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Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

CAMPUS PANTANAL – CPAN


Curso de Graduação em Ciências Contábeis

JOSIEL CENA DE ARRUDA

Perícia Contábil e o Código de Processo Civil e Aplicação de um


caso

CORUMBÁ – MS
2020

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Resumo

O trabalho apresenta uma pesquisa documental sobre a perícia contábil e a


integralização com o Código de Processo Civil atualizado. A pesquisa tem o objetivo
de verificar as alterações provocadas na aplicação da Perícia Contábil em função do
Código de Processo Civil com base no livro “PERICIA CONTÁBIL: NORMAS
BRASILEIRAS INTERPRETADAS”, de WILSON ALBERTO ZAPPA HOOG, 5ª
edição e a apresentação de um exemplo de aplicação da perícia.

Palavras chave: perícia contábil, código de processo civil, atualização

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................4

2. OBJETIVOS..............................................................................................5

2.1. Objetivo Geral...............................................................................................5

2.2. Objetivos Específicos....................................................................................5

3. A Perícia Contábil.....................................................................................6

4. O Código de Processo Civil.......................................................................8

5. ANÁLISE...................................................................................................8

6. CASO.......................................................................................................14

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................22

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................23

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1. INTRODUÇÃO

Em 1946, com o Decreto-Lei nº 9.295/46, foi criado o Conselho Federal de


Contabilidade e definiram as atribuições do contador. Com isso, foi instituída a Pericia
Contábil no Brasil.

A Perícia Contábil é uma das áreas de atuação mais importantes da


Contabilidade. Área na qual o perito deve possuir, além da condição legal, capacidade
técnica e idoneidade moral e responsabilidade para exercer a profissão. A Perícia
Contábil é uma das provas técnicas à disposição das pessoas e serve como meio de
prova de determinados fatos contábeis.

A função percicial pressupõe enfrentar determinados aspectos processuais


relativos ao domínio e ao entendimento quanto a produção de prova pericial e, em
particular, da contábil, que devem ser denominados pelo perito, já que este tem papel
pericial contábil.

O perito tem a necessidade de aprender algumas noções fundamentais quanto ao


instituto da prova, qual a função da prova, a quem compete o ônus da prova, os maios
de prova contábeis disponíveis.

Deve-se considerar que a perícia possui várias áreas de atuação que estão
divididas em dois grupos: o judicial e extrajudicial. Estes campos se subdividem em
inúmeros outro que tem que se basear no seu objeto de atuação, pois a perícia é um
recurso para se dar clareza e certeza à verdade dos fatos sobre os quais recai.

Este estudo se baseará numa pesquisa documental para atualizar os artigos do


Código Civil Brasileiro mencionados no livro de PERICIA CONTÁBIL: NORMAS
BRASILEIRAS INTERPRETADAS”, de WILSON ALBERTO ZAPPA HOOG, 5ª
edição.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Fazer uma pesquisa documental sobre a perícia contábil e a atualização do novo


código de processo civil, com base no livro de WILSON SLBERTO ZAPPA HOOG e
sua aplicação em um caso.

2.2. Objetivos Específicos


-Descrever sobre a perícia contábil e o CPC

- Levantar as principais atualizações do CPC com relação à Perícia Contábil

- Apresentar um caso de aplicação da perícia contábil

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3. A PERÍCIA CONTÁBIL
.

Em geral, as pessoas que demonstraram interesse na questão procuram a


definição de perícia através de seus efeitos e usos, com flagrante confusão entre o
instituto pericial e a sua forma de exteriorização.

Segundo a NBC T 13, a perícia é:

13.1.1 – A perícia contábil constitui o conjunto de


procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instância
decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa
solução do litígio, mediante laudo pericial contábil, e ou parecer
pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e
profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

Em outras palavras, trata-se de um instrumento que visa criar os


elementos comprobatórios necessários para que uma empresa apresente, em vias
judiciais ou extrajudiciais, provas de que um fato ocorreu (ou não), averiguando-se se
há ou não desrespeito à legislação vigente.

Para que seja feita essa averiguação, os procedimentos devem ser conduzidos
por um perito contábil, profissional que precisa estar habilitado junto ao Conselho
Regional de Contabilidade. São etapas do processo de verificação documental o
exame, a vistoria, a indagação, a investigação, o arbitramento, a avaliação e a
certificação.

A perícia contábil pode se dividida em dois tipos: as judiciais e as


extrajudiciais.

A perícia contábil judicial é aquela solicitada por um juiz. Ela é indicada para
casos em que é necessário um laudo especializado, elaborado de forma isenta, para a
resolução de uma questão jurídica. Nessas circunstâncias, o perito contábil é
responsável por fazer uma análise e emitir um parecer. Essas informações são
anexadas ao processo e ajudam o juiz a tomar as suas decisões.

Se o perito contábil é um elemento neutro, as partes têm como prerrogativa a


indicação de um assistente técnico, que também fornece um parecer após o laudo

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pericial. Assim, são garantidas a lisura e a segurança das informações, permitindo que a
análise do magistrado seja feita sem nenhum viés.

Já a perícia contábil extrajudicial, como o nome indica, é aquela que é realizada


sem que haja um pedido de um juiz ou, ainda, sem que exista um processo em
andamento no judiciário. Ela pode ser subdividida em três tipos: perícia arbitral, perícia
no âmbito estatal e perícia voluntária.

Na perícia arbitral, os objetos de análise são definidos por meio da lei de


arbitragem. Isso significa que as partes podem, em comum acordo, definir que uma
questão seja arbitrada e, cabe ao árbitro em questão, determinar a necessidade de uma
perícia. Deve haver concordância entre as partes na escolha de um perito independente.

Já a perícia no âmbito estatal é aquela executada sob o controle dos órgãos do


Estado. Isso inclui as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), as perícias
criminais e aquelas conduzidas pelo Ministério Público da União (MPU).

Por fim, temos ainda as perícias voluntárias. Elas são contratadas por uma
empresa ou por um conjunto de empresas interessadas em comum acordo. Nesse caso,
não é necessário que haja uma disputa entre elas. Uma empresa que tenha interesse em
adquirir outra, por exemplo, poderá, em algum momento, solicitar que seja feita uma
perícia contábil sobre certos documentos de forma a comprovar uma determinada
informação.

Na função de perito, o contador deve se manter atualizado sobre as Normas


Brasileiras de Contabilidade e estar apto a empregar as técnicas contábeis que forem
necessárias de forma a atestar a veracidade (ou não) de determinadas informações.

Tanto o perito-contador e o perito-contador assistente, em ações judiciais, devem


comprovar sua habilitação profissional mediante apresentação de certidão específica,
emitida por Conselho Regional de Contabilidade, na forma regulamentada pelo
Conselho Federal de Contabilidade.

Por suas características similares, muitas pessoas confundem perícia com


auditoria. Porém, há uma diferença fundamental entre ambas: as auditorias operam sob
amostragem, ou seja, não há a necessidade de se analisar todos os elementos até que se

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chegue a uma conclusão. Além disso, a perícia concentra-se sob um determinado ato, e
não sobre o todo.

4. O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL  

O Código de Processo Civil (CPC, Lei nº 5.589, de 11 de janeiro de 1973)


contém todas as normas estritamente relacionadas aos processos judiciais de natureza
civil. Ou seja, aqueles fora dos âmbitos penal, tributário, trabalhista e eleitoral, entre
outros. O CPC abrange os prazos e recursos cabíveis e a forma como os juízes e as
partes devem se conduzir no curso de uma ação civil por perdas e danos, por exemplo: a
que moveria um locatário contra um inquilino, ou alguém que teve seu apartamento
danificado por um vizinho.

A partir de uma comissão de respeitados juristas instituída em outubro de 2009


pelo presidente do Senado Federal, que se ocupou da redação do anteprojeto, o projeto
de lei, de iniciativa daquela casa legislativa, foi à Câmara dos Deputados e retornou, em
2014, para a casa originária. Aprovado definitivamente pelo Senado em 17 de
dezembro, o texto atualmente aguarda a sanção presidencial para que, publicado, possa
ter início o prazo de vacatio legis, fixado em um ano. Mas com a sua aprovação pelo
parlamento, já se nota o movimento da doutrina em todos os cantos do país, com críticas
e elogios ao texto e aos seus institutos, que inova em muitos pontos o CPC de 1973.
No Brasil, o primeiro Código de Processo Civil foi criado no ano de 1939. Sua
criação veio a calhar com o momento em que o país passava, onde o panorama político
trazia uma característica centralizadora. O CPC foi criado com o objetivo de
restabelecer a autoridade do estado perante a nação, no que diz respeito ao cumprimento
e execução das leis (RAATZ; SANTANNA, 2012).

Nos processos judiciais onde a perícia é requerida, o perito e as testemunhas


passam a ser testemunhas e peritos do juízo, onde o dever é o de investigar e dizer a
verdade, sem qualquer restrição que incidam sobre elas. Esta assertiva demonstra o
objetivo da criação do CPC (ORNELAS, 2003).

5. ANÁLISE

A NBC PP 01 define o que é perito contábil:

Perito é o contador, regularmente registrado em Conselho


Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de

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forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas
qualidades e experiências, da matéria periciada.

A norma estabelece que o perito tenha que ser um profundo conhecedor, ou


seja, tem que ter conhecimento e experiência profissionalizante sobre o objeto da
análise contábil.

O texto do Art. 424, I, foi alocado para o Art. 468:

Art. 468. O perito pode ser substituído quando:

I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;

II - ...

A substituição do perito pode se dar quando este não comprovar sua


especialização na área imposta para a realização da perícia ou, quando não cumprir seu
encargo no prazo que lhe tenha sido assinado pelo juiz sem motivo legítimo.
O perito judicial é um auxiliar do Juízo e não um servidor público. Logo, sua
desconstituição dispensa a instauração de qualquer processo administrativo ou arguição
por parte do magistrado que o nomeou, não lhe sendo facultados a ampla defesa ou o
contraditório nestes casos, pois seu afastamento da função pode se dar ex-ofício e ad nu
Tum, quando não houver mais o elo de confiança. Isto pode ocorrer em razão da
precariedade do vínculo entre ele e o poder público, já que seu auxílio é eventual.
O artigo 421, o texto alterado para o artigo 465:
O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e
fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.

A pessoa física para ser perito não pode ser uma organização ou entidade do
tipo sociedade simples. O profundo conhecedor deve ser da educação continuada e a
efetiva experiência profissionalizante sobre o objeto da análise contábil, por
qualificações de seu currículo e vivência prática do assunto.

O artigo 139, alterado o texto para o artigo 149:

Art. 149 - São auxiliares da Justiça, além de outros


cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de
organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o
oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o

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intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o
partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.

O artigo 145, alterado o texto para artigo 156:

Art. 156 - O juiz será assistido por perito quando a


prova do fato depender de conhecimento técnico ou
científico.

§ 1º Os peritos serão nomeados entre os


profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos
ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido
pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

§ ...

A prova pericial será determinada pelo juízo quando a elucidação dos fatos que
circunscrevem o processo demandarem o exame, a vistoria ou a avaliação de um
especialista técnico (art. 464).
Assim, a prova pericial será indeferida quando (art. 464, §1º): (i) este
conhecimento técnico for prescindível; (ii) houver outras provas que supram a
necessidade desta avaliação especializada ou (iii) a verificação for impraticável.
Ademais, ainda que pertinente, a perícia poderá ser substituída pela produção de prova
técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de baixa complexidade (art. 464,
§2º).
O artigo 433, alterado o texto para o artigo 361, I:

Art. 361. As provas orais serão produzidas em


audiência, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente:

I - o perito e os assistentes técnicos, que


responderão aos quesitos de esclarecimentos requeridos
no prazo e na forma do art. 477 , caso não respondidos
anteriormente por escrito;

II ...

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Não há que se falar em nulidade da audiência quando a modificação da ordem de
realização dos atos processuais não causar qualquer prejuízo às partes (arts. 277 e 282,
§1º): “A designação de audiência de instrução e julgamento destina-se à produção de
provas necessárias ao deslinde da causa. A inversão da ordem prevista no artigo 472 do
Código de Processo Civil não acarreta nenhuma ilegalidade, especialmente quando a
parte não se desincumbir do ônus de comprovar a existência de prejuízo”.
O artigo 339, alterado texto para artigo 378:
Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar
com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade.

Pra que o perito-contador e o perito contador-assistente possam exercer suas


atividades com isenção e sem qualquer interferência de terceiros, é fator determinantes
que os mesmos se declarem impedidos, depois de nomeados, contratados, escolhidos ou
indicados quando ocorrem as situações previstas nesta norma.
O artigo 138, alterado texto para artigo 148:

Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de


suspeição:

I - ao membro do Ministério Público;

II - aos auxiliares da justiça;

III - aos demais sujeitos imparciais do processo.

§ 1º ...

Reguladas do art. 144 ao art. 148 do CPC/2015, as hipóteses de impedimento e


suspeição sofreram alterações em relação ao CPC/1973. Entre elas, está a forma de
alegação das partes interessadas. Isto porque, anteriormente, a alegação se dava através
de exceção de impedimento, enquanto, atualmente, ocorre através de incidente de
suspeição e impedimento.

O artigo 134, alterado o texto para o artigo 144:

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado


exercer suas funções no processo:

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I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou
como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou
prestou depoimento como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo


proferido decisão;

III - quando nele estiver postulando, como defensor


público, advogado ou membro do Ministério Público, seu
cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;

...

A lei especifica os motivos que podem afastar o juiz da demanda,


espontaneamente ou por ato das partes. São de duas ordens: os impedimentos
(art. 144, CPC/2015), de cunho objetivo, peremptório, e a suspeição
(art. 145, CPC/2015), cujo reconhecimento, se não declarado de ofício pelo juiz,
demanda prova.
Os impedimentos taxativamente obstaculizam o exercício da jurisdição
contenciosa ou voluntária, podendo ser arguidos no processo a qualquer tempo, com
reflexos, inclusive, na coisa julgada, vez que, mesmo após o trânsito em julgado da
sentença, pode a parte prejudicada rescindir a decisão (art. 966, II, CPC/2015). Por ser o
não impedimento requisito de validade subjetivo do processo em relação ao juiz, ele se
consubstancia em autêntica questão de ordem pública, cognoscível em qualquer tempo
ou grau de jurisdição. A suspeição, embora constitua pressuposto processual de
validade, se não arguida no momento oportuno, é envolvida pela coisa julgada.

O artigo 432, alterado texto para artigo 468:

Art. 468. O perito pode ser substituído quando:

I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no


prazo que lhe foi assinado.

§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a


ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo,
ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da
causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.

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§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15
(quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado,
sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo
prazo de 5 (cinco) anos.

§ 3º ...

É enfatizado que o juiz poderá conceder a prorrogação de prazo para a


conclusão do trabalho pericial somente uma vez, porém, sempre por motivo justificado
em petição dirigida ao juízo, mas sempre antes de vencido o prazo original.

O artigo 147, alterado texto para artigo 158:

Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar


informações inverídicas responderá pelos prejuízos que
causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras
perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
independentemente das demais sanções previstas em
lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão
de classe para adoção das medidas que entender
cabíveis.

A legislação em vigor atribui ao perito a responsabilidade pelo pagamento de


indenização aos prejuízos que causar por dolo ou culpa.

O artigo 429, alterado texto para artigo 423:

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

I - a exposição do objeto da perícia;

II - ...

III - ...

IV - ...

§ 1º ...

§ 2º É ...

§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e


os assistentes técnicos podem valer-se de todos os
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo

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informações, solicitando documentos que estejam em
poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas,
bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas,
desenhos, fotografias ou outros elementos necessários
ao esclarecimento do objeto da perícia.

Este artigo prevê a possibilidade da solicitação de informações para o labor


pericial tanto pelo perito nomeado, quanto pelo indicado, sendo necessária a emissão de
termo de deligência.
O artigo 33, alterado texto para artigo 95:

Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente


técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela
parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a
perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as
partes.

O perito nomeado pelo juiz deve observar que todo o pedido de levantamento e
honorários deve ser feito nos autos, jamais receber diretamente dos litigantes.

Uma vez entregue o laudo, não se pode retirá-lo dos autos para forçar o
pagamento dos honorários.

6. CASO: Reclamação trabalhista – fase de execução

Reclamação trabalhista em que o autor “X”, alegando ter trabalhado como


pedreiro, postula verbas rescisórias, especificadas como: horas extras; trabalho aos
sábados e domingos; férias acumuladas; décimo terceiro salário; multas; FGTS,
totalizando o valor de R$ 24.200,00 para a conciliação em audiência sindical. Não
obtendo acordo, ingressou na Justiça do Trabalho apresentando como valor da ação R$
8.500,00, alegando haver trabalhado no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2001.
Não aceitou na primeira audiência de instrução um acordo no valor de R$ 3.000,00.
Julgada a lide depois da segunda audiência, recebeu, um ano depois, R$ 3.130,14 em
verbas rescisórias, como empregado doméstico.
A metodologia aplicada nesta fase do processo trabalhista são os Métodos
Matemáticos, para liquidação de sentença ilíquida.Nesta fase do processo não são
elaborados quesitos, assim os procedimentos periciais são orientados pelo resumo dos
julgados.
RESUMO DOS JULGADOS – “Sentença (fls. XXX/XXX): a) vínculo de
emprego – reconhecido vínculo empregatício de 05/07/1999 a 03/11/2001; b)
remuneração – deve ser considerada aquela que consta dos recibos de pagamentos
juntados à defesa, na falta destes, pela média do período; c) verbas rescisórias – aviso-
prévio indenizado (30 dias); 13º salário 1999 (06/12); 13º salário 2000 (12/12); 13º
salário 2001 (11/12); férias integrais (2/12), com 1/3 (períodos: 1999/2000 e 2000/2001;
férias proporcionais 2001/2002 (06/12), com 1/3. As férias para empregado doméstico

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são de 20 dias úteis. Indevido o FGTS (parcela facultativa); d) horas extras – nada a
deferir; e) honorários advocatícios – indevidos; f) correção monetária – mês
subsequente; g) descontos previdenciários e fiscais – autorizado, mês a mês." Note-se
que na produção da prova pericial trabalhista perito do juízo e assistente técnico
elaboram laudos, que devem ser entregues no mesmo prazo.
INFORMES DA DEFESA – a defesa apresentou 2 (duas) planilhas com o
detalhamento das datas e das remunerações pagas:

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Notas:
A) Nesta obra trabalhou dois domingos, dias 5 e 12 de dezembro de 1999, e recebeu em dobro.
B) Fez acerto recebendo o saldo em dois cheques, no total de R$ 450,00 mais R$ 100,00 em
dinheiro.

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EXTRAÍDOS DOS AUTOS A ATA/TERMO DE AUDIÊNCIA, CERTIDÕES E
DESPACHOS INERENTES À LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA “ATA/TERMO DE
AUDIÊNCIA”

Aos _______ dias do mês de _______ de ________, às ________, na sala de _______,


reclamante e _______ reclamado,
cumpridas as formalidades legais, foi proferida a presente SENTENÇA, pela Juíza do
Trabalho Substituta _______.
I –RELATÓRIO
Demanda em face de _______, formulando em síntese os seguintes pedidos:
reconhecimento do vínculo empregatício, anotação em CTPS, horas extras, verbas
rescisórias, FGTS e honorários. Atribuiu à causa o valor de R$ 8.500,00. O réu
apresentou defesa escrita com documentos, dos quais teve vistas a parte autora. Em
audiência de instrução, colhido o depoimento pessoal do autor, do reclamado e ouvidas
três testemunhas. Sem outras provas a serem produzidas, encerrou-se a instrução
processual.
Razões finais oportunizadas.

Propostas conciliatórias infrutíferas.

II – FUNDAMENTOS
II – A) PRELIMINARMENTE
PEDIDO DE BAIXA EM DILIGÊNCIA

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Em razões finais, o reclamado pugna que seja determinada a baixa em diligência, para
que o Juízo determine a juntada de cópia das CTPS do autor e da testemunha (uma de
suas testemunhas).
As partes declararam em audiência que não pretendiam a produção de outras
provas, motivo pelo qual restou encerrada a instrução processual. Não se tratando de
documentos novos, preclusa a oportunidade de produção da prova requerida.

Rejeita-se, portanto, o pedido de diligências probatórias.

ILEGITIMIDADE PASSSIVA. CARÊNCIA DA AÇÃO


Sustenta o reclamado que é parte ilegítima a figurar no polo passivo da
demanda, pois não houve contrato de trabalho.
O reclamado foi indicado pelo autor como devedor da relação jurídica de direito
material alegadamente existente. Presente a pertinência subjetiva, não há se cogitar de
ilegitimidade de parte. Se houve ou não contrato de trabalho, é questão a ser decidida
juntamente com o mérito.
As demais condições da ação também se fazem presentes, não havendo que se
cogitar de carência de ação.
II – B) MÉRITO
VÍNCULO DE EMPREGO
Sustenta o autor que trabalhou para o reclamado de 05/07/1999 a 03/11/2001,
com remuneração de R$ 25,00 por dia, ocupando a função de pedreiro. Postula o
reconhecimento do vínculo empregatício e anotação em CTPS.
Em defesa, o reclamado impugna as alegações. Afirma que houve contrato de
empreitada, em obras de propriedade do reclamado, em dois períodos distintos: o
primeiro de 07/07/99 a 30/12/99, em obra na residência do reclamado, e o segundo de
16/07/01 a 30/11/01, em datas alternadas, em empreitada de horários e quanto à forma
como seriam executados os serviços.
Alegando a existência de relação contratual distinta da trabalhista, o reclamado
atraiu para si o ônus da prova, nos termos do art. 333, II, do CPC.
O critério mais adequado para se diferenciar o contrato de trabalho do contrato
de empreitada refere-se ao vínculo de subordinação. Nesse sentido a doutrina de
Evaristo de Moraes Filho e Antônio Carlos Flores de Moraes:
“O que importa é distinguir entre trabalho autônomo (empreitada) e trabalho
subordinado (contrato de trabalho). No primeiro, o risco é de quem trabalha, com
liberdade de ação, métodos e costumes seus, instrumental de trabalho de sua

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propriedade, com livre escolha no que concerne à realização de sua obrigação. ‘O
trabalhador concentra na sua esfera a gestão técnica e patrimonial do processo
produtivo, de modo que, na execução da prestação, ele é independente diante do
comitente’ (Litala). No contrato de trabalho (…) o trabalhador (empregado) é
subordinado e depende das ordens e dos critérios diretivos para quem presta serviços,
hierárquica e administrativamente. Não tem liberdade de ação” (In Introdução do
Direito do Trabalho, LTr, 2000, p. 306).
No caso dos autos, não demonstrou o reclamado que o autor detivesse liberdade
na gestão de sua própria atividade e que utilizasse métodos próprios. Pelo contrário, a
testemunha ouvida a convite do autor, Sr. _______, declinou que cumpriam horários
preestabelecidos pelo réu, bem como que o réu fiscalizava e dava ordens no sentido de
como o serviço deveria ser cumprido.
Veja-se que não consta dos autos contrato escrito de empreitada entre as partes.
Também não consta da defesa, de forma específica, que obra ou qual parte da mesma foi
empreitada pelo autor. Ainda, verifica-se que, nos termos da documentação juntada à
defesa, o autor era remunerado por unidade de tempo (e não por unidade de obra), outro
traço que evidencia a existência do contato de trabalho. Vale dizer, o autor
comprometeu-se a prestar trabalho durante determinada unidade de tempo, em troca de
remuneração, e não entregar determinado resultado (obra).
Independentemente do resultado, o autor receberia o valor ajustado, o que indica
que os riscos eram assumidos pelo tomador dos serviços.
A alegação defensiva de que não houve prestação de serviços no período de
2000 a meados de 2001 não se confirma pela prova oral. A testemunha ouvida a convite
do autor, Sr. _______, declinou que trabalhou na primeira obra (…) até final de 2000,
quando o autor permaneceu laborando. Acrescentou que o próprio reclamado
mencionou que o autor trabalharia na segunda obra (…) na sequência.
Das testemunhas ouvidas pelo reclamado, a primeira se trata de vizinho da
residência da Vila Hauer, que jamais trabalhou para o réu e sequer via os horários em
que o autor chegava ou saía. A segunda trabalhou apenas na chácara e, por isso, nada
informou quanto ao período anterior.
Conclui-se, pois, que houve liame de emprego no período declinado na petição
inicial. Incontroverso, no entanto, que as obras ocorreram em imóveis de propriedade do
reclamado, residência e chácara, nas quais não se desenvolve qualquer atividade
econômica. Tratando-se de trabalho prestado em âmbito residencial ao empregador

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pessoa física, os dispositivos legais aplicáveis não são aqueles contidos na CLT, mas na
Lei 5.859/72, relativa ao trabalho doméstico.
Nesse sentido, Sérgio Pinto Martins, na obra Manual do Trabalho Doméstico,
esclarece que, entendendo-se pela existência do vínculo empregatício neste tipo de
relação, “este só pode ser o relativo ao contrato de trabalho doméstico, pois não há
atividade lucrativa desenvolvida pelo empregador” (Atlas, 2000, p. 63).
Conclui-se, portanto, pela existência do vínculo empregatício entre o autor e o
reclamado, de 05/07/99 a 03/11/01, nos moldes da Lei 5.859/72. Determina-se que o
réu, no prazo de 10 dias, proceda às anotações da CTPS do autor, sob pena de incorrer
em descumprimento de ordem judicial.
Acolhe-se, nestes moldes.
REMUNERAÇÃO
A remuneração percebida deve ser considerada aquela que consta dos recibos de
pagamento juntados à defesa; na falta destes, pela média do período, haja vista a
ausência de impugnação a aludidos recibos.

VERBAS RESCISÓRIAS. 13º SALÁRIOS. FÉRIAS

Alega o autor que não recebeu as verbas devidas em decorrência da dispensa


sem justa causa, nem os 13º salários ou férias.
Em defesa, o reclamado reitera a negativa do vínculo. Já solucionada a questão
atinente ao vínculo empregatício, deferem-se aoautor a s seguintes verbas, entendendo-
se que a dispensa ocorreu sem justa causa e por iniciativa do empregador:
Aviso-prévio indenizado de 30 dias;
13º salário 1999 – 6/12;
13º salário 2000 – 12/12;
13º salário 2001 – 11/12;
Férias integrais (12/12), com 1/3. Referentes aos períodos 1999/2000 e 2000/2001.
As férias para o empregado doméstico são de 20 dias úteis (art. 3º da Lei
5.859/72). Indevida dobra do art. 137 da CLT, inaplicável ao contrato de trabalho
doméstico, nos termos do art. 7º, a, da CLT.
Indevido FGTS, eis que se trata de parcela de natureza facultativa (art. 1º,
Decreto 3.361/2000) e, portanto, inexigível pelo empregado doméstico.
Inaplicáveis as penalidades previstas no art. 467 e multa do art. 477, § 8º, da
CLT, em se tratando de empregado doméstico (art. 7º, a, da CLT).
Acolhe-se, em parte.

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JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS

O empregado doméstico não está sujeito ao regime de duração da jornada de


trabalho estipulado na CLT, conforme art. 7º, parágrafo único, da CF/88. Deste modo,
não faz jus o autor ao pagamento de horas extras e respectivos reflexos. Não há prova
de labor em detrimento do DSR, pois a única testemunha ouvida a convite do autor não
soube declinar quando e quantos domingos teriam sido trabalhados.
Nada a deferir.

HONORÁRIOS

O autor não se encontra assistido pela entidade sindical. A assistência judiciária


gratuita na Justiça do Trabalho é incumbência dos sindicatos e, na falta destes, da
promotoria ou defensoria pública (arts. 14 e 15 da Lei 5.584/70). Ao exercer a opção por
contratar escritório particular, o trabalhador abdica do benefício legal. Inaplicável ao
Processo do Trabalho o princípio da sucumbência, sendo indevidos honorários
advocatícios, na esteira do entendimento consubstanciado nos enunciados 219 e 329 do
E. TST.

JUSTIÇA GRATUITA

Defere-se à parte autora o benefício da Justiça gratuita, para fins de isenção de


custas processuais, eis que não informada, por qualquer meio de prova, a declaração de
insuficiência econômica firmada na petição inicial.

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Devidos juros de mora, simples, de 1% ao mês, conforme disposto no art. 39, §


1º, da Lei 8.177/91, a partir do ajuizamento da demanda, e de acordo com o Enunciado
200 do E. TST.
A correção monetária é devida a partir de exigibilidade mensal de cada parcela,
considerando-se, no que tange a salários, o disposto no art. 459, parágrafo único, da
CLT, nos termos da Orientação Jurisprudencial 124 da SDI-1 do E. TST.

DESCONTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

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Tendo em vista o disposto no § 3º do art. 114 da CF/88, redação dada pela EC
20/98, determina-se a retenção e o recolhimento das contribuições previdenciárias
incidentes sobre as parcelas remuneratórias deferidas nesta ação, devidas
respectivamente pelo empregado e pelo empregador, apuradas mês a mês, considerado o
teto de contribuição.
Determinam-se, ainda, os descontos de natureza fiscal, o que se faz em
observância à Lei 8.541/92 e ao Provimento CG/TST
01/96. No entanto, em atenção ao princípio da capacidade contributiva, e tendo em vista
que não foi o autor quem deu causa ao não pagamento das parcelas ora deferidas no
momento próprio, a apuração deve ser feita mês a mês, considerando-se as alíquotas e
os limites de isenção.

III – DISPOSITIVO

DIANTE DO EXPOSTO, decide a ______ Vara do Trabalho de _______ – _________


ACOLHER EM PARTE os pedidos formulados por _______ em face de _______, para
nos estritos termos da fundamentação, que passa a integrar o presente dispositivo:
I – Declarar o vínculo empregatício do autor com o reclamado, de 05/07/99 a 03/11/01,
determinando-se que o mesmo proceda às respectivas anotações na CTPS do autor, no
prazo de 10 dias, sob pena de incorrer em descumprimento de ordem judicial;
II – Condenar o réu a pagar ao autor as seguintes verbas:
Aviso-prévio indenizado de 30 dias;
13º salário 1999 – 6/12;
13º salário 2000 – 12/12;
13º salário 2001 – 11/12;
Férias integrais (12/12), com 1/3. Referentes aos períodos 1999/2000 e 2000/2001;
Férias proporcionais 2001/2002 (6/12), com 1/3.
Liquidação por cálculos, observados os parâmetros fixados na fundamentação: juros,
correção monetária, descontos fiscais e previdenciários nos termos da fundamentação.
Cumpram-se, no prazo legal, custas pelo reclamado, no valor de R$ 64,00, calculadas
sobre R$ 3.200,00, valor provisoriamente arbitrado à condenação.
Cientes as partes (En. 197 do E. TST).
Nada mais.

(___) – Juíza do Trabalho (Substituta).


(___) – DIRETOR DE SECRETARIA
CERTIDÕES E DESPACHOS EXTRAÍDOS DOS AUTOS (SÚMULAS)
(____) Certifico que em 28/05/03 (Quarta-feira) decorreu o prazo de OITO (8) dias para
a interposição de recurso ordinário,
pelas partes da sentença de fls. XXX/XXX.
Cidade e data.
(____) – Analista Judiciário
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O profissional designado pra ser perito deve estar atento as profundas mudnaças
em nossa legislação brasileira.

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Em comparação aos novos artigos, os artigos do antigo Código de Processo Civil
perceberam que houve várias alterações e inclusão de fatos novos, que são de grande
relevância para se conduzir a atividade de pericia contábil.

O Novo CPC traz inovações com relação à estrutura do laudo pericial, onde
além de responder aos quesitos apresentados, o mesmo deve fazer uma breve introdução
ao assunto, descrever a metodologia utilizada, deixando claras as técnicas e os
conhecimentos científicos utilizados para a obtenção da análise feita. Após a entrega do
laudo, pode-se solicitar maiores esclarecimentos a respeito das análises feitas e caso seja
necessário, a presença em juízo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Hoog, Wilson Alberto Zappa. Perícia Contábil: normas brasileiras interpretadas. 5ª


edição. Curitiba. 2012.

Brasília, DF: Senado, 1988. BRASIL. Código de Processo Civil (1973). Código de


Processo Civil Brasileiro.

ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

Perícia contábil / Antonio de Deus Farias Magalhães – 8. ed. – São Paulo: Atlas, 2017.

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