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Figura 1.1
Fonte: Folhapress.
Figura 1.3
Fonte: Folhapress
Solução:
a
) Com base no critério de juros simples (ou capitalização
simples):
O cálculo é feito de acordo com a fórmula universalmente
conhecida:
J=Pxixn
em que J é o valor dos juros, P é o capital inicial, i é a taxa
mensal de juros e n é o prazo.
Assim, tem-se que:
J = 1.000,00 x 0,10 x 4 = 400,00
Montante = S = capital + juros = 1.000,00 + 400,00 =
1.400,00
Com base no critério de juros compostos (ou capitalização
composta):
Montante: S = 1.000,00 x (1,10)4 = 1.464,10
(1,10)4 x 0,10
R = 1.000,00 x = 315,47
4
(1,10) - 1
Tabela 1.1
SALDO VALOR DA VALOR DOS VALOR DAS
PRAZO
DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS PRESTAÇÕES
0 1.000,00 - - -
2.
1. CONCEITO DE JUROS E DE TAXA DE JUROS
Em um sentido bastante restrito, juro pode ser entendido
como a remuneração do capital emprestado ou
simplesmente como o aluguel pago pelo uso do dinheiro. E
a taxa de juro nada mais é do que o resultado da divisão do
valor dos juros pelo capital emprestado. Assim,
representando-se a taxa de juro pela letra i , o valor dos
juros pela letra J e o valor do capital inicial pela letra P ,
tem-se que:
J
i=
P
Nessa relação matemática, é importante enfatizar que o
valor dos juros (J ) é sempre pago (ou recebido) no final de
um certo período de tempo, e o capital (P ), o valor
inicialmente emprestado ou aplicado; com base nesse
entendimento não se pode falar em juros pagos no ato ou
em juros antecipados. O exemplo a seguir ilustra bem o que
estamos querendo explicar:
Solução:
i= = 0,0526 ou 5,26%
2.
2. CONCEITO DE JUROS SIMPLES (OU CAPITALIZAÇÃO
SIMPLES)
Capitalizar, em Matemática Financeira, significa adicionar
juros ao capital. Essa adição pode ser feita de forma linear
ou exponencial. Quando feita de forma linear, dizemos que
a capitalização é simples, e quando feita exponencialmente,
dizemos que ela é composta. Assim, podemos conceituar
juros simples como sendo o processo de obtenção de juros
(ou do montante) em que a taxa de juro definida para o
período unitário (dia, mês ou ano) incide sempre sobre o
capital inicial, não incidindo, portanto, sobre os juros que
vão se acumulando.
Solução:
2.
3. CONCEITO DE JUROS COMPOSTOS (OU CAPITALIZAÇÃO
COMPOSTA)
Solução:
MÊS JUROS MENSAIS JUROS ACUMULADOS MONTANTE
Solução:
Como essa aplicação teve uma rentabilidade de 28,65%
no período de 13 meses, temos que:
a
) de acordo com o critério de juros simples (ou
capitalização simples):
Taxa mensal = 28,65% / 13 = 2,20%
b
) de acordo com o critério de juros compostos (ou
capitalização composta):
Taxa mensal = (1,2865)1 /13 - 1 = 0,0196 ou 1,96%
2.
4. CONCEITO DE SÉRIES DE PAGAMENTOS IGUAIS
Trata-se de uma série de pagamentos iguais, periódicos
(mensais, bimestrais, trimestrais ou anuais) e sucessivos.
Esse sistema de pagamentos é o mais utilizado no mundo,
tanto para amortizar dívidas ou empréstimos como para
formar uma poupança. Em uma série de pagamentos iguais,
os pagamentos podem ser postecipados ou antecipados. Os
postecipados são aqueles com prestações pagas ao final de
cada período de tempo. Em relação a esse sistema, é
importante saber que:
• o montante total formado no final das aplicações é o
resultado da soma dos montantes de cada uma das
parcelas aplicadas (prestações) consideradas
individualmente;
• de forma idêntica, o valor do empréstimo (que é o
capital inicial ou o valor presente na data do contrato) é
o resultado da soma dos valores presentes de cada uma
das prestações consideradas individualmente;
• para o cálculo desses dois modelos utiliza-se o critério
juros compostos . Não tenho conhecimento de um único
país no mundo que faça diferente; também não conheço
um único livro de Matemática Financeira, editado nos
últimos 40 anos, de autor nacional ou estrangeiro, que
apresente esses modelos desenvolvidos com base em
juros simples.
2.4.
1. Montante de uma série de pagamentos iguais
postecipados
Solução:
O montante total, de acordo com o fluxo acima,
corresponde à soma dos montantes de cada uma das
parcelas, como segue:
• Montante da primeira parcela: S1 = 1.000 x 1,103 =
1.331,00
• Montante da segunda parcela: S2 = 1.000 x 1,102 =
1.210,00
• Montante da terceira parcela: S3 = 1.000 x 1,101 =
1.100,00
• Montante da quarta parcela: S4 = 1.000 x 1,100 =
1.000,00
• Montante total: St = .................... = 4.641,00
Solução:
O valor presente total, como mencionado, corresponde à
soma dos valores presentes de cada uma das parcelas,
como segue:
• Valor presente da 1ª parcela: P1 = 1.000,00 / 1,101 =
909,09
• Valor presente da 2ª parcela: P2 = 1.000,00 / 1,102 =
826,45
• Valor presente da 3ª parcela: P3 = 1.000,00 / 1,103 =
751,31
• Valor presente da 4ª parcela: P4 = 1.000,00 / 1,104 =
683,01
• Valor presente total: Pt = ........................... = 3.169,86
A partir daí, pode-se escrever que:
( )
1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00
P
Valor presente total: t
+ + +
= 1,10
1
1,10
2
1,10
3
1,10
4
1 1 1 1
Valor presente total:
P
=
t
1.000,00 x ( 1,10
1
+
1,10
2
+
1,10
3
+
1,10
4
)
Utilizando-se a fórmula da soma de uma progressão
geométrica chega-se à seguinte expressão:
4
Pt = 1.000,00 1,10 - 1
= 3.169,86
x 4
1,10 x 0,10
Generalizando-se a expressão acima e fazendo-se Pt = P,
chega-se à fórmula para o cálculo do valor presente de uma
série de pagamentos iguais postecipados, de uso
generalizado no mundo:
(1 + i )n - 1
P=Rx
(1 + i )n x i
A partir dessa expressão, deduz-se a fórmula que calcula
diretamente o valor das prestações, como segue:
(1 + i )n x 1
R=Px
(1 + i )n - i
Essa fórmula serve para determinar o valor das
prestações iguais, sendo, no Brasil, conhecida como Tabela
Price. E, como ficou evidenciado pela demonstração que
fizemos, ela foi deduzida com base no critério de juros
compostos.
Solução:
1,0324 x 0,03
R = 10.000,00 x = 590,47
1,0324 - 1
2.
5. SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO
Solução:
Como se trata de uma série de pagamentos iguais, o valor
das prestações é obtido com base na fórmula já conhecida,
ou seja:
(1 + i )n x i
R=Px
(1 + i )n - 1
Substituindo-se as variáveis da fórmula especificada pelos
dados do problema, obtém-se o valor das prestações, como
segue:
1,104 x 0,10
R = 1.000,00 x = 315,47
4
1,10 - 1
Decomposição das prestações em parcelas de
amortização e juros:
2.5.
3. Exemplo de utilização dos sistemas Price e SAC
Um financiamento no valor de R$ 120.000,00
deverá ser amortizado em 240 prestações (20 anos).
Sabendo-se que a taxa de juros é de 1% ao mês,
calcular o valor das prestações mensais de acordo
com os sistemas Price e SAC, bem como a soma das
prestações dos respectivos planos.
Solução:
Sistema Price:
• Valor das prestações:
1,01240 x 0,01
R = 120.000,00 x = 1.321,30
1,01240 - 1
• Valor da primeira prestação = valor da última =
1,321,30
• Soma das prestações = 240 x 1.321,30 = 317.112,00
Sistema SAC:
• Valor da parcela de amortização = 120.000,00 / 240 =
500,00
• Valor da primeira prestação = 500,00 + 0,01 x
120.000,00 = 1.700,00
• Valor da última prestação = 500,00 + 0,01 x 500,00 =
505,00
3.
1. CASOS ENVOLVENDO PAGAMENTO ÚNICO
Por uma questão de ordem didática, vamos começar esta
análise utilizando o critério de juros compostos. E para
facilitar a comparação com juros simples, vamos utilizar os
mesmos exemplos para os dois regimes de capitalização.
3.1.
1. Utilização do critério de juros compostos
Iniciaremos este item com um pequeno histórico
envolvendo títulos de crédito. Quando ingressei no mercado
financeiro no final da década de 1960, o principal título de
crédito existente, com rendimento prefixado, era a Letra de
Câmbio (LC); o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e a
Letra do Tesouro Nacional (LTN) viriam a ser criados alguns
anos depois. O valor de resgate e o vencimento do título
eram fixados na data da sua emissão, sendo que os prazos
se estendiam até dois anos. Caso o comprador quisesse
negociar um título antes do seu vencimento, poderia fazê-lo
por meio de uma distribuidora ou uma corretora de valores.
E essa negociação normalmente era feita com a utilização
de tabelas financeiras, construídas para prazos entre 180 e
720 dias.
A rentabilidade dos títulos era fixada com base numa taxa
anual de juros, sendo o ano definido para 360 dias. O valor
de resgate da Letra de Câmbio correspondia, normalmente,
a um valor múltiplo de R$ 100,00, ou seja: R$ 100,00, R$
500,00, R$ 1.000,00, R$ 10.000,00 e assim por diante 5 .
Para o cálculo dos valores de emissão e de eventual
negociação antes do vencimento, o critério utilizado era –
como ainda continua sendo – o de juros compostos.
Para melhor entendimento dessa questão, e também da
construção de uma tabela de venda de títulos, vamos a um
exemplo:
Solução:
A solução é obtida com base na conhecida fórmula do
montante: S = P x (1 + i)n , em que S é o valor de resgate;
P, o valor de emissão; i, a taxa de juros; e n, o prazo. Com
essa expressão obtém-se a fórmula para o cálculo do valor
de emissão, ou seja:
S
P=
(1 + i )n
Os valores de emissão para os prazos indicados,
correspondentes a um valor de resgate de R$ 100,00 e a
uma taxa de juros de 2% ao mês, são obtidos a partir da
utilização desta fórmula, como segue:
6 2,103 %
12 2,235 %
18 2,379 %
24 2,535 %
Solução:
O montante total, de acordo com o fluxo especificado,
corresponde à soma dos montantes de cada uma das
parcelas consideradas individualmente. Assim, sabendo-se
que o montante nos casos de pagamento único é obtido por
meio da fórmula S = P (1 + i) n , temos que:
Montante da primeira: S1 = 100 x 1,103 = 133,10
Montante da segunda: S2 = 100 x 1,102 = 121,00
Montante da terceira: S3 = 100 x 1,101 = 110,00
Montante da quarta: S4 = 100 x 1,100 = 100,00
Montante total: St = ................... = 464,10
Esse valor também poderia ter sido obtido utilizando a
fórmula demonstrada no Capítulo 2, item 2.4.1, que nos dá
o montante de uma série de pagamentos iguais
postecipados, ou seja:
(1 + i )n - 1
S=Rx
i
Substituindo os dados do problema na fórmula
especificada, tem-se que:
(1,10)4 - 1
S = 100 x = 464,10
0,10
b
) Valor presente de uma série de pagamentos iguais
postecipados:
Calcular o valor de um empréstimo a ser quitado
em quatro prestações iguais, mensais e consecutivas
de R$ 100,00, sabendo-se que a taxa de juros
cobrada na operação é de 10% ao mês.
3.2.
1.1. Consistência financeira no caso de juros compostos
Como foi demonstrado, partindo-se do valor das
prestações podemos calcular o seu valor presente na data
do contrato, bem como o seu montante no dia do
vencimento da quarta parcela. E, conhecido o valor
presente da série, podemos obter o seu montante utilizando
a fórmula definida para pagamento único a seguir:
S = P (1 + i )n = 316,98 x 1,104 = 464,10
Igualmente, o valor presente da série pode ser obtido a
partir do montante de uma série de pagamentos iguais, que
já demonstramos ser de R$ 464,10. Utilizando-se a fórmula
definida para pagamento único, tem-se que:
P = S=464,10 = 316,98(1 + i )n 1,104
Como mostraremos a seguir, essas contas não fecham
quando se utiliza o critério de juros simples ou capitalização
simples.
3.2.
2. Utilização do critério de juros simples
Para este caso, vamos utilizar os mesmos dados e os
mesmos esquemas de pagamentos apresentados no item
anterior para juros compostos.
a
) Montante de uma série de pagamentos iguais
postecipados:
Calcular o montante composto pela aplicação de
quatro prestações iguais, mensais e consecutivas de
R$ 100,00, a uma taxa de 10% ao mês, de acordo com
o fluxo de caixa abaixo:
Solução:
O montante total, conforme apresentado no esquema,
corresponde à soma dos montantes de cada uma das
parcelas consideradas individualmente. Assim, sabendo-se
que o montante nos casos de pagamento único é obtido
pela fórmula S = P x (1 + i x n) , temos que:
Montante da primeira: S1 = 100 x (1 + 0,10 x 3) = 130,00
Montante da segunda: S2 = 100 x (1 + 0,10 x 2) = 120,00
Montante da terceira: S3 = 100 x (1 + 0,10 x 1) = 110,00
Montante da quarta: S4 = 100 x (1 + 0,10 x 0) = 100,00
Montante total: St = = 460,00
Observação: o capítulo seguinte apresenta a fórmula de
cálculo para obtenção do montante ou do valor das
prestações para quaisquer taxas e número de prestações.
b
) Valor presente de uma série de pagamentos iguais:
Solução:
O exemplo é representado pelo seguinte fluxo de caixa:
FLUXO A
FLUXO B
Admitindo-se uma taxa de juros de 5% ao mês, temos os
seguintes resultados:
• Data focal ZERO
Fluxo A = + + =
= 952,38 + 2.608,70 + 1.600,00 = 5.161,08
Pt= + + +... +
Colocando-se R em evidência, essa equação pode ser
escrita da seguinte maneira:
Pt=Rx + + +... +
Entretanto, com base nas regras matemáticas, não é
possível simplificar a expressão contida dentro dos
colchetes e, com isso, escrever uma fórmula reduzida para
calcular o valor presente total, como é feito no caso de juros
compostos. Assim, a única maneira de resolver essa
equação é calcular, individualmente, o valor presente de
cada uma das prestações, exatamente como fizemos no
Capítulo 3, no exemplo com quatro parcelas de R$ 100,00 e
taxa de juros de 10% ao mês (ver no item 3.2.2).
Esse cálculo, relativamente simples para um número
reduzido de prestações, obviamente será mais trabalhoso à
medida que o número de parcelas aumenta. Por essa razão,
com o auxílio de uma planilha Excel, elaboramos a Tabela
4.1 apresentada a seguir para o cálculo da expressão
contida dentro dos colchetes. Essa tabela foi construída
para taxas de juros de 1% e 5% ao mês e nos dá o valor
presente, individual e acumulado, para diversos planos com
até 360 prestações.
Os números contidos na coluna “Valor presente
acumulado” é um fator que representa a soma dos valores
presentes de uma série de prestações iguais a R$ 1,00.
Como o objetivo maior deste livro é mostrar as distorções
que os critérios lineares provocam quando comparados com
os critérios exponenciais (juros compostos), construímos a
coluna “Taxa efetiva mensal” (%), que nos dá, para o
mesmo plano, a taxa calculada com base no regime de
capitalização composta.
Tabela 4.1: SAL (Sistema de Amortização Linear)
TAXA DE JUROS DE 1% AO MÊS TAXA DE JUROS DE 5% AO MÊS
TAXA TAXA
NÚMERO VALOR PRESENTE VALOR PRESENTE
EFETIVA EFETIVA
DE PREST.
MENSAL MENSAL
INDIVIDUAL ACUMULADO INDIVIDUAL ACUMULADO
(%) (%)
TAXA TAXA
NÚMERO VALOR PRESENTE VALOR PRESENTE
EFETIVA EFETIVA
DE PREST.
MENSAL MENSAL
INDIVIDUAL ACUMULADO INDIVIDUAL ACUMULADO
(%) (%)
TAXA TAXA
NÚMERO VALOR PRESENTE VALOR PRESENTE
EFETIVA EFETIVA
DE PREST.
MENSAL MENSAL
INDIVIDUAL ACUMULADO INDIVIDUAL ACUMULADO
(%) (%)
Solução:
Na Tabela 4.1, o fator para determinar o valor presente de
uma série de quatro pagamentos iguais, para uma taxa de
juros de 1% ao mês, é 3,90290.
Assim, temos que:
Valor financiado = 100,00 x 3,90290 = R$ 390,29
Um financiamento deverá ser quitado em 24
prestações mensais iguais de R$ 645,17.
Considerando-se uma taxa de juros de 5% ao mês,
calcular o valor financiado. 10
Solução:
Valor financiado = 645,17 x 15,49972 = R$ 10.000,00
Solução:
Valor das prestações = 75.000,00 / 58,41925 = R$
1.283,82
4.
2. SISTEMA DE GAUSS (OU MÉTODO DE GAUSS)
Solução:
a
) Cálculo do montante da série
O montante total, com base no esquema acima, como já
mostrado no item 3.2.2 do Capítulo 3, corresponde à soma
dos montantes de cada uma das parcelas consideradas
individualmente. Sendo assim, sabendo-se que o montante
nos casos de pagamento único é obtido utilizando a fórmula
S = P x (1 + i x n) , temos que:
• Montante da primeira: S1 = 100 x (1 + 0,10 x 3) =
130,00
• Montante da segunda: S2 = 100 x (1 + 0,10 x 2) =
120,00
• Montante da terceira: S3 = 100 x (1 + 0,10 x 1) =
110,00
• Montante da quarta: S4 = 100 x (1 + 0,10 x 0) = 100,00
• Montante total: St = = 460,00
Como o montante de uma série de pagamentos iguais é
igual à soma dos montantes de cada uma das prestações
consideradas individualmente, podemos dizer que:
St = S1 + S2 + S3 + S4
St = 100 x (1+ 0,10 x 3) + 100 x (1 + 0,10 x 2) + 100 x (1
+ 0,10 x 1) + 100 x x (1 + 0,10 x 0)
St = 100 x [1 + 0,10 x 3 + (1 + 0,10 x 2 + 1 + 0,10 x 1 +
1 + 0,10 x 0]
St = 100 x [4 + 0,10 x 3 + 0,10 x 2 + 0,10 x 1 +
0,10 x 0]
St = 100 [(4 + 0,10 x (3 + 2 + 1 + 0)] ou
St = 100 x [(4 + 0,10 x (0 + 1 + 2 + 3)]
Como a expressão 0 + 1 + 2 + 3 se constitui em uma PA
(Progressão Aritmética) cuja soma é dada pela seguinte
expressão:
Spa = xn
sendo Spa a soma da Progressão Aritmética, a 1 o primeiro
termo, a n o último e n o número de termos. Portanto, em
resumo, podemos escrever:
P= =
Ou seja:
P=Rx
A partir da fórmula do valor presente, facilmente se deduz
a chamada fórmula de Gauss, como segue:
R=Px
Para facilitar a comparação entre esses dois sistemas
lineares, vamos utilizar, para o cálculo do valor presente e
das prestações obtidas de acordo com o Gauss, os mesmos
dados do primeiro exemplo apresentado anteriormente para
explicar o SAL, a saber:
Um empréstimo deverá ser liquidado em quatro
prestações mensais iguais de R$ 100,00 cada, a uma
taxa de juros de 10% ao mês, conforme fluxo
apresentado a seguir. Calcular o valor emprestado,
ou seja, o valor presente na data do contrato.
Solução:
P = 100,00 x = 328,57
A solução, de acordo com o SAL, como mostrado no item
3.2.2 do Capítulo 3, é de R$ 322,59. Embora os dois cálculos
tenham sido feitos com base no critério de juros simples,
chega-se a resultados diferentes, o que comprova a
inconsistência matemática desses critérios. Afinal, qual
seria o valor correto: R$ 322,59 ou R$ 328,57?
Contrariamente ao caso do SAL, no Sistema de Gauss não
há grande dificuldade para se obter o valor das prestações
por meio de fórmula, mesmo que o número de parcelas seja
grande. Assim, supondo um valor financiado de R$
50.000,00 para ser amortizado em 180 prestações mensais
e contratado a uma taxa de juros de 1% ao mês, o valor das
prestações é obtido da seguinte maneira:
R = 50.000,00 x = 410,44
Com o objetivo de facilitar os cálculos para o leitor, à
semelhança do que fizemos no caso do SAL, elaboramos a
Tabela 4.2 transcrita a seguir para o cálculo da expressão
contida dentro dos colchetes da fórmula de Gauss. Essa
tabela também foi construída para taxas de juros de 1% e
5% ao mês e nos fornece o fator (ou coeficiente) que,
multiplicado pelo valor financiado, nos dá o valor das
prestações. Assim, no caso do último exemplo, a Tabela 4.2
mostra que o fator para 180 prestações, considerando uma
taxa de 1% ao mês, é de 0,00821, que, multiplicado pelo
valor financiado de R$ 50.000, resulta em uma prestação de
R$ 410,50 como obtido anteriormente pela fórmula (a
diferença de 0,06 se refere a um problema de
arredondamento). Assim como fizemos na tabela anterior
para o SAL, a última coluna da Tabela 4.2 nos dá, para o
mesmo plano, a taxa calculada com base no regime de
capitalização composta.
Solução:
Valor financiado = 100,00 / 0,25616 = R$ 390,38
Com base no SAL, o valor é ligeiramente menor: R$
390,29.
Solução:
Valor financiado = 645,17 / 0,05820 = R$ 11.085,40
Comparado ao SAL, o valor é menor: R$ 10.000,00.
Solução:
Valor das prestações = 75.000,00 x 0,00529 = R$ 396,75
Em comparação ao SAL, o valor das prestações é muito
maior: R$ 1.283,82. Quando se compara o valor das
prestações obtidas com base nos sistemas SAL, Gauss e
Price, constata-se que as diferenças se ampliam à medida
que se aumentam o prazo e a taxa de juros.
Para que o leitor possa comparar os três sistemas,
elaboramos as tabelas apresentadas a seguir. A Tabela 4.3
mostra os valores das prestações para diferentes prazos e
taxas de juros de 1% e 5%, considerando-se um valor
financiado de R$ 100.000,00; a Tabela 4.4 apresenta as
correspondentes taxas efetivas de juros (calculadas com
base no regime de capitalização composta), referentes aos
planos mostrados na Tabela 4.3.
Tabela 4.3: Valor das prestações
TAXA DE JUROS DE 1% AO
TAXA DE JUROS DE 5% AO MÊS
NÚMERO DE MÊS
PRESTAÇÕES
SAL “GAUSS” PRICE SAL “GAUSS” PRICE
R = 100.000,00 x = 4.412,92
• Valor das prestações mensais pelo Sistema Price:
R = 100.000,00 x = 4.432,06
Após o pagamento da última parcela prevista, entende-se
que os saldos devedores de ambos os planos deveriam
estar zerados. E, se houvesse coerência, também deveriam
estar zerados os saldos da poupança. Entretanto, a Tabela
5.1 mostra que após o saque referente ao valor da última
prestação restaria ainda, no caso do Sistema Gauss, um
saldo positivo de R$ 486,70 na conta poupança, o que é
incoerente, visto que as duas operações foram contratadas
com a mesma taxa de juros de 0,5% ao mês.
Em casos semelhantes, quando as prestações forem
calculadas com base na Tabela Price, os saldos das
operações de empréstimo e da aplicação de recursos devem
zerar após o pagamento da última parcela, qualquer que
seja a taxa de juros e o prazo contratados. Mas isso nunca
acontecerá caso as prestações sejam calculadas com base
no Método de Gauss ou mesmo do SAL. Por isso, nos
próximos exemplos, só vamos analisar os saldos da
poupança decorrentes de débitos de prestações calculadas
com base no Sistema Gauss.
Tabela 5.1: Movimentação da conta poupança
PRICE - CRITÉRIO EXPONENCIAL “GAUSS” - CRITÉRIO LINEAR
MÊS
JUROS SAQUE SALDO JUROS SAQUE SALDO
0 100.000,00 100.000,00
R = 100.000,00 x = 627,14
Admitindo-se que o mutuário aplicasse o valor financiado
na poupança e autorizasse o banco a sacar mensalmente
dessa conta o valor de R$ 627,14 para quitar as prestações
do empréstimo, no final de 20 anos, após o pagamento da
última parcela, o saldo devedor do financiamento estaria
zerado e a sua conta poupança estaria apresentando um
saldo credor de R$ 41.486,96; se o prazo da operação fosse
estendido para 360 meses, esse saldo seria de R$
154.845,87, como mostra a Tabela 5.2. Melhor
“investimento” que esse, só esse!
Uma questão interessante relacionada com os exemplos
citados me foi apresentada por um conhecido: “Mas Dutra,
você não pode fazer essa afirmação, pois está comparando
uma operação feita a juros simples (cálculo das prestações)
com outra feita a juros compostos (cálculo da poupança)!”.
E eu lhe respondi: “E o que você quer que se faça: que se
altere a regra de cálculo do rendimento da poupança,
pagando eternamente 0,5% sobre o depósito inicial?”. Se
essa fosse a regra, gostaria que o leitor imaginasse o que
aconteceria com os fundos de previdência, fundos de
investimentos em renda fixa, fundos de pensão, FGTS, com
os títulos da dívida pública federal e com outras dezenas de
modalidades de investimento. Não se preocupe, caro leitor.
Até onde consigo vislumbrar, esse absurdo jamais ocorrerá!
Mas ainda não chegamos ao fim das incoerências
decorrentes dos cálculos feitos com base nesse “sistema de
amortização”. A análise dos dados contidos na Tabela 5.2
escancara o absurdo do Sistema Gauss na medida em que
consideramos taxas mais elevadas de juros, de 1%, 2% e de
até 5% ao mês. Observe que para um empréstimo de R$
100.000,00, obtido a 0,5% ao mês e aplicado em uma
caderneta de poupança, que remunerasse o capital também
a 0,5% ao mês, os saldos seriam todos credores, quaisquer
que fossem os prazos acima de um mês, ou seja, quaisquer
que fossem os planos com duas ou mais prestações.
Para empréstimos firmados a uma taxa de juros de 1% ao
mês, os saldos da poupança seriam credores com planos de
156 prestações mensais; com 2% ao mês, em planos de 237
prestações. E agora atente para o tamanho do absurdo:
dentro das hipóteses que estamos considerando, um
empréstimo contratado a uma taxa de juros de 5% ao mês e
integralmente aplicado a 0,5% apresentaria saldos credores
na conta poupança para todos os planos com prazos acima
de 287 meses, ou seja, de 28 anos; para o prazo de 360
meses, com prestações mensais de R$ 529,10 (ver Tabela
4.3), existiria no final um saldo credor de R$ 70.768,08 na
conta poupança.
Para uma taxa média de mercado de 0,84% ao mês, todos
os contratos acima de 125 meses, pouco mais de 10 anos,
apresentariam saldos credores na caderneta de poupança
após o pagamento da última prestação. Embora não tenha
elementos suficientes para fazer uma previsão segura,
acredito que até mesmo uma empresa financeira do porte
da Caixa Econômica Federal iria à falência em bem menos
que 10 anos se adotasse esse famigerado Sistema de
Gauss.
E para finalizar a análise desse critério absurdo faço
questão absoluta de utilizar o exemplo apresentado por um
dos convidados na audiência pública promovida pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ) no dia 29 de fevereiro de
2016 em Brasília para tratar do “Conceito jurídico de
capitalização de juros” . O expositor, com o propósito de
mostrar que a Tabela Price é um “roubo”, apresentou o
seguinte exemplo:
EMPRÉSTIMO PESSOAL
12 0,09456 2,340%
24 0,05287 2,858%
36 0,03923 3,654%
48 0,03260 5,035%
60 0,02877 7,995%
Solução:
Valor da prestação = 30.000,00 x 0,03260 = R$ 978,00
Taxa de juros cobrada:
• 2% ao mês, de acordo com o regime de capitalização
composta;
• 5,035% ao mês, com base no regime de capitalização
simples (Sistema de Gauss).
Portanto, acredito que tenha ficado evidente que o
problema do custo financeiro das operações de crédito não
está na utilização do critério de juros compostos, e sim no
tamanho da taxa de juros cobrada.
5.
4. SISTEMA LINEAR PONDERADO E SISTEMA DE GAUSS: OS
NOMES SÃO INDEVIDOS E A HISTÓRIA DE SUAS ORIGENS
É FALSA
5.4.
1. Sistema Linear Ponderado
Vamos começar pelo equívoco relativo ao nome dado a
esse critério de cálculo. O chamado critério linear
ponderado não é um sistema de amortização, e sim um
critério matemático para apropriação e contabilização das
receitas ou das despesas financeiras diferidas. Fico
confortável para falar sobre isso porque fui eu quem criou
esse nome (ver Capítulo 12, item 12.2 do meu livro
Matemática Financeira 16 ). Na época, final da década de
1970, criei esse critério para atender a uma das opções de
cálculo, sugeridas pelo Banco Central do Brasil, para
apropriação mensal (ou diária) dos valores contabilizados
como receitas ou despesas de exercícios futuros.
O Banco Central admitia dois critérios para a apropriação:
um linear e outro exponencial. O linear, que chamei de
“Linear Ponderado”, poderia ser aplicado para a apropriação
periódica das receitas ou das despesas financeiras
decorrentes de operações ativas ou passivas, quaisquer que
fossem os planos de recebimentos ou pagamentos, ou seja,
com prestações iguais, diferentes, ou composto por apenas
uma parcela. No caso particular de um empréstimo para
pagamento em prestações mensais iguais, os valores das
parcelas de juros a serem apropriados mensalmente como
receitas, obtidos de acordo com o critério Linear Ponderado,
coincidem com valores das parcelas de juros obtidos por
meio do critério chamado “Soma dos Dígitos”. Esse critério,
muito utilizado para depreciação de ativos, também era,
como apurei na época, adotado por alguns países para o
cálculo das referidas parcelas de juros. Mais tarde o Banco
Central do Brasil oficializou o exponencial como único
critério a ser adotado para a apropriação das receitas e
despesas diferidas.
Aproveito a oportunidade para prestar uma justa
homenagem a dois dos principais responsáveis pelo estudo
e pela criação dos planos de contabilização das instituições
financeiras, implantados no Brasil na segunda metade dos
anos 1970. O primeiro, Sr. Evaristo Soares Confort,
competente técnico do Banco Central, com sólidos
conhecimentos das regras, princípios e convenções
contábeis; o segundo, o professor Iran Siqueira de Lima, já
falecido, foi chefe do Departamento de Mercado de Capitais
do Banco Central do Brasil na época, e posteriormente
diretor dessa instituição; foi professor da USP e presidente
da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeira (Fipecafi). Naquela época, eu era responsável por
um departamento de apoio à contabilidade de um grande
banco; acompanhei muito de perto o estudo e a discussão
desse projeto, desde o seu início até a sua implantação. Sou
testemunha viva da enorme contribuição dada por esses
dois técnicos. O critério para apropriação mensal das
receitas e despesas diferidas contido nesse plano de
contabilidade, se não é perfeito, está muito próximo disso!
5.4.
2. Sistema de Gauss ou Método de Gauss
As denominações Sistema de Gauss ou Método de Gauss,
atribuídas por alguns autores brasileiros ao matemático
alemão Carl de Johann Friedrich Gauss, nascido em 30 de
abril de 1777 e falecido em 23 de fevereiro de 1855, não
possuem nenhum fundamento. Esses autores, com base em
informações de fontes duvidosas, obtidas na internet,
cometeram o absurdo de afirmar, em livros e outras
publicações, que a fórmula da soma de uma Progressão
Aritmética (PA) foi deduzida por Gauss. Apenas para
lembrar, a fórmula da soma de uma PA já era conhecida há
1650 anos antes de Cristo, fato comprovado por
documentos da época (Papiro de Rhind, por exemplo).
Segundo o pouco que li sobre esse grande matemático,
reconhecidamente tratava-se de um gênio. Tudo indica que,
por causa de sua inteligência prematura, teria sido
seguidamente promovido pelo seu professor para turmas
mais adiantadas, o que era comum na época. E,
possivelmente, em uma dessas turmas, quando ele tinha
apenas 10 anos, o professor estaria desenvolvendo para a
classe o tema Progressão Aritmética. A tese defendida por
alguns autores, com a qual também concordo, é que, em
vez de pedir para que os alunos calculassem a soma dos
números inteiros de 1 até 100, o professor teria
apresentado um problema de ordem bem mais complexa.
Essa tese, também baseada em dados obtidos na internet e,
portanto, de fonte igualmente duvidosa, é que ele teria
pedido aos alunos que calculassem a soma dos termos da
seguinte Progressão Aritmética:
81.297 + 81.495 + 81.693 + ............ + 100.899.
Considerações importantes:
• o número de termos da série não é informado;
• a conta tinha de ser feita na “munheca” (porque
obviamente ninguém possuía calculadora);
• Gauss teria sido o primeiro a entregar a resposta, e
correta!
Para a solução dessa questão, o aluno teria de saber,
além da fórmula da soma de uma Progressão Aritmética
(PA), também a fórmula do chamado termo geral, ou seja:
a n = a 1 + (n - 1) x r , em que a n representa o último
termo, a 1 o primeiro termo, n o número de termos e r a
razão (diferença entre um termo e o anterior).
Solução:
Razão: r = 81.495 - 81.297 = 198
Substituindo na equação do termo geral, temos:
100.899 = 81.297 + (n - 1) x 198
Resolvendo-se essa expressão, obtém-se n = 100
Para obter o total, basta utilizar a fórmula que nos dá a
soma dos termos de uma PA, como segue:
Tradução:
“Estas tabelas podem ser encontradas na maioria dos
livros que tratam de juros compostos e anuidades; mas tem
sido, neste trabalho, tantas vezes necessário consultá-las,
que foi preciso poupar o leitor do trabalho de recorrer a
outros livros por causa delas.”
Por meio da leitura do texto em destaque, escrito na
primeira edição de seu livro publicado em 1771, o próprio
Richard Price já deixava evidente a existência de tabelas
semelhantes àquelas que se encontravam no apêndice da
sua obra. Observe a página original do livro, Figura 6.1.
Já a Figura 6.2 mostra uma das tabelas do livro do Price,
construídas para taxas de juros de 3% a 6%, encontrada na
página 312 da edição citada.
Figura 6.1 Figura 6.2
Fonte: Richard Price (1723-1791). London: Printed for T. Cadell, in the Strand.
P= .
Para se obter o valor financiado a ser pago em quatro
prestações iguais de R$ 1.000,00, considerando-se uma
taxa de juros de 10% ao mês, como já exaustivamente
demonstrado neste livro, vamos calcular o valor presente de
cada uma das prestações, consideradas individualmente,
como segue:
• Valor presente da primeira parcela: P1 = 1.000 / 1,101 =
909,09
• Valor presente da segunda parcela: P2 = 1.000 / 1,102 =
826,45
• Valor presente da terceira parcela: P3 = 1.000 / 1,103 =
751,31
• Valor presente da quarta parcela: P4 = 1.000 / 1,104 =
683,01
• Valor presente total: Pt = = 3.169,86
É importante deixar registrado que o valor presente total
de R$ 3.169,86 resulta da soma dos valores presentes de
cada uma das parcelas, calculadas de acordo com o
regime de capitalização composta.
Os cálculos feitos podem ser resumidos na seguinte
expressão:
Pt = + + +
Como se pode observar, a prestação no valor de R$
1.000,00 aparece em todas as parcelas. Assim sendo, pode-
se fatorar essa expressão algébrica, ou seja, o valor da
prestação pode ser colocado em evidência, como segue:
Pt = 1.000,00 x ( + + + )
Dentro dos parênteses temos a soma de uma Progressão
Geométrica (PG) de quatro termos e de razão 1 / 1,10.
Utilizando a fórmula da soma dos termos de uma PG, deduz-
se que:
P t = 1.000,00 x = 3.169,86
Generalizando-se a expressão acima, isto é, substituindo-
se números por letras, fazendo-se Pt = P e lembrando que
representamos o valor das prestações pela letra R , chega-
se à fórmula para o cálculo do valor presente de uma série
de pagamentos iguais postecipados, de uso generalizado no
mundo, a saber:
P=Rx
Com base nessa expressão, deduz-se facilmente a fórmula
que calcula diretamente o valor das prestações, ou seja:
R=Px
Essa fórmula é utilizada no mundo inteiro para o cálculo
das prestações iguais e consecutivas. 17
Considerando que o todo é representado pela soma das
partes, e que as partes são calculadas com base no regime
de capitalização composta, não se pode ter a menor dúvida
de que a expressão final para se obter o valor das
prestações também é calculada com base no regime de
capitalização composta. Portanto, como comprovado, a
Tabela Price é calculada com base na teoria de juros
compostos.
7.
2. SEGUNDA PROVA: COMPOSIÇÃO DOS SALDOS
DEVEDORES NOS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO EM
PRESTAÇÕES IGUAIS
0 3.169,86 - - -
Solução:
No exemplo anterior, que vamos chamar de primeira
versão, o entendimento é que se tratava de um único
contrato correspondente a um empréstimo de R$ 3.169,86
para ser quitado em quatro prestações iguais de R$
1.000,00, considerada uma taxa de juros de 10% ao mês. Já
nesse exemplo, a segunda versão, a hipótese é que são
firmados quatro contratos individuais de empréstimos, cujos
valores de resgate (montante ou valor futuro) foram fixados
em R$ 1.000,00 para cada um. O que se quer saber é quais
são os valores dos empréstimos (capital inicial ou valor
presente) correspondentes a cada um dos contratos.
Vejamos a solução.
Nesta segunda versão, como são quatro empréstimos
distintos, vamos calcular, individualmente, cada um deles.
Para isso, utilizaremos uma fórmula já bastante conhecida:
P = S /(1 + i )n , em que P é o valor do empréstimo e S, o
montante ou valor futuro. Assim, temos que:
• Valor emprestado no primeiro contrato: P1 =
1.000,00/1,101 = 909,09
• Valor emprestado no segundo contrato: P2 =
1.000,00/1,102 = 826,45
• Valor emprestado no terceiro contrato: P3 =
1.000,00/1,103 = 751,31
• Valor emprestado no quarto contrato: P4 =
1.000,00/1,104 = 683,01
• Total emprestado: Pt = = 3.169,86
Fazendo uma comparação das duas versões, a conclusão
imediata é a de que eles são idênticos do ponto de vista
financeiro, embora contratualmente diferentes; nesta
segunda versão, o mutuário poderia firmar um único
contrato, com empréstimo de R$ 3.169,86 para ser pago em
quatro prestações iguais de R$ 1.000,00 e, com isso, se
recairia na primeira versão.
Vamos demonstrar, com base nos cálculos referentes a
essa segunda versão, que nos sistemas de prestações
iguais (caso da Tabela Price) a taxa de juros também incide
sobre juros. Essa demonstração é absolutamente inédita. E
isso ocorre porque o saldo devedor correspondente a
qualquer mês é sempre formado por duas parcelas distintas,
uma de capital e outra de juros incorridos e não pagos.
Vamos demonstrar que isso é verdade!
Para evidenciar esse fato, partiremos dos valores dos
empréstimos para cada um dos contratos e mostraremos a
composição mensal dos juros cobrados em cada um deles,
conforme dados da Tabela 7.2.
Tabela 7.2: Saldo devedor de capital (valor
emprestado) mais juros na data do contrato
Nº DE VALOR PRESENTE VALOR MENSAL DOS JUROS TOTAL PAGO
ORDEM
J1 J2 J3 J4 TOTAL
0 3.169,86 0 3.169,86
7.
3. TERCEIRA PROVA: COMPROVAÇÃO GRÁFICA POR MEIO
DO CONFRONTO DE ÁREAS
7.3.
2. Parcelas de capital (amortização) e de juros
correspondentes a um empréstimo para ser pago em
dez prestações iguais (Tabela Price)
Para este caso, não há necessidade de explicações mais
aprofundadas, visto que a decomposição das prestações de
um empréstimo em parcelas de amortização e de juros é
bastante conhecida. A Tabela 7.8 mostra como evoluem
essas parcelas para um empréstimo de R$ 6.144,57;
também apresenta a evolução dos saldos devedores após o
pagamento de cada prestação.
0 6.144,57 - - -
Solução:
S = 1.000,00 x 1,045 = 1.216,65
• Calcular o valor de um empréstimo contratado pelo
prazo de cinco meses, a uma taxa de juros de 4% ao
mês, a ser quitado pelo valor de R$ 1.216,65.
Solução:
P= = 1.000,00
Ou seja, caminho de ida: dado o valor do empréstimo,
obtém-se o montante; caminho de volta: dado o montante,
obtém-se o valor do empréstimo.
O mesmo acontece com os sistemas de amortização,
quaisquer que sejam eles. No caso específico da Tabela
Price, dado o valor do empréstimo, a taxa de juros e o
número de parcelas, determina-se o valor das prestações; e,
partindo-se dos mesmos dados de taxa, número de parcelas
e valor das prestações, determina-se o valor emprestado.
Para que isso aconteça, é necessário utilizar o mesmo
regime de capitalização de juros, tanto no caminho de ida
quanto no de volta.
Bem, agora já podemos falar do SAC. Para provar que
esse sistema é calculado com base no regime de
capitalização composta, vamos utilizar o seguinte exemplo:
Solução:
O esquema de cálculo das prestações por meio do SAC é
dos mais simples, já bastante conhecido do leitor. Portanto,
sem explicações mais aprofundadas, vamos transcrever a
Tabela 8.1 contendo os principais dados.
Tabela 8.1: Cálculo das prestações pelo sistema SAC
MÊS SALDO DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS PRESTAÇÃO
0 1.000,00
P= + + + +
P = 230,77 + 214,50 + 199,14 + 184,64 + 170,96 =
1.000,00
Nesse caso, como o valor presente da série de
pagamentos é igual ao valor financiado, fica evidenciado
que o SAC é um sistema de amortização calculado com
base no regime de capitalização composta. Mais uma vez: o
todo é igual à soma das partes!
Antes de finalizar este capítulo, vamos aproveitar a
oportunidade para eliminar outra afirmação totalmente
falsa: a de que os empréstimos com pagamentos mensais
somente dos juros e o principal no vencimento do contrato
seriam calculados com base no critério de juros simples.
Usando a mesma estratégia adotada no caso do SAC, é
possível mostrar que esse plano para liquidação de uma
dívida também implica a utilização de juros compostos. Para
provar, vamos ao seguinte exemplo:
P= + + +
P = 90,91 + 82,65 + 75,13 + 751,31 = 1.000,00
Portanto, como o valor presente obtido, calculado com
base no regime de capitalização composta, coincide com o
valor emprestado, também nesse caso a nossa afirmação se
comprova. Caso utilizasse o critério de juros simples, o valor
presente seria diferente de R$ 1.000,00, como se pode
comprovar:
P= + + +
P = 90,91 + 83,33 + 75,19 + 785,71 = 1.035,14
Comprovado!
9 ANEXO
DECLARAÇÃO EM DEFESA DAS CIÊNCIAS ECONÔMICA,
FINANCEIRA E JURÍDICA (PUBLICADA NO JORNAL
FOLHA DE S.PAULO EM 8 DE OUTUBRO DE 2009)
Dedicatória, 5
Agradecimentos, 7
Apresentação, 9
1CAPÍTULO 1
A ORIGEM DAS RESTRIÇÕES JUDICIAIS, 17
1.
1. O Decreto 22.626 de 7 de abril de 1933, 18
1.
2. A influência da legislação estrangeira, 26
1.
3. Exemplos para esclarecimento do nosso entendimento,
28
2CAPÍTULO 2
CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA, 33
2.
1. Conceito de juros e de taxa de juros, 33
2.
2. Conceito de juros simples (ou capitalização simples), 34
2.
3. Conceito de juros compostos (ou capitalização
composta), 35
2.
4. Conceito de séries de pagamentos iguais, 37
2.4
.1. Montante de uma série de pagamentos iguais
postecipados, 38
2.4
.2. Valor presente de uma série de pagamentos iguais
postecipados, 39
2.
5. Sistemas de amortização, 41
2.5
.1. Sistema de prestações iguais ou uniformes (Price), 43
2.5
.2. Sistema de Amortização Constante (SAC), 45
2.5
.3. Exemplo de utilização dos sistemas Price e SAC, 47
3CAPÍTULO 3
CONSISTÊNCIA FINANCEIRA DOS CRITÉRIOS DE JUROS
SIMPLES E COMPOSTOS, 49
3.
1. Casos envolvendo pagamento único , 49
3.1
.1. Utilização do critério de juros compostos, 50
3.1
.1.
1. Consistência financeira no caso de juros
compostos, 51
3.1
.2. Utilização do critério de juros simples, 52
3.1
.2.
1. Consistência financeira no caso de juros simples,
53
3.
2. Casos envolvendo séries de pagamentos iguais ou
uniformes, 55
3.2
.1. Utilização do critério de juros compostos, 55
3.2
.1.
1. Consistência financeira no caso de juros
compostos, 57
3.2
.2. Utilização do critério de juros simples, 58
3.2
.2.
1. Consistência financeira no caso de juros simples,
60
3.
3. Equivalência de capitais em regime de capitalização
simples, 61
3.3
.1. Plano composto por séries de pagamentos, 61
4CAPÍTULO 4
SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO CALCULADOS COM BASE EM
JUROS SIMPLES, 65
4.
1. Sistema de Amortização Linear (SAL), 66
4.
2. Sistema de Gauss (ou Método de Gauss), 70
4.2
.1. Histórico, 70
5CAPÍTULO 5
DISTORÇÕES CAUSADAS PELA UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE
AMORTIZAÇÃO CALCULADOS COM BASE EM JUROS SIMPLES,
81
5.
1. Incoerência entre os critérios SAL e Gauss, 81
5.
2. Distorções provocadas pelo Sistema de Gauss, 82
5.
3. Equivalência entre os sistemas Price e Gauss, 89
5.
4. Sistema Linear Ponderado e Sistema de Gauss: os nomes
são indevidos e a história de suas origens é falsa, 92
5.4
.1. Sistema Linear Ponderado, 92
5.4
.2. Sistema de Gauss ou Método de Gauss , ٩٣
6CAPÍTULO 6
ORIGEM DO NOME TABELA PRICE E AS PRIMEIRAS TABELAS
FINANCEIRAS PUBLICADAS, 95
7CAPÍTULO 7
TABELA PRICE: CÁLCULO COM BASE NO CRITÉRIO DE JUROS
SIMPLES OU COMPOSTOS?, 103
7.
1. Primeira prova: dedução da fórmula da Tabela Price, 104
7.
2. Segunda prova: composição dos saldos devedores nos
sistemas de amortização em prestações iguais, 106
7.
3. Terceira prova: comprovação gráfica por meio do
confronto de áreas, 112
7.3
.1. Parcelas de capital (amortização) e de juros
correspondentes a dez contratos individuais de
empréstimo, 113
7.3
.2. Parcelas de capital (amortização) e de juros
correspondentes a um empréstimo para ser pago em
dez prestações iguais (Tabela Price), 115
8CAPÍTULO 8
SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) : CÁLCULO
COM BASE NO CRITÉRIO DE JUROS SIMPLES OU
COMPOSTOS?, 119
9ANEXO
DECLARAÇÃO EM DEFESA DAS CIÊNCIAS ECONÔMICA,
FINANCEIRA E JURÍDICA (PUBLICADA NO JORNAL FOLHA DE
S.PAULO EM 8 DE OUTUBRO DE 2009), 125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 129
| SUMÁRIO
| REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS