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arbitragem e

mediação
Perícia,
UNOPAR PERÍCIA, ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO
Perícia, arbitragem e
mediação

Valdeci da Silva Araújo


Agnaldo Pereira
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Araújo, Valdeci Silva da


A663p Perícia, arbitragem e mediação / Valdeci da Silva Araújo,
Agnaldo Pereira. – Londrina : Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2018.
96 p.

ISBN 978-85-522-0242-4

1. Perícia contábil. 2. Arbitragem. I. Pereira, Agnaldo.


II. Título.

CDD 347.8109

2018
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Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Tema 1 | Perícia na área contábil 7
Tema 2 | O perito e o perito assistente 21
Tema 3 | Dos quesitos aos honorários propostos 33
Tema 4 | Laudo, pareceres e prazos 49
Tema 5 | Arbitragem 63
Tema 6 | Mediação 77
Convite à leitura
Olá, estudante!

Nesta aula, você conhecerá o conceito de perícia e as práticas


de perícia contábil, que se revela como uma das diversas áreas
de atuação do profissional contador. Entender os elementos que
norteiam esta prática agregará mais habilidades ao seu domínio
profissional. Você compreenderá a profissão do perito contador
em suas diversas aplicações e âmbitos de atuação, a exemplo do
judicial. No que se refere ao âmbito extrajudicial, perceberá uma
sólida e frequente utilização do mesmo, auxiliando as câmaras de
conciliações, levando à solução de conflitos sem a necessidade
de um processo judicial, desafogando o Poder Judiciário e dando
maior celeridade aos casos que se apresentam. Para que possa ter
maior aproveitamento e aprofundamento do tema, você também
conhecerá os regulamentos aos quais estão sujeitos os contadores
na atuação profissional, como: perito contador. Ao final deste tema,
você conseguirá explicar o conceito de perícia, tanto em termos
gerais como os específicos do ramo da contabilidade, saberá
distinguir os tipos de perícia e como devem ser empregados na
atuação profissional.

Preparado? Então vamos lá e, bons estudos!


Tema 1

Perícia na área contábil

POR DENTRO DO TEMA

Iniciamos nossa caminhada perguntando:


Por que e para que fazer perícia?
A perícia deve ser realizada quando houver necessidade de
levantamento ou apuração de algum dado ou informação, que
dependa de um especialista apto a opinar documentalmente sobre
determinada questão, no âmbito judicial ou extrajudicial, através da
resposta a quesitos determinados.
Como ponto de partida é importante ressaltarmos de imediato a
diferença entre perícia e auditoria.

Quadro 1.1 | Comparativo entre auditoria e perícia contábil

Perícia Auditoria
1- Pode ser executada tanto por pessoa física
1- Executada somente por pessoa física.
quanto por jurídica.
2- A perícia serve a uma época,
2 – Repete-se no tempo.
questionamento ou objeto específico.
3 – A perícia se prende a uma resposta
3 – Auditoria se prende à asseguração razoável,
conclusiva ou não, com o objetivo de
sobre atos e fatos contábeis.
esclarecer controvérsias.
4 – É restrita aos quesitos e pontos
controvertidos, determinados pelo 4 – Pode ser específica ou não.
condutor judicial.
5 – Sua análise é irrestrita e abrangente. 5 – Feita por amostragem.
6 – Usuários do serviço: as partes e 6 – Usuários do serviço: sócios, investidores,
principalmente a justiça. administradores.
7 – As normas técnicas são: NBC PP
(Normas Brasileiras de Contabilidade 7 – As normas técnicas são: NBC TP (Normas
Profissionais de Perícia) – Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas do Perito)
aplicadas especificamente aos – Normas aplicadas, especificamente, aos
contadores que atuam como peritos contadores que atuam como perito.
contábeis.

Fonte: adaptado de: Hoog (2001).

T1 - Perícia na Área Contábil 7


1. A perícia e a prova pericial
Para que você tenha um bom entendimento do tema Perícia
Contábil, faz-se necessário conhecer primeiramente o que é de fato
uma “perícia”. Em termos gerais, entende-se por perícia todo o trabalho
que resulta em uma opinião técnica de uma área específica do
conhecimento ou atuação, podendo ser adotada no âmbito judicial ou
extrajudicial. Em termos conceituais, assim como constatado no Novo
Código de Processo Civil de 2015, pode-se afirmar que perícia é meio
de prova legal embasada pelo laudo pericial, através da atuação técnica
profissional, e tem como finalidade principal explicar ao magistrado,
em linguagem clara, sobre os fatos que compõem a questão em
julgamento. Com base neste contexto, podemos dizer que a perícia
é todo trabalho de notória especialização realizado com o intuito de
evidenciar uma prova ou a opinião sobre algo, a qual oriente uma
autoridade (o juiz) no exame de um fato.
Como vimos acima, a perícia tem como objetivo promover itens de
provas que irão auxiliar o juiz na argumentação de sua sentença; esta,
por sua vez, pode ser favorável ou não à questão do processo.
Mas, o que é uma prova? Vejamos a seguinte definição:

Prova é todo elemento que pode levar o conhecimento


de um fato a alguém e, no processo, é meio destinado a
convencer o juiz a respeito da verdade de uma situação
de fato. Ainda, segundo o autor, a finalidade da prova é o
convencimento do juiz e, quando no processo, promover
na mente do juiz a transcrição difinitiva da certeza relativa
em convicção (SANTANA, 1999, p. 53).

Logo, podemos afirmar que a prova tende a trazer à luz a veracidade


daquilo que se questiona no ato processual, sobre o que o juiz não
detenha conhecimento técnico específico. A apresentação técnica
deve auxiliar o juiz na concretização do julgamento, onde aplicará a lei
ao caso concreto, sem dúvidas sobre o caráter técnico e desconhecido
que se apresentou.
Ainda pelo Código de Processo Civil (CPC-2015), podemos
confirmar a possibilidade de apresentação de sete tipos de provas
distintas, a saber:
• Depoimento pessoal (Art. 385 ao 388)
• Confissão (art. 389 ao 395)

8 T1 - Perícia na Área Contábil


• Exibição de documento ou coisa (art. 396 ao 404)
• Prova documental (art. 405 ao 441)
• Prova testemunhal (art. 442 ao 463)
• Prova pericial (art. 464 ao 480)
• Inspeção judicial (art. 481 ao 484).
Como visto, a prova pericial é parte legal no processo, cabendo
como elemento de prova. Por sua vez, a perícia judicial ocorre somente
mediante admissão por parte do juiz, tendo esta sido solicitada por
uma das partes que compõem o processo legal.
O Código de Processo Civil de 2015 (CPC-2015), em seu artigo 464,
apresenta as três formas pelas quais a prova pericial pode ser produzida:

Exame: inspeção de bens móveis, coisas ou pessoas;


Vistoria: constatação presencial (in loco) do estado ou
situação de determinada coisa ou bem;
Avaliação: verificação ou atribuição de valor a alguma
coisa, bem ou obrigação.

Deve-se ressaltar que as formas acima dispostas, ao serem


requisitadas, deverão se apresentar como necessárias àquilo que se
julga imprescindível provar, considerando sempre os aspectos técnicos
e específicos cogentes à análise.

2. Ciclo natural da perícia judicial


A perícia judicial pode ser requerida em duas situações distintas.
Na primeira, a perícia poderá ser utilizada como prova processual e,
na segunda, para apuração de haveres.
Segundo Sá (2011, p. 64), o ciclo da perícia judicial se distribui
basicamente em três (3) fases: preliminar, operacional e final.

FASE PRELIMINAR
1. a perícia é requerida ao juiz, pela parte interessada na
mesma;
2. o juiz defere a perícia e escolhe seu perito;
3. as partes formulam os quesitos e indicam seus peritos
assistentes;

T1 - Perícia na Área Contábil 9


4. os peritos são cientificados da indicação;
5. os peritos propõem honorários e requerem depósito;
6. o juiz estabelece prazo, local e hora para início.

FASE OPERACIONAL
7. início da perícia e diligências;
8. curso do trabalho;
9. elaboração do laudo.

FASE FINAL
10. assinatura do laudo;
11. entrega do laudo ou laudos;
12. levantamento dos honorários;
13. esclarecimentos (se requeridos).

3. Os quesitos na perícia
A perícia, diferentemente da auditoria, irá trabalhar em um foco
específico. Durante o processo, caso uma das partes ou até mesmo
o juiz julguem necessária a perícia, será contratado o perito no
intuito de emitir o laudo pericial que irá auxiliar o magistrado quando
do julgamento do litígio.
O perito, para que possa apresentar o laudo, desenvolverá todo
o seu trabalho respondendo aos quesitos, ou seja, perguntas acerca
daquilo que se busca provar.
Na atuação do perito na área contábil os trabalhos de pesquisa,
exame, vistoria e avaliações que irão responder aos quesitos poderão
ser destacados nos seguintes documentos:
1. Documentos de Constituição e Alterações Contratuais.
2. Livros Contábeis - Diário e Razão.
3. Livro de Entrada.
4. Livro de Saída.
5. Livro de Serviços.
6. Livro de Inventário de Estoques.
7. Controle de Ativo Permanente / Imobilizado.

10 T1 - Perícia na Área Contábil


8. Notas Fiscais de Saída, Entrada e Serviços.
9. Folhas de Pagamento.
10. Obrigações Acessórias.
11. Controles de Contas a Receber / Recebidas.
12. Controles de Contas a Pagar / Pagas.
13. E em outros documentos que possam fundamentar as
respostas aos quesitos.

4. Erros e fraudes na perícia


Erros são atos involuntários destituídos do desejo de prejudicar
alguém, que têm como variáveis as condições de negligência ou
inexperiência.
Fraude é a prática de ato que se sabe prejudicial em que alguém
subtraia, a favor próprio, um bem ou direito de alguém; é enganar,
burlar.
As fraudes são evidenciadas nos seguintes atos:
• Simulações: altera-se a aparência real para apresentar o que se
deseja, usando-se, às vezes, de justificativas aparentemente legais.
• Adulterações: alterar coisas e fatos em benefício próprio.
• Infrações: diz respeito à desobediência aos preceitos legais e
normas estabelecidas.

5. Riscos na perícia
Na atuação da atividade contábil, assim como em qualquer
outra, existem riscos inerentes à profissão e na atividade pericial
não é diferente, pois apresentar uma opinião distorcida em face da
realidade é o mesmo que apresentar uma prova “falsa”, provocando
danos a terceiros.
O autor Sá (2011) também aborda o tema, elucidando algumas
precauções necessárias quando da atuação em perícia, como
podemos ver a seguir:

Tempo atribuído: só aceitar a tarefa em tempo hábil


para que possa desempenhá-la com rigor. Para tanto,
deve dimensionar a tarefa e, se o tempo atribuído for

T1 - Perícia na Área Contábil 11


incompatível com a necessidade de dedicação à execução,
solicitar maior prazo, e, se esse for negado, recusar a
incumbência.
Plano de trabalho: elaborar um plano amplo e competente
para a execução da perícia e escolher os melhores critérios
de desempenho do mesmo.
Desempenho exigente: no desempenho ou execução do
plano deve o perito usar sua autoridade para que tudo
lhe seja oferecido a tempo e completamente, ou seja, os
elementos materiais de exame devem ser satisfatórios.
Apoio exigente: nos casos, por exemplo, como nos sistemas
informatizados, onde muitas entradas em computadores
não possuem documentação (exemplo: caixas eletrônicos
de bancos), exigir rigoroso apoio de programação de
verificação (com assistência especializada de alto nível).
Resguardo de informes: todo informe fornecido com
base em “conhecimentos de serviços”, ou “conhecimento
de fatos”, que seja relevante para o julgamento, deve
ser colhido em depoimentos escritos e assinados pelos
depoentes, testemunhadamente (por exemplo, informação
sobre o critério de aplicação de títulos no mercado).
Provas emprestadas: onde couber, deve o perito apelar para
a informação de pessoas alheias ao processo, mas ligadas por
transações com a empresa ou instituição (por exemplo, pedido
de confirmação de saldos a fornecedores, clientes etc.).
Declarações: quanto a dados a serem requeridos, o perito
pode pedir à empresa que está sob seu exame uma carta
da administração que declare que os elementos exibidos
eram os exclusivos que existiam, e que nenhum outro foi
produzido ou existe em outro local, etc.
Preço: compatível com a qualidade e quantidade do trabalho
a executar (SÁ, 2011, p. 18-19).

O autor ainda destaca que o perito não pode errar; tem para isto
que precaver-se por todos os meios a seu alcance. Um trabalho pericial
tem sempre riscos, necessitando de cautelas especiais.

6. Normas sobre perícia no Brasil


Agora que você já sabe o que é perícia, vamos conhecer a Perícia
Contábil, mas antes, vamos elencar o ordenamento jurídico e os
dispositivos legais que norteiam esta área de atuação:
• LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015, tratado como novo

12 T1 - Perícia na Área Contábil


Código de Processo Civil. (<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 25 abr. 2017).
• DECRETO-LEI Nº 1.608, DE 18 DE SETEMBRO DE 1939,
conhecido como Código de Processo Civil (<https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del1608.htm>. Acesso em: 25
abr. 2017).
• DECRETO-LEI Nº 9.295, DE 27 DE MAIO DE 1946. – Regulamento
que Cria o Conselho Federal de Contabilidade e define as atribuições
do Contador. (<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del9295.htm>. Acesso em: 25 abr. 2017).
• RESOLUÇÃO CFC Nº 803/96 que aprova o Código de Ética
aplicado ao Profissional Contador – CEPC. (http://www2.cfc.org.br/
sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803&arquivo=R
es_803.doc. Acesso em: 6 jun. 2017).
• NBC TP 01 – Perícia Contábil estabelece regras e procedimentos
técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização
de perícia contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, inclusive arbitral,
mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do litígio por meio
de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração,
avaliação e certificação (<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_
sre.aspx?Codigo=2015/NBCTP01>. Acesso em: 26 abr. 2017).
• NBC (Normas Brasileiras de Contabilidade) PP 01 – Perito Contábil;
estabelece critérios e procedimentos inerentes à atuação do contador
na condição de perito (<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_
sre.aspx?Codigo=2015/NBCPP01>. Acesso em: 26 abr. 2017).
Há ainda outros ordenamentos jurídicos que tratam, embora de
uma maneira superficial, sobre a perícia e atuação de perito, são elas:
Leis 5.869/73; 7.270/84; 8.455/92; 8.952/94; 10.358/01 e 10.406/02.
Como podemos observar, a perícia por si só é um meio de prova,
sendo o principal instrumento utilizado para determinar questões
envolvendo interesses conflitantes entre as pessoas físicas e/ou
jurídicas, logo sendo uma garantia prevista pela Constituição Federal.
Para a contabilidade não é diferente, porém em termos específicos
o conceito aplicado à Perícia Contábil é trazido pela NBC TP01 (Normas
Brasileiras de Contabilidade Técnicas de Perícia), onde temos que:
“A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos
técnico-científicos destinados a levar à instância decisória

T1 - Perícia na Área Contábil 13


elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do
litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil
e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as
normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica
no que for pertinente.”
Sabemos que a Contabilidade tem como objeto o Patrimônio das
entidades (física ou jurídica), tão logo, a Perícia Contábil é meio de
prova essencial em litígios que busca, tanto em aspectos qualitativo ou
quantitativo, mensurar, aprovar ou certificar quanto ao Patrimônio ou
partes dele, requeridas no processo.
Sá (2011, p. 3) assim define a perícia contábil como:

[...] a verificação de fatos ligados ao patrimônio


individualizado visando oferecer opinião, mediante questão
proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias,
indagações investigações, avaliações, arbitramentos, em
suma, todo e qualquer procedimento necessário à opinião.

A execução da perícia contábil é prática privativa de contador


devidamente inscrito no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) de
sua jurisdição. Se a perícia trata de matéria da área contábil, somente o
CONTADOR poderá realizá-la, desde que em situação regular perante
o CRC de sua jurisdição.

7. O planejamento na perícia contábil


• Planejar a perícia é fundamental para seu bom desenvolvimento.
Tal tema é tão importante que a NBC TP01, em seus itens 30 e 31,
fundamenta e apresenta os objetivos do planejamento da perícia:
• Conhecer o objeto e a finalidade da perícia, a fim de permitir a
adoção de procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a
qual subsidiará o juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a
respeito da lide.
• Definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos
a serem aplicados, em consonância com o objeto da perícia.
• Estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no
prazo estabelecido.
• Identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer
no andamento da perícia.

14 T1 - Perícia na Área Contábil


• Identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma
que não passem despercebidos ou não recebam a atenção necessária.
• Identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia.
• Estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros
da equipe de trabalho, sempre que o perito necessitar de auxiliares.
• Facilitar a execução e a revisão dos trabalhos.
Os procedimentos periciais que visam fundamentar o laudo
pericial contábil e o parecer técnico-contábil, abrangendo, segundo
a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação,
arbitramento, mensuração, avaliação e certificação, são:
• Exame: análise de livros, registros das transações e documentos.
• Vistoria: diligência para verificação e constatação de situação,
coisa ou fato, de forma circunstancial.
• Indagação: busca de informações por meio de entrevista com
conhecedores do objeto ou de fatos relacionados à perícia.
• Investigação: pesquisa de dados que estejam ocultos por quaisquer
circunstâncias.
• Arbitramento: determinação de valores ou solução de controvérsia
por critério técnico-científico.
• Mensuração: qualificação e quantificação física de coisas, bens,
direitos e obrigações.
• Avaliação: estabelecimento do valor de coisas, bens, direitos,
obrigações, despesas e receitas.
• Certificação: atestado e autenticação de informação.

8. Campo de atuação em perícia contábil


O campo de atuação da perícia contábil se divide em basicamente
duas extensões, estas, por sua vez, classificadas pela NBC TP 01 como
Perícia Contábil Judicial e Perícia Contábil Extrajudicial.
Então, vamos aos conceitos:
Perícia contábil judicial: perícia exercida sob a tutela da justiça;
A perícia contábil judicial é realizada em procedimentos processuais
do Poder Judiciário, em função de determinação, requerimento ou
necessidade de seus agentes ativos. É desenvolvida com base em
condições legais específicas e pode ocorrer nas fases de conhecimento

T1 - Perícia na Área Contábil 15


(apreciação das provas) e execução (liquidação).
Perícia contábil extrajudicial: perícia exercida no âmbito arbitral,
estatal ou voluntário.
A perícia contábil arbitral, conforme prevê a Lei nº 9.307, de 23 de
setembro de 1996, deve ser realizada no Juízo Arbitral ou Câmara de
Arbitragem, valendo da opção escolhida pelas partes constantes do
processo.
A perícia contábil estatal ou semijudicial, como também é
conhecida, é realizada no âmbito de um organismo estatal, exceto
pelo Poder Judiciário. Para este tipo de perícia o perito normalmente é
contratado através de concurso público.
A perícia contábil voluntária ou particular, conhecida também
como extrajudicial, tem como atuantes os profissionais selecionados e
escolhidos pelos agentes particulares que identificam sua necessidade.
Nesse caso, não existe agente intermediário no processo. Considera-se
agente intermediário a Justiça, a Câmara de Arbitragem, entre outros
órgãos do Estado.

ACOMPANHE NA WEB

Quer saber mais sobre o assunto? Então:


Para aprofundar mais seus conhecimentos, convidamos você a
assistir ao vídeo do Professor Renê Hellman, sobre Prova Pericial à luz
do Código do Processo Civil. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=dwtggy4J8wE>. Acesso em: 3 abr. 2017.
Acesse o artigo: O Laudo Pericial no Novo Código de Processo
Civil, de autoria do Prof. Sergio Pastori, onde poderá ler uma
introdução ao Laudo Pericial Contábil no tocante à nova leitura do
Código do Processo Civil de 2015, relacionado às Normas Brasileiras
de Contabilidade. Disponível em: <http://peritocontador.com.br/wp-
content/uploads/2016/05/Se%CC%81rgio-Pastori-O-Laudo-Pericial-
no-NOVO-CPC.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2017.
Assista ao vídeo Perícia Contábil e o Conselho Federal
de Contabilidade, em entrevista concedida pelo Sr. Sergio
Prado de Melo, clicando no link: <https://www.youtube.com/
watch?v=OWu5BGcR7bU>. Neste vídeo, Melo faz uma abordagem
geral dos conceitos e de algumas práticas aplicadas à Perícia Contábil.

16 T1 - Perícia na Área Contábil


Acesso em: 3 abr. 2017.
Assista ao vídeo disponível no link: <https://www.youtube.com/
watch?v=dwtggy4J8wE>, para saber mais sobre a prova pericial.
Acesso em: 3 abr. 2017.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A


seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e
dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para
o que está sendo pedido.

1. Lopes de Sá (2011), quando trata dos riscos da perícia, elucida algumas


precauções necessárias quando da atuação desse profissional. Quais são as
precauções quanto ao tempo atribuído?

2. A Perícia surge da necessidade de levantamento ou apuração de algum


dado ou informação, ou seja, da necessidade de um especialista para,
através de um laudo, opinar sobre determinada questão, no rito processual
denominado: quesitos. Identifique a seguir a alternativa que apresenta
apenas informações sobre perícia.
a) Se prende à asseguração razoável, sobre atos e fatos contábeis.
b) É restrita aos quesitos e pontos controvertidos, determinados pelo
condutor judicial.
c) Pode ser executada tanto por pessoa física quanto por jurídica.
d) Repete-se no tempo.
e) É realizada por amostragem.

3. De acordo com a NBC TP 01, qual perícia é realizada em procedimentos


processuais do Poder Judiciário, em função de determinação, requerimento
ou necessidade de seus agentes ativos e é desenvolvida com base em
condições legais específicas e ainda pode ocorrer nas fases de conhecimento
(apreciação das provas) e execução (liquidação)?
a) Perícia contábil extrajudicial.
b) Perícia contábil estatal.
c) Perícia contábil semijudicial.
d) Perícia contábil judicial.
e) Perícia contábil voluntária.

T1 - Perícia na Área Contábil 17


4. O CPC-2015 apresenta três formas pelas quais a prova pericial pode ser
produzida, logo requisitadas sempre de acordo com a necessidade daquilo
que se julga, considerando sempre os aspectos do tipo: conhecimentos
técnicos e específicos a que se busca a análise. A seguir, cite e explique
quais são essas três formas.

5. A perícia judicial pode ser requerida em duas situações distintas, na


primeira, a perícia poderá ser utilizada como prova processual e, na segunda,
para apuração de haveres. Com base nos seus estudos, defina erros e
fraudes na perícia.

FINALIZANDO

Neste tema, você pôde aprender sobre a prática e a importância da


perícia, conhecendo seus aspectos principais e relevância. Foi possível
também conceituar a Perícia Contábil Judicial e a Extrajudicial, esta
última dividida em arbitral, estatal ou semijudicial, e a perícia contábil
voluntária ou particular, também conhecida como extrajudicial. Vimos
neste tema a importância do planejamento em perícia contábil, como
também a aplicação dos diversos procedimentos de perícia. No nosso
próximo encontro iremos nos aprofundar ainda mais neste tema tão
importante, trazendo para você conhecimentos específicos aplicados
ao perito e ao perito assistente.

GLOSSÁRIO

Arbitral: que não tem fundamento; que não segue regras previsíveis;
arbitrário. Relativo a árbitro(s); que é constituído por árbitros.
In Loco: no lugar; no local característico ou próprio de; in situ: os
torcedores agora podem acompanhar in loco os treinos da seleção
brasileira. Pronuncia-se: /inlóco/. Etimologia (origem de in loco): do
latim in loco.
Juiz: aquele que, investido de autoridade pública, tem poder para
julgar, na qualidade de administrador da Justiça do Estado. Indivíduo
a quem se confere ou que arroga a si autoridade para dirigir qualquer
coisa, resolvendo, deliberando e julgando tudo que diz respeito a esta.
Diz-se de ou técnico nomeado pelo juiz ou pelas partes para que opine
sobre questões que lhe são submetidas em determinado processo.

18 T1 - Perícia na Área Contábil


Juízo: ação de julgar; faculdade intelectual de julgar, entender,
avaliar, comparar e tirar conclusões; julgamento. Apreciação acerca
de algo ou alguém; opinião. Qualidade de quem age responsável e
conscientemente; prudência.
Perito: que ou aquele que se especializou em determinado ramo
de atividade ou assunto. Que tem experiência ou habilidade em
determinada atividade.

REFERÊNCIAS

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BRASIL. Código do Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/
lei/l13105.htm>. Acesso em: 3 abr. 2017
Busca de definições do google. Disponível em: <https://www.google.com.
br/>. Acesso em: 3 abr. 2017.
CFC. NBC TP 01 - Perícia contábil. CFC: Conselho Federal de Contabilidade,
2015. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.
pdf>. Acesso em: 3 abr. 2017.
CFC. NBC PP 01 - Perito contábil. CFC: Conselho Federal de Contabilidade,
2015. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2015/NBCPP01>. Acesso em: 3 abr. 2017.
MAGALHÃES, de Deus Farias; SOUZA, Clovis de; FAVERO, H. L.; LONARDONI,
M. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal, processual e
operacional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Senac, 2016.
MOURA, Ril. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: M. A Delgado, 2017.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Vídeo do Professor Renê Hellman. NOVO CPC-2015 - PROVA PERICIAL.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dwtggy4J8wE>. Acesso
em: 3 abr. 2017.
Vídeo: Perícia Contábil e o Conselho Federal de Contabilidade, em entrevista
concedida pelo Sr. Sergio Prado de Melo. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=OWu5BGcR7bU>. Acesso em: 2 abr. 2017.

T1 - Perícia na Área Contábil 19


Convite à leitura
Neste tema, você irá aprender sobre a aplicação das Normas
Brasileiras de Contabilidade que regulamentam e norteiam a atuação
do perito, perito contábil e do perito assistente. Você sabia que a
atividade de perito contábil é de prerrogativa do contador? Mas para
que ele chegue até esta posição, o que é preciso? Será que apenas
possuindo certificado de Bacharel em Ciências Contábeis você
estará apto ao exercício da profissão de perito? Tudo isso e muito
mais você descobrirá após a leitura deste tema. Conheceremos
também o que traz o Novo Código de Processo Civil em relação
a esta atividade e, principalmente, a relação da legislação com
o trabalho do perito contábil com base na Norma Brasileira de
Contabilidade, a NBC PP01.

Preparado? Então vamos lá e, bons estudos!


Tema 2

O perito e o perito assistente

POR DENTRO DO TEMA

01. O perito e o perito assistente


Como já vimos no tema anterior, a atuação como perito contábil é
de prática exclusiva do contador devidamente registrado no conselho
da classe e com situação regular.
O perito assistente tem como função principal assessorar a parte
que o contratou, todavia, não está obrigado a emitir laudo, podendo
apenas apresentar seu parecer sobre o laudo oferecido pelo perito
judicial, contrapondo algum posicionamento apresentado pelo perito.
Caso ele considere suficiente o laudo pericial, apenas irá apor assinatura
juntamente com a do perito em seu laudo.
É também de competência do perito assistente acompanhar as
atividades do perito, com o objetivo de agregar conhecimento e obter
as informações necessárias para que tenha condição de propor seu
parecer. Tanto o laudo quanto o parecer do perito assistente deverão
ser apresentados no prazo fixado pelo juiz.
A Norma Brasileira de Contabilidade (NBC-PP 02) veio trazer ainda
mais peso para esta atribuição, estabelecendo o Exame de Qualificação
Técnica (EQT) para perito contábil. O exame tem como objetivo
principal avaliar o nível de conhecimento e competência técnico-
profissional imprescindíveis àquele que pretende atuar na atividade de
perícia contábil. O EQT se resume na aplicação de prova escrita e, ao se
atingir o mínimo de pontos estabelecidos, fica assegurado ao contador
o direito de registro no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC)
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
A partir de janeiro de 2017, para ingressar no CNPC, tornou-se
necessário fazer o Exame de Qualificação Técnica.
É importante ressaltar que na atuação profissional como Perito
Contador, o profissional deve se resguardar quanto às normas
profissionais a ele aplicadas. Para tanto, o Conselho Federal de
Contabilidade – CFC é responsável por emitir regulamentos como o

T2 - O Perito e o Perito Assistente 21


Código de Ética e Conduta do Profissional Contabilista, como também
as Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais, a exemplo a
Norma Brasileira de Contabilidade - NBC PP 01, aplicada ao Perito
Contábil.
A NBC PP 01, além de estabelecer os critérios essenciais à
performance do contador na condição de perito, também apresenta
alguns conceitos específicos aplicados ao profissional perito, a saber:
Perito é o contador, regularmente registrado em Conselho
Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma
pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e
experiências, da matéria periciada.
Perito oficial é o investido na função por lei e pertencente a órgão
especial do Estado destinado, exclusivamente, a produzir perícias e que
exerce a atividade por profissão.
Perito do juízo é nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade pública ou
privada para exercício da perícia contábil.
Perito-assistente é o contratado e indicado pela parte em perícias
contábeis.
No estudo da perícia é fundamental o conhecimento da Lei nº
13.105/2015 (Código de Processo Civil).
Em seu artigo 149 a referida Lei trata especificamente sobre os
auxiliares da justiça, vejamos:

Art. 149 São auxiliares da Justiça, além de outros cujas


atribuições sejam determinadas pelas normas de
organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o
oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial,
o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de
avarias.

No artigo 156 da mesma lei é possível verificar que o legislador


teve o cuidado em justificar a assistência ao magistrado, no que se
refere à produção de provas utilizando-se conhecimentos técnicos e
científicos, por parte de perito, vejamos abaixo a transcrição do referido
artigo.

22 T2 - O Perito e o Perito Assistente


O juiz será assistido por perito quando a prova do fato
depender de conhecimento técnico ou científico.

Uma vez analisada e afirmada a necessidade da atuação de um


perito em determinada demanda judicial, sua seleção e nomeação se
darão através de cadastros em bancos de dados previamente existentes
e, desde que legalmente habilitado em seus respectivos órgãos de
registro técnico ou científicos, conforme previsto no Novo CPC em
seu Art. 156. § 1º.
Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente
habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos
em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
Ainda para a formação deste respectivo cadastro, os tribunais de
justiça poderão se valer de consulta pública em mídias digitais ou
impressas, além de consultas específicas em universidades e conselhos
de classe (CRC, OAB, CREA, CRM), para que seja indicado profissional
competente conforme a necessidade da perícia em questão. (§ 2º Art.
156).
O cadastrado de peritos disponíveis aos tribunais poderá ser avaliado
e reavaliado periodicamente, para fins de validar e atualizar o nível de
conhecimento técnico, como também julgar a experiência dos peritos
cadastrados.

02. Impedimento ou suspeição do perito


O parágrafo 4º do artigo 156 da Lei 13.105/2015 (Código de Processo
Civil) estabelece situações pelas quais o perito deve se declarar em
situação de impedimento ou motivo de suspeição.
De fato, tais condições estão transcritas nos artigos 144 e 145 do
CPC, onde as condições de impedimento e suspeição do Juiz se
aplicarão igualmente aos auxiliares da justiça.
São condições de impedimento previstas no artigo 144:

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou


como perito, funcionou como membro do Ministério
Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo

T2 - O Perito e o Perito Assistente 23


proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público,
advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge
ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de
administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte de instituição de ensino com
a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato
de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de
advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por
advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica
quando o defensor público, o advogado ou o membro do
Ministério Público já integrava o processo antes do início da
atividade judicante do juiz.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de
caracterizar impedimento do juiz.
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica
no caso de mandato conferido a membro de escritório
de advocacia que tenha em seus quadros advogado que
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo
que não intervenha diretamente no processo.

De acordo com o artigo 145, haverá suspeição em se tratando de:

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de


seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse
na causa antes ou depois de iniciado o processo, que
aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou
que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou
devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes

24 T2 - O Perito e o Perito Assistente


destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de
qualquer das partes.

03. Impedimento e suspeição pela NBC PP01


No que compete ao perito contador, além de se aplicar os artigos
144 e 145, devemos nos atentar à NBC PP01 em seu item de nº 13 a 17,
onde teremos as seguintes situações:
Impedimento e suspeição são situações fáticas ou circunstanciais
que impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funções ou
realizar atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive
arbitral. Os itens previstos nesta norma explicitam os conflitos de
interesse motivadores dos impedimentos e das suspeições a que está
sujeito o perito nos termos da legislação vigente e do Código de Ética
Profissional do Contador.
Para que o perito possa exercer suas atividades com isenção, é
fator determinante que ele se declare impedido depois de nomeado
ou indicado, quando ocorrerem as situações previstas nesta norma.
Quando nomeado, o perito do juízo deve dirigir petição, no prazo
legal, justificando a escusa ou o motivo do impedimento ou da
suspeição.
Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o perito-
assistente deve comunicar a ela sua recusa, devidamente justificada
por escrito, com cópia ao juízo.

04. Suspeição e impedimento legal


O perito do juízo deve se declarar impedido quando não puder
exercer suas atividades, observados os termos do Código de Processo
Civil.
O perito assistente deve declarar-se suspeito quando, após
contratado, verificar a ocorrência de situações que venham suscitar
suspeição em função da sua imparcialidade ou independência e, dessa
maneira, comprometer o resultado do seu trabalho.
O perito do juízo ou assistente deve declarar-se suspeito quando,
depois de nomeado ou contratado, verificar a ocorrência de situações
que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou

T2 - O Perito e o Perito Assistente 25


independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu
trabalho em relação à decisão.
Os casos de suspeição a que está sujeito o perito do juízo são os
seguintes:
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes.
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes.
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus
cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o
terceiro grau ou entidades das quais esses façam parte de seu quadro
societário ou de direção.
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou
dos seus cônjuges.
(e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes.
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do
objeto da discussão.
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de
alguma das partes.
O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo íntimo.
O prazo para que as partes possam alegar o impedimento ou a
suspeição do perito é de 15 dias a contar do conhecimento do fato,
devendo ser formalizada em petição específica ao juízo (Art. 146).

05. Responsabilidade e sigilo profissional


O profissional perito contábil deve conhecer as responsabilidades
sociais, éticas e profissionais e legais, pois no momento em que
aceita a incumbência para a execução de perícias contábeis judiciais e
extrajudiciais, inclusive arbitral, automaticamente estará sujeito.
Conforme o Item 19 da NBC PP01, o termo “responsabilidade”
refere-se à obrigação do perito em respeitar os princípios da moral, da
ética e do direito, atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no
desempenho de suas atividades, sob pena de responder civil, criminal,
ética e profissionalmente por seus atos.

06. Responsabilidade ética, civil e penal


No que se refere à responsabilidade e ética aplicada ao perito

26 T2 - O Perito e o Perito Assistente


contador, é necessária a observância no cumprimento de alguns
princípios, principalmente aqueles estabelecidos pela NBC PP 01 e pelo
Código de Ética Profissional do Contabilista.
Quanto à Responsabilidade Civil e Penal, a legislação civil determina
responsabilidades e penalidades para o profissional que exerce a
função de perito contador, as quais consistem em multa, indenização
e inabilitação.
A legislação penal estabelece penas de multa, detenção e reclusão
para os profissionais que exercem a atividade pericial que vierem a
descumprir as normas legais.

07. Sigilo profissional


Em atendimento tanto ao Código de Ética Profissional do
Contabilista como também à NBC PP 01, o perito contábil deve
respeitar e assegurar o sigilo do que levantar durante a execução de
seu trabalho, sendo definitivamente proibida sua divulgação parcial ou
total, exceto quando houver obrigação legal de fazê-lo.
O dever de sigilo subsiste mesmo na hipótese de o profissional se
desligar do trabalho antes de tê-lo concluído.
Em defesa de sua conduta técnica profissional, o perito contador e
o perito contador assistente deverão prestar esclarecimentos sobre o
conteúdo do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil, em
atendimento a determinação do juiz ou árbitro que preside o feito ou
a pedido das partes.

08. Zelo profissional


Para o perito contador, conforme itens 25 e 26 da NBC PP 01, o
termo zelo refere-se ao cuidado que o mesmo deve dispensar na
execução de suas tarefas, em relação à sua conduta, documentos,
prazos, tratamento dispensado às autoridades, aos integrantes da lide e
aos demais profissionais, de forma que sua pessoa seja respeitada, seu
trabalho levado a bom termo e, consequentemente, o laudo pericial
contábil e o parecer pericial contábil dignos de fé pública.
O zelo profissional do perito-contador e do perito-contador
assistente na realização dos trabalhos periciais compreende:
(a) cumprir os prazos fixados pelo juiz em perícia judicial e nos

T2 - O Perito e o Perito Assistente 27


termos contratados em perícia extrajudicial, inclusive arbitral.
(b) assumir a responsabilidade pessoal por todas as informações
prestadas, quesitos respondidos, procedimentos adotados, diligências
realizadas, valores apurados e conclusões apresentadas no Laudo
Pericial Contábil e no Parecer Pericial Contábil.
(c) O perito contador prestará os esclarecimentos determinados
pelo juiz ou pelo árbitro, respeitados os prazos legais ou contratuais.
(d) O perito contador assistente respeitará o prazo determinado
pelo juiz, ou contrato quando se tratar de perícia extrajudicial, bem
como as normas do juízo arbitral.
(e) Propugnar pela celeridade processual, valendo-se dos meios
que garantam eficiência, segurança, publicidade dos atos periciais,
economicidade, o contraditório e a ampla defesa.
(f) Ser prudente na formação de suas conclusões, atuando de forma
cautelosa, no limite dos aspectos técnicos, e atento às consequências
advindas dos seus atos.
(g) Ser receptivo aos argumentos e críticas, podendo ratificar ou
retificar o posicionamento anterior.

09. Da utilização de trabalho de especialista


Quando da atuação como perito contábil, o profissional que se
deparar com situação alheia à sua especialidade poderá ser auxiliado
por especialistas de outras áreas na execução do trabalho pericial,
desde que parte do assunto objeto da perícia assim necessite.
Ocorrendo tal situação, o parecer do especialista deverá ser anexado
ao laudo pericial contábil, ou ao parecer técnico contábil, justificando
as conclusões técnicas a que o perito contador ou perito contador
assistente chegaram sobre a matéria abordada pelo especialista.
Havendo necessidade, poderá também o perito contábil solicitar ao
juiz a nomeação de especialistas de outras áreas para a execução de
trabalhos específicos, quando se fizerem necessários.

ACOMPANHE NA WEB

Quer saber mais sobre o assunto? Então:


Neste link você terá acesso ao artigo publicado pelo site Portal de
Contabilidade, apresentando os principais pontos aplicados à perícia

28 T2 - O Perito e o Perito Assistente


contábil. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/
tematicas/trabalhopericial.htm>. Acesso em: 11 abr. 2017.
Ao clicar neste link você terá acesso à íntegra do CÓDIGO DE
ÉTICA PROFISSIONAL E DISCIPLINAR DO CONSELHO NACIONAL
DOS PERITOS JUDICIAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,
aprofunde aqui os seus conhecimentos. Disponível em: <http://www.
conpej.org.br/codetica.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2017.
É importante saber quais e onde são as diversas áreas onde o perito
contador pode atuar, e o link a seguir irá lhe proporcionar conhecimentos
neste aspecto. Disponível em: <http://www.manualdepericias.com.br/
perito-por-area/perito-contador/ferramentas-do-contador/servicos-
realizados-por-peritos-contadores/>. Acesso em: 11 abr. 2017.
Neste vídeo, você terá acesso aos diálogos: Perícia contábil e o
mercado de trabalho, uma entrevista entre o Prof. Edmilson Soares
Campos da Universidade de Brasília e o Prof. Idalberto José das Neves
Júnior pela Universidade Católica de Brasília. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=4KkWvibXEUQ>. Acesso em: 11 abr. 2017.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A


seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e
dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para
o que está sendo pedido.

1. A NBC PP 01, além de estabelecer critérios essenciais à performance


do contador na condição de perito, também apresenta alguns conceitos
específicos aplicados a esse profissional. A seguir, defina perito de acordo
com a NBC PP 01.

2. O ___________________________ se resume na aplicação de prova


escrita, conforme definição em norma, logo, se atingido o mínimo de pontos
na prova, assegura-se ao contador o direito ao registro no Cadastro Nacional
de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Qual alternativa completa adequadamente o espaço da questão?
a) Exame de Suficiência. d) Exame Nacional de Perícia.
b) Exame de Qualificação Técnica. e) Exame de Quesitos Contábeis.
c) Exame Nacional de Auditoria.

T2 - O Perito e o Perito Assistente 29


3. No que compete ao perito contador, além de se aplicar os artigos 144 e
145, deve-se também atentar-se à NBC PP01 em seus itens de nº 13 a 17. De
acordo com a NBC PP01, quais são as situações fáticas ou circunstanciais
que impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funções ou
realizar atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive
arbitral?
a) Fraude e erro. d) Flagrante e fraude.
b) Impedimento e suspeição. e) Desobediência e fraude.
c) Omissão e violação.

4. O perito do juízo ou assistente deve declarar-se suspeito quando, depois


de nomeado ou contratado, verificar a ocorrência de situações que venham
suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou independência e,
dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relação à
decisão. A seguir cite três casos de suspeição a que está sujeito o perito do
juízo.

5. O profissional perito contábil deve conhecer as responsabilidades sociais,


éticas, profissionais e legais, pois no momento em que aceita a incumbência
para a execução de perícias contábeis judiciais e extrajudiciais, inclusive
arbitral, automaticamente estará sujeito. Conforme o Item 19 da NBC PP01,
como é conceituado o termo responsabilidade?

FINALIZANDO

Neste tema foi possível aprender sobre a aplicação do Código de


Processo Civil, como também a respeito das Normas Brasileiras de
Contabilidade que regulamentam e norteiam a atuação do perito,
perito contábil e do perito assistente. Foi possível também entender
que atividade de perito contábil é de prerrogativa do contador. Após
a leitura desse tema, tivemos acesso às informações do novo CPC e
obtivemos informações sobre o perito contábil com base nas Normas
Brasileiras de Contabilidade, a NBC PP01.

GLOSSÁRIO

Conciliador: quem ou o que pacifica, apazigua, acomoda, que ou o


que é próprio para conciliar.
Impedimento: ato ou efeito de impedir; impedição, aquilo que impede;

30 T2 - O Perito e o Perito Assistente


impedição, estorvo, obstáculo.
Mediador: que serve de intermediário, de elo. Indivíduo que medeia,
intermedeia, arbitra.
Responsabilidade: obrigação de responder pelas ações próprias ou
dos outros, caráter ou estado do que é responsável.
Suspeição: dúvida, desconfiança, suspeita. jur receio fundamentado,
suscetível de se opor à imparcialidade de juiz, representante do ministério
público, testemunha, perito etc., em razão de certas circunstâncias ou
interesses intercorrentes que possam impedir ou privar qualquer deles
da exação no exercício de suas funções.

REFERÊNCIAS

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BRASIL. Código do Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/
lei/l13105.htm>. Acesso em: 3 abr. 2017.
CFC. NBC PP 01 - perito contábil. CFC: Conselho Federal de Contabilidade,
2015. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2015/NBCPP01>. Acesso em: 11 abr. 2017.
LONARDONI, M. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal,
processual e operacional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MAGALHÃES, de Deus Farias et al. perícia contábil: uma abordagem teórica,
ética, legal, processual e operacional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MELLO, Paulo Cordeiro de. perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Senac, 2016.
MOURA, Ril. perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. rev. e atual. – Rio de
Janeiro: M. A Delgado, 2017.
SÁ, Antônio Lopes de. perícia contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

T2 - O Perito e o Perito Assistente 31


Convite à leitura
Neste tema, você aprofundará ainda mais seus conhecimentos
acerca da perícia. Apresentaremos a você o tema: quesitos, as
características necessárias à sua formulação, exemplos e, também,
os pontos importantes na elaboração de um quesito. Após a
leitura deste tema, você, a partir do entendimento, será capaz de
formular quesitos, entender a diferença entre a remuneração do
perito judicial e do perito assistente e conhecer os aspectos para a
apresentação da proposta dos honorários, através da elaboração de
uma estimativa de honorários relativos às funções do perito (judicial
e assistente).

Então vamos lá e, bons estudos!


Tema 3

Dos quesitos aos honorários


propostos
POR DENTRO DO TEMA

1. Dos quesitos aos honorários propostos


Conforme já vimos nos temas anteriores, a prática de perícia pode
ser considerada como prova elementar no auxílio decisório, tanto em
uma instância judicial como extrajudicial. Ao contrário da Auditoria,
a perícia trabalha apenas em um contexto específico, ou seja, se
posicionando de fato sobre o que é questionado pelas partes ou pelo
magistrado (juiz). Vale ressaltar que a perícia, em termos gerais, não
é prática exclusiva de contadores, devendo sempre observar as áreas
específicas em que será aplicada.
Observe, por exemplo, um quesito aplicado à área específica de
Engenharia Civil:
Exemplo: “Quesito 01: Descrever, pormenorizadamente, o imóvel
objeto da presente ação, indicando suas metragens, a localização,
topografia.”
Logo, para responder ao quesito acima são necessários
conhecimentos técnicos específicos relacionados à área de engenharia
civil, não cabendo assim ao profissional contábil, mesmo que este tenha
sido contratado para avaliar se o bem em questão está contabilizado
corretamente como ativo imobilizado de determinada entidade.
No processo de elaboração do Laudo Pericial, assunto que será
amplamente explorado em nosso próximo tema, o perito deverá se
atentar em apresentar respostas aos quesitos que foram formulados
pelas partes e deferidos pelo juiz. Ainda, havendo necessidade de
maiores esclarecimentos, o juiz também poderá elaborar quesitos que
subsidiarão a sua decisão. Neste momento fica evidente a utilização
dos conhecimentos e responsabilidade técnica do perito judicial.
Vale salientar que após as partes serem intimadas e notificadas
quanto à nomeação e aceitação do perito judicial, estas terão um
prazo de 15 (quinze) dias para a apresentação dos quesitos, conforme

T3 - Dos quesitos aos honorários propostos 33


explicitado no item III, do Parágrafo 1º do Art. 465 do Código do
Processo Civil (CPC), a seguir:

Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no objeto da


perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados
da intimação do despacho de nomeação do perito:
I - Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for
o caso;
II - Indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco)
dias:
I - Proposta de honorários;
II - Currículo, com comprovação de especialização;
III - Contatos profissionais, em especial o endereço
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.

Segundo Magalhães et al. (2016), os quesitos devem se apresentar


em forma de perguntas ou pedidos de natureza técnica da perícia ou,
ainda, que envolvam análise e interpretação de matéria jurídica.
Assim, podemos afirmar que o objetivo principal dos quesitos é o de
trazer conhecimento no que se refere à discussão do processo e aos
conhecimentos técnicos e científicos que envolvam a perícia.
Na elaboração dos quesitos, para que venham surtir efeitos
positivos como meio de prova, é aconselhável que as partes os
elaborem acompanhadas de seu advogado e do perito assistente
técnico, este último quando apresentado pela parte. Em se tratando de
matéria técnica, o perito assistente é o mais indicado para uma correta
orientação na elaboração dos quesitos.
Segundo Lopes de Sá (2011), os quesitos devem resultar de um
esforço conjunto entre o contador e o advogado de modo a possuírem
uma forma lógica competente para se chegar às conclusões desejadas
como provas.
O número de quesitos mínimos ou máximos não está previsto na
legislação, mas devem-se estipular os quesitos necessários quanto à
matéria em questão, como também em quantidade suficiente que
possa tirar as dúvidas das partes e, principalmente, auxiliar o juiz na
aplicação da sentença ou decisão.
Quesitos em excesso podem comprometer a perícia, assim como a

34 T3 - Dos quesitos aos honorários propostos


ausência de quesitos fundamentais também, sendo assim é elementar
que os quesitos oferecidos pelas partes sejam pertinentes e exclusivos à
matéria que fundamenta a ação, como também devem ser formulados
em uma sequência lógica, de forma tal que apropriadamente conduza
a perícia à determinada conclusão desejada.

2. Tipos de quesitos
I. Quesitos regulares
São aqueles previstos no item III, do Parágrafo 1º do artigo 465
do NCPC, estes também podem ser denominados como quesitos
normais, todavia são formulados pelas partes, seus advogados e peritos
assistentes.
II. Quesitos suplementares
São aqueles apresentados pelas partes durante a diligência quando
da ocorrência ou apresentação de novos aspectos ou fatos que por
ora não foram ainda tratados pelas partes quando da formulação dos
quesitos regulares. Deve-se observar que a apresentação dos quesitos
suplementares deverá acontecer a partir do momento em que o
perito solicita carga do processo para iniciar os trabalhos periciais até o
momento em que o mesmo entrega definitivamente o laudo pericial.
Os quesitos suplementares podem servir como uma ferramenta
estratégica no processo, por este motivo é importante que a parte
indique assistente técnico conhecedor da prática judicial para sua
representação na demanda pericial, pois havendo necessidade, o
assistente técnico comunicará o advogado da parte que o representa,
quando da possibilidade de apresentar quesitos suplementares para a
perícia em questão.
Quanto aos quesitos suplementares, vejamos o que traz o NCPC
em seu Art. 469:

Art. 469 As partes poderão apresentar quesitos


suplementares durante a diligência, que poderão ser
respondidos pelo perito previamente ou na audiência de
instrução e julgamento.
Parágrafo único. “O escrivão dará à parte contrária ciência
da juntada dos quesitos aos autos.

T3 - Dos quesitos aos honorários propostos 35


A norma contábil NBC TP01, em seu item 69, ao que se refere
exclusivamente à Perícia Contábil, quanto aos quesitos suplementares:

O perito deve observar as perguntas efetuadas pelo juízo e/


ou pelas partes, no momento próprio dos esclarecimentos,
pois tal ato se limita às respostas a quesitos integrantes do
laudo ou do parecer e às explicações sobre o conteúdo da
lide ou sobre a conclusão.

Esta observação trazida pela NBC TP01 é importante, pois os


quesitos suplementares poderão ser objeto de novos honorários por
parte do perito contábil, uma vez que estes novos quesitos, em certas
ocasiões, somente poderão ser respondidos mediante a constituição de
nova perícia, logo cabendo cobrança de novos honorários, conforme
previsto no Art. 82 do NCPC.
III. Quesitos de esclarecimentos
Deve-se observar o que prevê o Art. 361 do NCPC:

Art. 361 As provas orais serão produzidas em audiência,


ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente:
I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos
quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na
forma do art. 477, caso não respondidos anteriormente
por escrito;
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos
pessoais;
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que
serão inquiridas.
Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os
assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não
poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou
apartear, sem licença do juiz.

Embora não se tratando especificamente de um “tipo” de quesito,


após a entrega dos laudos, pode ocorrer a necessidade da apresentação
de quesitos complementares, conforme observam Santos, Schmidt e
Gomes (2006), onde, no momento em que o juiz abre às partes o
exame do laudo apresentado pelo perito, poderá haver a formulação
dos quesitos complementares, em razão de que algumas respostas
dadas aos quesitos principais não serem suficientes para a elucidação
das indagações primárias, surgindo assim a necessidade de novos

36 T3 - Dos quesitos aos honorários propostos


exames pertinentes à lide.

3. Exemplos e modelos de quesitos


Lopes de Sá (2011) apresenta exemplos interessantes quanto a
quesitos pertinentes à esfera contábil, vejamos:
Exemplo 1: Em uma situação em que se busca provar se o registro
contábil realizado pela empresa vale como prova de que seu capital
social foi integralizado corretamente e com recursos dos sócios,
vejamos o que poderá ser considerado como quesito:
Para este caso, Lopes de Sá (2011) sugere os seguintes quesitos
regulares:
1. A empresa .../... possui escrita regular, na forma da legislação do
país e de acordo com os preceitos contábeis?
2. Em ......... realizou registro de aumento de capital?
3. Tal registro está lastreado em documento hábil?
4. O registro está feito de acordo com as normas contábeis usuais?
5. O capital aumentado foi integralizado?
6. A integralização processou-se em dinheiro?
7. As contas usadas para o registro são adequadas?
8. O aumento de capital está regularmente comprovado e registrado
na forma contábil?
Observa-se pelo autor que o último quesito é de fato a pergunta/
prova que desejava, logo, redigindo o quesito tomando os devidos
cuidados para evidenciar:
1. Que a empresa tem escrita regular – logo com força de prova
perante terceiros.
2. Que realizou aumento de capital.
3. Que há documento hábil do evento.
4. Que o registro contábil foi feito corretamente.
5. Que o capital foi integralizado.
6. Que as contas usadas para o registro da integralização foram as
corretas e que se processou em dinheiro.
7. Que o registro em dinheiro está registrado nas contas devidas.
Logo:

T3 - Dos quesitos aos honorários propostos 37


8. O aumento de capital foi regular, o registro também regular,
portanto, produzindo plena prova.
Observa-se que fica evidente a lógica na elaboração dos quesitos,
conduzindo o perito ao que de fato se esperava como resposta. O que
se necessita é a “sequência lógica”, ou ainda, a organização mental
para redigir quesitos (SÁ, 2011).
Exemplo 2: Neste segundo exemplo, vamos analisar um quesito
que busca elucidar quanto aos livros contábeis e fiscais de uma das
partes:
Quesito: Os livros contábeis e fiscais da autora estão revestidos das
formalidades legais, extrínsecas e intrínsecas, de modo a merecer fé
em juízo?
Como resposta a este quesito podemos ter a seguinte colocação:
Sim. Os livros contábeis e fiscais analisados pela perícia, compreendidos
pelo período objeto da lide, foram aqueles especificados no anexo nº
1. Eles contêm as formalidades legais, extrínsecas e intrínsecas, sendo,
portanto, merecedores de fé em juízo.
Como podemos notar, trata-se de uma resposta afirmativa,
embasada nas verificações e análises apreciadas pelo perito. Esse
é, portanto, um exemplo de um quesito pertinente deferido pelo
magistrado e respondido pelo perito.
Fica ainda a pergunta:
O perito deve responder a todos e quaisquer quesitos?
O perito não foi contratado para selecionar dentre um e outro
quesito qual ele irá responder, logo, presume-se que ele deva responder
a todos os quesitos apresentados pelas partes, devendo, portanto,
quantificar as necessidades de horas trabalhadas, volume de trabalho
e propor em seus honorários uma remuneração que se considera
justa ao trabalho que será realizado. Caso suspeite que o quesito em
questão não contemple ou que seja desnecessário à matéria da perícia,
deverá remeter uma petição ao magistrado a fim de questionar se
são realmente úteis à matéria em litígio, buscando demonstrar quão
custoso e/ou moroso será para realizá-lo.
Todavia não compete ao perito judicial, e não o deve confundir,
quesitos não necessários com quesitos impertinentes; assim, vejamos
o que traz o Art. 470 do NCPC:

38 T3 - Dos quesitos aos honorários propostos


Art. 470 Incumbe ao juiz:
I - indeferir quesitos impertinentes;
II - formular os quesitos que entender necessários ao
esclarecimento da causa.

O artigo 470 do CPC ainda ressalta a necessidade de que os


quesitos atendam ao crivo da matéria do processo, uma vez que
seu objetivo é o de auxiliar no esclarecimento quanto às questões
técnicas. Estes quesitos, por sua vez (quesitos impertinentes),
abordam, na maioria das vezes, aspectos não relacionados com o
que se questiona no processo. Todavia, podemos afirmar que um
quesito pode ser considerado impertinente quando tenta desviar-se
da matéria da especialidade do perito.

4. Honorários propostos
Para iniciarmos este tema, vamos diferenciar perito judicial de
perito assistente técnico. Vale relembrar que assistente técnico é o
profissional de confiança da parte, ou seja, indicado pela parte para
atuar no processo, logo sua remuneração será oferecida pela parte
que o contratou; já o perito judicial é aquele nomeado pelo juiz, logo,
sua remuneração está amparada pelos artigos 95 e 465 do NCPC (Lei
13.105/2016).
Vejamos o que tratam estes artigos:

Art. 95 Cada parte adiantará a remuneração do assistente


técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada
pela parte que houver requerido a perícia ou rateada
quando a perícia for determinada de ofício ou requerida
por ambas as partes.
[...]

Vejamos agora a disposição do Art. 465:

Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no objeto da


perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
[...]
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco)

T3 - Dos quesitos aos honorários propostos 39


dias:
I - Proposta de honorários;
II - Currículo, com comprovação de especialização;
III - Contatos profissionais, em especial o endereço
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.
[...]

Além do disposto no Art. 465, temos ainda condições em que a


perícia se enquadra como assistência judiciária gratuita, conforme
disposto no § 3º do Art. 95 do NCPC, vejamos:

§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade


de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser:
I - Custeada com recursos alocados no orçamento do ente
público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por
órgão público conveniado;
II - Paga com recursos alocados no orçamento da União, do
Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por
particular, hipótese em que o valor será fixado conforme
tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão,
do Conselho Nacional de Justiça.
[...]

Deve-se observar ainda que, havendo substituição do perito,


conforme previsto no § 2o do Art. 468 do NCPC, o perito substituído
deverá devolver os valores recebidos pelo trabalho não realizado, ainda
sob pena de ficar inabilitado (impedido) pelo período de cinco anos
de atuar como perito judicial, a devolução que confere este parágrafo
deverá ocorrer no prazo de 15 dias.
Podemos ainda observar o que traz a NBC PP01 em seu item 33:

Na elaboração da proposta de honorários, o perito deve


considerar os seguintes fatores: a relevância, o vulto, o
risco, a complexidade, a quantidade de horas, o pessoal
técnico, o prazo estabelecido e a forma de recebimento,
entre outros fatores.

O vulto está relacionado ao valor da causa no que se refere ao


objeto da perícia; à dimensão determinada pelo volume de trabalho; e

40 T3 - Dos quesitos aos honorários propostos


à abrangência pelas áreas de conhecimento técnico envolvidas.
O risco compreende a possibilidade de os honorários periciais não
serem integralmente recebidos, o tempo necessário ao recebimento,
bem como a antecipação das despesas necessárias à execução
do trabalho. Igualmente, devem ser levadas em consideração as
implicações cíveis, penais, profissionais e outras de caráter específico a
que poderá estar sujeito o perito-contador.
A complexidade está relacionada à dificuldade técnica para a
realização do trabalho pericial em decorrência do grau de especialização
exigido; à dificuldade em obter os elementos necessários para a
fundamentação do laudo pericial contábil; e ao tempo transcorrido
entre o fato a ser periciado e a realização da perícia.
As horas estimadas para a realização de cada fase do trabalho é o
tempo despendido para a realização da perícia, mensurado em horas
trabalhadas pelo perito-contador, quando aplicável.
O pessoal técnico é formado pelos auxiliares que integram a equipe
de trabalho do perito-contador, estando os mesmos sob sua orientação
direta e inteira responsabilidade.
O prazo determinado nas perícias judiciais ou contratado nas
extrajudiciais deve ser levado em conta nos orçamentos de honorários,
considerando-se eventual exiguidade do tempo que requeira dedicação
exclusiva do perito-contador e da sua equipe para a consecução do
trabalho.
Na elaboração da proposta de honorários, a NBC PP01 também
apresenta alguns critérios minimamente necessários. Vejamos o que
traz a NBC PP01 em seu item de número 34:

34. O perito deve elaborar a proposta de honorários


estimando, quando possível, o número de horas para
a realização do trabalho, por etapa e por qualificação
dos profissionais, considerando os trabalhos a seguir
especificados:
(a) retirada e entrega do processo ou procedimento arbitral;
(b) leitura e interpretação do processo;
(c) elaboração de termos de diligências para arrecadação
de provas e comunicações às partes, terceiros e peritos-
assistentes;
(d) realização de diligências;

T3 - Dos quesitos aos honorários propostos 41


(e) pesquisa documental e exame de livros contábeis, fiscais
e societários;
(f) elaboração de planilhas de cálculo, quadros, gráficos,
simulações e análises de resultados;
(g) elaboração do laudo;
(h) reuniões com peritos-assistentes, quando for o caso;
(i) revisão final;
(j) despesas com viagens, hospedagens, transporte,
alimentação, etc.;
(k) outros trabalhos com despesas supervenientes.

Vale lembrar que em relação à apresentação da proposta de


honorários por parte do perito judicial, sua comunicação ao magistrado
deve ser feita através de um ato formal mediante apresentação de
petição. A NBC PP01 em seus anexos traz modelos aplicáveis à petição
para a proposta de honorários periciais, confira através do link: <http://
www.normaslegais.com.br/legislacao/nbc-pp-01-2015.htm>. Acesso
em: 24 abr. 2017.
No que se refere aos honorários do perito-assistente, a NBC PP01
também auxilia na elaboração da proposta, para tanto disponibiliza em
anexo à NBC PP01 o Modelo nº 10, modelo básico de um contrato
particular de prestação de serviço, haja vista que a condição especial
de seu pagamento se tratar de estabelecimento da contratação formal
de seus serviços pela parte.

ACOMPANHE NA WEB

Quer saber mais sobre o assunto? Então:


A FORMULAÇÃO DE QUESITOS NOS AUTOS PARA PERÍCIA.
Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/
negocios/a-formulacao-de-quesitos-nos-autos-para-pericia/26069/>.
Acesso em: 24 abr. 2017. Neste artigo, postado pelo Prof. Francisco de
Assis pelo site COMUNIDADE ADM, ele trata pormenorizadamente a
elaboração de quesitos judiciais, vale a pena sua leitura.

COMO CALCULAR HONORÁRIOS PERICIAIS, por Júlio César


Zanluca. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/
tematicas/honorariospericiais.htm>. Acesso em: 24 abr. 2017. Uma das
dificuldades na prática pericial é a apuração dos honorários, neste artigo

42 T3 - Dos quesitos aos honorários propostos


o autor nos apresenta uma maneira mais próxima, justa e coerente
para a apuração desses haveres.
Honorários FLOW consultoria. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=h5V9HbJKCbw>. Acesso em: 24 abr. 2017.
PERÍCIA CONTÁBIL - O QUE SÃO QUESITOS? Por Gilberto Mendes.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0VYn1-YFPDc>.
Acesso em: 24 abr. 2017. Neste vídeo, em poucas palavras o autor
resume de uma forma clara o que são os quesitos.
Quanto o perito judicial ganha de honorários? Publicado por
Rui Juliano – Perícias. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=X3wh3X-I2L8>. Acesso em: 24 abr. 2017. Neste vídeo, o
autor busca responder às seguintes dúvidas: o perito judicial recebe
honorários pelo serviço que presta. Veja aqui quanto é pago pela
perícia judicial ou o laudo.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A


seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e
dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para
o que está sendo pedido.

1. Segundo Mello (2016), os quesitos devem se apresentar de maneira clara


e em forma de perguntas ou pedidos de natureza técnica, podendo ainda
tratar de assuntos que envolvam análise e interpretação de matéria jurídica.
Com base no texto e nos conhecimentos acerca de perícia, qual o objetivo
principal dos quesitos?

2. Os __________________ são aqueles previstos no item III, do parágrafo


1º do Art. 465 do NCPC, e os ________________________ são aqueles
apresentados pelas partes durante a diligência quando da ocorrência ou
apresentação de novos aspectos ou fatos que por ora não foram ainda
tratados pelas partes. Qual alternativa completa adequadamente os espaços
da questão?
a) Honorários de processos – honorários de procedimentos.
b) Quesitos simples – quesitos propostos.
c) Honorários pertinentes – honorários impertinentes.

T3 - Dos quesitos aos honorários propostos 43


d) Quesitos regulares – quesitos suplementares.
e) Quesitos judiciais - quesitos extrajudiciais.

3. “Está relacionada à dificuldade técnica para a realização do trabalho


pericial em decorrência do grau de especialização exigido; à dificuldade
em obter os elementos necessários para a fundamentação do laudo pericial
contábil; e ao tempo transcorrido entre o fato a ser periciado e a realização
da perícia”. O texto se refere a:
a) Horas estimadas. d) Formulação de quesitos.
b) Intimação. e) Complexidade.
c) Horas técnicas.

4. Quanto aos honorários de acordo como o art. 95, cada parte adiantará a
remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito
adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a
perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes. Ainda
nesse artigo percebe-se no parágrafo 3º que, quando o pagamento da
perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela
poderá ser:

5. O assistente técnico é o profissional de confiança da parte, ou seja,


indicado pela parte para atuar no processo, logo sua remuneração será
oferecida pela parte que o contratou; já o perito judicial é aquele nomeado
pelo juiz, logo sua remuneração está amparada pelos artigos 95 e 465 do
NCPC (Lei 13.105/2016). A respeito da elaboração da proposta de honorários,
o perito deve considerar alguns fatores. A seguir defina o fator risco.

FINALIZANDO

Neste tema vimos com clareza quais são os possíveis tipos de


quesitos que podem ser propostos pelas partes em um trabalho pericial,
dentre eles evidenciamos a você os principais: quesitos normais,
suplementares e os de esclarecimentos. Vimos também que todos
estes quesitos estão previamente estabelecidos e regulamentados
conforme o NCPC e também devidamente amparados pelas NBC
TP01 e PP01. Quanto aos honorários periciais, após a leitura do nosso
tema veremos que estão amplamente amparados nos normativos
evidenciados anteriormente.
Espero que após a leitura deste tema você tenha, não apenas
sanado suas dúvidas, como também despertado ainda mais seu

44 T3 - Dos quesitos aos honorários propostos


interesse pela perícia.
Desejo a você bons estudos e até o nosso próximo tema!

GLOSSÁRIO

Diligência: interesse ou cuidado aplicado na execução de uma tarefa;


zelo; urgência ou presteza em fazer alguma coisa; medida necessária
para alcançar um fim; providência; busca minuciosa; pesquisa,
averiguação, investigação; ato judicial que os funcionários da justiça
executam fora dos respectivos cartórios ou auditórios.
Intimação: ato ou efeito de intimar ou ser intimado; ato judicial pelo qual
se notifica determinada pessoa dos termos ou atos de um processo.
Quesitos: pergunta formulada pelo magistrado ou pelas partes, ao
perito, para instrução de questão técnica; cada uma das questões que o
juiz, através de uma comunicação escrita, abreviando o seu conteúdo,
entrega aos jurados (CPC, art. 421; CPP, arts. 479 a 480).
Suplementares: relativo a suplemento; que serve de suplemento para
suprir o que falta; que amplia ou completa; complementar; que se
acrescenta como suplemento; adicional.
Vulto: qualidade do que merece consideração; importância, interesse.

REFERÊNCIAS

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BRASIL. Constituição (2015). Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código
de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 3 abr. 2017.
CFC. NBC PP 01 - Perito contábil. CFC: Conselho Federal de Contabilidade,
2015. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2015/NBCPP01>. Acesso em: 11 abr. 2017.
JULIANO, Rui. Quanto o perito judicial ganha de honorários? Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=X3wh3X-I2L8>. Acesso em: 24 maio
2017.
LONARDONI, M. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal,
processual e operacional. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

T3 - Dos quesitos aos honorários propostos 45


MAGALHÃES, Antônio de Deus Farias; SOUZA, Clovis de; FAVERO, H. L.;
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Senac, 2016.
MENDES, Gilberto. PERÍCIA CONTÁBIL - o que são quesitos? Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=0VYn1-YFPDc>. Acesso em: 24 maio
2017.
MOURA, Ril. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. rev. e atual. – Rio de
Janeiro: M. A Delgado, 2017.
Quanto o perito judicial ganha de honorários? Disponível em: <http://www.
portaldecontabilidade.com.br/tematicas/honorariospericiais.htm>. Acesso em:
24 maio 2017.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
SANTOS, Francisco de Assis dos. A formulação de quesitos nos autos para
perícia. 2008. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/
negocios/a-formulacao-de-quesitos-nos-autos-para-pericia/26069/>. Acesso
em: 24 maio 2017.
SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; GOMES, José Mário Matsumura.
Fundamentos de perícia contábil. São Paulo: Atlas, 2006.

46 T3 - Dos quesitos aos honorários propostos


Convite à leitura
Neste tema, você conhecerá os conceitos de Laudo Pericial
e Parecer Técnico, como também serão evidenciados a você os
principais elementos que podem conter tanto um Laudo quanto
um Parecer Pericial. Saber como apresentar de forma correta um
Laudo ou Parecer Pericial pode ser crucial na atuação profissional
como perito, desde o conhecimento de sua estrutura como
também da forma como deve ser colocada a explicação sobre
as questões técnicas exploradas pelo perito judicial. Além de toda
esta competência técnica, o perito deve ser pontual na atuação
profissional, pois assim como em qualquer atividade, todo o
trabalho do perito está norteado pelos prazos estipulados pelo
NCPC (Novo Código de Processo Civil). Além de interessante, este
tema é enriquecedor, por exemplo, você sabia que não basta o
perito apenas entregar seu Laudo? Pois é, havendo ainda alguma
dúvida, tanto o juiz quanto as partes poderão recorrer ao perito para
saná-las, e no âmbito judicial este procedimento é conhecido como
“tópicos de esclarecimentos”. Ao final deste tema, você facilmente
será capaz de distinguir entre o que de fato é um laudo pericial de
um parecer pericial, como também saberá a forma de apresentação
e a finalidade de cada um.

Como você pode ver, temos neste tema um encontro


fundamental no estudo da perícia. Bons estudos, e até a próxima!
Tema 4

Laudo, pareceres e prazos


POR DENTRO DO TEMA

1. Laudo e parecer pericial


Iniciando este capítulo, fazemos a você um questionamento bem
simples:
Qual é a diferença para a perícia entre laudo e parecer?
Para darmos início ao nosso estudo, vamos trazer, à luz de um
dicionário, o significado de ambas as palavras. Segundo o dicionário
on-line Michaelis, vejamos:

Laudo: Texto em que um especialista emite sua opinião


em resposta a uma consulta: o laudo médico comprovou
a boa saúde do rapaz. Opinião escrita em que um perito
ou árbitro emite seu parecer e responde aos quesitos que
lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes interessadas:
“[…] o laudo do perito serviu maravilhosamente ao regime
militar, interessado em colocar o mais depressa possível
uma pedra sobre o assunto, evitando explorações […]”.
EXPRESSÕES: Laudo arbitral, a) decisão de árbitros em um
caso a eles submetido; b) documento que contém essa
decisão. Laudo pericial, denominação geral a qualquer
peça escrita em que um perito responde aos quesitos que
lhe foram formulados e emite seu parecer.
Parecer: Suscitar a opinião ou o pensamento de alguém.
Modo de pensar ou de julgar; conceito, juízo, opinião.
Opinião ou esclarecimento por jurisconsulto, em forma de
manifestação, sobre determinada questão submetida à sua
consideração.
EXPRESSÕES: Opinião especializada dada por perito em
determinado assunto: “Sérgio Leite fora o perito que fizera
o parecer que prevaleceria, tanto na fase policial como na
judicial, no inquérito e processos abertos para apurar as
causas do acidente na Rio-São Paulo”.
Fonte: <http://michaelis.uol.com.br/busca?id=KPzqq>.
Acesso em: 3 maio 2017.

T4 - Laudo, pareceres e prazos 49


Embora os conceitos atribuídos ao laudo e ao parecer sejam
próximos, podemos observar que o laudo será a apresentação da
opinião sobre o tema objeto da perícia, enquanto o parecer, em
nosso caso, parecer-técnico, será a apresentação da opinião do
perito assistente sobre o laudo pericial. Quando nos remetemos aos
regulamentos aplicados à perícia este entendimento ficará mais claro.
Vejamos o que o NCPC (Novo Código de Processo Civil) traz sobre
o Laudo Pericial, em seu Art. 473.

Art. 473 O laudo pericial deverá conter:


I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o
e demonstrando ser predominantemente aceito pelos
especialistas da área do conhecimento da qual se originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados
pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação
em linguagem simples e com coerência lógica, indicando
como alcançou suas conclusões.
§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua
designação, bem como emitir opiniões pessoais que
excedam o exame técnico ou científico do objeto da
perícia.
§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os
assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,
solicitando documentos que estejam em poder da parte, de
terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o
laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias
ou outros elementos necessários ao esclarecimento do
objeto da perícia.

Conforme vimos, o laudo pericial será a exposição, em uma


linguagem clara e simples, dos resultados obtidos pelo perito quanto
ao tema objeto da perícia. Estes resultados, por sua vez, só puderam
ser capazes de serem apurados mediante o conhecimento técnico e
científico do perito nomeado pelo juiz.
Para explorarmos ainda mais sobre essa temática, vejamos o que
diz Mello (2016, p. 76) sobre o laudo pericial:

50 T4 - Laudo, pareceres e prazos


O laudo pericial consiste na formalização do trabalho
desenvolvido pelo perito judicial e deve conter a
apresentação escrita das análises técnicas de questões
levantadas e que são objeto da perícia, bem como as
conclusões técnicas que devem auxiliar o juiz na formação
de sua convicção, no esclarecimento de dúvidas ou para
outros fins.

Podemos assim concluir que o Laudo Pericial será a última “peça”


a ser elaborada pelo perito, uma vez que, após as realizações de suas
diligências, os exames e as apurações, serão relatadas neste documento
todas as evidências que julgar necessárias a fim de responder aos
quesitos (questionamentos das partes) sobre o tema objeto da perícia.
O perito deve se valer quando da apresentação de seu laudo, que todas
e quaisquer questões ou dúvidas acerca da lide sejam alcançadas pela
perícia.
Não distante destes entendimentos, vejamos ainda o que traz NBC
TP01 quanto ao laudo aplicado à Perícia Contábil, sabendo-se desde
já que o laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil somente
poderão ser elaborados por contador ou pessoa jurídica, desde que a
lei assim o permita, e que estejam devidamente registrados e habilitados
pelo Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. Ainda em
seu item 48 e 49 da NBC TP01, temos:

48. O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil


são documentos escritos, nos quais os peritos devem
registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e
particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o
seu objeto e as buscas de elementos de provas necessárias
para a conclusão do seu trabalho.
49. Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial
contábil ou do parecer técnico-contábil, de forma clara e
precisa, as suas conclusões.

Observamos que tanto no NCPC como na NBC TP01, os


legisladores buscam deixar claro que, quando da apresentação do
laudo pericial, este seja apresentado de forma completa, embora com
informações técnicas, porém, organizado, planejado, com qualidade e
informações claras ao entendimento daqueles que não competem o
conhecimento técnico sobre a lide.

T4 - Laudo, pareceres e prazos 51


Para Lopes de Sá (SÁ, 2011), o Laudo Pericial Contábil é o
julgamento ou pronunciamento, baseado nos conhecimentos que
tem o profissional da contabilidade, em face de eventos ou fatos que
são submetidos à sua apreciação. Ainda, para Sá, o laudo é de fato
um pronunciamento ou manifestação de um especialista, ou seja, o
que entende ele sobre uma questão ou várias, que se submetem à sua
apreciação.

2. Apresentação do laudo pericial contábil


Em suma, não existe especificamente um padrão para a
apresentação dos laudos periciais, existem, porém, formalidades que
propõem a composição minimamente esperada de um laudo pericial.
O laudo pericial, todavia, pode atender a diferentes necessidades. A
perícia pode ser solicitada e até mesmo deferida após a pronunciação
da sentença, neste caso evidenciando-se em uma perícia de execução,
como comumente é deparado nos processos trabalhistas. Fato a esta
diversificação de campo de atuação, ficam evidentes os diversos
formatos que poderão ser encontrados de laudo pericial.
A NBC TP01 em seu item 49 dispõe que tanto o laudo quanto o
parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito do
juízo e pelo perito-assistente que adotarão padrão próprio, respeitada
a estrutura prevista nesta norma NBC TP01, devendo ser redigidos de
forma circunstanciada, clara, objetiva, sequencial e lógica.
O autor Sá (2011) traz como proposta a seguinte estrutura mínima
de um Laudo Pericial, contendo os seguintes elementos:
I. Prólogo de encaminhamento
II. Quesitos
III. Respostas
IV. Assinatura do perito
V. Anexos
VI. Pareceres (se houver)
Já a NBC TP01 amplia um pouco mais a proposta para a estrutura
mínima de um Laudo Pericial Contábil. Vejamos o que está apresentado
no item 64 da NBC TP01:

52 T4 - Laudo, pareceres e prazos


O laudo deve conter, no mínimo, os seguintes itens:
(a) identificação do processo e das partes;
(b) síntese do objeto da perícia;
(c) resumo dos autos;
(d) metodologia adotada para os trabalhos periciais e
esclarecimentos;
(e) relato das diligências realizadas;
(f) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas
para o laudo pericial contábil;
(g) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas
para o parecer técnico-contábil, onde houver divergência
das respostas formuladas pelo perito do juízo;
(h) conclusão;
(i) termo de encerramento, constando a relação de anexos
e apêndices;
(j) assinatura do perito: deve constar sua categoria
profissional de contador, seu número de registro em
Conselho Regional de Contabilidade, comprovado
mediante Certidão de Regularidade Profissional (CRP) e
sua função: se laudo, perito do juízo e se parecer, perito-
assistente da parte. É permitida a utilização da certificação
digital, em consonância com a legislação vigente e as
normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileiras - ICP-Brasil;
(k) para elaboração de parecer, aplica-se o disposto nas
alíneas acima, no que couber.

Procurando esclarecer de uma forma mais ampla, apresentamos


a seguir a proposta completa de apresentação de um Laudo Pericial
Contábil, segundo a visão de Mello (2016):
Abertura: parágrafo introdutório, com declaração do perito acerca
da apresentação formal do laudo.
Introdução: considerações iniciais ou histórico, parte destinada
ao detalhamento das questões em discussão nos autos, indicação de
decisões e/ou sentenças, nomeação do perito, entre outros.
Desenvolvimento: progresso do trabalho pericial, apresentação
de detalhamento técnico do trabalho da perícia: objeto, metodologia,
pesquisas, diligências, ressalvas, entre outros.
Quesitos e respostas: transcrição dos quesitos formulados pelo juiz
e pelas partes, com a apresentação de respostas fundamentadas.
Conclusão técnica: considerações técnicas finais, como a síntese

T4 - Laudo, pareceres e prazos 53


das análises técnicas periciais ou apontamento de resultados e valores.
Encerramento: fechamento do trabalho, com o detalhamento da
quantidade de páginas existentes, relação de anexos e documentos,
local, data e assinatura do perito, constando indicação do número de
registro profissional (CRC).
Apêndices: demonstrativos de cálculo, planilhas e gráficos
desenvolvidos pelo perito.
Anexos: documentação obtida pelo perito durante a realização de
pesquisas e diligências.
Devemos ressaltar ainda que o Laudo Pericial Contábil, assim
como o parecer, devem contemplar o resultado final alcançado por
meio de elementos de provas inclusos nos autos ou arrecadados
em diligências que o perito tenha efetuado, por intermédio de peças
contábeis e quaisquer outros documentos, tipos e formas, devendo ser
apresentado em linguagem nacional.

3. Parecer técnico ou parecer do assistente técnico


Antes de adentrarmos neste tópico, vale relembrar de fato quem é
o “assistente técnico”. Para nos ajudar neste esclarecimento traremos à
luz o Art. 465 do NCPC, onde temos que:

Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no objeto da


perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados
da intimação do despacho de nomeação do perito:
[...]
II - Indicar assistente técnico; [...]

Ou seja, o perito assistente técnico é o profissional com


conhecimento técnico respeitável contratado pelas partes que
acompanharão desde o início da perícia os trabalhos desenvolvidos
pelo perito. Ainda no Art. 466 § 2º fica claro que o perito judicial deve
proporcionar ao perito assistente acesso irrestrito à perícia.
Os pareceres técnicos são os documentos emitidos pelo perito
assistente, apresenta uma análise criteriosa e crítica sobre o laudo do
perito judicial, podendo ser tanto favorável quanto contrário ao laudo
pericial. Apresentamos a seguir a proposta de apresentação de um
parecer técnico, segundo a visão de Mello (2016):

54 T4 - Laudo, pareceres e prazos


Abertura: parágrafo introdutório com declaração do assistente
técnico acerca da apresentação formal do parecer técnico.
Considerações iniciais sobre o laudo pericial contábil: parte
destinada às críticas em relação ao que foi detalhado inicialmente pelo
perito e ainda se o laudo deixou de abordar aspectos relevantes do
processo.
Comentários sobre o desenvolvimento do trabalho pericial:
apresentação de considerações técnicas convergentes ou divergentes
dos procedimentos de trabalho do perito, como metodologia,
pesquisas e diligências.
Comentários sobre os quesitos e as respostas: transcrição dos
quesitos formulados pelo juiz e pelas partes, com as respostas do
perito e a apresentação de comentários críticos, convergentes ou
divergentes, devidamente fundamentados e justificados pelo assistente
técnico.
Conclusão técnica: considerações técnicas finais do parecer,
ou apontamento da conclusão técnica do parecer, favorável ou
desfavorável ao laudo, devidamente justificado pelo assistente.
Encerramento: fechamento do trabalho com o detalhamento da
quantidade de páginas existentes, a relação de anexos e documentos,
o local, a data e a assinatura do assistente, seguida do número de
registro profissional (CRC).
Anexos: demonstrativos de cálculo, planilhas e gráficos
desenvolvidos pelo assistente.

4. Esclarecimentos ao laudo pericial


Após a apresentação do laudo pericial, embora espera-se que o
mesmo traga de forma clara e compreensível as respostas aos quesitos,
a fim de auxiliar tanto o juiz como proporcionar entendimento às
partes e seus assistentes, todavia poderão existir dúvidas quanto aos
esclarecimentos apresentados pelo perito; havendo essas dúvidas,
tanto o NCPC quanto a NBC TP resguardam o momento oportuno
para que sejam esclarecidas estas dúvidas.
Vejamos ao que traz o NCPC em seu Art. 477:

Art. 477 O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo


fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da

T4 - Laudo, pareceres e prazos 55


audiência de instrução e julgamento.
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-
se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15
(quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das
partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze)
dias, esclarecer ponto:
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das
partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;
II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico
da parte.
§ 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a
parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o
assistente técnico a comparecer à audiência de instrução
e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob
forma de quesitos.
§ 4º O perito ou o assistente técnico será intimado por meio
eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência
da audiência.

Enquanto a NBC TP 01 se posiciona sucintamente quanto aos


esclarecimentos do item 67, a saber:

67. Esclarecimentos são informações prestadas pelo perito


aos pedidos de esclarecimento sobre laudo e parecer,
determinados pelas autoridades competentes, por motivos
de obscuridade, incompletudes, contradições ou omissões.
Os esclarecimentos podem ser prestados de duas maneiras:
(a) de forma escrita: os pedidos de esclarecimentos
deferidos e apresentados ao perito, no prazo legal, devem
ser prestados por escrito;
(b) de forma oral: os pedidos de esclarecimentos deferidos
e apresentados, no prazo legal, ao perito para serem
prestados em audiência podem ser de forma oral ou escrita.

5. Prazos aplicados na prática pericial segundo o NCPC (LEI Nº


13.105/2015)
Atuar na atividade de perícia demanda, além de um vasto
conhecimento técnico científico, disciplina na conduta dos trabalhos,
principalmente no que se refere aos prazos para cumprimento das
atividades. Todos os prazos estão devidamente transcritos no NCPC,
vejamos:

56 T4 - Laudo, pareceres e prazos


Quadro 4.1 | Prazos na perícia
Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no objeto da
perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo,
Entrega do laudo
pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e
julgamento.
Argumentação para
15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de
impedimento ou a suspeição do
nomeação do perito - Art. 465, § 1o inciso I.
perito pelas partes
15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de
Indicar assistente técnico
nomeação do perito - Art. 465, § 1o inciso II
Apresentação dos quesitos 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de
pelas partes nomeação do perito - Art. 465, § 1o inciso III.
Apresentação da proposta
de honorários, currículo e
05 dias após serem intimados quanto aos honorários - Art.
comprovação de especialização
465, § 2º.
e formas de contatos
profissionais
Manifestação quanto aos
05 dias após nomeação do perito - Art. 465, § 3º.
honorários propostos
Normalmente após a entrega do Laudo Pericial e prestados
Pagamento da perícia
os esclarecimentos necessários – Art. 465, § 4º.
Manifestação pelas partes sobre 15 (quinze) dias após intimação da entrega do laudo – Art.
o laudo 477, § 1º.
15 (quinze) dias após intimação da entrega do laudo – Art.
Apresentação do parecer pericial
477, § 1º.
Esclarecimentos do perito 15 (quinze) dias após manifestação – Art. 477, § 2º.
Prorrogação de prazo para Prorrogável por uma vez, prorrogação pela metade do prazo
entrega do laudo originalmente fixado - Art. 476.

Fonte: elaborado pelo autor.

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Quer saber mais sobre o assunto? Então:


Resumo: Conceitos básicos de perícia.
Neste artigo o autor faz um resumo bem interessante aplicado à
perícia; embora as normas legais estejam desatualizadas, os conceitos
utilizados ajudam a fixar o conteúdo estudado.
Disponível em: <http://universitariocontador.blogspot.com.
br/2012/04/resumo-conceitos-basicos-de-pericia.html>. Acesso em: 3
maio 2017.
O que significa laudo pericial?
Neste artigo todas as suas dúvidas em relação ao laudo pericial
poderão ser sanadas, o autor explora com muita clareza sobre este
tema.
Disponível em: <http://ulcpericia.com.br/noticias.php?id=6>.

T4 - Laudo, pareceres e prazos 57


Acesso em: 3 maio 2017.
Laudo pericial em processo judicial
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=ruJ27rOokxA>. Acesso em: 3 maio 2017.
Perícia financeira em contratos bancários
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=L9j0GAL2J0s>. Acesso em: 3 maio 2017.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A


seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e
dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para
o que está sendo pedido.

1. Laudo é a opinião escrita em que um perito ou árbitro emite seu parecer


e responde aos quesitos que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes
interessadas. De acordo com o NCPC (Novo Código do Processo Civil), em
seu Art. 473, o que deve conter o laudo pericial?

2. Complete as lacunas, considerando a apresentação de um laudo pericial


Contábil, segundo a visão de Mello:
A ___________ se refere às considerações iniciais ou histórico, parte
destinada ao detalhamento das questões em discussão nos autos,
indicação de decisões e/ou sentenças, nomeação do perito, entre outros,
e os _________ são demonstrativos de cálculo, planilhas e gráficos
desenvolvidos pelo perito.
Assinale a alternativa que preenche as lacunas corretamente:
a) Abertura – desenvolvimento.
b) Introdução – apêndices.
c) Quesitos simples – quesitos finais.
d) Resposta – conclusões.
e) Anexos – encerramento.

3. Complete as lacunas considerando o Parecer Técnico na visão de Mello:


A _______________ se refere às considerações técnicas finais do parecer, ou
apontamento da conclusão técnica do parecer, favorável ou desfavorável ao
laudo, devidamente justificado pelo assistente, e o ____________________

58 T4 - Laudo, pareceres e prazos


é o fechamento do trabalho com o detalhamento da quantidade de páginas
existentes, a relação de anexos e documentos, o local, a data e a assinatura
do assistente, seguida do número de registro profissional (CRC).
Assinale a alternativa que preenche as lacunas corretamente:
a) Comentários sobre os quesitos – fechamento.
b) Comentários sobre o desenvolvimento do trabalho pericial – conclusão.
c) Considerações iniciais – finalização.
d) Conclusão técnica – encerramento
e) Abertura – fechamento.

4. Em suma, não existe especificamente um padrão para a apresentação dos


laudos periciais, existem, porém, formalidades que propõem a composição
minimamente esperada de um laudo pericial. Quais elementos fazem parte
da estrutura mínima de um laudo pericial, de acordo com Lopes de Sá?

5. Atuar na atividade de perícia demanda, além de apresentar um vasto


conhecimento técnico científico, disciplina na conduta dos trabalhos,
principalmente no que se refere aos prazos para cumprimento das atividades.
Segundo o NCPC, qual é o prazo para entrega do laudo e qual o prazo para
indicação do assistente técnico?

FINALIZANDO

Como vimos neste tema, o laudo pericial é o resumo formalizado


do trabalho do perito judicial, enquanto o parecer técnico consiste na
apresentação do trabalho feito pelo perito assistente, profissional este
contratado pelas partes litigantes; este parecer, por sua vez, poderá ser
favorável ou não ao laudo pericial. Mesmo após a entrega do laudo
pericial, o juiz e as partes poderão ainda remeter ao perito quesitos
conhecidos como de “esclarecimentos”, por exemplo. Tanto o perito
judicial quanto o perito assistente devem atentar-se aos prazos previstos
no NCPC na execução de seus trabalhos.
Bons estudos e até a próxima!

GLOSSÁRIO

Apêndices: são textos elaborados pelo autor a fim de complementar


sua argumentação.

T4 - Laudo, pareceres e prazos 59


Argumentação: arte, ato ou efeito de argumentar. Troca de palavras
em controvérsia, disputa; discussão. Conjunto de ideias, fatos que
constituem os argumentos que levam ao convencimento ou conclusão
de (algo ou alguém).
Divergente: que se afasta; não paralelo. Que tem opiniões, pontos de
vista diferentes; discordante, oposto.
Metodologia: corpo de regras e diligências estabelecidas para realizar
uma pesquisa; método. Investigação e estudo, segundo métodos
específicos, dos componentes e do caráter subjetivo de uma narrativa,
de um poema ou de um texto dramático.
Síntese: método, processo ou operação que consiste em reunir
elementos diferentes, concretos ou abstratos, e fundi-los num todo
coerente. O todo assim formado. Resumo dos tópicos principais ou da
essência de algo; sumário.

REFERÊNCIAS

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BRASIL. Código do Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/
lei/l13105.htm>. Acesso em: 3 abr. 2017.
CFC. NBC PP 01 - Perito contábil. CFC: Conselho Federal de Contabilidade,
2015. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2015/NBCPP01>. Acesso em: 11 abr. 2017.
CFC. NBC TP 01 – Norma técnica de perícia contábil. CFC: Conselho
Federal de Contabilidade, 2015. Disponível em: <http://cfc.org.br/wp-content/
uploads/2016/02/NBC_TP_01.pdf>. Acesso em: 3 maio 2017.
LAUDO pericial em processo judicial. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=ruJ27rOokxA>. Acesso em: 3 maio 2017.
LONARDONI, M. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal,
processual e operacional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MAGALHÃES, Antônio de Deus Farias; SOUZA, Clovis de; FAVERO, H. L.;
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Senac, 2016.
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia contábil. 2 ed. São Paulo: Senac, 2016.
MOURA, Ril. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. rev. e atual. – Rio de
Janeiro: M. A Delgado, 2017.

60 T4 - Laudo, pareceres e prazos


O QUE SIGNIFICA LAUDO PERICIAL? Disponível em: <http://ulcpericia.com.
br/noticias.php?id=6>. Acesso em: 3 maio 2017.
PERÍCIA FINANCEIRA EM CONTRATOS BANCÁRIOS. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=L9j0GAL2J0s>. Acesso em: 3 maio 2017.
RESUMO: Conceitos básicos de perícia. Disponível em: <http://
universitariocontador.blogspot.com.br/2012/04/resumo-conceitos-basicos-
de-pericia.html>. Acesso em: 3 maio 2017.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

T4 - Laudo, pareceres e prazos 61


Convite à leitura
Olá, caro aluno, seja bem-vindo a mais um tema da disciplina
Perícia, Arbitragem e Mediação. Neste tópico, você conhecerá sobre
a prática de arbitragem, seus conceitos, quem pode de fato atuar
como árbitro, a legislação que regula esta prática em nosso país. Ao
término deste tema você saberá facilmente identificar os principais
procedimentos aplicados à arbitragem, como também conhecerá
dentro de um processo quem são as partes que compõem o
rito processual à ela aplicada. Você verá que a arbitragem vem
para tentar solucionar um sério problema no judiciário brasileiro,
a demora no julgamento de causas simples, que podem levar até
anos para serem julgadaos; por este e outros motivos, a arbitragem
vem se destacando, ao apresentar soluções para litígios em prazos
bem inferiores, chegando a apresentar sentenças em prazos até
inferiores a seis meses.

Temos pela frente um assunto muito importante para


conversarmos, então desejo a você, bons estudos, e até a próxima!
Tema 5

Arbitragem

POR DENTRO DO TEMA

1. Juízo arbitral
Antes de iniciarmos este tema, é fundamente entendermos qual o
significado de “arbitragem/arbitral”. A palavra “arbitragem” é derivada do
latim arbiter, que significa juiz/jurado, temos ainda a sua alocação no
processo romano, em que o arbiter ou iudex justificada a uma pessoa
idônea fora do quadro funcional do Império, e, julgava a(s) causa(s)
após o magistrado organizar a ação. Oportunamente vamos recorrer
ao dicionário “Michaellis” para nos ajudar com a definição formal de
arbitragem, vejamos:

[...]
3 JUR Jurisdição ou poder concedido a pessoas
determinadas por lei ou escolhidas pelas partes, para
dirimirem questões entre elas suscitadas; arbítrio.
[...]
Fonte: Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca
?r=0&f=0&t=0&palavra=arbitragem+>. Acesso em: 7 maio
2017.

Podemos aprofundar ainda mais este conceito através de uma


busca rápida pelo “Google”, onde temos:

1. ato ou efeito de arbitrar. 2. julgamento, decisão feita por


árbitro(s) ou perito(s); arbítrio. 3. com cálculo pelo qual se
procura o modo mais lucrativo em uma transação. 4. jur
poder concedido a juiz, ou pessoas escolhidas pelas partes
em conflito, para que decidam sobre litígios surgidos entre
essas partes.
Fonte: Disponível em: <https://www.google.pt/#q=arbitra
gem+defini%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 7 maio 2017.

T5 - Arbitragem 63
Diante das definições apresentadas, podemos afirmar que a
arbitragem é o meio alternativo na solução de conflitos, entre indivíduos
privados e até mesmo no meio governamental.
A arbitragem não é uma prática exclusiva do Brasil, ela é comumente
utilizada no mundo inteiro, como também podemos afirmar que não
se trata de algo novo, uma vez que em tempos antigos há relatos do
uso desta prática na solução de conflitos, como por exemplo, na Grécia
antiga, onde já se baseavam em procedimentos muitos parecidos
com os utilizados atualmente, ainda, nessa época já se instaurava a
câmara arbitral. Nos Estados Unidos, por exemplo, a arbitragem era
frequentemente utilizada na solução de conflitos familiares e do tipo
espiritual, era conhecida como Arbitragem Religiosa, logo se viu que
esta proposta de solução de conflito funcionava tão bem, que outros
elementos da sociedade, com culturas religiosas, passaram a utilizar-
se deste meio para a solução de problemas mais graves no meio
financeiro e trabalhista.
Vale também ressaltar que o NCPC (Lei 13.105/2015), aceita que
a arbitragem entre como meio legítimo na resolução de conflitos,
resgatando à sociedade os direitos estatuídos na Magna Carta de
prestação jurisdicional em um tempo justo e razoável. Eis o que o
próprio texto diz:

[…]
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça
ou lesão a direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução
consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial. […]

Porém, no Brasil o marco da arbitragem tem seu destaque em 1996,


ano em que foi instaurada a Lei nº 9.307, mais precisamente (23 de
setembro de 1996), e este será nosso foco de estudo a partir de agora.
A arbitragem não é meramente um acordo feito entre as partes em
determinada questão, mas sim a solução dos conflitos entre estes, não
existindo a atuação do Estado, ou seja, a lide pleiteada não será “julgada”
na esfera estadual, através de magistrado. Logo, podemos afirmar que

64 T5 - Arbitragem
a negociação de conflitos não se trata de um monopólio do Estado.
A arbitragem então é considerada uma forma de solução de conflitos
por meio privado. Neste momento, então, vamos nos recorrer àa Lei de
Arbitragem nº 9.307/1996 em relação ao seu artigo primeiro, em relação
aos limites na atuação da arbitragem, vejamos o que diz o Art. 1º:

Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-


se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos
patrimoniais disponíveis.

Considerando o disposto em seu Art. 1º, os legisladores tiveram a


cautela em estabelecer dois requisitos mínimos e básicos para que seja
considerada viável a aplicabilidade da arbitragem. Primeiro, ser pessoa
capaz, ou seja, pessoas físicas e maiores e pessoas jurídicas devidamente
representadas; e em segundo, o direito em questão seja um patrimônio
disponível, logo os objetos a que se discute devem ser lícitos, possíveis
física e juridicamente.
É importante observar que na arbitragem as partes podem escolher
livremente como será julgada a questão, seja através de leis e regras
preé-estabelecidas, seja por árbitro que possa julgar por igualdade
considerando aquilo que achar mais justo, assim determina o Art. 2º da
Lei 9.307. Mas, em se tratando de situação que envolva a administração
pública, será sempre de direito e deverá respeitar e se submeter ao
princípio da publicidade.

2. Como se estabelece a arbitragem


Para que seja estabelecida uma seção de arbitragem, as partes são
um meio normalmente privado, em que se propõe através da arbitragem
uma solução rápida, adequada e sigilosa dos conflitos, ou seja, uma
forma extrajudicial para a solução dos litígios. Os Art. 3º e 4º da Lei 9.307,
regulamentam esta situação.

Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução


de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de
arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e
o compromisso arbitral.
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através
da qual as partes em um contrato comprometem-se a

T5 - Arbitragem 65
submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir,
relativamente a tal contrato.

Em um primeiro momento busca-se o acordo prévio entre as


partes, se ele não ocorrer, as partes se manifestam do interesse, dando
assim início à arbitragem. As partes ao serem notificadas deverão
comparecer em local e horário previamente estabelecido para dar por
certo e acordado o compromisso arbitral. (Art. 5º e 6º).
O compromisso arbitral citado no Art. 3º é um documento com
validade jurídica, e possui algumas formalidades legais, tais como:
constar o nome, a profissão, o estado civil e domicílio das partes; o
nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso,
a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de
árbitros; a matéria que será objeto da arbitragem, e o lugar em que será
proferida a sentença arbitral, conforme previsto no Art. 10. Podendo
conter ainda, conforme apresenta em seu Art. 11, o local ou os locais,
onde se desenvolverá a arbitragem; a autorização para que o árbitro ou
os árbitros julguem por equidade, se assim for convencionado pelas
partes; o prazo para apresentação da sentença arbitral; a indicação
da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, a
declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das
despesas com a arbitragem; e a fixação dos honorários do árbitro, ou
dos árbitros.

3. Afinal, quem pode ser “árbitro”?


Qualquer pessoa capaz poderá atuar como árbitro, porém aquele
que proceder como árbitro deverá ter a confiança das partes. O árbitro
poderá ser nomeado pelas partes e deverá atuar sempre em números
ímpares para que não haja empate nos julgamentos, é facultado às
partes nomear árbitros suplentes, caso seja necessário poderão
substituir os titulares, por exemplo, casos de escusas, falecimento,
ou se ficar algum árbitro impossibilitado de dar seu voto (Art. 12). Os
árbitros nomeados, quando mais de um, nomearão por maioria o
presidente do tribunal arbitral, porém não havendo consenso, valer-
se-á desta posição o árbitro com maior idade.
Na atuação como árbitro, para evitar qualquer comprometimento
em sua decisão, este deverá agir com total imparcialidade,

66 T5 - Arbitragem
independência, competência, diligência e discrição, estas são
características imprescindíveis e até mesmo previstas na legislação.
No tocante ao impedimento na atuação do árbitro, vale abordar
o previsto no NCPC, aplicado tanto ao magistrado como também ao
perito, vamos relembrar:

Art. 144 Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado


exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou
como perito, funcionou como membro do Ministério
Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo
proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor
público, advogado ou membro do Ministério Público,
seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge
ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de
administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a
qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato
de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de
advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por
advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
[...]

Embora a Lei não preveja, é conveniente que os árbitros nomeados


tenham conhecimentos técnicos e jurídicos daquilo em que se julga,
para que a decisão seja a mais justa possível.

4. Quanto aos procedimentos de arbitragem


A arbitragem só estará legalmente instituída quando da nomeação
do(s) árbitros(s), após a instituição da arbitragem, a parte que tenha

T5 - Arbitragem 67
interesse em apresentar questões de competência, suspeição ou
impedimento em relação à pessoa de algum perito, deverá o fazer já
na primeira oportunidade de manifestação.
Todo o procedimento da arbitragem deverá ser seguido ao já
estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, porém não
havendo sido estipulados, caberá ao perito arquitetá-lo. Ao árbitro ou
ao tribunal arbitral caberá a incumbência de, no início da arbitragem,
tentar a conciliação das partes, valendo em caso positivo como
sentença arbitral.

5. A sentença arbitral
A sentença arbitral é o resultado final do julgamento da causa
sujeitada a arbitragem, ela tende a representar o desejo das partes
quanto à solução do litígio e em menor tempo possível.
No que tange ao prazo, caso não tenha sido convencionado o
prazo para a apresentação da sentença entre as partes, este será de seis
meses, contados do início dos procedimentos de arbitragem. Podendo
ainda ser proferida sentença parcial e, se necessário, prorrogando-
se este prazo para que seja apresentada a sentença final, conforme
estabelece o Art. 23 da Lei 9.307/96.
Assim como em qualquer ato jurídico, a decisão do árbitro ou do
tribunal arbitral, ou seja, a sentença arbitral, deverá ser devidamente
documentada, por escrito, devendo ainda se atentar a alguns requisitos
mínimos, conforme evidenciado pelo Art. 26 do mesmo instituto:

Art. 26 São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um
resumo do litígio;
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas
as questões de fato e de direito, mencionando-se,
expressamente, se os árbitros julgaram por equidade;
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões
que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo para o
cumprimento da decisão, se for o caso; e
IV - a data e o lugar em que foi proferida.
Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro
ou por todos os árbitros. Caberá ao presidente do tribunal
arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros não poder
ou não querer assinar a sentença, certificar tal fato.

68 T5 - Arbitragem
A arbitragem dá-se por encerrada assim que pronunciada a sentença
arbitral, devendo ainda o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral,
remeter uma cópia da decisão para cada parte constante no processo.
As partes deverão, no prazo de cinco dias da notificação da sentença,
comunicar o árbitro ou a câmara arbitral, quanto à correção de possíveis
erros na matéria da sentença arbitral, ou ainda, que esclareça qualquer
dúvida, omissão ou contradição quanto à sentença aplicada.
Após, aditada a sentença pelo árbitro ou tribunal arbitral, esta terá
valor tanto quanto qualquer sentença proferida pelo Poder Judiciário,
constituindo até mesmo em título executivo (Art. 31). Porém, existe
ainda a possibilidade da nulidade desta sentença, conforme prevê o
Art. 33 da Lei de Arbitragem:

Art. 33 A parte interessada poderá pleitear ao órgão do


Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da
sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.

Logo, é necessário apresentarmos quais são as situações de


nulidades previstas na Lei de Arbitragem, conforme prescreve o Art. 32:

É nula a sentença arbitral se:


I - for nula a convenção de arbitragem;
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de
arbitragem;
V - (Revogado)
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação,
concussão ou corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art.
12, inciso III, desta Lei; e
[...] Art. 12 Inciso III - tendo expirado o prazo a que se refere
o art. 11, inciso III, desde que a parte interessada tenha
notificado o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral,
concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e
apresentação da sentença arbitral. [...]
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art.
21, § 2º, desta Lei.
[...] Art. 21 A arbitragem obedecerá ao procedimento
estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem...
[...]

T5 - Arbitragem 69
Ao longo desse capítulo é possível verificar que a Lei de Arbitragem,
tende a “desafogar” o Judiciário brasileiro, principalmente nas demandas
estaduais, como nos processos civis, trabalhistas e comerciais (hoje
denominados empresariais).
Vejamos algumas das vantagens que podemos apresentar no que
tange à aplicação da arbitragem:
1. Rapidez na tomada de decisão constitui; sendo este o principal
atrativo da arbitragem em relação ao Judiciário.
2. Sigilo, informalidade, decisões técnicas e possibilidade de saída
amigável quanto ao litígio apresentado, também são aspectos positivos
aplicados à arbitragem.
3. Confiança também é uma característica relevante na opção
pela arbitragem, uma vez que os árbitros ou tribunal arbitral são de
escolha das partes, sendo pessoas de sua confiança.
4. Autonomia da aplicação do desejo das partes nos
procedimentos da arbitragem, ou a conferência de poderes ao árbitro
para o fazer.

ACOMPANHE NA WEB

Quer saber mais sobre o assunto? Então:


Conciliação, mediação e arbitragem - saiba a diferença
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=OaWHpvXYnPk>. Acesso em: 7 maio 2017. Nesta edição,
o advogado Asdrubal Júnior esclarece uma dúvida muito recorrente
entre as pessoas, inclusive no meio jurídico, de qual é exatamente a
diferença entre a conciliação, a mediação e a arbitragem. Asdrubal
Júnior indica ainda em que situações a mediação é mais recomendada,
e quais os sentimentos essenciais que norteiam a mediação.
As sete características da arbitragem - momento arbitragem
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=J2JjzuHsL-M>. Acesso em: 7 maio 2017. Nesta edição,
Asdrubal Júnior apresenta e comenta as sete características da
arbitragem que o convenceram tratar-se de um excelente caminho
para a resolução de disputa, entre as quais a especialidade, segurança
jurídica, simplicidade, flexibilidade e agilidade.
Lei de arbitragem comentada (Lei nº 9.307/1996)

70 T5 - Arbitragem
Disponível em: <http://www.direitocom.com/lei-de-arbitragem-
comentada>. Acesso em: 7 maio 2017. Neste artigo o advogado Luís
Fernando Guerrero e seus coautores Danyelle Galvao, Guilherme
Gaspari Coelho, Marcos dos Santos Lino e Samuel Mezzarila, comentam
todos os artigos da Lei de Arbitragem.
Da convenção de arbitragem e seus efeitos.
Disponível em: <https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_
dh=3279>. Acesso em: 7 maio 2017. Neste artigo o advogado Alexandre
Asfora apresenta de forma minuciosa a definição e a aplicabilidade
quanto à Convenção de Arbitragem.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A


seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e
dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para
o que está sendo pedido.

1. A Lei de Arbitragem nº 9.307/1996 trata dos limites na atuação da


arbitragem em seu art. 1º. Considerando o disposto nesse artigo, os
legisladores tiveram a cautela em estabelecer dois requisitos mínimos e
básicos para que seja considerada viável a aplicabilidade da arbitragem.
Quais são esses dois requisitos mínimos e básicos?

2. Complete a lacuna:
A _____________________ não é meramente um acordo feito entre as
partes em determinada questão, mas sim, a solução dos conflitos entre
estes, não existindo a atuação do Estado, ou seja, lide pleiteada não será
“julgada” na esfera estadual, através de magistrado.
Assinale a alternativa que completa adequadamente a lacuna:
a) perícia. d) arbitragem.
b) auditoria. e) notificação.
c) mediação.

3. Complete as lacunas:
É importante observar que na arbitragem as partes podem escolher
livremente como será julgada a questão, seja através de _____________,

T5 - Arbitragem 71
ou que o árbitro possa julgar por igualdade considerando aquilo que achar
mais justo, assim determina o Art. 2º da Lei 9.307. Mas em se tratando de
situação que envolva a administração pública, será sempre de direito e
deverá respeitar e se submeter ao ____________.
Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas:
a) solução de litígio e práticas judiciais – princípio da prudência.
b) leis e regras pré-estabelecidas – princípio da publicidade.
c) prestação jurisdicional e conflito – princípio do otimismo.
d) conciliação e mediação – princípio da observância.
e) indicação de árbitros e prática extrajudiciais – princípio da equidade.

4. Todo procedimento da arbitragem deverá ser seguido ao já estabelecido


pelas partes na convenção de arbitragem, porém, não havendo sido
estipulados, caberá ao perito arquitetá-lo. O árbitro ou o tribunal arbitral
tem a incumbência de, no início da arbitragem, tentar a conciliação das
partes, valendo em caso positivo como sentença arbitral. A seguir conceitue
sentença arbitral.

5. Após, aditada a sentença pelo árbitro ou tribunal arbitral, esta terá valor
tanto quanto qualquer sentença proferida pelo Poder Judiciário, constituindo
até mesmo em título executivo (Art. 31). Porém, existe ainda a possibilidade
da nulidade desta sentença, conforme prevê o Art. 33 da Lei de Arbitragem.
A seguir, cite três situações de nulidades previstas na Lei de Arbitragem.

FINALIZANDO

Como apresentado neste tema, a arbitragem tem um papel muito


importante na solução de conflitos, sendo um meio alternativo que
tem sido cada vez mais procurado no território brasileiro, por se tratar
de um meio ágil e com alto nível de confiabilidade. A arbitragem é
um procedimento totalmente legal, previsto pela legislação brasileira e
com total validade jurídica. A possibilidade de as partes escolherem os
árbitros que irão julgar sobre sua causa, traz um maior conforto quanto
à sentença aplicada, mesmo que contrário ao desejo da parte, uma vez
que o árbitro estará agindo com total competência e imparcialidade.
Aprofunde mais seu conhecimento acessando aos links propostos
e também consultando na íntegra a Lei de Arbitragem, através do link
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9307.htm>.
Bons estudos, e até a próxima!

72 T5 - Arbitragem
GLOSSÁRIO

Conciliação: 1. ato ou efeito de apaziguar-se com; pacificação,


acomodação, reconciliação. “depois do arrufo vem a c.” 2. Ato ou
efeito de pôr (ou porem-se) de acordo litigantes, ou de harmonizar (ou
harmonizarem-se) pessoas desavindas ou discordantes.
Convenção: uma convenção (do latim conventione) é um conjunto
de acordos, padrões estipulados ou geralmente aceitos, normas, ou
critérios, que nos países anglo-americanos frequentemente assumem
a forma de um costume.
Equidade: 1. apreciação, julgamento justo. 2. virtude de quem ou do
que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça,
imparcialidade, respeito à igualdade de direitos. “a e. de um juiz”
Jurisdição: 1. poder de um Estado, decorrente de sua soberania, para
editar leis e ministrar a justiça. 2. poder legal, no qual são investidos
certos órgãos e pessoas, de aplicar o direito nos casos concretos.
Litígios: 1. jur ação ou controvérsia judicial que tem início com a
contestação da demanda. 2. fig. conflito de interesses; contenda,
pendência.
Mediação: 1. ato ou efeito de mediar. 2. ato de servir de intermediário
entre pessoas ou grupos; intervenção, intermédio.
Proferidas: deriva de proferir - pronunciar em voz alta e clara, dizer,
pronunciar. Ou ainda no sentido de decretar ou publicar. O orador
proferiu sábias palavras para o povo, ou, o orador disse sábias palavras
para o povo.

REFERÊNCIAS

20 ANOS DA LEI DE ARBITRAGEM E O VI SECMASC. <http://www.


arbitragembrusque.com.br/archives/1233>. Acesso em: 8 maio 2017.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 8 maio 2017.
Lei de Arbitragem n.o 9.307/1996. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L9307.htm>. Acesso em: 08 maio 2017. Aspectos funcionais da arbitragem.
<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1841>. Acesso em:
8 maio 2017.

T5 - Arbitragem 73
ARBITRAGEM, A JUSTIÇA PRIVADA - José Ferreira de Lira. <https://www.
youtube.com/watch?v=X7Oj3q1p8yE>. Acesso em: 8 maio 2017.
ARBITRAGEM NO SEGMENTO IMOBILIÁRIO - Solução de conflitos por
arbitragem cresce em diversas áreas, mas no mercado imobiliário ainda não
pegou. Disponível em: <http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-
incorporacao-construcao/96/artigo281838-1.aspx>. Acesso em: 8 maio 2017.
AS SETE CARACTERÍSTICAS DA ARBITRAGEM - Momento arbitragem:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=J2JjzuHsL-M>. Acesso
em: 7 maio 2017.
ASPECTOS FUNCIONAIS DA ARBITRAGEM. Disponível em: <http://www.
boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1841>. Acesso em: 8 maio 2017.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 8 maio 2017.
CONCILIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Saiba a diferença. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=OaWHpvXYnPk>. Acesso em: 7 maio
2017.
DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E SEUS EFEITOS. Disponível em: <https://
www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3279>. Acesso em: 7 maio 2017.
LEI DA ARBITRAGEM TENTA SOLUCIONAR CONFLITOS SEM QUE SEJA
PRECISO ENTRAR NA JUSTIÇA. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-
nacional/videos/t/edicoes/v/lei-da-arbitragem-tenta-solucionar-conflitos-sem-
que-seja-preciso-entrar-na-justica/4351136/>. Acesso em: 8 maio 2017.
LEI DE ARBITRAGEM COMENTADA (Lei n. 9.307/1996). Disponível em: <http://
www.direitocom.com/lei-de-arbitragem-comentada>. Acesso em: 7 maio
2017.
LEI DE ARBITRAGEM NO 9.307/1996. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 8 maio 2017. LONARDONI, M.
Perícia Contábil: uma abordagem teórica, ética, legal, processual e operacional.
7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL. Disponível em: <http://www.
arbitragembrusque.com.br/archives/1434>. Acesso em: 8 maio 2017.
LONARDONI, M. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal,
processual e operacional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MAGALHÃES, Farias de Deus; SOUZA, Clovis de; FAVERO, H. L, MOURA, Ril.
Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: M.A
Delgado, 2017.
MOURA, Ril. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. rev. e atual. – Rio de
Janeiro: M.A Delgado, 2017.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

74 T5 - Arbitragem
Convite à leitura
Olá, querido aluno, estamos chegando ao fim de nossos estudos,
mas antes de nos despedirmos vamos conversar um pouco sobre
a prática de mediação, conforme a Lei 13.140/2015. Ao final deste
tema você será capaz de identificar a diferença entre Mediação,
Conciliação e Arbitragem, ou seja, os três modelos extrajudiciais
auxiliares para solução de conflitos. O tema de hoje tem como
principal objetivo apresentar a você as particularidades da mediação,
assim como os elementos que a compõem, evidenciando também
os oito princípios estabelecidos pela Lei 13.140/2015: imparcialidade
do mediador; isonomia entre as partes; oralidade; informalidade;
autonomia da vontade das partes; busca do consenso;
confidencialidade; boa-fé. Afinal, o que vem a ser considerado para
cada um destes princípios? Você ainda será capaz de identificar os
tipos possíveis de mediação, a judicial e a extrajudicial, quem pode
atuar como mediador, tanto na condição de mediador extrajudicial
como judicial, e quais são os elementos que compõem um roteiro
de planejamento e execução da mediação.

Espero que goste deste tema!

Bons estudos!
Tema 6

Mediação
POR DENTRO DO TEMA

Mediação – Lei 13.140/2015


1. Mediação, conciliação e arbitragem
Antes de entrarmos de fato no assunto mediação, vimos a
necessidade de enriquecer o seu vocabulário, identificando três
conceitos muito importantes e que às vezes confundem as pessoas,
trata-se de identificar os reais significados de mediação, arbitragem e
conciliação. De antemão, vale destacar que todas elas são consideradas
ferramentas extrajudiciais para auxiliar na solução de conflitos.
Afinal, qual a diferença entre mediação, conciliação e arbitragem?

1.1 Primeiramente vamos entender o que é conciliação:


Conciliação é uma das três formas possíveis para a solução de
um conflito, de forma extrajudicial, neste tipo as partes poderão
escolher uma terceira pessoa, a qual não participa do conflito, logo,
sendo imparcial quanto à questão discutida, para que atue com papel
principal de auxiliar as partes a chegarem em um possível acordo,
colocando fim ao litígio. O papel do conciliador é o de orientar através
de sugestões e conselhos as partes, ajudando-as a interpretarem a
melhor forma para a solução do conflito, buscando atender de forma
geral ao interesse de ambas as partes. Vale ressaltar que a conciliação
pode ser acionada quando o conflito em questão se tratar de ordem
jurídica ou patrimonial, logo, podemos afirmar que há um problema e
este problema é realmente o motivo do conflito – não sendo a falta de
comunicação que impede o resultado positivo. A conciliação, por sua
vez, acontece de forma simultânea à mediação.

1.2 Para aprofundarmos um pouco mais, neste momento vamos


esclarecer previamente o que é mediação:
A mediação nada mais é do que uma forma de dar uma solução
para determinado conflito, neste caso uma terceira pessoa, a qual não

T6 -Mediação 77
participa deste conflito, assim sendo imparcial, auxilia a conversa entre
as partes, ajudando-as a refletir, entender e buscar a melhor solução
possível para as partes. No processo de mediação, as próprias partes
decidirão sobre a melhor solução para o conflito, todas as decisões
caberão a eles, sendo o “mediador” apenas um facilitador para a solução.
A mediação é acionada nos conflitos familiares e de vizinhança, por
exemplo, muitas vezes são resolvidos apenas com o estabelecimento
da comunicação respeitosa entre os envolvidos. Observa-se neste
sentido que a mediação será utilizada quando o conflito tiver como
causa principal um problema pessoal, emocional ou psicológico, por
exemplo: incompatibilidade de gênios, raiva, sentimento de vingança
ou de intolerância e indiferença.

1.3 Por fim, o que é arbitragem?


A Arbitragem já foi tema de nossos estudos, então vamos apenas
relembrar alguns conceitos.
Assim como a conciliação e a mediação, a arbitragem é também
uma forma de solução de conflitos, neste caso, também as partes terão a
liberdade de optarem por esta forma de resolver seus problemas, elegendo
um terceiro (árbitro ou o Tribunal Arbitral), que irá solucionar a questão,
porém, neste tipo de caso o árbitro ou Tribunal Arbitral terá o dever de
emitir sua sentença. O árbitro em um processo é considerado juiz de
fato e de direito, normalmente especialista no assunto em questão, logo,
exercendo seu papel de “juiz” com imparcialidade e confidencialidade.
A figura a seguir busca apresentar exatamente as características
destes três modelos auxiliares de justiça, destacando também a decisão
processual promulgada no âmbito judicial.
Figura 6.1 | Mediação, conciliação e arbitragem - características intrínsecas

Fonte: <http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/07/f247f5ce60df2774c59d6e2dddbfec54.pdf>. Acesso em:


15 maio 2017.

78 T6 - Mediação
Agora que você já entende um pouco mais os conceitos e a
diferença entre mediação, conciliação e arbitragem, vamos nos ater
ao objetivo principal deste tema, que é o de apresentar a você, com
mais propriedade, a prática da Mediação como ferramenta auxiliar na
solução de conflitos. Vamos lá?

2. Mediação e sua legalidade jurídica


O uso da mediação está previsto no Novo CPC (Lei 13.105/2015)
em seu Art. 3º, vejamos:

Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça


ou lesão a direito.
[...]
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial.
[...]

Embora prevista no CPC, a atividade de mediação foi regulamentada


em lei específica, sendo a Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, que
rege toda a atividade de mediação.
Logo, em seu Art. 1º, Parágrafo Único, a lei busca de imediato
trazer uma definição legal para a atividade de mediação, considerando
a mediação como uma atividade técnica exercida por uma terceira
pessoa inserida no processo, porém, atuando de forma imparcial e
sem poder decisório sobre a causa. Esta, por sua vez, podendo ter
sido escolhida ou aceita pelos litigantes, tendo o papel principal de
auxiliar e estimular, identificando e até mesmo desenvolvendo formas
de soluções possíveis à questão, de maneira que ambas as partes as
aceitem, pondo fim assim ao contencioso.
Podemos afirmar que, assim como a mediação não é um processo
impositivo, o mediador não terá, no curso do processo, o poder de
deliberar uma sentença sobre o que se discute, cabe apenas aos
envolvidos (partes do processo) a decisão da causa, sem intervenção
do mediador. O mediador pode ser considerado como o facilitador
da comunicação, estimulando o diálogo e auxiliando na solução do
conflito.

T6 -Mediação 79
O legislador, ao legislar sobre a lei que regulamenta a mediação,
institui precisamente oito princípios que devem ser observados quando
da atuação em mediação, previstos no Art. 2º.
• Imparcialidade do mediador – o mediador é um terceiro, que não
tem interesse algum nas questões que envolvem o processo, ele é
apenas um facilitador na causa.
• Isonomia entre as partes – pressupõe que as partes em todo o rito
da mediação terão direitos e deveres iguais.
• Oralidade – por se tratar de um procedimento extrajudicial, a
mediação tende a ser simples, sendo objetivada a sua oralidade, ou
seja, a grande maioria das intervenções é feita através da conversa.
• Informalidade – a simplicidade do processo é traduzida pela
desburocratização das normas e formas, logo, se caracteriza pela
ausência de uma estrutura previamente estabelecida e inexistindo
qualquer procedimento predeterminado, cabendo sempre às partes
decidir qual é o melhor caminho para o processo.
• Autonomia da vontade das partes – a mediação é utilizada para
que se consiga chegar a um acordo quanto à questão em discussão,
assim, a promoção de qualquer acordo deve respeitar a autonomia
da vontade das partes litigantes. Este princípio poder ser considerado
como um dos mais importantes no processo de mediação, uma vez
que deixa claro que no processo deve prevalecer o desejo das partes.
• Busca do consenso - o conciliador ou mediador e as partes devem
buscar sempre o consenso, evitando conflitos no processo.
• Confidencialidade - dever de manter sigilo sobre todas as
informações obtidas, salvo autorização expressa das partes, violação
à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo ser testemunha
do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer
hipótese.
• Boa-fé - a diligência dos procedimentos, a boa-fé e a lealdade das
práticas aplicadas.
Buscando evidenciar um pouco mais para você, quanto à mediação,
vamos transcrever abaixo os “parágrafos” que complementam o art. 2º,
principalmente o que é regido em seu § 2º:

§ 1o Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula


de mediação, as partes deverão comparecer à primeira

80 T6 - Mediação
reunião de mediação.
§ 2o Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento
de mediação.

Ainda pelo Novo CPC, temos em seu Art. 166 que:

“Art. 166 A conciliação e a mediação são informadas


pelos princípios da independência, da imparcialidade, da
autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade,
da informalidade e da decisão informada.
§ 1o A confidencialidade estende-se a todas as informações
produzidas no curso do procedimento, cujo teor não
poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por
expressa deliberação das partes.
[...]
§ 2o Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o
conciliador e o mediador, assim como os membros de suas
equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou
elementos oriundos da conciliação ou da mediação.
[...]
§ 4o A mediação e a conciliação serão regidas conforme
a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz
respeito à definição das regras procedimentais.
[...]

Ainda em seu artigo 3º, a lei da mediação estabelece que a mesma


possa ser estabelecida em um todo ou em parte do que se está em
questão, isto, quando a lide tratar de direitos disponíveis ou sobre
direitos indisponíveis que admitam transação.

3. Procedimentos da mediação
Como vimos até aqui, e com base no princípio da oralidade, toda
a mediação acontece através de diálogos entre as partes, assim, a
mediação pode oferecer vários tipos de possibilidades, porém, vamos
apresentar um rito deste procedimento de forma simplificada, o qual
foi tema de apresentação pela Comissão de Mediação e Arbitragem
da OAB/MG, tendo uma sucessão de etapas. Buscaremos ainda
correlacionar alguns itens com artigos da lei de mediação, que darão
sustentação a estas etapas, vejamos:
1) Pré-mediação: fase preparatória, na qual o mediador (ou outra

T6 -Mediação 81
pessoa capacitada para tanto) explica o procedimento, seus objetivos,
limites e regras, escuta as partes com o intuito de analisar sua adequação
ao caso e é firmado o contrato de mediação, estabelecendo-se as
condições.

[...]
Art. 14 No início da primeira reunião de mediação, e
sempre que julgar necessário, o mediador deverá alertar as
partes acerca das regras de confidencialidade aplicáveis ao
procedimento.
Art. 15 A requerimento das partes ou do mediador, e
com anuência daquelas, poderão ser admitidos outros
mediadores para funcionarem no mesmo procedimento,
quando isso for recomendável em razão da natureza e da
complexidade do conflito.
Art. 16 Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso,
as partes poderão submeter-se à mediação, hipótese em
que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo
por prazo suficiente para a solução consensual do litígio.
§ 1o É irrecorrível a decisão que suspende o processo nos
termos requeridos de comum acordo pelas partes.
§ 2o A suspensão do processo não obsta a concessão de
medidas de urgência pelo juiz ou pelo árbitro.
[...]

2) Abertura: o mediador prepara um ambiente favorável à


comunicação produtiva e à instauração de uma relação de confiança,
se apresenta e apresenta as partes caso não se conheçam, esclarece
dúvidas e legitima sua função como condutor do procedimento:

[...]
Art. 17 Considera-se instituída a mediação na data para a
qual for marcada a primeira reunião de mediação.
Parágrafo único. Enquanto transcorrer o procedimento de
mediação, ficará suspenso o prazo prescricional.
[...]

3) Investigação do conflito: o mediador procura mapear a situação


e a relação entre as pessoas. Aprofunda a análise do caso a partir
de informações referentes aos mediandos e ao conflito (queixas
manifestadas ou não, interesses, duração, expectativas, viabilidade de
solução etc.) e define o problema principal e os secundários.

82 T6 - Mediação
4) Agenda: o mediador organiza a agenda conforme as prioridades
em termos de importância e urgência. Regula o tempo de cada sessão
e a quantidade de encontros necessários. É especialmente importante
quando o conflito envolve mais de um problema.

[...]
Art. 18 Iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a
presença das partes somente poderão ser marcadas com a
sua anuência.
Art. 19 No desempenho de sua função, o mediador poderá
reunir-se com as partes, em conjunto ou separadamente,
bem como solicitar das partes as informações que entender
necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas.
[...]

5) Restabelecimento da comunicação: o mediador procura


restabelecer a comunicação produtiva entre os mediandos, com o fim
de tornar o diálogo possível e de construir uma relação pautada na
colaboração.
6) Levantamento de alternativas: o mediador orienta o diálogo
sobre as possibilidades de solução, a partir da conotação positiva, da
compreensão das narrativas e do reenquadramento da situação.
7) Negociação e escolha de opções: o mediador promove a
negociação e agiliza a escolha das alternativas levantadas na etapa
anterior, que é feita pelos próprios mediandos, a partir da aproximação
dos interesses comuns e acomodação dos interesses divergentes, sem
qualquer opinião ou sugestão do mediador.
8) Fechamento: conclusão do procedimento e confecção do
acordo.

[...]
“Art. 20 O procedimento de mediação será encerrado
com a lavratura do seu termo final, quando for celebrado
acordo ou quando não se justificarem novos esforços para
a obtenção de consenso, seja por declaração do mediador
nesse sentido ou por manifestação de qualquer das partes.
Parágrafo único. O termo final de mediação, na hipótese
de celebração de acordo, constitui título executivo
extrajudicial e, quando homologado judicialmente, título
executivo judicial".
[...]

T6 -Mediação 83
A mediação poderá acontecer de duas formas, sendo a Mediação
Extrajudicial e a Mediação Judicial.
Na Mediação Extrajudicial (Art. 21 ao 23 da Lei 13.140/2015), temos
as seguintes ponderações:
• A mediação será a consenso e aceitação das partes, através de
convite, devendo neste ser estipulado o escopo recomendado da
negociação.
• Deverá haver previsão contratual de mediação onde neste deverá
constar prazo mínimo e máximo para a primeira reunião de mediação,
local da primeira reunião, os critérios de escolha do mediador e as
penalidades em caso de não comparecimento.
• As partes poderão ainda estabelecer período de carência, ou seja,
as partes se comprometem a não iniciar procedimento arbitral ou
processo judicial em certo período de tempo, ou enquanto durar o
processo de mediação.
• Na mediação extrajudicial teremos a pessoa do mediador
extrajudicial (Art. 9º).
• Já na Mediação Judicial (Art. 24 ao 29 da Lei 13.140/2015) temos
que:
• Deverão ser criadas pelos tribunais as centrais de conciliação e
mediação, onde ocorrerá o processo de solução de conflitos através
da mediação.
• Os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das partes.
• As partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores
públicos.
• A petição inicial, atendendo todos os requisitos, o magistrado
designará audiência de mediação.
• O prazo para a conclusão do procedimento de mediação judicial
é de 60 dias, exceto quando as partes em comum acordo pedem
prorrogação.
• Se o conflito for solucionado pela mediação antes da citação do
réu, não serão devidas custas judiciais finais.
• Na mediação extrajudicial teremos a pessoa do mediador
extrajudicial (Art. 11º).

84 T6 - Mediação
4. Quem pode ser mediador?
É importante frisar que qualquer pessoa capaz, que possua
competência técnica, legitimidade e aptidão, poderá exercer atividade
de mediador. Porém, a maioria dos mediadores vem da área da
advocacia, embora atuem também profissionais de outras áreas, como:
psicólogos, administradores, sociólogos, engenheiros, psicanalistas,
assistentes sociais, entre outros.
No que compete à mediação informal, ou seja, não profissional,
esta poderá ser realizada por qualquer pessoa, um bom exemplo disso
são as mediações que acontecem no meio religioso.
Vejamos, à luz da Lei de Mediação, quem poderá atuar como
mediador, mediador extrajudicial e mediador judicial.

[...]
Art. 4o O mediador será designado pelo tribunal ou
escolhido pelas partes.
[...]
Art. 5o Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais
de impedimento e suspeição do juiz.
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como
mediador tem o dever de revelar às partes, antes da
aceitação da função, qualquer fato ou circunstância
que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua
imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade em
que poderá ser recusado por qualquer delas.
[...]
Art. 8o O mediador e todos aqueles que o assessoram no
procedimento de mediação, quando no exercício de suas
funções ou em razão delas, são equiparados a servidor
público, para os efeitos da legislação penal.
[...]
Dos Mediadores Extrajudiciais
Art. 9o Poderá funcionar como mediador extrajudicial
qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e
seja capacitada para fazer mediação, independentemente
de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe
ou associação, ou nele inscrever-se.
Art. 10. As partes poderão ser assistidas por advogados ou
defensores públicos.
Dos Mediadores Judiciais
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa
capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de

T6 -Mediação 85
ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério
da Educação e que tenha obtido capacitação em escola
ou instituição de formação de mediadores, reconhecida
pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os
requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional
de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.
[...]
Art. 13. A remuneração devida aos mediadores judiciais será
fixada pelos tribunais e custeada pelas partes, observado o
disposto no § 2o do art. 4o desta Lei.
[...]

Vale ressaltar que em seu Art. 30, a Lei de Mediação estabelece que
todo e qualquer assunto tratado no procedimento de mediação deverá
ser confidencial em relação às pessoas que não se relacionaram com
o processo, não podendo nem mesmo ser revelada em processo
judicial ou arbitral, salvo se as partes permitirem ou por exigência legal.
A confidencialidade versada no art. 30 se aplica ao mediador quanto às
partes, a seus prepostos, aos advogados, aos assessores técnicos e a
outras pessoas de sua confiança que tenham, direta ou indiretamente,
participado do procedimento de mediação.
Ainda quanto à confidencialidade, no Art. 31 temos o seguinte
posicionamento do legislador:

[...]
Art. 31 Será confidencial a informação prestada por uma
parte em sessão privada, não podendo o mediador revelá-
la às demais, exceto se expressamente autorizado.
[...]

Nossos estudos vão ficando por aqui, acesse os links propostos, faça
as atividades e, quando necessário, envie suas dúvidas ao professor.
Bons estudos e até a próxima!

86 T6 - Mediação
ACOMPANHE NA WEB

Quer saber mais sobre o assunto? Então:


Animação sobre mediação. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=Kr13qBAPA9k>. Acesso em: 15 maio 2017. Vídeo
explicativo sobre mediação, como é simples usar o diálogo para
solucionar problemas. Criado pela CBMAE e produzido pela agência
LK e a produtora Áudio Visual.
O que é mediação? Disponível em: <http://www.tjrj.jus.br/web/
guest/institucional/mediacao/estrutura-administrativa/o-que-e-
mediacao>. Acesso em: 15 maio 2017. Neste artigo busca-se evidenciar
o processo de mediação para solução de conflitos.
A Locatária - Uma mediação simulada. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=EcVvx0vr7Yk>. Acesso em: 15 maio 2017. Vídeo
de simulação de mediação cível com mediadores do NUPEMEC - TJRS
em parceria com o CEAD - Centro de Ensino a Distância do TJRS.
NOVO CPC - AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU CONCILIAÇÃO
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=EcVvx0vr7Yk>.
Acesso em: 15 maio 2017. Aula da disciplina de Processo Civil II,
ministrada pelo professor Renê Francisco Hellman, da FATEB - Faculdade
de Telêmaco Borba. Tema: Audiência de mediação ou conciliação.
Conciliação e Mediação no Novo CPC Disponível em: <http://
www.conima.org.br/arquivos/4682>. Acesso em: 15 maio 2017.
O NOVO CPC - Petição Inicial, Audiência de Conciliação/
Mediação e Contestação. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=fYvCKWwOujo>. Acesso em: 15 maio 2017. O Novo CPC -
Petição Inicial, Audiência de Conciliação/Mediação e Contestação
pelo Prof. Gilberto Carlos Maistro Jr.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A


seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e
dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para
o que está sendo pedido.

T6 -Mediação 87
1. O legislador, ao legislar sobre a lei que regulamenta a mediação, institui
precisamente oito princípios que devem ser observados quanto da atuação
em mediação, previstos no Art. 2º. A seguir, responda: quais são esses oito
princípios?

2. A ____________ dever de manter sigilo sobre todas as informações


obtidas, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou
às leis vigentes, não podendo ser testemunha do caso, nem atuar como
advogado dos envolvidos, em qualquer hipótese. Qual alternativa completa
adequadamente o espaço da questão?
a) Parcialidade. d) Vontade.
b) Confidencialidade. e) Conciliação.
c) Imparcialidade.

3. O papel do _________________ é o de orientar através de sugestões


e conselhos as partes, ajudando-as a interpretarem a melhor forma para
a solução do conflito, buscando atender de forma geral ao interesse de
ambas as partes. A _________________ é acionada nos conflitos familiares
e de vizinhança, por exemplo, muitas vezes são resolvidos apenas com o
estabelecimento da comunicação respeitosa entre os envolvidos. Qual
alternativa completa adequadamente os espaços da questão?
a) Árbitro - informalidade. d) Auditor – hipótese.
b) Conciliador – mediação. e) Investigador - isonomia.
c) Orador – isonomia.

4. Em seu art. 3º a lei da mediação estabelece que a mediação poderá


ser estabelecida em um todo ou em parte do que se está em questão, isto
quando a lide tratar de direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis
que admitam transação. A mediação poderá acontecer de duas formas.
Quais são essas duas formas?

5. Com base no princípio da oralidade, toda a mediação acontece através


de diálogos entre as partes, sendo assim, a mediação tem a possibilidade de
oferecer várias possibilidades de procedimentos. Com base nas informações
adquiridas, responda: quem pode ser mediador?

88 T6 - Mediação
FINALIZANDO

Vimos neste tema a metodologia de solução de conflitos conhecida


como mediação. Embora não se trate de algo novo, no Brasil, tendo em
vista uma cultura um tanto conservadora, dificulta o desenvolvimento
desta prática. A mediação, muitas vezes, se torna fundamental para
a solução de conflitos, principalmente quando há a necessidade de
solução de uma maneira rápida e, em muitas vezes, menos onerosa.
A partir de agora, você tem conhecimento sobre este tema, sabendo
identificar e até mesmo direcionar aspectos principais e relevantes
quanto à mediação.
Muito bom, estamos encerrando nossa disciplina, espero que você
tenha gostado dos conteúdos trabalhados.
Desejo a você bons estudos e sucesso!

GLOSSÁRIO

Audiência: 1. ato de ouvir ou de dar atenção àquele que fala; audição.


2. ato de receber alguém com o objetivo de escutar ou de atender
sobre o que fala ou sobre o que alega. 3. jur sessão de tribunal em que
se interrogam as partes e as testemunhas, ouvem-se os advogados etc.
Autonomia: 1. capacidade de governar-se pelos próprios meios.
Direito reconhecido a um país de se dirigir segundo suas próprias
leis; soberania. Direito de um indivíduo tomar decisões livremente;
independência moral ou intelectual. 2. fil segundo Kant (1724-1804),
capacidade da vontade humana de se autodeterminar segundo uma
legislação moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator
estranho ou exógeno com uma influência subjugante, tal como uma
paixão ou uma inclinação afetiva incoercível.
Consenso: 1. concordância ou uniformidade de opiniões, pensamentos,
sentimentos, crenças etc., da maioria ou da totalidade de membros de
uma coletividade. “o c. da cristandade”. 2. bom senso, senso comum.
Contencioso: 1. em que há contenção. 2. que tem prazer em contender.
3. sujeito a dúvidas, a reivindicações; incerto, dúbio. 4. jur diz-se de ato
que possa ser objeto de contestação ou de disputa; litigioso, duvidoso,
contestado.

T6 -Mediação 89
Isonomia: 1. estado dos que são governados pelas mesmas leis. 2. jur
princípio geral do direito segundo o qual todos são iguais perante a
lei; não devendo ser feita nenhuma distinção entre pessoas que se
encontrem na mesma situação. 3. miner estado dos cristais que são
construídos segundo a mesma lei.

REFERÊNCIAS

A LOCATÁRIA - Uma mediação simulada. Disponível em: <https://www.


youtube.com/watch?v=EcVvx0vr7Yk>. Acesso em: 15 maio 2017.
Animação sobre mediação. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=Kr13qBAPA9k>. Acesso em: 15 maio 2017.
BRASIL. Constituição (2015). Lei nº 13.140, de 16 de março de 2015. Lei de
Mediação. Brasília, 16 mar. 2015. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 15 maio 2017.
CONIMA. Conciliação e mediação no Novo CPC. 2015. Disponível em: <http://
www.conima.org.br/arquivos/4682>. Acesso em: 15 maio 2017.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 8 maio 2017.
JUDICIÁRIO, Poder. O que é mediação. 2016. Disponível em: <http://www.
tjrj.jus.br/web/guest/institucional/mediacao/estrutura-administrativa/o-que-e-
mediacao.>. Acesso em: 15 maio 2017.
JUSTIÇA, Conselho Nacional da. Manual de mediação judicial. 2016. Disponível
em: <http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/07/f247f5ce60df277
4c59d6e2dddbfec54.pdf>. Acesso em: 15 maio 2017.
MAGALHÃES, de Deus Farias; SOUZA, Clovis de; FAVERO, H. L, LONARDONI,
M. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal, processual e
operacional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
NOVO CPC - AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU CONCILIAÇÃO. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=EcVvx0vr7Yk>. Acesso em: 15 maio
2017.
OAB, Cma. Cartilha de mediação. 2009. Disponível em: <http://www.precisao.
eng.br/jornal/Mediacao.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2017.
O NOVO CPC - Petição inicial, audiência de conciliação/mediação e
contestação. <https://www.youtube.com/watch?v=fYvCKWwOujo>. Acesso
em: 15 maio 2017.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

90 T6 - Mediação
UNICORP. Princípios para conciliação e mediação dos tabeliães de notas.
2015. Disponível em: <http://www5.tjba.jus.br/unicorp/images/principios_
conciliacao_mediacao_tabeliaes_notas.pdf>. Acesso em: 15 maio 2017.

T6 -Mediação 91
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
arbitragem e
mediação
Perícia,
UNOPAR PERÍCIA, ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO

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