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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

2 O PERITO ........................................................................................................ 4

2.1 Habilidades do perito ................................................................................. 6

3 ASSISTENTE TÉCNICO EM PERÍCIA CONTÁBIL ......................................... 7

4 A PERÍCIA ....................................................................................................... 9

4.1 Tipos de perícia contábil.......................................................................... 10

4.2 Perícia judicial ......................................................................................... 10

4.3 Perícia semijudicial .................................................................................. 11

4.4 Perícia extrajudicial ................................................................................. 11

4.5 Perícia arbitral ......................................................................................... 12

5 QUESITOS EM PERÍCIA JUDICIAL CONTÁBIL ........................................... 12

6 LAUDO PERICIAL CONTÁBIL ...................................................................... 14

7 PARECER PERICIAL CONTÁBIL ................................................................. 15

8 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AUDITORIA E PERÍCIA ............ 17

9 RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL ....................................................... 19

10 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA.................................................................. 21

10.1 Procedimentos técnicos e científicos ................................................... 23

11 HONORÁRIOS PERICIAIS ........................................................................ 26

12 NBC P 2 – NORMAS PROFISSIONAIS DO PERITO................................. 27

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 43


1 INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

3
2 O PERITO

Fonte: faro.edu.br

Prado (2009) explica que perito é o especialista que orienta o Judiciário na


resolução do conflito, este deve ter conhecimento técnico científico e competência
para opinar, iluminando a decisão do Magistrado. Ainda conforme o autor, o perito
deve ter características pessoais e profissionais de destaque em sua especialidade,
e deverá expressar sua opinião por meio de um documento denominado Laudo
Pericial, onde neste o expert manifesta sua opinião.
Nogueira (2006) esclarece que não é exigível de nenhum magistrado o
domínio sobre todas as áreas, diante destes casos é determinada a realização de
perícia, onde um especialista no assunto – denominado como perito ou expert – é
nomeado para apresentar laudo, com vistas a esclarecer a questão, em
conformidade com o quanto consignado no caput do artigo 145 do Código de
Processo Civil.

4
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou
científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.

Antônio Lopes de Sá (2002, p. 21 apud Ramoni, Motta e Bizotto, 2015)


corrobora com esse conceito ao enfatizar que “o perito precisa ser um profissional
legal, cultural e intelectualmente exercer virtudes morais e éticas com total
compromisso e verdade”.
Conforme Ramoni, Motta e Bizotto (2015), o perito contador considerado um
auxiliar da justiça, requer um bom equilíbrio entre a experiência técnica e prática,
devendo agir com zelo, com princípio ético e moral.
Moraes (2015) enfatiza que o Perito-Contador, aos olhos do juiz, é um
especialista da matéria que envolve o assunto do litígio, sobre o qual não possui
conhecimento técnico, e, por essa razão, goza de sua confiança para conduzir os
procedimentos cabíveis, extraindo o máximo das informações contidas, ao avaliar
todo o processo judicial, para que possa transmitir ao Magistrado os exatos fatos,
advindos da lide em questão, de uma forma positivamente esclarecedora, concisa,
clara e coerente para o bom entendimento do julgador
Perito, trata-se de um profissional convocado pela justiça (juiz) com uma
finalidade e objeto específicos, para dirimir dúvidas que emergem do processo – daí
a existência de diferentes qualificações de peritos, como o perito judicial médico,
perito judicial engenheiro, perito judicial contábil etc., porquanto cada processo pode
exigir um determinado perito com conhecimentos específicos que o julgador, normal
e naturalmente, não possui (PACIEVITCH, 2019 apud JOIA, 2020).
Oliveira (2011) elucida que para o exercicio da Pericia contabil faz-se
necessário que o perito-contador tenha conhecimentos especializados e
experiência profissional relacionada as diversas áreas da contabilidade, que
poderão ser aprimorados pelo Codigo do Processo Civil (CPC).

5
2.1 Habilidades do perito

Nogueira (2006) elucidam que para o direito norte-americano a figura do


perito também é similar a de um consultor, com habilidades que excedem a de um
“auditor tradicional” , porém, com finalidade informativa, destacando-se a atuação
na fase pré-processual, denominada como apoio ao litígio e em procedimentos
investigativos, especialmente de fraudes e crimes financeiros.
Campos e Cruz (2019) através de sua pesquisa, procurou verificar as
habilidades mais relevantes para a profissão do Perito Contador na opinião dos
Promotores de Justiça e dos Contadores. Na opinião dos Promotores de Justiça
são: a flexibilidade técnica, comunicação escrita e habilidade investigativa. E quanto
aos contadores, são: análise dedutiva, habilidade investigativa, resolução de
problemas não estruturado e entrevista.
Ainda conforme os autores, as habilidades do perito contador, encontradas
no código de ética das normas brasileiras, no seu art. 2°, inciso I, destacam como
dever do profissional: “exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e
capacidade técnica, sempre se atentando as normas vigentes com dignidade e
independência profissionais” (CFC, 2015 apud CAMPOS E CRUZ, 2019).
Segundo Davis, Farrell e Ogilby (2012, p. 3 apud NEVES JUNIOR et al.,
2013), o fato de ser um contador eficaz não faz desse profissional,
necessariamente, um perito contador eficaz. Para que se alcance essa eficácia
como perito contador, exige-se que o profissional possua um amplo espectro de
habilidades e conhecimentos.
Através do levantamento de dados e pesquisas de diversos autores, Neves
Junior et al. (2013), destacaram os principais requisitos desejáveis na visão dos
autores pesquisados, que são os seguintes: conhecimentos técnicos na área de
atuação; educação formal; experiência profissional; compromisso moral e ético;
capacidade de reduzir as expectativas do julgador; ser acessível e possuir boa
comunicação; pontualidade; confiabilidade do trabalho apresentado; habilidades
relacionadas à pesquisa, exame, análise, síntese e fundamentação.

6
No que se refere ao trabalho apresentado pelo perito, estes autores
evidenciam a necessidade de consistência do Laudo Pericial, levando em
consideração as expectativas do Juízo quanto às questões principais por sanar no
processo e à necessidade de ser ágil. Deve, ainda, possuir boa apresentação, ser
bem escrito, mediante utilização de linguagem clara e objetiva, de modo que o perito
seja capaz de demonstrar conhecimento e domínio na matéria examinada, além de
convencer as partes envolvidas no processo de que todas as questões foram
esclarecidas (NEVES JUNIOR et al. 2013).

3 ASSISTENTE TÉCNICO EM PERÍCIA CONTÁBIL

Conforme Bleil e Santin (2008), o assistente técnico é pessoa de confiança


da parte, profissional competente, capaz de dirimir dúvidas e pontos controvertidos
em discussão nas lides judiciais e nas perícias extrajudiciais; devendo ser bacharel
em Ciências Contábeis, conforme inclusive tem se pronunciado a respeito o
Conselho Federal de Contabilidade.
Figueiredo (1999 apud BLEIL e SANTIN, 2008) nos traz que a principal
função é de colaborar com o perito, fiscalizar sua atividade e conferir a exatidão dos
resultados a que se chegar. Cabe ainda salientar que o assistente técnico, no
exercício da função pericial, não é auxiliar do perito judicial.
Gorrão (2014) esclarece que o perito indicado pelas partes, o denominado
assistente técnico no meio jurídico, também é perito e o que lhe caracteriza são
exatamente as mesmas qualidades, a capacidade e a expertise sobre determinado
tema.
Santos (2008, p. 484 apud GORRÃO, 2014) reconhece essa semelhança de
funções ao afirmar que “os assistentes técnicos não são senão peritos indicados
pelas partes, porquanto exercem funções idênticas às dos peritos. A distinção entre
o perito e o assistente técnico está na nomenclatura e emerge do sujeito processual
que o nomeia”
Ainda conforme Gorrão (2014), o perito-contador assistente sempre será
chamado a atuar pelas partes ou por seus assessores legais, os advogados
7
patronos das ações. Essa função de consultor técnico da parte que contrata o
serviço pericial já havia sido abordada por Pinheiro Neto na apresentação da obra
de Ornelas (2011, p. xi-xii):

O assistente técnico é o advogado da parte em matéria técnica; posso até


dizer que o assistente técnico é o perito particular do advogado da causa.
[...] este é de confiança do advogado que o escolheu e, dentro do possível
(tal como ocorre com o próprio advogado), deve procurar defender os
legítimos interesses da parte que o contratou, dentro dos limites de suas
qualificações profissionais.

Assim, resta claro o fato de que a simples mudança de nome de “perito


judicial” para “assistente técnico”, nos termos do Código de Processo Civil, não
desnatura a função de perito dos assistentes técnicos. A indicação pela parte e não
pelo julgador, modifica apenas a forma de autuação do profissional, sendo sua
função de suma importância no desenrolar das perícias contábeis e dos processos
(GORRÃO, 2014).
O Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução CFC nº.
1243/09 dispõe que:

6. O perito-contador assistente pode, tão logo tenha conhecimento da


perícia, manter contato com o perito-contador, pondo-se à disposição para
o planejamento, para o fornecimento de documentos em poder da parte
que o contratou e ainda para a execução conjunta da perícia. Uma vez
recusada a participação, o perito-contador pode permitir ao assistente
técnico acesso aos autos e aos elementos de prova arrecadados durante
a perícia, indicando local e hora para exame pelo assistente técnico.

Para Melo (2003 apud SILVA, 2011), o principal trabalho do Perito Contador
Assistente não é elaborar um laudo divergente ou uma crítica ao laudo oficial, mas
sim, diligenciar durante a realização da perícia no sentido de evidenciar junto ao
Perito Oficial os aspectos de interesse ao esclarecimento da matéria fática sob uma
ótica geral e mais especificamente sob a ótica da parte que o contratou.
Segundo Neves Júnior e Oliveira (2012 apud OHHIRA, 2021) e Hoog (2005
apud OHHIRA, 2021), enquanto o perito contábil é de confiança do juíz, o assistente
técnico é facultativo, sem obrigatoriedade legal, de confiança da parte que o
contratou, podendo negociar seus honorários livremente, não está submetido às

8
regras de impedimento e suspeição aplicadas ao perito, tampouco requer
aprovação do Magistrado.
“O ponto de vista predominante é que o assistente técnico deve ser um
auxiliar do advogado da parte que o contratou. E, neste sentido, deve aliar-se a ele
para que o cliente possa ver seu direito reconhecido pelo juiz que emitirá a
sentença” (ZANNA, 2007, p. 42 apud OHHIRA, 2021).

4 A PERÍCIA

Conforme Oliveira (2011) a perícia contábil surgiu com o intuito de suprir a


necessidade de verificação das informações contábeis auxiliando a promotoria
através da formação do laudo pericial, que por sua vez, serve como elemento
utilizado no processo decisório judicial como também administrativo.
A perícia é uma atividade que se traduz, no âmbito judicial, como uma
espécie de prova, e faz parte da rotina da justiça nos processos em litígio, buscando
esclarecer fatos, onde existam controvérsias e/ou dúvidas relativas à área
especificamente técnica que habilita o juiz a decidir o litígio (CNJ - Conselho
Nacional de Justiça, 2013 apud MORAES, 2015).
A Perícia Contábil, atividade própria do profissional contábil, por intermédio
do seu parecer, é um dos documentos que instrumentaliza o processo judicial e
auxilia o juiz na verificação e confirmação dos fatos, com a finalidade de obter um
julgamento justo do litígio. “Seu resultado é o laudo pericial contábil que apresenta
em seu conteúdo tudo que foi investigado durante a realização dos trabalhos bem
como a conclusão a que chegou sobre o assunto” (SILVEIRA et al. 2013, p. 01 apud
MORAES, 2015).
A perícia contábil possui uma função social relevante, ao trazer, para os não
contadores envolvidos nas demandas judiciais, informações valiosas para a solução
de conflitos. A importância da perícia contábil justifica sua melhor conceituação, por
ser um instrumento indispensável na verificação de fraudes e erros contábeis, pois
realiza procedimentos, de acordo com as normas técnicas, a fim de fundamentar o
laudo pericial (SA, 2000 apud OLIVEIRA, 2011).
9
4.1 Tipos de perícia contábil

Conforme Rodrigues (2014) a classificação da perícia contábil tem sido feita


de forma diferenciada por diversos autores. Alguns estabeleceram classificações
mais simples e coerentes de uma perspectiva prática, enquanto outros apontam
para segmentos maiores. Para Klein (1970, p.47 apud RODRIGUES, 2014), as
perícias podem ser de duas naturezas, perícia extrajudicial e perícia judicial.
Para Bohrer (2014), os tipos de perícias são quatro: perícia judicial, perícia
semijudicial, perícia extrajudicial e perícia arbitral. Diante disso, falaremos mais
detalhadamente sobre essas ultimas relatadas por Bohrer (perícia judicial, perícia
semijudicial, perícia extrajudicial e perícia arbitral) na visão de diferentes autores.

4.2 Perícia judicial

Para Klein (1970, p.47 apud RODRIGUES, 2014) a perícia judicial é aquela
exercida em processo judicial, em juízo, seja qual for a Vara, ou Junta. A perícia
judicial sempre surge em litígios e é feita para dirimir dúvidas, para esclarecer as
partes e seus procuradores e o juiz.
“Perícia contábil judicial é a que visa servir de prova, esclarecendo o juiz
sobre assuntos em litígios que merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos
ao patrimônio aziendal ou de pessoas” Sá (1997 apud PIRES, 2019).
Bohrer (2014) define a perícia judicial como aquela realizada dentro dos
procedimentos processuais do poder judiciário, por determinação, requerimento ou
necessidade de seus agentes ativos e se processa segundo regras legais
específicas.
Conforme Martins (2018), a perícia judicial é o campo de atuação com mais
demanda para o perito contábil no Brasil, onde o juiz nomeia o perito contador para
elaborar o laudo contábil e as partes envolvidas contratam os seus peritos
assistentes, para elaborarem os seus respectivos pareceres técnicos, em caso de
divergências parciais ou totais em relação ao laudo elaborado pelo perito contador.

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4.3 Perícia semijudicial

É a perícia realizada no meio estatal, por autoridades policiais nos inquéritos,


por autoridades parlamentares nas comissões parlamentares de inquérito ou
especiais e por autoridades administrativo-financeiras na administração pública
tributária ou conselhos de contribuintes. São assim classificadas já que tais
autoridades têm algum poder jurisdicional, porém com regras legais e regimentais
ligeiramente diferentes (ALBERTO, 2002 apud BOHRER, 2014).
Rodrigues (2014) explica que a perícia semijudicial é aquela realizada dentro
do aparato institucional do Estado, porém fora do Poder Judiciário, tendo como
finalidade principal ser meio de prova dos ordenados institucionais e está voltada
para as áreas, administrativa, tributária e policial.

4.4 Perícia extrajudicial

Zanna (2005 apud apud Ramoni, Motta e Bizotto, 2015) esclarece que
“perícia extrajudicial tem por objetivo esclarecer pontos de discórdia entre pessoas
que querem atingir o entendimento sem utilizar recursos judiciais ou arbitrais”.
Classificação que se dá a qualquer perícia que acontece fora do âmbito do
poder judiciário. Essa espécie de perícia trata de assuntos de pessoas físicas ou
jurídicas, que tenham questões controversas e que dependem ou requeiram uma
opinião técnica, emitida por um profissional de reconhecida competência, para
sanar suas discórdias (ZANNA, 2011 apud BOHRER, 2014). A perícia extrajudicial
tem por objetivo esclarecer pontos de discórdia entre pessoas sem utilizar recursos
judiciais ou arbitrais (BOHRER, 2014).
Rodrigues (2014) explica que a perícia extrajudicial, por sua vez, não envolve
processo judicial, ela é contratada em litígio pelas partes, ou seja, acontece fora do
âmbito do Poder Judiciário, dividida em perícia demonstrativa, discriminativa e
comprobatória.

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Costa (2017 apud PIRES, 2019) demostra que são solicitadas por entes,
sejam pessoas jurídica ou física, para demonstrar a uma das partes quem está certo
ou não, comum quando acontece fusão, cisão ou incorporação nas entidades.

4.5 Perícia arbitral

Para Alberto (2007 apud Ramoni, Motta e Bizotto, 2015) “Perícia arbitral é
aquela realizada no juízo arbitral instância criada pela vontade das partes”. Para
Zanna (2005, p. 54) “a perícia arbitral tem a finalidade de servir ao árbitro escolhido
pelas partes”. É semelhante à perícia judicial e acontece em ambiente semelhante
parecido ao da perícia extrajudicial.
A perícia arbitral é aquela exercida sob o controle da lei de arbitragem. A
arbitragem é um pacto de livre vontade, firmado entre duas ou mais pessoas
capazes, para a solução de seus eventuais problemas, com a intervenção de um ou
mais árbitros, que possuem capacidades devidamente reconhecidas e delegadas
pelas partes, para com base nessas capacidades, decidirem os conflitos, sem a
intervenção do Poder Judiciário, cuja sentença ou laudo arbitral tem a força de uma
sentença judicial (BOHRER, 2014).
Perícia arbitral é realizada no juízo arbitral, instância decisória criada pela
vontade das partes, não sendo enquadrado em nenhuma das anteriores por suas
características especialíssimas de atuar parcialmente como se judicial ou
extrajudicial fosse (RODRIGUES, 2014).

5 QUESITOS EM PERÍCIA JUDICIAL CONTÁBIL

Conforme Oliveira (2011), quesitos são questionamentos, preparados pelas


partes envolvidas no processo, para que o perito esclareça os fatos, ou seja, são
perguntas de natureza técnica ou científica a serem respondidas pelo perito contábil
(SANTOS, SCHMIDT e GOMES, 2006 apud OLIVEIRA, 2011). Os autores ainda
explicam que essas perguntas são apreciadas pelo promotor e pelas partes com o
objetivo de evitar investigacões impertinentes.
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Ainda conforme Oliveira (2011), existem duas categorias de quesitos: os
pertinentes e os impertinentes. Segundo Ornelas (2011, p.69 apud OLIVEIRA,
2011) a primeira busca esclarecer as questões patrimoniais relacionadas as
controversias fixadas nos autos do processo. Ja a segunda categoria, esta ligada a
perguntas que buscam do perito uma opinião fora de sua capacidade legal, sendo
alheios à controvérsia.
Conforme o art. 470 da lei nº 13.105/2015:

Art. 470. Incumbe ao juiz:


I - indeferir quesitos impertinentes;
II - formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da
causa.

Miguel (2009) esclarece que os quesitos são formulados pelo juiz do


processo ou pelas partes, sendo que em geral a sua apresentação nos autos ocorre
antes da proposta de honorários do perito. Ao magistrado compete analisar os
quesitos formulados pelas partes para deferi-los (aprová-los), ou indeferi-los
(reprová-los) no caso de julgá-los impertinentes. Os quesitos deferidos devem ser
respondidos de forma clara e precisa, bem como devidamente fundamentada
(HOOG, 2002 apud MIGUEL, 2009). As respostas devem ser concisas e completas,
sendo que o simples “sim” ou “não” como resposta ao quesito imprime um caráter
de “má qualidade” ao laudo pericial contábil (SÁ, 2007 apud MIGUEL, 2009).
O artigo 469 do CPC (Código de Processo Civil) estabelece que durante as
diligências as partes podem formular quesitos suplementares para esclarecer novos
fatos identificados; todavia o juiz deve comunicar à parte contrária sobre os
mesmos.
Pires (2005) destaca que caso os quesitos não contemplem plenamente o
objeto da perícia, o perito deve estimar o tempo necessário à busca de informações
e documentos específicos, de modo a se alcançar plenamente a realidade e os
limites que estes dispõem e, assim, atingir a verdade real.

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6 LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

O laudo pericial é o parecer técnico (ou o documento) originado da aferição


do trabalho concretizado pelo perito, muito importante na composição do processo,
que deverá ser compreendido pelo juiz, para servir de embasamento no seu
convencimento, na preparação da decisão judicial (FIGUEIREDO, 2003 apud
MORAES, 2015).
Oliveira (2011) explica que o Laudo Pericial, serve para suprir as
insuficiências do promotor no que se refere a conhecimentos técnicos ou científicos.
Além de proporcionar a certeza jurídica quanto as informações tratadas no conteúdo
do laudo, de forma a serem entendidas pelo juiz e pelas partes.
O Laudo Pericial Contábil é elaborado para servir de fundamento na decisão
do juiz, e tem como finalidade explicar ou explicitar as questões controvertidas do
processo ou entre as partes abarcadas na ação judicial, empregando uma técnica
de simples entendimento, onde todos possam compreendê-lo, com a finalidade de
comprovar por meio de procedimentos técnicos, subsídios de prova indispensáveis
a auxiliar à solução do litígio em questão (CALDEIRA, 2002 apud MORAES, 2015).
Ancioto, Costa e Gomes (2009 apud OLIVEIRA, 2011), explicam que é nesse
laudo que o perito divulga, de forma clara e objetiva, os resumos do objeto da perícia
e as suas conclusões.
Sá (2000, p, 35) ainda comenta:

A manifestação literal do perito sobre os fatos patrimoniais devidamente


circunstanciados gera a peça tecnológica denominada laudo pericial
contábil. E o julgamento ou pronunciamento, baseado nos conhecimentos
que tem o profissional da contabilidade, em face de eventos ou fatos que
são submetidos a sua apreciação.

Conforme Moraes (2015) o laudo pericial, por sua vez, é uma peça do
processo, na qual o perito contábil apresenta as suas observações e registra suas
conclusões baseadas nos documentos acostados no processo sobre a matéria em
litígio; este documento, produzido pelo profissional contábil, será avaliado pelo Juiz,
como qualquer outra espécie de prova e de certificação. Este documento deve

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apresentar-se de forma objetiva, sucinta e prática na composição do objeto da
perícia (MOURA, 2007 apud MORAES, 2015).
Já na concepção de Leitão Júnior et.al. (2012, p. 22 apud MORAES, 2015):
“O trabalho do perito contábil materializa-se no laudo pericial contábil”. Por essa
razão, o Laudo pericial contábil é elaborado por um profissional habilitado com o
objetivo de esclarecer polêmicas em discussões judiciais (MOURA, 2007 apud
MORAES, 2015).
Moraes (2015) explica que o papel principal da perícia contábil judicial é
esclarecer ao juiz as matérias que envolvem conhecimento técnico específico.
Contudo, o laudo pericial não é uma prova incontestável, absoluta, com poder
decisório no processo. Ou seja, a perícia contábil judicial, no âmbito da
Contabilidade, tem a função de esclarecer, e não de decidir o processo.

7 PARECER PERICIAL CONTÁBIL

Conforme Miguel (2009) os termos parecer, parecer pericial ou parecer


pericial contábil designam o trabalho desenvolvido pelo perito da parte ou assistente
técnico.
O parecer pericial é uma ferramenta utilizada pelo assistente técnico das
partes envolvidas no litígio, para manifestar, de forma escrita, o que analisou no
laudo pericial exposto pelo perito judicial (SILVEIRA et al., 2013 apud MORAES,
2015).
Afirma Ornelas (2007, p. 104 apud MIGUEL, 2009) que “o perito na função
de assistente técnico é responsável pela oferta de parecer pericial contábil, ou seja,
oferece, por meio de trabalho próprio, sua opinião técnica, crítica ou concordante, a
respeito do laudo pericial contábil”.
O parecer pericial é um importante instrumento técnico que colabora para o
entendimento do magistrado na sua decisão. Neste sentido, o Art.472 do CPC
estabelece que:

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O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na
contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos
ou documentos elucidativos que considerar suficientes.

A apresentação do parecer pericial deve ser feita pelo assistente técnico da


parte acatando a composição e os prazos previstos nas Normas Brasileiras de
Contabilidade e ainda no CPC (MORAES, 2015).
Oliveira (2011) explica que foi através da Lei n° 8.455/92 foi criado outro tipo
de relatório, o Parecer Contábil, ficando este na responsabilidade do assistente
técnico. Que por sua vez, busca oferecer sua opinião técnica ou até mesmo critica
relacionada ao laudo pericial contábil oferecido pelo perito judicial. Devendo
obedecer algumas regras quanto a forma de apresentação desse relatório, já que o
mesmo é anexado aos autos (ORNELAS, 2011 apud OLIVEIRA, 2011).
De acordo com Ancioto, Costa e Gomes (2009, p.22 apud OLIVEIRA, 2011)
quanto as formalidades que orientam os procedimentos na elaboração do Parecer
Pericial Contábeis, é necessário a observação dos seguintes itens:

• A finalidade do parecer pericial contábil é dar opinião fundamentada sobre


o laudo;
•Se preparação é exclusiva do perito-contador assistente,
• Se houver concordância com o laudo pericial contábil, será expressa no
parecer;
• Não havendo concordância com algum item do laudo, este deverá ser
transcrito na Integra no parecer, no qual o perito-contador assistente emite
sua opinião fundamentada;
• Os anexos deverão ser numerados, identificados e mencionados, se
houver necessidade de incorpora-los ao parecer;
• Será datado, rubricado, e assinado, identificando habilitação profissional;
• Encaminhado por petição protocolada, quando judicial e arbitral, e, se
extrajudicial por qualquer outro meio comprobatório.

Não apenas o laudo, mas o parecer técnico também é uma peça relevante
no processo judicial, pois expõe a opinião do assistente técnico sobre o trabalho
realizado pelo perito nomeado (SILVA, 2004; JESUS, 2000 apud PRATES, 2018).
Para Silva (2004 apud PRATES, 2018), embora chamado de parecer, e o
profissional que o elabora seja o assistente técnico, o parecer técnico pode ter as
mesmas características do laudo pericial. Para elaborá-los, o perito deve ter contato
direto com as fontes de prova, que podem ser pessoas e/ou coisas, analisando-as
com base em métodos técnicos e científicos e todos os outros elementos que se

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façam [licitamente] necessários (BRASIL, 2015 apud PRATES, 2018), sendo que
tais peças têm por limite os próprios objetivos da perícia deferida ou contratada
(CFC, 2015b apud PRATES, 2018).

8 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AUDITORIA E PERÍCIA

Hoog e Petrenco (2001, p.85 apud COSTA et. al. 2011) destacam: “a perícia
é a prova elucidativa dos fatos, já a auditoria é mais revisão, verificação, tende a
ser necessidade constante repetindo-se de tempo em tempo, com menos rigores
metodológicos, pois se utiliza a amostragem. Já a perícia repudia a amostragem
como critério e tem caráter de eventualidade e só trabalha com o universo completo,
onde a opinião é expressa com rigores de cem por cento de análise”.
Conforme Peron (2014) a auditoria atua em torno do controle patrimonial de
uma entidade. O auditor deve expressar opinião após realizar uma série de
procedimentos. É sua função, ainda, assegurar a regularidade do conjunto
patrimonial e financeiro em relação às práticas contábeis brasileiras. A perícia
contábil também se volta a fatos ligados ao patrimônio. Porém, geralmente é mais
específica, sendo a opinião do perito uma resposta aos problemas postos
(quesitos). A perícia tem como principal ser um instrumento capaz de dar suporte
para que alguém tome determinada decisão. Em um processo judicial, por exemplo,
pode informar aspectos relevantes ao juiz, o qual, geralmente, não possui
conhecimento técnico-contábil. Assim, o laudo pericial pode auxiliá-lo sobremaneira
na tomada e fundamentação de sua decisão.

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Morais (2005, p.75 apud COSTA et. al. 2011) apresentou, através do quadro abaixo,
os pontos mais importantes das diferenças encontradas entre perícia e auditoria:

Fonte: MORAIS, A. C.; FRANÇA, J. A. (2000, p. 61,63), apud COSTA, C. B.; MARTINS, V. F.;
NETO, E. B. M. (2011, p. 9).

“As semelhanças e diferenças existentes entre perícia e auditoria


proporcionam uma visão da distinção e utilidade de ambas. Auditoria não deve ser
utilizada como se fosse perícia e perícia não deve ser utilizada como se fosse
auditoria”. (MORAIS, 2005, p.76 apud COSTA et. al. 2011)

18
9 RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

Conforme DAL-FRÉ (2013), o perito contador precisa ter consciência dos


seus deveres e um caráter essencialmente próprio. Este profissional necessita ser
ético, e não somente ter ética, pois ele deve ser consciente quanto a atender as
regras e as normas exigidas, visto que a finalidade da perícia contábil é a
demonstração da veracidade de situações, coisas ou fatos. O perito é responsável
por seus atos nos aspectos civil, penal, ético e profissional, decorrendo de acordo
com a relevância a qual as consequências do seu trabalho podem gerar.
O perito deve conhecer suas responsabilidades sociais, éticas, profissionais
e legais, às quais está sujeito no momento em que aceita o encargo para execução
de perícias contábeis judiciais e extrajudiciais, inclusive arbitral (CFC, 2015 apud
MAIATO, 2020)
O termo responsabilidade refere-se à obrigação do perito-contador e do
perito contador assistente em respeitar os princípios da moral, da ética e do direito,
atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas
atividades, sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente por seus
atos (NBC PP 01 apud BOHRER, 2014).
Ainda conforme Bohrer (2014), a responsabilidade ética do perito-contador
decorre da necessidade de cumprir os princípios éticos, em especial aqueles
estabelecidos no CEPC (Código de Ética Profissional do Contador) e na NBC PP
01 (Normas Brasileiras de Contabilidade - Perito Contábil). Assim como o perito-
contador tem responsabilidade ética, o mesmo tem responsabilidades civil e penal
a serem observadas. O CPC (CPC - Código de Processo Civil) em seu art. 147 rege
que:

Ao perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas,


responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado por 2
(dois) anos a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei
penal estabelecer.

De acordo com o Código Penal (BRASIL, 2001 apud TRINDADE, 2017) a


responsabilidade do profissional contábil é: moral (valores pessoais); social (bem-

19
estar coletivo); ética (o bem da corporação); civil (direito individual, indenização por
dano); penal (ordem pública); e, filosófica (notória sabedoria, transcendem o
conhecimento contábil). O Código Penal Brasileiro prevê ao contador, mesmo que
no papel de perito judicial, multa e penalização em forma de reclusão na hipótese
de este ocasionar dano a alguém ou à sociedade (BRASIL, 2001 apud TRINDADE,
2017):

Art. 342 - Fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade como


testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial
ou administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de
1 (um) a 3 (três) anos, e multa. § 1 As penas aumentam-se de um sexto a
um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o
fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou
indireta. § 2 O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo
em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.

Em sequência expõe (BRASIL, 2001 apud TRINDADE, 2017):

Art. 343 - Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem


a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação
falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução
ou interpretação: Pena – reclusão, de três a quatro anos e multa. Parágrafo
único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime for
cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo
penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração
pública direta ou indireta.

A legislação civil determina responsabilidades e penalidades para o


profissional que exerce a função de perito contador, consistem em multa,
indenização e inabilitação. A legislação penal estabelece penas de multa, detenção
e reclusão para os profissionais que exercem a atividade pericial que vierem a
descumprir as normas legais (CFC, 2015 apud MAIATO, 2020).

20
10 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA

Fonte: br.depositphotos.com

Conforme elucida Bohrer (2014) o planejamento, de acordo com a norma, é


a etapa do trabalho pericial que antecede as diligências, pesquisas, cálculos e
respostas aos quesitos, na qual o perito-contador estabelece os procedimentos
gerais dos exames a serem executados no âmbito judicial e/ou extrajudicial para o
qual foi nomeado, indicado ou contratado.
O planejamento tem como objetivos:

a) conhecer o objeto da perícia, a fim de permitir a adoção de


procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o
juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide;
b) definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos exames a serem
realizados, em consonância com o objeto da perícia, os termos constantes
da nomeação, dos quesitos ou da proposta de honorários oferecida pelo
perito-contador;
c) estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo
estabelecido;

21
d) identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no
andamento da perícia;
e) identificar fatos que possam vir a ser importantes para a solução da
demanda de forma que não passem despercebidos ou não recebam
atenção necessária;
f) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia;
g) estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da
equipe de trabalho, sempre que o perito-contador necessitar de auxiliares;
h) facilitar a execução e a revisão dos trabalhos (NBC TP 01 - item 33 apud
BOHRER, 2014);

Quando um profissional é nomeado pelo juiz para desempenhar o papel de


perito judicial, deve elaborar um planejamento e determinar o objetivo a ser
esclarecido, utilizando as técnicas científicas e as habilidades técnicas exigidas pela
Justiça (PEREIRA e FERREIRA, 2015).
O planejamento pericial visa conhecer o objeto e a finalidade da perícia por
meio da leitura rigorosa dos autos, com o intuito de extrair as informações
necessárias e cabíveis à execução da perícia, bem como a tomada de decisão
quanto ao que se pede na sentença (MULLER, 2017 apud MAIATO, 2020).
Ademais, elencam-se como etapas do planejamento da perícia contábil a
definição da natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos a serem
aplicados, condições de trabalho, identificar possíveis problemas e riscos nos autos
e fatos mais relevantes, legislação aplicada e buscar meios que facilitem a execução
e revisão dos trabalhos (MULLER, 2017 apud MAIATO, 2020).
Segundo as Normas da NBC T 13 – da Perícia Contábil: 13.2.1.5 – “quando
do planejamento dos trabalhos deve ser realizada a estimativa dos honorários de
forma fundamentada, considerando os custos e a justa remuneração do contador”.
Ainda conforme Maiato (2020), percebe-se a necessidade do planejamento
e dos procedimentos para fundamentar o início do seu trabalho, para buscar o
conhecimento do objeto e da finalidade da perícia e fundamentar as conclusões
levantadas pelo laudo pericial.

22
10.1 Procedimentos técnicos e científicos

Sarmento (2000) cita as NBC-T-13 (Normas Brasileira de Contabilidade), as


mesmas descrevem os procedimentos de perícia contábil e estes visam
fundamentar o laudo e abrangem, segundo a natureza e complexidade da matéria,
são: exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e
certificação.
Maiato (2020) explica que a NBC PP 01 estabelece procedimentos inerentes
à atividade do contador na condição de perito. Já a NBC TP 01, estabelece regras
e procedimentos técnicos a serem observados pelo perito contador quanto à
elaboração da perícia contábil nos âmbitos judiciais, extrajudiciais e arbitrais, por
meio de exames, vistorias, indagações, investigação, arbitramento, avaliação e
certificação (CFC, 2015).
Conforme Alexandrino (2014), considera-se como procedimento: o exame, a
vistoria, a indagação, a investigação, o arbitramento, a mensuração, a avaliação e
a certificação.
A Resolução do CFC 1.243/09 estabelece que:

O exame é a análise de livros, registros das transações e documentos.


A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de
situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.
A indagação é a busca de informações mediante entrevista com
conhecedores do objeto ou de fato relacionadas à perícia.
A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil
ou parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.
O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia
por critério técnico-científico.
A mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas,
bens, direitos e obrigações.
A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos,
obrigações, despesas e receitas.
A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial
contábil pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela
fé pública atribuída a este profissional.

Diante disso, um planejamento conduz a inicialização das informações para


obter êxito profissional e estabelecer os procedimentos técnicos necessários com
as entidades, e por meios desses procedimentos é feito uma vistoria nas instalações

23
da organização empresarial do nível de pequeno porte fazendo uma investigação
através de notas fiscais e documentações (SANTOS, 2018).
Pires (2005), elucida que as questões técnicas cabíveis ao Perito contábil
são:
 Consulta bibliográfica das questões técnicas formuladas, propiciando a
apresentaçãode conteúdo científico.
 Pesquisa e leitura de livros técnicos e pesquisa sobre leis voltada
exclusivamente para subsidiar as questões técnicas contábeis.
 Na produção da prova pericial contábil, deve-se debruçar sobre a matéria
fática do objeto da causa e traçar os caminhos técnicos e científicos a
serem percorridos para o descobrimento da verdade.
 Leitura atenta dos quesitos formulados.
 Analisar os quesitos ofertados e confrontá-los.
 Entrar na questão técnica, a partir das respostas aos quesitos oferecidos,
ou, na ausência destes, terá de organizá-la de forma criativa e
tecnicamente competente.
Pires (2005) ainda aborda, de forma breve, os principais procedimentos
técnicos adotados e indicar alguns limites quanto à responsabilidade do perito
contábil no desenvolvimento de seu trabalho técnico. São estes:
 Quesitos. São as questões técnicas objeto da lide que se apresentam
desenvolvidas a partir de perguntas formuladas pelo magistrado, pelas
partes ou por uma das partes apenas.
 Respostas. O perito contábil deve observar atentamente os aspectos
dos atributos indicados em tópico anterior. As respostas devem seguir-
se aos quesitos. Por uma questão hierárquica, são oferecidas,
preliminarmente, as respostas aos quesitos formulados pelo
magistrado e, em seguida, as respostas aos quesitos oferecidos pelas
partes, pela ordem de juntada das mesmas aos autos do processo.
 Conclusão. A conclusão do laudo pericial deve considerar as
situações de quantificação de valor quando o tipo de procedimento
processual exigir, como nos casos de apuração de haveres; de
24
liquidação de sentença, inclusive em processos trabalhistas; de
dissoluções societárias; de avaliação patrimonial; e de apuração de
saldo devedor em contratos de mútuo. Entretanto, na existência de
interpretação de aspectos legais e contratuais sujeitos ao contraditório
formado pelas partes na discussão judicial, a elaboração de
alternativas deve ser apresentada, com os critérios que cada parte
entende pertinente, seja na identificação de valores ou pedindo para
se reportar às respostas dos quesitos. Admite, também, que apresente
apenas aspectos qualitativos, sem resultar em quantificação de
valores.
 Assinatura do perito. Embora possa parecer exagero a indicação
expressa da exigência da assinatura do laudo, a firma dada pelo perito
do juízo perfaz, para as partes e terceiros, a certeza jurídica da
responsabilidade daquelas informações técnicas apresentadas,
podendo imputar ao seu subscritor as penalidades da lei quanto à
inverdade e falsa perícia.
 Anexos. ”Ilustram” as respostas, para evitar que se tornem prolixas ou,
então, reforçam a opinião. Deve fazer-se de forma parcimoniosa;
nunca no sentido de “inchar” o laudo contábil, admitindo-se a juntada
de apenas alguns exemplares de vários documentos. Primeiro, porque
o perito contábil tem a presunção de fé pública; segundo, porque o
excesso de juntada, em especial de documentos, estará
transformando a prova pericial em prova documental. Nesta parte do
laudo é que se apresentam as planilhas explicativas dos valores
indicados pelo perito no corpo do laudo.
 Pareceres (se houver). Pareceres de outros especialistas ou de
notáveis podem ser requeridos para efeito de reforço da opinião do
perito ou, até, para suplementá-la, e nesse caso ficam apensos ao
laudo.

25
11 HONORÁRIOS PERICIAIS

Conforme Pires (2005) para se promover uma adequada proposta de


honorários, é imperioso que se avalie a extensão do trabalho. Cada profissional tem
seus limites de tempo e capacidade de execução. Pelo mesmo serviço, pode
comportar preços diferentes, dependendo da aptidão do profissional.
Gorrão (2014) explica que os honorários do perito-contador assistente são
de livre negociação entre as partes, conforme relatam diversos autores (ALBERTO
FILHO, 2011; ORNELAS, 2011; ZANNA, 2007; ALBERTO, 2012 apud GORRÃO,
2014). Estes devem ser estimados, nos termos da NBC PP 01 (CFC, 2009c),
levando-se em consideração o “número de horas para a realização do trabalho, por
etapa e por qualificação dos profissionais (auxiliares, assistentes, seniores, etc.) ”.
Segundo Neves Júnior e Oliveira (2012 apud OHHIRA, 2021) e Hoog (2005
apud OHHIRA, 2021), enquanto o perito contábil é de confiança do juiz, o assistente
técnico é facultativo, sem obrigatoriedade legal, de confiança da parte que o
contratou, podendo negociar seus honorários livremente, não está submetido às
regras de impedimento e suspeição aplicadas ao perito, tampouco requer
aprovação do Magistrado.
Ainda conforme Pires (2005) pesam muito para a remuneração a
“importância” e a “responsabilidade” que envolvem uma perícia. Tarefas como
determinações de fundo de comércio imaterial são de refinado conhecimento
contábil e trabalhos que envolvem pesquisas em contas correntes de muitos anos
e movimentos bancários são extensos e demandam muito tempo.
Existem, ainda, tarefas cuja previsão se torna muito difícil quantificar os
honorários, situação em que o perito deve prever e justificar a possibilidade de uma
revisão ou retificação (PIRES, 2005).
Quanto à questão da correção monetária, o perito tem pleno direito, visto que
é acatado judicialmente, com decisões de Tribunais. Também a revisão do preço
tem o reconhecimento judicial, desde que justificada de forma detalhada,
consistente e o prazo seja superior a um ano (PIRES, 2005).

26
12 NBC P 2 – NORMAS PROFISSIONAIS DO PERITO

Vasconcelos, Frabi e Castro (2011) explicam que a NBC P 2 trata das normas
profissionais do perito contábil, ou seja, dos direitos e deveres do profissional quanto
a: competência técnico-profissional, independência, impedimento, honorários,
sigilo, responsabilidade e zelo bem como utilização de trabalho de especialista e
educação continuada. Estas, NORMAS PROFISSIONAIS DO PERITO, determina
que Perito é o Contador regularmente registrado em Conselho Regional de
Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser
profundo conhecedor, por suas qualidades e experiência, da matéria periciada.
As Normas Profissionais do perito contabil são: NBC PP 01 (R1) e NBC PP 02
NBC PP 01 (R1):
“ OBJETIVO 1. Esta Norma estabelece diretrizes inerentes à atuação do
contador na condição de perito. CONCEITO 2. Perito é o contador detentor de
conhecimento técnico e científico, regularmente registrado em Conselho Regional
de Contabilidade e no Cadastro Nacional dos Peritos Contábeis, que exerce a
atividade pericial de forma pessoal ou por meio de órgão técnico ou científico, com
as seguintes denominações: (a) perito do juízo é o contador nomeado pelo poder
judiciário para exercício da perícia contábil; (b) perito arbitral é o contador nomeado
em arbitragem para exercício da perícia contábil; (c) perito oficial é o contador
investido na função por lei e pertencente a órgão especial do Estado; (d) assistente
técnico é o contador ou órgão técnico ou científico indicado e contratado pela parte
em perícias contábeis. ALCANCE 3. Essa Norma aplica-se aos contadores que
exercem a função pericial. 4. Aplica-se ao perito a NBC PG 01 – Código de Ética
Profissional do Contador, a NBC PG 100 – Cumprimento do Código, dos Princípios
Fundamentais e da Estrutura Conceitual e a NBC PG 300 – Contadores que
Prestam Serviços (Contadores Externos) e a NBC PG 12 – Educação Profissional
Continuada naqueles aspectos não abordados por esta Norma. HABILITAÇÃO
PROFISSIONAL 5. O perito deve comprovar sua habilitação por intermédio de
Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de
Contabilidade ou do Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do CFC. O perito pode

27
anexá-las no primeiro ato de sua manifestação e na apresentação do laudo ou
parecer. 6. A indicação ou a contratação de assistente técnico ocorre quando a parte
ou a contratante desejar ser assistida por contador, ou comprovar algo que dependa
de conhecimento técnico-científico, razão pela qual o profissional só deve aceitar o
encargo se reconhecer estar capacitado com conhecimento, discernimento e
independência para a realização do trabalho. IMPEDIMENTOS PROFISSIONAIS 7.
Impedimentos profissionais são situações fáticas ou circunstanciais que
impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funções ou realizar atividade
pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens previstos
nesta Norma explicitam os conflitos de interesse motivadores dos impedimentos a
que está sujeito o perito nos termos da legislação vigente. 8. Caso o perito não
possa exercer suas atividades com isenção, é fator determinante que ele se declare
impedido, após nomeado ou indicado, quando ocorrerem as situações previstas
nesta Norma. 9. Quando nomeado, o perito deve dirigir petição, no prazo legal,
justificando a escusa ou o motivo do impedimento. 10. Quando indicado nos autos
pela parte e não aceitando o encargo, o assistente técnico deve comunicar a ela
sua recusa, devidamente justificada por escrito, facultado o envio de cópia à
autoridade competente. 11. O assistente técnico deve declarar-se impedido quando,
após contratado, verificar a ocorrência de situações que venham suscitar
impedimento em função da sua imparcialidade ou independência e, dessa maneira,
comprometer o resultado do seu trabalho. SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO LEGAL
12. O perito nomeado deve se declarar suspeito ou impedido quando não puder
exercer suas atividades, observadas as disposições legais. 13. O perito deve
declarar-se suspeito quando, após nomeado ou contratado, verificar a ocorrência
de situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou
independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em
relação à decisão. 14. Os casos de suspeição e impedimento a que está sujeito o
perito nomeado são os seguintes: (a) ser amigo íntimo de qualquer das partes; (b)
ser inimigo capital de qualquer das partes; (c) ser devedor ou credor em mora de
qualquer das partes, dos seus cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em
linha colateral até o terceiro grau ou entidades das quais esses façam parte de seu

28
quadro societário ou de direção; (d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma
das partes ou dos seus cônjuges; (e) ser parceiro, empregador ou empregado de
uma das partes; (f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca
do objeto da discussão; e (g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em
favor de uma das partes. 15. O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo
de foro íntimo. RESPONSABILIDADE 16. O perito deve conhecer as
responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais às quais está sujeito no
momento em que aceita o encargo para a execução de perícias contábeis judiciais
e extrajudiciais, inclusive arbitral. 17. O termo “responsabilidade” refere-se à
obrigação do perito em respeitar os princípios da ética e do direito, atuando com
lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas atividades, sob pena
de responder civil, criminal, ética e profissionalmente por seus atos. 18. Ciente do
livre exercício profissional, deve o perito nomeado, sempre que possível e não
houver prejuízo aos seus compromissos profissionais e às suas finanças pessoais,
em colaboração com o Poder Judiciário, aceitar o encargo confiado ou escusar-se
do encargo, no prazo legal, apresentando suas razões. 19. O perito nomeado, no
desempenho de suas funções, deve propugnar pela imparcialidade, dispensando
igualdade de tratamento às partes e, especialmente, aos assistentes técnicos. Não
se considera parcialidade, entre outros, os seguintes: (a) atender às partes ou a
assistentes técnicos, desde que se assegure igualdade de oportunidades; ou (b)
fazer uso de trabalho técnico-científico anteriormente publicado pelo perito
nomeado que verse sobre matéria em discussão. Responsabilidade civil e penal 20.
A legislação civil determina responsabilidades e penalidades para o profissional que
exerce a função de perito, as quais consistem em multa, indenização e inabilitação.
21. A legislação penal estabelece penas de multa e reclusão para os profissionais
que exercem a atividade pericial que descumprirem as normas legais. ZELO
PROFISSIONAL 22. O termo “zelo”, para o perito, refere-se ao cuidado que ele deve
dispensar na execução de suas tarefas, em relação à sua conduta, documentos,
prazos, tratamento dispensado às autoridades, aos integrantes da lide e aos demais
profissionais, de forma que sua pessoa seja respeitada, seu trabalho levado a bom
termo e, consequentemente, o laudo pericial contábil e o parecer pericial-contábil

29
sejam dignos de fé pública. 23. O zelo profissional do perito na realização dos
trabalhos periciais compreende: (a) cumprir os prazos fixados pelo juiz em perícia
judicial e nos termos contratados em perícia extrajudicial, inclusive arbitral; (b)
comunicar ao juízo, antes do início da perícia, caso o prazo estipulado no despacho
judicial para entrega do laudo pericial seja incompatível com a extensão do trabalho,
sugerindo o prazo que entenda adequado; (c) assumir a responsabilidade pessoal
por todas as informações prestadas em matéria objeto da perícia, os quesitos
respondidos, os procedimentos adotados, as diligências realizadas, os valores
apurados e as conclusões apresentadas no laudo pericial contábil e no parecer
pericial contábil; (d) prestar os esclarecimentos determinados pela autoridade
competente, respeitados os prazos legais ou contratuais; (e) propugnar pela
celeridade processual, valendo-se dos meios que garantam eficiência, segurança,
publicidade dos atos periciais, economicidade, o contraditório e a ampla defesa; (f)
ser prudente, no limite dos aspectos técnico-científicos, e atento às consequências
advindas dos seus atos; (g) ser receptivo aos argumentos e críticas, podendo
ratificar ou retificar o posicionamento anterior. 24. A transparência e o respeito
recíprocos entre o perito nomeado e os assistentes técnicos pressupõem
tratamento impessoal, restringindo os trabalhos, exclusivamente, ao conteúdo
técnico-científico. 25. O perito é responsável pelo trabalho de sua equipe técnica.
26. Quando não for possível concluir o laudo pericial contábil no prazo fixado pela
autoridade competente, deve o perito nomeado requerer a sua dilação antes de
vencido aquele, apresentando os motivos que ensejaram a solicitação. 27. Na
perícia extrajudicial, o perito deve estipular os prazos necessários para a execução
dos trabalhos e a descrição dos serviços a executar na proposta de trabalho e
honorários, e posteriormente, no contrato de prestação de serviços firmado com o
contratante. 28. A realização de diligências, para a busca de elementos de provas,
quando necessária, deve ser comunicada aos assistentes técnicos com
antecedência legal. UTILIZAÇÃO DE TRABALHO DE ESPECIALISTA 29.
Tratando-se de perícia que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, o perito deve comunicar ao juízo. PLANO DE TRABALHO E
HONORÁRIOS 30. Na elaboração do plano de trabalho e respectiva proposta de

30
honorários, o perito deve considerar, entre outros fatores: a relevância, o vulto, o
risco, a responsabilidade, a complexidade operacional, o pessoal técnico, o prazo
estabelecido e a forma de recebimento. Elaboração de proposta 31. O perito deve
elaborar a proposta de honorários, quando possível, descrevendo o plano de
trabalho de forma a atender ao objeto da perícia, considerando as várias etapas do
trabalho pericial até o término da instrução ou homologação do laudo. 32. O perito
pode ressalvar que as despesas com viagens, hospedagens, transporte,
alimentação e outras despesas não estão inclusas na proposta de honorários e
devem ser objeto de ressarcimento. 33. O assistente técnico deve,
obrigatoriamente, celebrar contrato de prestação de serviços com o seu cliente,
observando as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade.
Quesitos suplementares/complementares 34. O perito deve ressaltar, em sua
proposta de honorários, que esta não contempla os honorários relativos a quesitos
suplementares/complementares. Quando haja necessidade de complementação de
honorários, devem-se observar os mesmos critérios adotados para a elaboração da
proposta inicial. Levantamento dos honorários 35. O perito nomeado pode requerer
a liberação de até 50% dos honorários depositados, quando julgar necessário para
o custeio antes do início dos trabalhos, sendo defeso o perito receber honorários
diretamente dos litigantes ou de seus procuradores ou prepostos, salvo disposição
em contrário determinada pela autoridade competente. Devolução de honorários 36.
Quando a perícia for considerada inconclusiva ou ineficiente, ou quando substituído,
pode a autoridade competente determinar a redução ou devolução do valor dos
honorários já recebidos. Execução de honorários periciais 37. Os honorários
periciais fixados ou arbitrados e não quitados podem ser executados, judicialmente,
pelo perito em conformidade com os dispositivos do Código de Processo Civil.
ESCLARECIMENTOS 38. O perito deve prestar esclarecimentos sobre o conteúdo
do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil, em atendimento à
determinação da autoridade competente. 39. Se o pedido de esclarecimentos tratar
de matéria nova, alheia ao conteúdo do laudo pericial, se caracteriza quesito
suplementar. TERMOS OFENSIVOS 40. Palavras e termos ofensivos: o perito que
se sentir ofendido por expressões injuriosas, de forma escrita ou verbal, pode tomar

31
as seguintes providências: (a) sendo a ofensa escrita ou verbal, por qualquer das
partes, peritos ou advogados, o perito ofendido pode requerer da autoridade
competente que mande riscar os termos ofensivos dos autos ou cassada a palavra;
(b) as providências adotadas, na forma prevista na alínea (a), não impedem outras
medidas de ordem administrativa, civil ou criminal; (c) quando a perícia ocorrer no
âmbito extrajudicial e houver ofensas entre peritos contábeis, o fato pode ser
comunicado pelo ofendido ao Conselho Regional de Contabilidade para as
providências cabíveis, independente de outras medidas de ordem administrativa,
civil ou criminal. VIGÊNCIA Esta Norma entra em vigor na data de sua publicação
e revoga a NBC PP 01, publicada no DOU, Seção 1, de 19/3/2015. ” (NORMA
BRASILEIRA DE CONTABILIDADE, NBC PP 01 (R1) )

NBC PP 02:
“ Conceituação e objetivos 1. O Exame de Qualificação Técnica (EQT) para
perito contábil tem por objetivo aferir o nível de conhecimento e a competência
técnico-profissional necessários ao contador que pretende atuar na atividade de
perícia contábil. 2. O EQT para perito contábil será implementado pela aplicação de
prova escrita, conforme definido nesta norma. 3. A aprovação na prova de
Qualificação Técnica para perito contábil assegura ao contador o registro no
Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC). Administração 2 4. O EQT para perito contábil é administrado
pela Comissão Administradora de Exame (CAE) formada por membros que sejam
contadores, com experiência em Perícia Contábil, indicados pelo CFC. 5. Os
membros da CAE, entre eles o coordenador, são nomeados pelo presidente do
CFC, pelo período de 2 (dois) anos, podendo ser reconduzidos. 6. A CAE deve se
reunir, no mínimo, duas vezes ao ano, em data, hora e local definidos pelo seu
coordenador, sujeita à autorização do presidente do CFC. 7. São atribuições da
CAE: (a) estabelecer as condições, o formato e o conteúdo do EQT que será
realizado; (b) dirimir dúvidas a respeito do EQT para perito contábil e resolver
situações não previstas nesta norma, submetendo-as à Vice-Presidência de
Desenvolvimento Profissional; (c) zelar pela confidencialidade do Exame, pelos

32
seus resultados e por outras informações relacionadas; (d) emitir relatório após a
conclusão de cada Exame, a ser encaminhado para a VicePresidência de
Desenvolvimento Profissional, contendo, no mínimo: relação dos inscritos, relação
dos aprovados e notas obtidas por cada participante; e (e) decidir, em primeira
instância administrativa, sobre os recursos apresentados pelos candidatos ao EQT.
Estrutura, controle e aplicação 8. Cabe à Vice-Presidência de Desenvolvimento
Profissional, em conjunto com a CAE: (a) elaborar o edital, administrar e coordenar
a aplicação do Exame (EQT) em todas as suas etapas; (b) emitir e publicar, no
Diário Oficial da União, relatório contendo o nome e o registro no CRC dos
candidatos aprovados no EQT para perito contábil, até 75 (setenta e cinco) dias
após a sua realização; e (c) encaminhar ao plenário os assuntos que dependam da
sua deliberação e/ou aprovação. Forma e conteúdo das provas 9. A prova será
escrita, contemplando questões para respostas objetivas e questões para respostas
dissertativas. 10. A prova será aplicada nas Unidades da Federação em que
existirem inscritos, em locais a serem divulgados pelo CFC e pelos Conselhos
Regionais de Contabilidade (CRCs). 11. Na prova de Qualificação Técnica Geral
para perito contábil, são exigidos conhecimentos do contador nas seguintes áreas:
(a) Legislação Profissional; (b) Ética Profissional; (c) Normas Brasileiras de
Contabilidade, Técnicas e Profissionais, editadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade, inerentes à perícia; (d) Legislação Processual Civil aplicada à
perícia; e 3 (e) Língua Portuguesa e Redação; (f) Direito Constitucional, Civil e
Processual Civil afetos à legislação profissional, à prova pericial e ao perito. 12. O
CFC, por intermédio da Vice-Presidência de Desenvolvimento Profissional, deve
providenciar a divulgação em seu portal na internet dos conteúdos programáticos
que serão exigidos na prova, com a antecedência mínima de 60 (sessenta) dias em
relação à data da aplicação da prova. Aprovação e periodicidade 13. O candidato
será aprovado se obtiver, no mínimo, 60% (sessenta por cento) dos pontos das
questões objetivas e 60% (sessenta por cento) dos pontos das questões
dissertativas previstos na prova. 14. A prova deve ser aplicada, pelo menos, uma
vez por ano, em data e hora fixadas no edital. Certidão de aprovação 15. O CFC
disponibilizará, em seu portal na internet, a Certidão de Aprovação no Exame aos

33
candidatos aprovados, a partir da data de publicação do resultado final no Diário
Oficial da União, que terá validade de um ano. Recursos 16. O candidato inscrito no
Exame pode interpor recurso sobre o teor das provas e/ou sobre o resultado final
publicado pelo CFC, sem efeito suspensivo, dentro dos prazos e instâncias
definidos em edital. Impedimentos: preparação de candidatos e participação 17. O
CFC e os CRCs, seus conselheiros efetivos e suplentes, seus funcionários, seus
delegados, seus representantes, os integrantes de suas Comissões e de Grupos de
Trabalho de Perícia e os integrantes da CAE não podem oferecer ou apoiar, a
qualquer título, cursos preparatórios para os candidatos ao EQT para perito contábil
ou deles participar, a qualquer título ou função, exceto na condição de aluno. 18. Os
membros efetivos da CAE não podem se submeter ao EQT para perito contábil de
que trata esta norma, no período em que estiverem nessa condição. 19. O
descumprimento do disposto no item anterior caracteriza infração de natureza ética,
sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no Código de Ética Profissional do
Contador. Divulgação 20. O CFC desenvolverá campanha no sentido de esclarecer
e divulgar o EQT para perito contábil, com a colaboração dos CRCs nas suas
jurisdições. Banco de questões 21. A CAE pode solicitar, por intermédio da Vice-
Presidência de Desenvolvimento Profissional, a entidades de renomado
conhecimento técnico, sugestões de questões para a composição do 4 banco de
questões a ser utilizado para a elaboração das provas para o EQT para perito
contábil. Disposições finais 22. O CFC adotará as providências necessárias ao
atendimento do disposto na presente norma, competindo ao seu Plenário interpretá-
la quando se fizer necessário. Vigência Esta norma entra em vigor na data de sua
publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2017. (NORMA
BRASILEIRA DE CONTABILIDADE, NBC PP 02)”

A Norma Técnica de perícia contabil é: NBC TP – de Perícia a mesma


estabelece:
“ OBJETIVO 1. Esta Norma estabelece diretrizes e procedimentos técnico-
científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia contábil,
no âmbito judicial e extrajudicial. CONCEITO 2. A perícia contábil é o conjunto de

34
procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória
elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação
de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em
conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica
no que for pertinente. 3. O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil têm
por limite o objeto da perícia deferida ou contratada. 4. A perícia contábil é de
competência exclusiva de contador em situação regular em Conselho Regional de
Contabilidade. 5. A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A
perícia extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. A perícia
arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem e pelos regulamentos das
Câmaras de Arbitragem. Perícias oficial e estatal são executadas sob o controle de
órgãos de Estado. Perícia voluntária é contratada, espontaneamente, pelo
interessado ou de comum acordo entre as partes. PLANEJAMENTO 6. O
planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial, na qual o perito estabelece
as diretrizes e a metodologia a serem aplicadas. Objetivos 7. Os objetivos do
planejamento da perícia são: (a) conhecer o objeto e a finalidade da perícia para
permitir a escolha de diretrizes e procedimentos a serem adotados para a
elaboração do trabalho pericial; (b) desenvolver plano de trabalho onde são
especificadas as diretrizes e procedimentos a serem adotados na perícia; (c)
estabelecer condições para que o plano de trabalho seja cumprido no prazo
estabelecido; (d) identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer
no andamento da perícia; (e) identificar fatos importantes para a solução da
demanda, de forma que não passem despercebidos ou não recebam a atenção
necessária; (f) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia; (g) estabelecer
como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da equipe de trabalho,
sempre que o perito necessitar de auxiliares. Desenvolvimento 8. Elaborado o plano
de trabalho pericial, o perito pode convidar os assistentes técnicos para uma reunião
de trabalho, presencial ou por meio eletrônico, para dar conhecimento do
planejamento da execução do trabalho pericial. 9. Ao identificar na etapa de
elaboração do planejamento, as diligências necessárias desde que não haja
preclusão de prova documental, é necessário considerar a legislação aplicável,

35
documentos, registros, livros contábeis, fiscais e societários, laudos e pareceres já
realizados e outras informações pertinentes para determinar a natureza do trabalho
a ser executado. 10. O planejamento deve ser realizado pelo perito nomeado ainda
que o trabalho venha a ser realizado de forma conjunta. 11. O planejamento da
perícia deve ser mantido por qualquer meio de registro que facilite o entendimento
dos procedimentos a serem aplicados e sirva de orientação adequada à execução
do trabalho. 12. O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos
novos surjam no decorrer da perícia. Equipe técnica 13. Quando a perícia exigir o
trabalho de terceiros (equipe de apoio, trabalho de especialistas ou profissionais de
outras áreas de conhecimento), o planejamento deve prever a orientação e a
supervisão do perito nomeado, que responde pelos trabalhos por eles executados.
Cronograma 14. O perito nomeado deve considerar que o planejamento tem início
antes da elaboração da proposta de honorários, para apresentá-la à autoridade
competente ou ao contratante, há necessidade de se especificarem as etapas do
trabalho a serem realizadas salvo as que possam surgir quando da execução do
trabalho pericial. 15. O plano de trabalho deve evidenciar todas as etapas
necessárias à execução da perícia, como: diligências, deslocamentos, trabalho de
terceiros, pesquisas, cálculos, planilhas, respostas aos quesitos, reuniões com os
assistentes técnicos, prazo para apresentação do laudo pericial contábil ou
oferecimento do parecer pericial contábil. TERMOS E ATAS 16. Termo de diligência
é o instrumento por meio do qual o perito cumpre a determinação legal ou
administrativa e solicita que sejam colocados à disposição livros, documentos,
coisas, dados e informações necessárias à elaboração do laudo pericial contábil ou
parecer pericial contábil. 17. O termo de diligência serve para formalizar e
comprovar o trabalho de campo; deve ser redigido pelo perito nomeado; e ser
encaminhado ao diligenciado. 18. O perito deve observar os prazos a que está
obrigado por força de determinação legal e, dessa forma, definir o prazo para o
cumprimento da solicitação pelo diligenciado. 19. Caso ocorra a negativa da entrega
dos elementos de prova formalmente requeridos, o perito deve se reportar
diretamente a quem o nomeou, contratou ou indicou, narrando os fatos e solicitando
as providências cabíveis. Estrutura do termo de diligência 20. O termo deve conter

36
os seguintes itens: (a) identificação do diligenciado; (b) identificação das partes ou
dos interessados e, em se tratando de perícia judicial ou arbitral, o número do
processo ou procedimento, o tipo e o juízo em que tramita; (c) identificação
profissional do perito; (d) indicação de que está sendo elaborado nos termos desta
Norma; (e) indicação detalhada dos documentos, coisas, dados e informações,
consignando as datas e/ou períodos abrangidos, podendo identificar o quesito a que
se refere; (f) indicação do prazo e do local para a exibição dos elementos indicados
na alínea anterior; (g) local, data e assinatura. Atas 21. Tudo quanto é debatido e
deliberado nas reuniões realizadas pelo perito pode ser lavrado em ata, a qual será
assinada pelos presentes, que receberão uma via da mesma, e uma das vias deve
ser juntada com o laudo. EXECUÇÃO 22. Ao ser intimado para dar início aos
trabalhos periciais, o perito nomeado deve comunicar às partes e aos assistentes
técnicos: a data e o local de início da produção da prova pericial contábil, exceto se
fixados pelo juízo, juízo arbitral ou autoridade administrativa: (a) caso não haja, nos
autos, dados suficientes para a localização dos assistentes técnicos, a comunicação
deve ser feita aos advogados das partes e, caso estes também não tenham
informado endereço nas suas petições, a comunicação deve ser feita diretamente
às partes e/ou ao Juízo, juízo arbitral ou autoridade administrativa; (b) assim que
formalizada sua contratação, pode o assistente técnico manter contato com o perito,
colocando-se à disposição para cooperar do desenvolvimento do trabalho pericial;
(c) o perito nomeado deve assegurar aos assistentes técnicos o acesso aos autos
e aos elementos de prova arrecadados durante a perícia, indicando local, data e
hora para exame deles; (d) os assistentes técnicos têm o dever inalienável de
colaborar para a revelação da verdade e comportar-se de acordo com a boa-fé e
com a equidade, além de cooperar entre si e com o perito nomeado, para que se
obtenha um resultado da perícia em tempo razoável; (e) os assistentes técnicos
podem entregar ao perito nomeado cópia do seu parecer prévio, planilhas ou
memórias de cálculo, informações e demonstrações que possam esclarecer ou
auxiliar o trabalho a ser desenvolvido pelo perito nomeado, assegurado o acesso
ao outro assistente. 23. O assistente técnico pode, logo após a sua contratação,
manter contato com o advogado da parte que o contratou, requerendo dossiê

37
completo do processo para conhecimento dos fatos e melhor acompanhamento dos
atos processuais no que for pertinente à perícia. 24. O perito, enquanto estiver de
posse do processo ou de documentos, deve zelar por sua guarda e segurança e ser
diligente. 25. Para a execução da perícia contábil, o perito deve ater-se ao objeto e
ao lapso temporal da perícia a ser realizada. 26. Mediante termo de diligência, o
perito deve solicitar, por escrito, todos os documentos e informações relacionados
ao objeto da perícia, fixando o prazo para entrega. 27. A eventual recusa no
atendimento aos elementos solicitados nas diligências ou qualquer dificuldade na
execução do trabalho pericial devem ser comunicadas ao juízo, com a devida
comprovação ou justificativa, em se tratando de perícia judicial; ao juiz arbitral ou à
parte contratante, no caso de perícia extrajudicial. 28. O perito pode utilizar os meios
que lhe são facultados pela legislação e as normas concernentes ao exercício de
sua função, com vistas a instruir o laudo pericial contábil ou o parecer pericial
contábil com as peças que julgar necessárias. 29. O perito deve manter registro dos
locais e datas das diligências, nome das pessoas que o atender, livros e
documentos ou coisas vistoriadas, examinadas ou arrecadadas, dados e
particularidades de interesse da perícia, rubricando a documentação examinada,
quando julgar necessário e possível, juntando o elemento de prova original, cópia
ou certidão. 30. A execução da perícia, quando incluir a utilização de equipe técnica,
deve ser realizada sob a orientação e supervisão do perito, que assume a
responsabilidade pelos trabalhos. 31. O perito deve especificar os elementos
relevantes que serviram de suporte à conclusão formalizada no laudo pericial
contábil e no parecer pericial contábil. Procedimentos 32. Os procedimentos
periciais contábeis visam fundamentar o laudo pericial contábil e o parecer pericial
contábil e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade
da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração,
avaliação, certificação e testabilidade. Esses procedimentos são assim definidos:
(a) exame é a análise de livros, registros de transações e documentos; (b) vistoria
é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato,
de forma circunstancial; (c) indagação é a busca de informações mediante
entrevista com conhecedores do objeto ou de fato relacionado à perícia; (d)

38
investigação é a pesquisa que busca constatar o que está oculto por quaisquer
circunstâncias; (e) arbitramento é a determinação de valores, quantidades ou a
solução de controvérsia por critério técnico-científico; (f) mensuração é o ato de
qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações; (g)
avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações,
despesas e receitas; (h) certificação é o ato de atestar a informação obtida na
formação da prova pericial; (i) testabilidade é a verificação dos elementos probantes
juntados aos autos e o confronto com as premissas estabelecidas. LAUDO
PERICIAL CONTÁBIL E PARECER PERICIAL CONTÁBIL 33. Concluídos os
trabalhos periciais, o perito nomeado deve apresentar laudo pericial contábil, e o
assistente técnico pode oferecer seu parecer pericial contábil, obedecendo aos
respectivos prazos legais e/ou contratuais. 34. O perito nomeado, depois de
protocolado o laudo, pode fornecer cópia aos assistentes técnicos. 35. O assistente
técnico não pode validar o laudo pericial quando o documento tiver sido elaborado
por leigo ou profissional de outra área, devendo, neste caso, oferecer o parecer
pericial contábil sobre a matéria periciada. 36. O laudo pericial contábil e o parecer
pericial contábil devem ser elaborados somente por contador ou pessoa jurídica, se
a lei assim permitir, que estejam devidamente registrados e habilitados. A
habilitação é comprovada por intermédio da Certidão de Regularidade Profissional
emitida por Conselho Regional de Contabilidade ou do Cadastro Nacional de Peritos
Contábeis do Conselho Federal de Contabilidade. 37. O laudo pericial contábil e o
parecer pericial contábil são documentos escritos, que devem registrar, de forma
abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências
que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a
conclusão do seu trabalho. 38. Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial
contábil ou do parecer pericial contábil, de forma clara e precisa, as suas
conclusões. Apresentação do laudo pericial contábil e do parecer pericial contábil
39. O laudo e o parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito
nomeado e pelo assistente técnico, que devem adotar padrão próprio, respeitada a
estrutura prevista nas disposições legais, administrativas e nesta Norma. 40. A
linguagem adotada pelo perito deve ser clara, concisa, evitando o prolixo e a

39
tergiversação, possibilitando aos julgadores e às partes o devido conhecimento da
prova técnica e interpretação dos resultados obtidos. As respostas aos quesitos
devem ser objetivas, completas e não lacônicas. Os termos técnicos devem ser
inseridos no laudo e no parecer, de modo a se obter uma redação que qualifique o
trabalho pericial, respeitadas as Normas Brasileiras de Contabilidade. 41. Tratando-
se de termos técnicos atinentes à Ciência Contábil, devem ser acrescidos dos seus
respectivos conceitos doutrinários, sentido e alcance contabilístico de cada um dos
termos técnicos, além de esclarecimentos adicionais ou em notas de rodapé. É
recomendada a utilização daqueles termos já consagrados pela literatura contábil.
42. O perito deve elaborar o laudo e o parecer, utilizando-se do vernáculo, sendo
admitidas apenas palavras ou expressões idiomáticas de outras línguas de uso
comum nos tribunais judiciais ou extrajudiciais. 43. O laudo e o parecer devem
contemplar o resultado final alcançado por meio de elementos de prova inclusos
nos autos ou arrecadados em diligências que o perito tenha efetuado, por intermédio
de peças contábeis e quaisquer outros documentos, tipos e formas. Terminologia
44. Forma circunstanciada: é a redação pormenorizada e efetuada com cautela em
relação aos procedimentos e aos resultados obtidos no trabalho pericial. Síntese do
objeto da perícia: definir de forma clara o propósito ou a finalidade da perícia. 45.
Resumo dos autos: o relato ou a transcrição sucinta, de forma que resulte em leitura
compreensiva dos fatos relatados sobre as questões básicas, que resultaram na
nomeação ou na contratação do perito. 46. Diligência: (a) lato sensu: todos os atos
adotados pelo perito, inclusive, comunicações às partes e seus assistentes, na
busca de documentos, coisas, dados e informações e outros elementos de prova
necessários à elaboração do trabalho pericial; (b) stricto sensu: o trabalho de campo
na busca de elementos necessários que não estejam juntados aos autos. 47.
Critério: é a faculdade que tem o perito de distinguir como proceder em torno dos
fatos alegados para decidir as diretrizes e os procedimentos que deve seguir na
elaboração do trabalho pericial. 48. Método: é um procedimento de análise técnica
e/ou científica de valoração dos elementos probantes que instruíram a demanda,
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento do qual se
originou. 49. Conclusão: é a exposição sintética da matéria fática constatada,

40
indicando o suporte técnico-científico que justifica as conclusões a que chegou o
perito ou o assistente técnico. Outras informações ou elementos relevantes, que
não constaram da quesitação, devem ser consignados. 50. Apêndices: são
documentos elaborados pelo perito contábil; e Anexos são documentos entregues
a estes pelas partes e por terceiros, com o intuito de complementar a argumentação
ou elementos de prova. 51. Esclarecimentos: são informações prestadas pelo perito
aos pedidos de esclarecimentos sobre trabalho pericial, determinados pelas
autoridades competentes, por motivos de obscuridade, incompletudes, contradições
ou omissões. 52. Os peritos devem, na conclusão do trabalho pericial, considerar
as formas explicitadas nos itens seguintes: (a) omissão de fatos: o perito nomeado
não pode omitir nenhum fato relevante encontrado no decorrer de suas pesquisas
ou diligências, mesmo que não tenha sido objeto de quesitação e desde que esteja
relacionado ao objeto da perícia; (b) a conclusão com quantificação de valores é
viável em casos de: apuração de haveres; liquidação de sentença, inclusive em
processos trabalhistas; resolução de sociedade; avaliação patrimonial, entre outros;
(c) pode ocorrer que, na conclusão, seja necessária a apresentação de alternativas,
condicionada às teses apresentadas pelas partes, casos em que cada uma
apresenta uma versão para a causa. O perito pode apresentar as alternativas
condicionadas às teses apresentadas, devendo, necessariamente, ser identificados
os critérios técnicos que lhes deem respaldo; (d) a conclusão pode ainda reportar-
se às respostas apresentadas nos quesitos; (e) a conclusão pode ser,
simplesmente, elucidativa quanto ao objeto da perícia, não envolvendo,
necessariamente, quantificação de valores. Estrutura 53. O laudo deve conter, no
mínimo, os seguintes itens: (a) identificação do processo ou do procedimento, das
partes, dos procuradores e dos assistentes técnicos; (b) síntese do objeto da
perícia; (c) resumo dos autos; (d) análise técnica e/ou científica realizada pelo perito;
(e) método científico adotado para os trabalhos periciais, demonstrando as fontes
doutrinárias deste e suas etapas; (f) relato das diligências realizadas; (g) transcrição
dos quesitos e suas respectivas respostas conclusivas para o laudo pericial contábil;
(h) conclusão; (i) termo de encerramento, constando a relação de anexos e
apêndices; (j) assinatura do perito: deve constar sua categoria profissional de

41
contador, seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade e, se
houver, o número de inscrição no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC),
e sua função: se laudo, perito nomeado e se parecer, assistente técnico da parte. É
permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação
vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileiras - ICP-Brasil; (k) para elaboração de parecer, aplicam-se o disposto nas
alíneas acima, no que couber. Assinatura em conjunto 54. Quando se tratar de laudo
pericial contábil, assinado em conjunto pelos peritos, há responsabilidade solidária
sobre o referido documento. Laudo e parecer de leigo ou profissional não habilitado
55. Considera-se leigo ou profissional não habilitado para a elaboração de trabalhos
periciais contábeis qualquer profissional que não seja contador habilitado perante
Conselho Regional de Contabilidade. Esclarecimentos sobre laudo e parecer
pericial contábil 56. Havendo determinação de esclarecimentos sobre o laudo ou
parecer sem a realização de audiência, o perito deve fazer, por escrito, observando
em suas respostas os mesmos procedimentos adotados quando da feitura do
esclarecimento em audiência, no que for aplicável. 57. Quesitos
suplementares/complementares formulados sob a forma de esclarecimentos devem
ser submetidos à autoridade julgadora. VIGÊNCIA Esta Norma entra em vigor na
data de sua publicação e revoga a NBC TP 01, publicada no DOU, Seção 1, de
19/3/2015. ”
Temos ainda o Decreto-Lei 9.295/46, onde este Cria o Conselho Federal de
Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras
providências (BRASIL, 1946).
A Lei nº 8.455, de 24 de agosto de 1992, altera dispositivos da Lei n° 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, referentes à prova pericial
(BRASIL, 1992).

42
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