 9 –
CPC 48, de Galdi, Barreto e Flores. O livro aborda, com mais detalhes, a contabilização de diversos
tipos de instrumentos financeiros. Além disso, aborda a mudança do CPC 38 para o 48, que ocorreu
recentemente e ainda gera muitas dúvidas entre contadores.
CONTEUDISTA
Rodrigo de Oliveira Leite
CURRÍCULO LATTES