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2018
GERENCIAMENTO DE RISCOS
TÉCNICAS ANÁLISE RISCO
de apoio JULHO/2018 1
1. Conceituação, Evolução Histórica: Da Prevenção de Lesões à
Segurança de Sistemas
Para as antigas civilizações gregas, romanas e judaicas, o privilégio de antever o futuro era
um dom destinado apenas aos oráculos e adivinhos que detinham um monopólio sobre todo o
conhecimento humano e possuíam a capacidade de realizar previsões sobre possíveis eventos
futuros. Porém uma ideia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o
passado foi a capacidade do ser humano em pensar, analisar e tomar suas próprias decisões e
assumir as responsabilidades pelas consequências, fazendo com que o futuro da humanidade
deixasse de ser um fruto do capricho dos deuses.
O processo racional de enfrentar riscos mostrou ao mundo como compreender, medir e avaliar
suas consequências, convertendo o ato de correr riscos em dos principais catalisadores do
desenvolvimento.
No mundo de hoje, sabe-se que com exceção da existência de impostos e da imutabilidade
das leis fundamentais do universo, a única coisa realmente previsível é que tudo se modifica no
decorrer do tempo.
A disciplina de Gerenciamento de Risco está intimamente ligada aos conceitos de "Qualidade
e Competitividade", que vem sendo difundidos e empregados por um número cada vez maior de
empresas que descobriram aí uma fonte de ganhos sociais, econômicos e financeiros, e acima de
tudo uma excelente forma de competitividade empresarial.
Dentre todas as vertentes associadas à qualidade, existe uma que é a qualidade do público
interno, dos colaboradores, e dentro desta categoria se encontra o aspecto da segurança no
trabalho. E quem viabiliza a qualidade neste ambiente é a adoção de uma Política de Segurança
no Trabalho que busque proteger e preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. O
foco dessa política deve ser um Sistema de Prevenção, ou seja, a minimização dos erros e falhas
(acidentes).
Então, o que Gerenciamento de Risco busca é administrar as possibilidades de falhas,
buscando evitar que essas aconteçam; caso aconteçam, que não se propaguem; caso as
possibilidades de falhas sejam de difícil controle, decidir entre reter ou transferir.
Resultados de investigações de grandes acidentes mostram que as falhas responsáveis pelos
mesmos estão associadas a quatro fatores principais, a saber: tecnologia, sistemas de
gerenciamento, fatores humanos e agentes externos. Deste modo, muitas indústrias têm se
preocupado com a confiabilidade de seus equipamentos e investido em melhores tecnologias.
Porém, uma análise mais detalhada acerca das causas que precedem estas situações mostra que
o erro humano e a falta de sistemas de gerenciamento de riscos adequados são os contribuintes
mais significativos para a concretização dos acidentes.
O aumento dos riscos de acidentes industriais de grande periculosidade, provenientes da
utilização de tecnologias mais avançadas e complexas, maior número de matérias primas e
insumos, criação de novos processos e produtos, grandes capacidades de armazenamento e
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transporte de produtos perigosos, fez com que aumentasse a pressão sobre as empresas no
sentido de reduzirem seus riscos, esclarecerem os cidadãos sobre os mesmos e adotarem
medidas de emergência e contenção de riscos eficientes. Além do mais, com a evolução do tecido
social, temas notadamente ligados às áreas ecológicas e de acidentes do trabalho passaram a
preocupar o público ao redor das indústrias e, consequentemente, as autoridades governamentais.
Como consequência, as indústrias foram obrigadas a examinar com mais acuidade os efeitos de
suas operações intra e extramuros.
O grande número de variáveis que interagem dinamicamente no decurso de um processo
operacional atribui uma elevada complexidade aos sistemas industriais atuais que, apesar de
altamente automatizados, continuam dependentes do desempenho humano em diversos
aspectos. Portanto, o desconhecimento dos riscos associados ao uso de novas tecnologias e a
velocidade com que determinadas ações devem ser tomadas frente a problemas operacionais
conduzem ao aumento da probabilidade de falha humana, podendo comprometer o bom
andamento operacional e resultar em acidentes catastróficos, com elevadas perdas tanto materiais
quanto humanas.
Neste sentido, o gerenciamento de riscos surgiu como instrumento de mitigação e
administração e riscos presentes no meio industrial, oferecendo filosofias e ferramental técnico
que visam otimizar o uso da tecnologia, a qual sofre avanço acelerado e, não raramente,
inconsistente com os padrões mínimos de segurança que devem estar presentes dentro de
atividades industriais. O gerenciamento de riscos dentro de uma empresa representa a
possibilidade de se atribuir segurança e confiabilidade aos processos e procedimentos,
constituintes do seu ambiente operacional, permitindo a integração de dois polos que, até então,
se relacionavam indiretamente: a segurança do trabalho e a segurança patrimonial.
1.1 Conceituação
Antes de prosseguirmos em nossos estudos, vamos trabalhar alguns conceitos que serão de
extrema importância ao longo de nosso trabalho.
a) Perigo: Fonte ou situação (condição) com potencial para provocar danos em termos de
lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma combinação destes.
Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos tais
como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, meio ambiente, perda de material
em processos ou redução da capacidade produtiva.
b) Desvio: é qualquer ação ou condição que tem potencial para conduzir, direta ou
indiretamente, a danos a pessoas, ao patrimônio ou causar impacto ambiental, que se
encontre desconforme com as normas de trabalho, procedimentos, requisitos legais ou
normativos, requisitos do sistema de gestão, ou boas práticas. O conceito de desvio é similar
ao de perigo, mas com uma diferença sutil: um desvio está associado a uma não conformidade
com requisitos pré-definidos, ou seja, é algo desconforme com o adequado.
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Todo desvio é um perigo, mas alguns perigos, no entanto, não são desvios: perigos
naturais, ou aqueles oriundos de mudanças e processos inovadores, que (ainda) não estejam
desconformes a normas e/ou requisitos.
Desvios são usualmente evidenciados por inspeções in loco, sendo um importante conceito
nas chamadas auditorias comportamental.
Perigos podem ser identificados tanto in loco quanto por análise a priori (técnicas de
análises de risco), que será vista nos próximos capítulos.
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h) Perdas: é o prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de ressarcimento através
de seguros ou outros meios. Prejuízos (materiais e/ou humano) ocorridos em uma
organização, os quais são ressarcidos através de seguros ou de outros meios.
Frequentemente é associado com: desperdício, sobras, refugos, retrabalhos.
As perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou intangíveis,
quando se referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da empresa.
i) Ato inseguro: É todo ato, consciente ou não, emitidos pelo trabalhador ou empresa, capaz
de provocar dano ao trabalhador, a seus companheiros ou a máquinas, materiais e
equipamentos, estando diretamente relacionado a falha humana. Os atos inseguros são
cometidos por imprudência, imperícia ou negligência. Exemplo: A falta de treinamento,
excesso de trabalho / pressa, teimosia, curiosidade, improvisação, autoconfiança, entre outros
são fatores que levam à prática do ato inseguro.
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Outros Conceitos de Acidente do Trabalho
É a ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho que, ocasionando danos
pessoais ou materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho.
Qualquer evento não programado que interfere negativamente na atividade produtiva e
que tem cobertura da seguradora.
OBS: Em geral um acidente acontece em decorrência da conjunção de várias falhas, que possuem
causa ou modo de falhas. Estas falhas possuem probabilidade ou chance de acontecerem, quando
acontecem geram incidentes, também chamados de quase-acidente (sem danos tangíveis), ou
acidentes que causam danos. Se os danos estão segurados chama-se de sinistro, quando não,
houve perda para a empresa. A associação dos danos (efeitos adversos) com a probabilidade
de acontecerem chama-se risco. Quando o acidente acontece o risco passa a chamar-se de
causa. A exposição relativa ao risco é denominada perigo. Quando o perigo refere-se a
procedimentos e regulamentos não atendidos, chama-se de desvio.
Ações voltadas somente para a prevenção Ações voltadas não só para acidentes com
de acidentes fatais ou com lesões pessoas, mas também com equipamentos,
incapacitantes; Acidentes que não máquinas, instalações, meio ambiente, etc.,
envolviam pessoas não tinham valor ou seja, tudo o que interfira no processo
nenhum produtivo
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q) Programas de SST
Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva
Enfoque corretivo, Espera pela ocorrência do Enfoque preventivo, Conceitos de ato e
acidentes para depois atacar as condição insegura, Maior preocupação com
consequências ou evitar acidentes os acidentes pessoais e perdas a eles
semelhantes associados
r) Atividades de Segurança
Tradicional Responsabilidade Moderna Responsabilidade
centralizada compartilhada
Integração da organização, Aumento da
Executantes com pouca informação e
eficácia das medidas corretivas e
poder de ação preventiva, Impossibilidade
preventivas, Maior conhecimento dos
de prevenção dos riscos inerentes aos
trabalhadores sobre os riscos aos quais
processos produtivos, Falta de
estão expostos, bem como sobre sua
compromisso por parte dos executantes
redução ou eliminação
2 Gerenciamento Risco
Após a apresentação destes conceitos básicos iremos detalhar um pouco mais os dois
conceitos bases desta disciplina. O que é Risco? O que é Gerenciamento de Risco?
2.1.1 Risco
Como base na origem etimológica da palavra, “risco”, é uma derivação da antiga língua
italiana denominada “risicare”, que representa evolução social, científica e tecnológica do ser
humano em “ousar”, que possibilita uma “escolha” do homem e não um destino divinamente
determinado.
Alguns autores costumam definir risco como a possibilidade de um evento adverso que possa
afetar negativamente a capacidade de uma organização para alcançar seus objetivos. Dentro
dessa acepção o risco é considerado um evento indesejável. No entanto, dentro de uma visão
macro, sabemos que ao apostar na Mega-Sena estamos correndo o risco de ganhar, o que, de
forma alguma, é algo negativo ou indesejável. Para esses autores a possibilidade de um evento
conduzir a um resultado favorável é chamada de Chance, enquanto a Possibilidade de um evento
conduzir a um resultado desfavorável é de Risco.
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O risco poderá ter pelo menos três significados:
- Hazard: Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos
como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de
material em processo ou redução da capacidade de produção. A existência do risco implica na
possibilidade de existência de efeitos adversos.
- Risk: Expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo
ou número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente
multiplicado pelo dano em valores monetários, vidas ou unidades operacionais.
- Incerteza: Quanto à ocorrência de um determinado acidente.
Para a Segurança do Trabalho o risco expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro
de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais, ou seja, representa o
potencial de ocorrência de consequências indesejáveis.
O Risco pode ser calculado através da identificação dos efeitos adversos potenciais de um
fenômeno a ser analisado, com a compreensão da estimativa de sua probabilidade e da magnitude
de seus efeitos.
Risco = Probabilidade x Impacto
A gerência de riscos pode ser definida como a ciência, a arte e a função que visa proteger a
empresa (recursos humanos, materiais e financeiros) das consequências de eventos aleatórios
que possam reduzir sua rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou
responsabilidades para com terceiros. A proteção fornecida pela Gerência de Risco compreende
esforços na tentativa de eliminar, reduzir, controlar ou ainda financiar os riscos, caso seja
economicamente viável.
O gerenciamento de riscos pode, ainda, ser definido como um processo formal no qual fatores
de incerteza presentes em determinado contexto são sistematicamente identificados, analisados,
estimados, categorizados e tratados. Procura-se alcançar um equilíbrio entre a concretização de
oportunidades de ganhos e a minimização de perdas. Trata-se de atividade interativa que permite
o aprimoramento contínuo do processo de decisão e a melhora crescente do desempenho da
organização.
O processo envolve a criação de infraestrutura e cultura adequadas, com aplicação de método
sistemático, a fim de permitir que as decisões sejam tomadas mediante o conhecimento dos riscos
associados às atividades da organização.
O Gerenciamento de Risco é ainda definido como a área de atuação que busca administrar
as possibilidades de falhas, buscando evitar que essas aconteçam; caso aconteçam, que não se
propaguem; caso as possibilidades de falhas sejam de difícil controle, decidir entre reter ou
transferir.
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Compreende toda uma metodologia que visa aumentar a confiança na capacidade de uma
organização de prever, priorizar e superar obstáculos para obtenção de suas metas, e visa, ainda,
proteger a empresa das consequências de eventos aleatórios que possam reduzir sua
rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros.
2.1.2.1 Conceitos
Além dos conceitos básicos já vistos anteriormente referentes à disciplina, veremos a seguir
outros conceitos, mais específicos, referentes à metodologia de gerenciamento de risco.
a) Análise de riscos: processo sistemático de entendimento da natureza e do nível de risco.
b) Avaliação do risco: processo de comparação do nível de risco em relação a
determinados critérios.
c) Consequência: resultado ou impacto de um evento.
d) Critério de risco: termo de referência pelo qual a significância do risco é estimada.
e) Estimativa de risco: processo global de identificação, análise e avaliação do risco.
f) Evento: ocorrência de um conjunto particular de circunstâncias.
g) Evitar o risco: decisão de não se envolver ou de se retirar de uma situação de risco.
h) Frequência: medida do número de ocorrências por unidade de tempo.
i) Identificação do risco: processo para determinar o que, onde, quando, por que e como
algo poderia ocorrer.
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j) Expectativa de ocorrência de evento: chance de algo ocorrer, seja ela definida, medida
ou estimada de modo objetivo ou subjetivo. É expressa em termos de frequência, de
probabilidade ou por meio de um descritor.
k) Monitorar: verificar, supervisionar, observar criticamente e medir o progresso de uma
atividade, ação ou sistema de maneira regular, a fim de identificar mudanças no nível de
desempenho requerido ou esperado.
l) Organização: grupo de pessoas e de instalações submetidos a um arranjo de
responsabilidades, autoridades e relacionamentos.
m) Perigo: fonte de dano em potencial.
n) Perda: qualquer consequência negativa.
o) Probabilidade: medida da chance de ocorrência expressa por um número entre 0 e 1.
p) Processo de gerenciamento de riscos: aplicação sistemática de gerenciamento de
políticas, procedimentos e práticas às tarefas de comunicar, estabelecer o contexto, identificar,
estimar, tratar, monitorar e rever os riscos.
q) Risco: chance de que algo ocorra, causando impacto nos objetivos.
r) Risco residual: risco remanescente após implementação do tratamento.
s) Stakeholders: pessoas e organizações que podem afetar, serem afetadas ou possuírem
a percepção de serem afetadas por uma decisão, atividade ou risco.
t) Tratamento do risco: processo de seleção e implementação de ações para modificar o
risco.
u) Risco aceitável: é o que foi reduzido a um nível aceito pela organização.
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2.1.2.2 Metodologia
As melhores práticas indicam que o gerenciamento de riscos se dá por meio de método
sistemático que estabelece um contexto para depois identificar, analisar, estimar, tratar, monitorar
e comunicar os riscos associados a alguma atividade, função ou processo da organização (Figura
1). Tal gerenciamento deve ser visto como parte da cultura interna, tomando lugar em sua filosofia,
práticas e processos, a fim de se tornar parte da gestão estratégica. Organizações que gerenciam
riscos de maneira eficaz e eficiente tendem a alcançar seus objetivos com menores custos.
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✓ reduzir o risco, atuando-se sobre os fatores que influenciam a expectativa de ocorrência
ou as consequências;
✓ transferir o risco, por meio de seguros, cooperação ou outro ato; e
✓ reter o risco, quando for impossível ou economicamente inviável tratá-lo de modo
diferente.
As três primeiras opções são medidas preventivas, enquanto a última é de caráter
contingencial ou mitigatório.
Já a Gerência de Riscos foi introduzida, no Brasil, pelas filiais de empresas multinacionais com o
objetivo de reduzir os custos relativos ao pagamento de seguros e, ao mesmo tempo, aumentar a
proteção do patrimônio e dos trabalhadores. Porém, somente em finais da década de 80 e início
da atual década é que o gerenciamento de riscos começou a ser divulgado e utilizado de forma
mais ampla por um número maior de empresas.
Com a evolução das políticas prevencionistas, passou-se a analisar mais criteriosamente os
riscos industriais e os métodos para reduzir os mesmos, valendo-se da filosofia de prevenção de
perdas para a tomada de decisões técnicas e gerenciais, tanto a nível de prevenção de acidentes
do trabalho, como de acidentes catastróficos envolvendo as instalações, o meio ambiente e o
público em geral.
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Sob esta ótica, a prevenção de perdas e, consequentemente, a Gerência de Riscos, são
caracterizadas pelo seu envolvimento com a evolução da tecnologia e com os riscos associados a
este desenvolvimento, conferindo uma abordagem gerencial e sistêmica ao tratamento de
problemas relativos a acidentes e riscos industriais.
Seguem a seguir alguns marcos que podem ser ressaltados ao longo dessa evolução:
O cenário que permitiu o surgimento dos primeiros estudos de risco aconteceu entre os
séculos XIV e XVI, época do Renascimento. Nesse período histórico ocorreram grandes
transformações sociais, científicas, culturais, religiosas e políticas, as pessoas começassem a se
libertar e desafiar as crenças consagradas, prevalecendo uma época de grande turbulência
religiosa, de capitalismo nascente e uma abordagem vigorosa da ciência e do futuro.
Com o renascimento, o desenvolvimento das civilizações foi ganhando mais força, fazendo
com que o misticismo cedesse espaço ao desenvolvimento científico e lógico, abrindo as portas
para a Reforma Protestante, que enfraqueceu o domínio da Igreja Católica sobre os povos, o que
significou mais que uma mera mudança da relação da humanidade com Deus. Com a extinção da
confissão, as pessoas dali em diante, tiveram que caminhar com os próprios pés e se
responsabilizar pelas consequências das próprias decisões. A partir de então os conceitos de
fragilidade e abstinência foram substituídos pela importância crescente sobre o futuro em relação
ao presente, abrindo uma série de opções e decisões, fazendo com que os povos reconhecessem
que o futuro oferecia, além de perigos, grandes oportunidades, e que era ilimitado e cheio de
promessas. O resultado de tudo isso, não poderia ser diferente, trouxe a era do capitalismo, a
necessidade de correr riscos.
Em 1760, surgem os primeiros indícios de ações prevencionistas na Inglaterra, após o
nascimento da Revolução Industrial. As profundas alterações tecnológicas provocadas pela
revolução industrial, lançada com o aparecimento da primeira máquina de tear e marcada pela
invenção da máquina a vapor (em 1781) por James Watts, deram início aos grandes processos de
industrialização, que prosseguiram até nossos dias, substituindo o trabalho humano pela máquina.
A existência de duas novas classes sociais caracterizou as sociedades pós-revolução
industrial: a classe dos patrões (empregadores) e a classe dos trabalhadores, que se enfrentavam
direta e individualmente, não existindo qualquer organização, por parte dos trabalhadores, para
proteger os seus interesses. Portanto, as massas trabalhadoras foram impiedosamente exploradas
durante o início da revolução industrial, pagando o custo social desta mudança.
Ainda no século XVIII, Através da publicação do livro “De Morbis Artificum Diatriba” (A Doença
dos Trabalhadores), o médico Bernadino Ramazzini relaciona as doenças desenvolvidas por
trabalhadores de 50 profissões.
No entanto, nesta fase inicial, a segurança foi criada e desenvolvida para fazer frente aos
excessos praticados pelas empresas contra a força de trabalho. A preocupação em termos de
segurança era totalmente voltada para morte ou lesões incapacitantes permanentes dos
trabalhadores. A partir de acordos e algumas leis específicas foram criados alguns planos de
assistência, beneficiando o empregado e sua família. Porém, essa legislação não resolvia senão
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uma parcela mínima dos problemas e, portanto, foi seguida por leis complementares, em geral
pouco eficientes devido à pressão dos empregadores.
Com o passar do tempo e com os avanços das lutas sociais, além dos planos de assistência,
os trabalhadores passaram a ser cobertos por seguros e outros dispositivos que os protegia não
apenas contra as lesões incapacitantes permanentes, mas também pela perda momentânea da
capacidade de trabalho. Mais tarde, tiveram atenção especial outras formas de lesões pessoais,
inclusive as que não afastavam o indivíduo do trabalho.
Foram necessárias gerações para que estes homens começassem a se organizar. Porém, em
meados do século XIX, quase meio século após o início da revolução industrial, ainda na Inglaterra,
a preocupação com a prevenção de acidentes do trabalho e de outros fatores de risco, que eram
frequentes no ambiente das primeiras fábricas, gerou a união de trabalhadores e homens públicos
para a concretização das bases da política prevencionista. Através das campanhas de
melhoramento social, que surgiram com as leis de segurança social, foram introduzidos o trabalho
sistemático e a legislação fabril.
O fato das empresas adotarem planos para reduzir as lesões dos trabalhadores não aconteceu
de forma voluntária, mas devido à pressão dos altos gastos financeiros oriundos das indenizações
e seguros, às reivindicações sociais e à discriminação caso não acompanhassem os novos rumos
da segurança.
Desta forma, apesar dos avanços, os acidentes que não envolvessem pessoas não tinham
valor nenhum, embora muitos destes acidentes possuíssem as mesmas causas ou causas
semelhantes aos acidentes com pessoas. O motivo deste desinteresse, talvez fosse devido ao
simples desconhecimento do alto índice de ocorrência dos acidentes, bem como dos custos que
acarretavam.
Apesar da evolução em que chegamos atualmente, em termos de engenharia e segurança do
trabalho, esta filosofia perdura até hoje em grande parte das empresas e órgãos do governo,
principalmente nos países subdesenvolvidos, sendo que grande parte dos acidentes como: quebra
de equipamentos, interrupção do processo produtivo e agressões ao meio ambiente, não são nem
mesmo registrados e muito menos analisados ou divulgados.
Após seu surgimento na Inglaterra, a revolução industrial espalhou-se pela Europa Ocidental
e, atravessando o Atlântico, desembarcou nos Estados Unidos da América, país este onde o
movimento prevencionista se radicou e se desenvolveu devido às ações conjuntas entre governo,
empresários e especialistas.
Em 1928, o American Engineering Councill já fazia referência à relação existente entre os
custos indiretos (não segurados) e os custos diretos (segurados) dos acidentes, e atribuía aos
custos indiretos o pagamento de salários improdutivos, perdas financeiras, redução de rendimento
da produção, falhas no cumprimento de prazos de entrega de produtos, etc.
Em 1931, o americano H. W. Heinrich, que pertencia a uma companhia de seguros dos
Estados Unidos, publicou um estudo onde afirmava existir uma relação de 4:1 entre os custos
indiretos e os custos diretos dos acidentes, sendo sua pesquisa fundamentada em dados médios
da indústria americana da década de 20, demonstrou ainda que o desenvolvimento de ações
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prevencionistas seria a saída para redução desses custos. No mesmo estudo, Heinrich lançou
a ideia de acidentes com danos à propriedade, ou melhor, acidentes sem lesão. Heinrich é
considerado o pai do prevencionismo, e foi ele quem definiu acidente como todo evento não
planejado, não controlado e não desejado que interrompe uma atividade ou função.
Posteriormente, R.P. Blake analisou os resultados e, junto com Heinrich, formulou alguns
princípios e sugestões, dentre elas a de que as empresas deveriam promover medidas tão
importantes ou mais do que aquelas que visassem apenas à proteção social dos seus
empregados, ou seja, as empresas deveriam, efetivamente, partir para evitar a ocorrência de
acidentes.
Em 1947, R.H. Simonds propôs um método para cálculo do custo de acidentes, que enfatizava
a necessidade de se realizar estudos-pilotos, em todas as empresas, sobre os custos associados
a quatro tipos de acidentes: lesões incapacitantes, casos de assistência médica, casos de
primeiros socorros e acidentes sem lesões. Simonds também propôs a substituição dos termos
custo direto e custo indireto por custo segurado e custo não-segurado, respectivamente, muito
utilizados hoje em dia em gerenciamento de riscos.
Durante a década de 50, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma conscientização no
sentido de se valorizar os programas de prevenção de riscos de danos materiais procurando
reduzir suas despesas com seguros passam a definir metodologias no sentido de aumentar o seu
grau de proteção em relação aos seus riscos associados. Esta ideia de aumentar a proteção e
diminuir as despesas com seguros, foi chamada de Gerência de Riscos.
Em 1965, o Conselho Nacional de Segurança dos EUA concluiu que o país havia perdido U$
7,2 bilhões em acidentes com danos materiais e U$ 7,1 bilhões em acidentes com danos pessoais
nos últimos dois anos, sendo que, em 1964, os danos materiais resultantes de acidentes no trânsito
e, em 1965, os danos materiais resultantes de acidentes nas empresas somavam juntos U$ 2,8
bilhões.
Em 1966 o engenheiro americano Frank Bird Jr., propõe o Loss Control ou Controle de Perdas,
que era uma visão mais abrangente da prevenção, que tinha como objetivo principal a redução
das perdas oriundas de danos materiais, sem no entanto se descuidar dos acidentes com danos
pessoais. Os quatro aspectos principais em que se baseava o desenvolvimento de programas de
controle de perdas eram: informação, investigação, análise e revisão do processo. Mais tarde, Bird,
já com fortes influências do trabalho apresentado por J.A.Fletcher e H.M.Douglas, nomeou a sua
teoria como Controle de Perdas e o procedimento gerencial como Administração do Controle de
Perdas.
Após os estudos anteriores, Frank Bird foi nomeado diretor de segurança de serviços de
engenharia da ICNA. Introduziu o conceito de “quase acidentes”, que demonstram que, se o
acidente quase ocorreu , também a perda ou dano quase ocorreu , e poderia ser tanto material
quanto pessoal.
Em 1970, os engenheiros canadenses John Fletcher e Hugh M. apresentaram um trabalho,
baseado nos estudos de Bird, onde aplicavam os princípios do Controle de Danos de forma
extensiva a todos os acidentes passíveis de ocorrência dentro de um sistema, ou seja, acidentes
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com máquinas, materiais, instalações, meio ambiente, etc. E acabam por acrescentar a palavra
total e propõe o Total Loss Control, Controle Total de Perdas. Os programas de Controle Total de
Perdas têm o objetivo de reduzir ou eliminar todos os acidentes que possam interferir ou
paralisar o processo produtivo, abordam todo e qualquer tipo de evento que interfira
negativamente no mesmo, prejudicando a utilização plena de pessoal, máquinas, materiais e
instalações.
Os estudos desenvolvidos, até então, tanto por Bird quanto por Fletcher, constituíam-se
apenas de práticas administrativas, sendo negligenciados os problemas que exigiam uma análise
técnica mais acurada.
Partindo desta observação, em 1972, Willie Hammer, engenheiro especialista em Segurança
de Sistemas, área intimamente relacionada à Engenharia de Confiabilidade, e com larga
experiência em projetos aeroespaciais dos EUA, ampliou os conceitos, com relação ao
estabelecimento de segurança de sistemas, defendendo a previsão de acontecimentos para
organizar a identificação e o manejo de riscos, ao invés da análise de eventos a posteriori. Desta
forma, Hammer alertou para a necessidade de se incluir um reforço complementar, do ponto de
vista da engenharia, nos programas de administração e controle de riscos desenvolvidos até então.
Segundo Hammer, as atividades administrativas eram muito importantes, mas existiam problemas
técnicos que teriam obrigatoriamente que ter soluções técnicas. Os estudos de Hammer ajudaram
a compreender melhor os chamados erros humanos, muitas vezes provocados por projetos
deficientes e que, por isso, deveriam ser debitados à organização e não ao executante. O enfoque
sistêmico apresentado por Hammer estabelece a responsabilidade, quando da elaboração de um
produto, para prevenir riscos inerentes aos bens e serviços que farão uso deste produto, evitando
o transpasse de possíveis danos aos usuários do mesmo.
A corrida espacial e a guerra fria criam na década de 70 a Engenharia de Segurança de
Sistemas. Esta engenharia desenvolveu várias técnicas de avaliação de riscos através de
metodologias oriundas da indústria militar e aeroespacial americanas. Willie Hammer foi o
responsável por trazer e adaptar estas metodologias para a área da indústria civil.
A Grã-Bretanha, através do BSI – British Standards Instituction, que é o organismo
normalizador que produz as normas naquele país, equivalente à nossa ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas, publica em 1979 a BS 5750, sobre sistemas de qualidade. Esta
norma deu origem à série ISO 9000, que foi editada oficialmente em 1987.
Em 1992 o BSI edita a norma BS 7750 revisada em 1994, que dá origem à série ISO 1400
sobre sistemas de gestão ambiental, editada oficialmente em 1996.
Em 1994, sai a primeira revisão da ISO 9000, já incorporando a visão de gestão.
Na área de Segurança e Saúde Ocupacional é publicada em 1995 a BS 8750, revisada em
1996 e publicada como BS 8800. Devido a questões econômicas e políticas a BS 8800 ainda não
se transformou em ISO 18000.
Porém em 1999, após um acordo entre várias instituições de diversos países ( National
Standards Authority of Ireland; South African Bureau of Standards; British Standards
Institution; Bureau Veritas Quality International; Det Norske Veritas; Lloyds Register Quality
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Assurance; National Quality Assurance; SFS Certification; SGS Yarsley International Services;
Asociación Española de Normalización y Certificación; International Safety Management
Organisation Ltd; Standards and Industry Resaerch Institute of Malasya; International
Certification Services) e a urgente demanda de clientes por uma norma reconhecida para
Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho são publicadas as diretrizes OHSAS–
Occupational Helth and Safety Assessment Series, OHSAS 18001-Especificações para
Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho e OHSAS 18002 –
Diretrizes para Implantação da OHSAS 18001.
A OHSAS 18001 é um padrão internacional que estabelece requisitos relacionados à Gestão
da Segurança e Saúde Ocupacional, por meio do qual é possível melhorar o conhecimento dos
riscos existentes na organização, atuando no seu controle em situações normais e anômalas. Este
padrão é aplicáveis aos mais diversos setores e atividades econômicas, orientando tais
organizações sobre como promover a melhoria contínua do desempenho de Segurança e Saúde
Ocupacional, com os benefícios para as organizações:
✓ Melhoria na cultura de segurança, na eficiência e, consequente redução de acidentes na
produção;
✓ Incremento no controle de perigos e redução de riscos;
✓ Demonstração do atendimento das exigências legais e aumento da reputação no gestão da
SSO;
✓ Redução de prêmios de seguros;
✓ Constituição de uma parte integral de sua estratégia de desenvolvimento sustentável;
✓ Demonstração do seu compromisso com a proteção do seu pessoal e dos ativos fixos;
✓ Promoção das comunicações internas e externas.
Em 2004, na área de Gestão de Risco foi publicada a primeira norma do mundo sobre Gestão
de Riscos: a AS/NZS 4360:2004. Ela fornece um modelo genérico do processo de Gestão de
Riscos, que pode ser utilizado por organizações de qualquer tipo, tamanho e setor de atividade.
A AS/NZS 4360:2004 (base da futura ISO 31000) dá ênfase à inserção da Gestão de Riscos
na filosofia, nas práticas e nos processos de negócio da organização, em vez de ser vista ou
praticada como uma atividade separada. Embora o conceito de risco seja frequentemente
interpretado em termos de perigo ou impacto negativo, a norma vê os riscos como a exposição às
conseqüências da incerteza ou como potenciais desvios do que foi planejado ou do que é
esperado.
É comum nos dias de hoje a divisão do trabalho dentro de uma organização. Porém é
necessária a completa integração entre os vários elementos. Esta integração, por sua vez, pode
ser realizada eficazmente ao se adotar uma abordagem sistêmica.
17
Visão sistêmica significa entender e interligar todos os processos empresariais (cadeia de
suprimento, produção, distribuição e planejamento) de forma que a tomada de decisão leve em
consideração a otimização de todo o sistema. A soma dos resultados de áreas isoladas (marketing,
finanças, produção...) não é o resultado do todo.
Sob o ponto de vista sistêmico, qualquer organização é um sistema composto de partes, cada
uma com metas próprias. Para alcançar as metas globais, deve-se visualizar todo o sistema e
procurar compreender e medir as inter-relações e integrá-las de modo que capacite a organização
a buscar suas metas eficientemente.
Um sistema pode ser considerado como um conjunto de elementos inter-relacionados que
interagem entre si e com outros sistemas, de modo a cumprir um certo objetivo que evolui no tempo
num determinado ambiente. Pode ser definido, literalmente, como um todo organizado ou
complexo, um agrupamento ou combinação de coisas ou partes que formam um todo complexo
ou unitário.
A empresa na concepção sistêmica (Figura 2) é tratada como um sistema de entradas e
saídas, que transforma e combina os fatores de produção, suas entradas, através de um processo
tecnológico de produção, dando origem a outros produtos ou serviços, que se constituem nas
saídas. As entradas são os insumos necessários à produção (materiais, informação, recursos
financeiros e humanos), o processamento são as operações necessárias à construção de um bem
ou serviço (manufatura, atendimento, logística...) e as saídas são os bens e serviços ofertados aos
mercados consumidores.
Figura 2 – Ambiente Sistêmico
A abordagem sistêmica teve sua origem na junção dos estudos de dois pesquisadores: O
americano, Norbert Wiener, em 1946 e o alemão Von Bertallanfy. Enquanto este, desenvolveu
estudo na forma de abordagem dos estudos de todas as ciências; aquele, desenvolveu o conceito
de feedback ou retroalimentação.
18
Teoricamente os sistemas podem ser considerados abertos ou fechados. Os fechados são
aqueles cuja seu desenvolvimento ao longo do tempo e do espaço compreende apenas variáveis
controláveis; enquanto os fechados sofrem influências de variáveis externas e incontroláveis.
Os sistemas de interesse à Segurança do Trabalho são os produtivos que são do tipo aberto,
pois são tantas as variáveis e tamanha a velocidade de modificação da realidade, que se considera
impossível ter um controle completo do sistema produtivo, o que leva a um interação entre o
sistema e meio-ambiente externo, onde recebe e causa influência.
Os elementos fundamentais de um sistema são: objetivo, entrada, processamento, saída,
controles e retroalimentação e as formas de interação entre elas, sendo uma conjunção de
Recursos Humanos (RH), Recursos Financeiros (RF) e Recursos Materiais (RM) que interagem
tendo objetivos específicos, amplos e diversificados, conforme Figura 3 abaixo.
19
ele deseja alcançar. Essas alternativas disponíveis constituem o centro de qualquer problema de
decisão.
Para que a melhor decisão seja tomada é preciso compreender o ambiente de trabalho, como
ele funciona, quais suas peculariedades, sua cultura organizacional, sua visão, suas restrições,
seus pontos fortes e fracos. Isso no âmbito global como a nível departamental.
A análise de sistemas auxilia o profissional que toma decisões a compreender melhor a
estrutura do problema, possibilitando definir a solução deste, com a escolha da melhor dentre
um conjunto de ações alternativas.
Ao abordar-se a análise de sistemas é importante ter-se a consciência que, além da
necessidade de conhecer-se a fundo o sistema e o meio atuante, criar alternativas viáveis requer
uma variedade de habilidades técnicas. Comumente nenhum único indivíduo possui todas as
habilidades requeridas. Assim sendo, o conceito de equipe interdisciplinar é benéfico à análise de
sistemas. Uma equipe interdisciplinar é um grupo de trabalho, composto de pessoas com
formações e habilidades variadas, cada uma delas trazendo seu próprio ponto de vista e
experiências para atuar sobre o problema, conseguindo frequentemente resultados
significativamente superiores àqueles que se poderia esperar de um único indivíduo.
De acordo com SELL (1995), "num sistema de trabalho, em seu estado ideal, os fatores
técnicos, organizacionais e humanos estão em harmonia. Por ocasião de um acidente ou quase-
acidente essa harmonia é perturbada, sendo assim, é de fundamental importância que no
planejamento e projeto de sistemas de trabalho, sejam eliminadas ou ao menos restringidas as
condições de risco, aumentando- se assim a segurança do trabalhador".
20
De forma enfática o risco está associado à probabilidade de perdas durante a realização de
uma atividade dentro do sistema, e todos os elementos de um sistema apresentam potencial de
riscos que podem resultar na destruição do próprio sistema.
É possível que um sistema seja constituído por vários subsistemas ou ainda, que faça parte
de um sistema mais amplo, participando ele próprio como subsistema de um sistema maior.
Os subsistemas empresariais são suas áreas/departamentos e/ou suas unidades de negócios
(marketing, financeiro, contabilidade, produção, RH, vendas, etc). Qualquer alteração em um de
seus subsistemas poderá provocar reações em outras áreas, bem como em toda a empresa.
Exemplo: A empresa decide alterar o sistema de distribuição de seus produtos, passando a ter
entregas menos frequentes no intuito de reduzir seus custos com fretes. Como consequência, esta
medida poderá acarretar maior formação de estoques, maiores custos com a manutenção destes,
como também alterações nas relações com seus clientes externos.
Dentro da concepção de sub-sistemas uma forma de mapear os processos é através do
planejamento e controle dos fluxos de: matérias; recursos financeiros; mão-de-obra; máquinas e
equipamentos; e informação.
21
Uma forma de representar esses fluxos é através de representação gráfica com o uso de
fluxogramas produtivos, que podem ser usados para representar sistemas produtivos ou fluxos
específicos. As Figuras 5 e 6 abaixo apresentam alguns fluxogramas.
22
Figura 6 – Processo da Atividade de Colheita
A identificação dos riscos potenciais e inerentes a cada atividade numa empresa é uma
questão fundamental, principalmente no início do gerenciamento de riscos. Existem diferentes
tipos de riscos com características diferenciadas em função do ambiente de atuação da empresa
e das suas próprias características operacionais. Novos riscos surgem com novos tipos de
estruturas corporativas e mudanças na tecnologia da informação (Vanca, 1998, p.21).
Os tradicionais estudiosos da Gerência de Riscos, entre eles De Cicco, os classificam em:
➢ riscos especulativos (ou dinâmicos)
➢ riscos puros (ou estáticos)- à propriedades, pessoas e materiais
A principal diferença entre essas duas categorias é que os riscos especulativos envolvem uma
possibilidade de ganho ou de perda; ao passo que os riscos puros envolvem somente possibilidade
de perda, não existindo nenhuma possibilidade de ganho ou de lucro.
O confronto entre os Riscos Especulativos e Puros e seus respectivos gerenciamentos
associados, no âmbito de cada empresa, pode ser evidenciado por meio da Figura 7.
Para uma Gestão Global ser eficiente, temos que considerar a conjunção dos dois
gerenciamentos: Empresarial e de Riscos, em que este último está a serviço do primeiro.
No entanto, como os Riscos Puros não geram ganhos, acaba sendo colocado em segundo
plano em relação aos Riscos Especulativos.
23
No tratamento dos riscos, perante a probabilidade de ocorrência e magnitude de cada perda
virtual deve-se verificar a suportabilidade da empresa e em função dos recursos disponíveis e
medidas serão aplicadas para se enfrentamento.
Na área de segurança os riscos são basicamente puros e são relativos aos perigos. As
técnicas de análise valem para ambos.
30
3.3.1 Riscos Puros
31
prestado).
Normalmente, considera-se que a Gerência de Riscos trata apenas das questões relativas à
prevenção e ao financiamento dos riscos puros. Entretanto, vale mencionar que muitas de suas
técnicas podem ser igualmente aplicadas aos riscos especulativos.
Os riscos especulativos são chamados de riscos de negócio podem ser divididos em três
tipos:
1. riscos administrativos - relacionados ao processo de tomada de decisões gerenciais. Uma
decisão errada poderá perdas consideráveis, uma decisão correta pode trazer lucros para a
empresa.
Neste tipo de risco é difícil prever antecipadamente e com precisão o resultado da decisão
adotada, entretanto, a incerteza quanto à exatidão do resultado nada mais é do que uma das
definições de risco. Podem ainda ser subdivididos em:
- riscos de mercado: são fatores que tornam incerta a venda de um determinado produto
ou serviço, a um preço suficiente que traga resultados satisfatórios em relação ao capital
investido;
- riscos financeiros: relativos às incertezas em relação às decisões tomadas sobre a
política econômica - financeira da organização;
- riscos de produção: tratam questões e incertezas quanto a materiais, equipamentos, mão-
de- obra e tecnologia utilizados na fabricação de um produto ou prestação de um serviço.
2. riscos políticos - referem-se a leis, decretos, portarias, resoluções, etc., emanados do
Governo Federal, Estadual ou Municipal que possam ameaçar os interesses e objetivos da
organização.
3. riscos de inovação - referem-se às incertezas decorrentes, normalmente, da introdução
(oferta) de novos produtos ou serviços no mercado, e da sua aceitação (demanda) pelos
consumidores. Os riscos de inovação estão também associados às inovações tecnológicas
no objetivo de otimizar o trabalho.
32
como por exemplo, o investimento em inovações tecnológicas. Obviamente, os demais riscos têm também
relevância e implicações diferenciadas.
33
Sánchez (1995), outro estudioso, recomenda a classificação dos riscos nas seguintes
categorias:
➢ Riscos às propriedades físicas – (construções, edifícios, terrenos, instalações) devido a:
incêndios, raios, terremotos, explosões, enchentes, etc.
➢ Riscos ao conteúdo – (matéria-prima, insumos, equipamentos, máquinas, produtos) devido
a: incêndios, raios, terremotos, explosões, enchentes, quebras e defeitos em máquinas e
equipamentos, explosão de caldeiras, etc.
➢ Riscos que emanam da lei – responsabilidade comercial, ou trabalhista.
➢ Riscos decorrentes – paralisação das operações, perda de profissionais-chaves no
processo produtivo.
➢ Riscos por atos criminosos – roubo, fraude, má fé.
➢ Riscos pessoais – funcionários, visitantes, vizinhos.
34
✓ Os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde,
jornada,
✓ Os instrumentos e materiais de trabalho,
✓ As atividades exercidas, o ambiente.
b) identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação da tabela 1,
apresentada a seguir.
c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia: medidas de proteção coletiva
✓ medidas de organização do trabalho
✓ medidas de proteção individual;
✓ medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro,
refeitório, área de lazer
d) identificar os indicadores de saúde:
✓ queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores
✓ expostos aos mesmos riscos.
✓ acidentes de trabalho ocorridos,
✓ doenças profissionais diagnosticadas,
✓ a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser
representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos.
35
GRUPO I: GRUPO II: GRUPO I: GRUPO IV: GRUPO V:
VERDE VERMELHO MARROM AMARELO AZUL
Após discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa de Riscos, completo ou setorial, deverá ser
afixado em cada local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os
trabalhadores
No caso das empresas da indústria da construção, o Mapa de Riscos do estabelecimento
deverá ser realizado por etapa de execução dos serviços, devendo ser revisto sempre que um fato
novo e superveniente, modificar a situação de riscos estabelecidas.
Devido a esta restrição de espaço, é dever das empresas que produzem produtos químicos
prover maiores informações sobre os riscos que o produto oferece.
No que se refere ao transporte de produtos perigosos, todas as embalagens devem possuir
identificação preventiva. Esta rotulagem deve ser feita em português.
A ABNT adota o FISPQ – Ficha de Informação de Produto Químico para padronizar
informações referentes à proteção, segurança, saúde e meio ambiente.
O FISPQ deve disponibilizar as seguintes informações:
- Identificação do produto e da companhia
- Composição e informação do conteúdo
- Identificação dos perigos
- Medidas de primeiros socorros
- Medidas de prevenção e combate a incêndios
- Medidas de controle no caso de derramamento ou vazamento
- Manuseio e armazenagem
- Controle da exposição e proteção individual
- Propriedades físico-químicas
- Estabilidade e reatividade
- Informações toxicológicas
- Informações sobre impactos ao meio ambiente
- Considerações sobre tratamento e disposição de resíduos
- Informações sobre o transporte
- Regulamentações específicas
- Outras informações
PARTE 2 - TECNICAS ANALISE RISCO – Introdução
Porque se torna necessário impor controles, relacionados com a segurança e saúde e o
meio ambiente, em produtos construídos ou fabricados pelo ser humano?
É óbvio que a humanidade beneficiou-se, e muito, pelo desenvolvimento da agricultura,
das áreas urbanas, das redes de transporte e de outros sistemas.
Contudo, começa-se a acreditar que esse desenvolvimento pode resultar em perdas para
as pessoas e suas organizações e alterar excessivamente o meio ambiente natural. Essa visão
tornou-se mais pronunciada a partir dos anos sessenta, e desde então tem provocado uma
revolução no comportamento humano.
Nos anos 60, a Indústria de maneira geral, e a Química especificamente, sofreram uma
expansão muito rápida, que resultou em grandes mudanças nos processos químicos
envolvidos.
Condições de operação como pressão e temperatura tornaram-se mais severas, e a
quantidade de energia armazenada em seus processos aumentou, passando a representar
um maior risco. Mesmo nas áreas de materiais de construção e controle de processos
surgiram problemas de difícil resolução.
Paralelamente as plantas químicas cresceram em grande tamanho. E como resultado
passaram a conter um maior número de equipamentos, existindo, também, um alto grau de
interligação com outras plantas através, por exemplo, da troca de subprodutos. A operação de
tais plantas é relativamente difícil, e a sua partida e parada é extremamente complexa e
onerosa.
Estes fatores deram como resultado um aumento do potencial de perdas - tanto humanas
quanto econômicas - e, como conseqüência, um maior número de acidentes, inclusive
ambientais. Estas perdas podem ocorrer de várias maneiras, sendo a mais freqüente, a perda
de confinamento que pode, conforme sua intensidade, tomar a forma de um: incêndio,
explosão, ou liberação tóxica, sendo tais perdas relacionadas com o chamado “acidente
maior”.
A principal consequência destas perdas foi que o público passou a se preocupar com os
aspectos de Segurança e Meio Ambiente nas instalações industriais, particularmente em
relação a incidentes que poderiam afetar as comunidades vizinhas.
Em função disso desenvolveram-se políticas e metodologias para estudos e revisões de
segurança que levam em consideração os seguintes aspectos:
1. Conceito de Segurança
A idéia ou conceito de sistemas de segurança teve início no final dos anos 40 com a
indústria de produção bélica. Entretanto, passa a ser definida como uma disciplina somente
no final dos anos 50 e começo dos anos 60, quando da sua utilização pelas indústrias: bélica,
de aviação e espacial.
Antes de 1940 os projetistas e engenheiros utilizavam essencialmente a técnica da
“tentativa e erro” para conseguirem um projeto seguro.
Esta técnica era relativamente boa numa época em que a complexidade de um sistema
era relativamente simples, comparada com o desenvolvimento atual. Por exemplo, na indústria
aeronáutica esse processo de sistema de segurança era conhecido como a técnica “voa -
conserta - voa”, em relação aos problemas de um projeto. Uma aeronave era projetada
baseada nas já existentes ou com tecnologia já conhecida, depois voava até que os problemas
começassem a aparecer ou no pior dos casos, até que caísse. Se a queda fosse causada por
problemas do projeto e não por falhas humanas, estes eram arrumados e a aeronave voaria
de novo. Obviamente este método de segurança funcionava bem quando as aeronaves
voavam a baixa altitude e devagar e eram construídas de madeira, arame e pano. Porém, com
o aumento das aeronaves e a maior complexidade do sistema de vôo e das capacidades das
aeronaves (velocidade e maneabilidade), também cresceu a probabilidade de resultados
desastrosos vindos de uma falha no sistema.
Fatos como estes, aceleraram o desenvolvimento da Engenharia de Segurança de
Sistemas da qual eventualmente cresceu o conceito de Sistema de Segurança.
O início do programa espacial na metade dos anos 50 também contribuiu com a
crescente necessidade de projetos mais seguros. Os foguetes e o desenvolvimento de
programas espaciais se tornaram uma força impulsionadora no desenvolvimento da
Engenharia de Segurança de Sistemas.
Aqueles sistemas em desenvolvimento no final dos anos 50 e início dos 60 precisavam
de novas metodologias e técnicas de controle de acidentes, assim como aqueles ligados a
armas e foguetes (por exemplo: componentes explosivos e pirotecnia, sistemas de propulsão
instáveis e máquinas extremamente sensíveis). O “Foguete Balístico Intercontinental” foi um
dos primeiros sistemas a ter um programa de segurança de sistema formal, disciplinado e
definido.
Em Julho de l969, o Departamento de Defesa Americano formalizou a necessidade de
um sistema de segurança publicando uma normativa intitulada “Necessidades de um
Programa de Sistema de Segurança”.
A NASA rapidamente reconheceu a necessidade de um sistema de segurança e desde
então tem mantido esta idéia como uma parte integral das atividades dos programas espaciais.
Os primeiros anos dos programas de lançamentos espaciais foram repletos de falhas
catastróficas e dramáticas.
Durante aqueles anos, era sabido e falado “os foguetes simplesmente não funcionam,
eles explodem”.
2. Análise de Riscos
Há muita confusão entre as expressões análise de risco e avaliação de risco; na
verdade, até mesmo os profissionais mais experientes as vêm utilizando indistintamente, há
alguns anos.
A análise de risco refere-se ao processo objetivo que produz informações sobre o risco
quanto ao seu resultado. A avaliação de risco é o processo pelo qual os resultados da análise
são confrontados com julgamentos, padrões e critérios adotados pela própria organização
para demonstrar se as medidas adotadas estão de acordo com suas metas e objetivos de
crescimento futuro.
Para efetuar uma análise de riscos é necessário realizar um estudo de todos os dados
e informações que norteiam os processos da organização, porém ao longo do tempo, esses
estudos devem ser periodicamente revisados e atualizados, propiciando o aperfeiçoamento
do programa de gestão de riscos, uma vez que os processos, materiais e equipamentos, ou
até mesmo os próprios funcionários e/ou a vizinhança ao redor da organização, têm suas
características alteradas.
A análise de riscos, dependendo dos dados ou informações obtidas em relação aos
processos organizacionais, pode ser conduzida com vários graus de refinamento,
classificando-a em ordem crescente de complexidade e custos para a empresa, a fim de se
obter uma indicação geral no nível de risco. A seguir são apresentados os tipos de análises
em uma ordem cronológica de importância.
Segundo Duarte (2005) para que a empresa possa adotar a implementação de uma
abordagem qualitativa para o gerenciamento de riscos é necessária uma autoavaliação focada
em três possibilidades.
A primeira possibilidade é concentrar-se em unidades (como mesa de operações,
auditoria, comercial, financeiro, etc.). Nesse caso, caberia ao responsável por cada uma das
unidades da empresa listar as principais atividades diárias de sua unidade, bem como todos
os riscos presentes em cada atividade, além de identificar a efetividade dos controles internos
existentes para fazer frente a cada risco detectado. Caso o controle interno seja julgado
insuficiente, o responsável pela unidade deve propor melhorias a serem implementadas e
aprovadas pela Gerencia que estiver subordinado e pela Auditoria Interna em curto prazo.
Assim teríamos uma visão completa dos riscos existentes em cada unidade da empresa.
A segunda possibilidade é concentrar-se nos produtos e serviços oferecidos aos
clientes. Nesse caso, cada produto ou serviço devem ter seu processo entendido em detalhes
dentro de uma metodologia desenvolvida e implementada pelo Gerente.
Em linhas gerais, a metodologia deverá seguir os princípios daquela apresentada às
unidades, identificando inicialmente as atividades de cada uma das cinco etapas relacionadas
a um produto ou serviço (ou seja, análise de viabilidade, criação, desenvolvimento,
implementação e manutenção), para determinar os riscos presentes nessas atividades e
utilizar os controles internos para mitigá-los e, no final, uma análise da efetividade dos
controles.
No caso em que tenham sido encontradas deficiências em alguma etapa do processo, o
responsável deve propor as melhorias necessárias. Nesta segunda possibilidade teríamos
uma visão completa dos riscos presentes em produtos ou serviços na empresa.
A terceira possibilidade é concentrar-se nos processos internos, ou seja, aqueles que
não resultam em contato direto com os clientes. Ao contrário das duas possibilidades
anteriores, nas quais é factível (e recomendado) desenvolver e implementar uma metodologia
geral, sobre os processos internos, cada caso requer uma análise específica, com seu fluxo o
mais detalhado possível, de forma a facilitar a identificação dos riscos presentes, os controles
praticados e as respectivas deficiências. Nesta terceira possibilidade teríamos uma visão
completa dos riscos presentes em processos internos.
“Os riscos podem ser avaliados consoante uma classificação genérica da potencialidade
das ameaças, como segue: Classe A (alta freqüência e probabilidade de baixa
potencialidade das ameaças); Classe B (média freqüência e probabilidade de média
potencialidade das ameaças); Classe C (baixa freqüência e probabilidade de alta
potencialidade das ameaças)” (GIL, 1999, p. 28).
A avaliação do risco oferece uma fase tangível para determinar se podemos, ou não,
tolerar e conviver com o risco. Caso contrário, devemos determinar quais os custos seriam
dispensados para lidar com ele, e priorizar ações e programas de redução do risco, de forma
que este não impacta no crescimento e desempenho dos negócios da organização.
As pessoas que melhor podem avaliar os riscos associados a cada atividade,
desenvolver planos para controlá-los, implementar mudanças necessárias e monitorar o
sistema são a equipe de gestão e os funcionários da organização. Sem dúvida, as autoridades
reguladoras, os analistas de riscos e os consultores externos podem auxiliar na realização
desta tarefa, entretanto, somente os gerentes e os funcionários conhecem realmente os
perigos e riscos do dia-a-dia relacionados à sua própria organização.
" A APR apresentou-se como uma técnica de uso quase obrigatório. É fácil de aprender, requer
pouco tempo para aplicação, e produz grande efeito sobre os riscos por ser realizada nas
fases iniciais de concepção do projeto." [ ]
Desta forma, quando da elaboração do projeto final, os principais riscos podem ser
eliminados, minimizados ou controlados antes da partida da unidade.
A Análise Preliminar de Riscos deverá ser sucedida por análises mais detalhadas ou
específicas, logo que forem possíveis. Deve ser lembrado que para sistemas bem conhecidos,
nos quais há bastante experiência acumulada em riscos, a APR pouco adiciona. Nesses
casos, a APR pode ser "colocada em by-pass", sendo imediatamente iniciadas as outras
técnicas. Ressalte-se, entretanto, a sua reconhecida utilidade, no seu domínio de aplicação.
Uma descrição sintética da técnica é dada no quadro abaixo:
Quadro 1- Item 3.5 - Técnicas de Análise
MEDIDAS
CAT.
RISCO CAUSA EFEITO PREVENTIVAS OU
RISCO
CORRETIVAS
Calor pode Prover advertência contra
derreter a cera vôo muito alto e perto do
de abelhas que sol. Manter rígida
Voar
une as penas. supervisão sobre
muito
Radiação Separação e aeronauta. Prover trela
alto em
térmica perda pode IV de linho entre os
presença
do sol causar má aeronautas para evitar
de forte
sustentação que o jovem, impetuoso,
radiação
aerodinâmica. voe alto. Restringir área
Aeronauta pode da superfície
morrer no mar. aerodinâmica.
Asas podem
absorver a
umidade,
aumentando de
peso e falhando.
O poder Advertir aeronauta para
Voar
propulsivo voar à meia altura, ou
muito
limitado pode onde o sol manterá as
perto da
Umidade não ser IV asas secas, ou onde a
superfíci
adequado para taxa de acumulação de
e do
compensar o umidade é aceitável para
mar.
aumento de a duração da missão.
peso. Resultado:
perda da função
e afogamento
possível do
aeronauta.
Quadro 1 - Item 3.5.1.7
" A Análise Preliminar de Riscos foi aplicada a vários projetos. Mostrou-se uma técnica de fácil
aplicação, requerendo pouco treinamento. Atua sobre os riscos em uma fase tão remota do
projeto, que as recomendações geradas passam a ser encaradas como óbvias, não causando
impacto nos participantes. Observamos a grande utilidade da técnica ao aplicá-la a um sistema
de características estranhas a todos os participantes: a análise dos riscos de um quebra-vento
- barreira composta por diversos tipos de árvores de alturas diversas, cuja finalidade é reduzir
a ação dos ventos sobre a pilha de coque. A aplicação da técnica identificou vários riscos e
facilitou grandemente o diálogo que foi efetuado posteriormente com os especialistas da
Escola de Agricultura Luiz de Queiroz." [ ]
a) FMEA Número : preencha o número do documento da FMEA, o qual pode ser utilizado
para rastreabilidade.
b) Sistema, Subsistema, ou Número do Componente : Indique o nível de análise
apropriado e inclua o nome e número do componente, subsistema que está sendo analisado.
c) Responsável pelo Projeto : preencha com nome do fabricante de equipamento
original (OEM), departamento e grupo. Também inclua o nome do fornecedor se conhecido.
d) Preparado por : preencha com o nome, telefone e a empresa do engenheiro
responsável pelo FMEA.
e) Ano/Modelo : especifique o produto, onde se pretende usar e/ou que será afetado
pelo projeto que está sendo analisado (se conhecido).
f) Data Chave : data inicialmente prevista como prazo para conclusão da FMEA, a qual,
não deveria ultrapassar a data de conclusão.
g) Data FMEA : data que a FMEA inicial foi compilada e a data de sua última revisão.
h) Equipe : Liste os nomes e departamentos dos indivíduos responsáveis que tem a
autoridade para identificar as tarefas. (É recomendável que todos os nomes, departamentos,
telefones, endereços, etc. sejam incluídos em uma lista de distribuição).
i) Item/função : Preencha com o nome e número do item a ser analisado. Use a
nomenclatura incluindo o nível de projeto. Antes da liberação inicial, números experimentais
deveriam ser usados. Cite, tão concisamente quanto possível, a função do item para cumprir
o objetivo de seu projeto. Inclua informação considerando o ambiente no qual o sistema opera
(ex.: defina as amplitudes de temperatura, pressão, umidade). Se o item tem mais de uma
função com diferentes modos de falha potenciais, liste todas funções separadamente.
j) Modo de Falha Potencial: O Modo de Falha Potencial é definido como a maneira
pela qual um componente, subsistema ou sistema potencialmente falharia ao cumprir o
objetivo do projeto. O modo de falha potencial pode ser também a causa de uma falha
potencial em um sistema ou subsistema de um nível superior, ou ser o efeito de um
componente em um nível inferior. Liste cada modo de falha potencial para o item e sua
função. Assume-se que a falha pode ocorrer, mas não necessariamente vai ocorrer.
O ponto de partida recomendado é a análise crítica de problemas passados e a discussão em
equipe. Modos de falha que podem ocorrer apenas sob certas condições de uso (terreno
acidentado, quilometragem acima da média, uso urbano exclusivo, etc.) e de operação (calor,
frio, umidade, poeira, etc.) deveriam ser considerados. Modos de falhas potenciais poderiam
ser, mas não limitar-se a:
Trincado Engripado
Deformado Em curto-circuito
Solto Oxidado
Vazando Fraturado
Nota: Modos de Falhas Potenciais deveriam ser descritos em termos físicos ou técnicos
sobre a função, e não como o sintoma descrito pelo cliente.
Barulho Aspereza
Operação Defeituosa Inoperância
Aparência Degradada Odor desagradável
Instabilidade Operação prejudicada
Operação Intermitente
Índice de
Efeito Critério: Severidade de Efeito
Severidade
Índice de severidade muito alto quando o modo
Perigoso
de falha potencial afeta a segurança na operação
Sem aviso 10
do veículo e/o envolve não-conformidade com a
Prévio
legislação governamental sem aviso prévio.
Índice de severidade muito alto quando o modo
Perigoso
de falha potencial afeta a segurança na operação
Com aviso 9
do veículo e/ou envolve não conformidade com a
Prévio
legislação governamental com aviso prévio.
Muito Veículo/item inoperável, com perda das funções
8
Alto primárias.
Veículo/item operável, mas com nível de
Alto 7
desempenho reduzido. Cliente insatisfeito
Veículo/item operável, mas com item(s) de
Moderado Conforto/Conveniência inoperável(is). Cliente 6
sente desconforto.
Veículo/item operável, mas com item(s) de
Conforto/Conveniência operável(is) com nível de
Baixo 5
desempenho reduzido. O cliente sente alguma
insatisfação.
Itens: Forma e Acabamento/Chiado e Barulho
Muito
não-conforme. Defeito notado pela maioria dos 4
Baixo
clientes.
Itens: Forma e Acabamento/Chiado e Barulho
Menor não conforme. Defeito notado pela média dos 3
clientes.
Itens: Forma e Acabamento/Chiado e Barulho
Muito
não conforme. Defeito notado por clientes 2
Menor
acurados.
Nenhum Sem efeito 1
Quadro 1 - Item 3.5.2.2
m) Classificação: Esta coluna pode ser usada para classificar (ex.: crítica, chave, maior,
significativa) qualquer característica especial do produto para um componente, subsistema ou
sistema que possa requerer controles adicionais do processo. Qualquer item que necessite de
controles especiais do processo, deveria ser identificado no formulário de FMEA de projeto
com caráter ou símbolo apropriado na coluna de classificação e deveria ser identificado na
coluna de ações recomendadas.
Cada item identificado acima no FMEA de projeto deveria ter os controles especiais do
processo identificado no FMEA de processo.
n) Causa(s) e Mecanismo(s) Pontencial(is) da Falha: A causa potencial da Falha é
definida como uma indicação de uma deficiência do projeto, cuja conseqüência é o modo da
falha.
Liste, de forma mais completa possível, todos os mecanismos e/ou causas de falha
concebíveis para cada modo de falha. O mecanismo/causa deveria ser listado tão completa e
concisamente quanto possível para que medidas preventivas possam ser aplicadas às causas
pertinentes.
Escoamento Fluência
Fadiga Desgaste
Instabilidade do Material Corrosão
Um sistema consistente para o índice de ocorrência deveria ser usado para se garantir
a continuidade. As taxa de falhas possíveis referem-se a vida projetada do produto. São
estimadas na fase de projeto do componente, subsistema ou sistema. o índice de ocorrência
está relacionado à probabilidade de ocorrência e não a ocorrência real.
Se nenhuma ação for recomendada para uma causa específica, deve ser indicado
“Nenhuma” nesta coluna.
t) Responsável e Prazo: Preencha com a empresa/área e indivíduo responsável pela
ação recomendada com o respectivo prazo para execução.
u) Ações Tomadas: Após uma ação ter sido implementada, forneça uma breve
descrição da mesma e a data de sua efetivação.
v) NPR Resultante: Após a ação corretiva ter sido identificada, estime e registre os
índices resultantes de severidade, ocorrência e detecção. Calcule e registre o NPR resultante.
Se ações não forem tomadas, deixe o “NPR Resultante” e as correspondentes colunas dos
índices em branco.
Todos os NPR(s) resultantes deveriam ser analisados criticamente e se ações adicionais
forem consideradas necessárias, repita os itens s até v.
x) Acompanhamento: O engenheiro responsável pelo projeto deve assegurar que todas
as ações recomendadas foram executadas. A FMEA é um documento dinâmico que deveria
sempre refletir o último nível de alteração de engenharia, bem como as últimas ações
implementadas, incluindo aquelas realizadas após o início da produção.
O engenheiro responsável pelo projeto tem várias formas de assegurar que as
deficiências foram identificadas e as ações recomendadas foram implementadas. Eles
incluem, mas não são limitados a:
Embora o método de análise das árvores de falhas seja uma técnica razoavelmente recente, já
foi aplicada com sucesso em problemas bastante intrincados de segurança no campo aeroespacial.
Esse sucesso fez com que ganhasse aceitação não apenas dentro deste ramo da indústria, mas
também junto ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o qual tornou a análise uma exigência
em seus contratos para projetos de novos mísseis e aeronaves. Já em 1966, era usada em problemas
de segurança do produto (mísseis, aeronaves e automóveis), pelos engenheiros de projeto, na fase de
desenvolvimento do mesmo.
A análise das árvores de falhas foi desenvolvida pelos laboratórios Bell Telephone em 1962, a
pedido da Força Aérea Americana, para uso no sistema de míssil balístico intercontinental
"Minuteman". O pessoal da Bell, velho conhecedor da lógica Booleana em aplicações nos
equipamentos de telecomunicações, adaptou tais princípios para criar o novo método. Engenheiros e
matemáticos da Boeing Co. empenharam-se a fundo no desenvolvimento adicional desses
procedimentos, e se tornaram os seus propositores mais destacados. A técnica foi então modificada
de maneira que a simulação em computadores de alta velocidade se tornou uma realidade.
O estudo dos Laboratórios Bell foi empreendido para a determinação das combinações de
eventos e circunstâncias que poderiam causar certas catástrofes específicas, uma delas era o
lançamento não autorizado do míssil. Os métodos de análise de confiabilidade em uso na época não
conduziam, por si sós, à determinação das possibilidades e probabilidades de ocorrência daqueles
eventos, devido ao complexo inter-relacionamento de recursos humanos, equipamentos, materiais e
ambiente.
A análise de árvores de falhas é um método excelente para o estudo dos fatores que
porventura poderiam causar um evento indesejável (falha, risco principal ou catástrofe),
encontrando sua melhor aplicação em situações complexas, devido a maneira sistemática na
qual os vários fatores podem ser apresentados. Trata-se, com efeito, de um modelo no qual
dados probabilísticos podem ser aplicados à seqüências lógicas.
" A Análise por Árvores de Falhas requereu maior tempo para aprendizagem, treinamento e
aplicação. Aplicamos esta técnica a um problema específico. O tempo necessário para sua
aplicação mostrou que o uso deve ser seletivo, restrito aos casos em que os perigos
envolvidos e as necessidades de investimentos para controlá-los justificam um estudo mais
profundo e os recursos alocados para realizá-lo. " [ ]
TIPO: Análise qualitativa detalhada, com potencial quantitativo quando analisada com dados
probabilísticos.
OBSERVAÇÕES:
2.5.8. Checklist
Os checklists são comumente usados para identificar os riscos associados a um
processo e para assegurar a concordância entre as atividades desenvolvidas e os
procedimentos operacionais padronizados. Através desta técnica, diversos aspectos do
sistema são analisados por comparação com uma lista de itens pré-estabelecidos, criada com
base em processos similares, na tentativa de descobrir e documentar as possíveis deficiências
do sistema. Normalmente, os checklists são utilizados para embasar ou fortalecer os
resultados obtidos por outras técnicas de Análise de Riscos. São comuns checklists de partes
de equipamentos ou processos operacionais de unidades industriais e de procedimentos de
segurança padronizados.
2.5.10.4. Conclusões
O nosso objetivo, ao propormos a aplicação da Técnica de Incidentes Críticos, e
melhorar a nossa capacidade de medida dentro de um Sistema, pois, como sabemos, uma
medida e um pré-requisito perfeito para o controle, seja este o da produção ou o de acidentes.
Como dissemos anteriormente, as tentativas atuais para controlar os acidentes e suas
conseqüências podem ser melhor descritas como “tentativa e erro”, principalmente porque as
medidas adequadas de eficiência desse controle não existem na pratica.
Novos instrumentos de medida, tais como a Técnica de Incidentes Críticos encerram
muitas promessas como métodos aperfeiçoados de medida de eficiência de Segurança. Alem
disso, permitem identificar e examinar os problemas de acidente “antes do fato”, ao invés de
“depois do fato”, em termos de suas conseqüências com danos a propriedade ou produção de
lesões.
Na avaliação de programas de Segurança do Trabalho, geralmente, as taxas de freqüência e
gravidade das lesões, e outras medidas de acidente tipo-perda atualmente utilizadas, não são
suficientemente sensíveis, estáveis ou representativas para servirem como critério de
eficiência de Segurança. O que e necessário são medidas de desempenho de Segurança que
não dependam do envolvimento da lesão.
Enquanto existir o potencial para a produção de perdas - e este potencial está sempre
presente - a nossa preocupação principal residira em condições ambientais e humanas que
não estejam corretas, não importando se elas evidenciam ou não qualquer correlação
estatística com envolvimento da lesão, dentro de qualquer período de tempo fixado.
Felizmente, a maioria dessas condições são modificáveis ou compensáveis.
Se as corrigirmos ou adaptarmos, inevitavelmente serão reduzidas as perdas por
acidentes em nosso Sistema.
Uma vez que existem evidencias crescentes de que os atos inseguros - indiferente à
ocorrência da lesão - são incompatíveis com o serviço ou a produção desejáveis, a medida de
desempenho de trabalho ineficiente ou impróprio, e os “quase-acidentes" possibilitarão que
aumentemos o nosso campo de ação prevencionista, através da coleta de informações mais
representativas do estado verdadeiro do Sistema.
A Técnica de Incidentes Crítico tem o potencial de fornecer esse conhecimento
necessário, permitindo-nos, assim, melhorar significativamente a nossa capacidade de
controle e identificação dos problemas de acidentes.
Outras técnicas de análise menos utilizadas, mas que possuem grande importância em
estudos de riscos, são apresentadas a seguir:
Tabela 1 - Item 3.5.15 - Natureza dos resultados de algumas técnicas de Análise de Riscos.
TÉCNICA ANÁLISE E RESULTADOS
Série de Riscos (SR) Qualitativa
Análise Preliminar de Riscos (APR) Qualitativa
What-if/Checklist (WIC) Qualitativa
Técnica de Incidentes Críticos (TIC) Qualitativa
Estudo de Operabilidade e Riscos Qualitativa
(HazOp)
Análise de Modos de falha e Efeitos Qualitativa e Quantitativa
(AMFE)
Análise de Árvore de Falhas (AAF) Qualitativa e Quantitativa
Análise de Árvore de Eventos (AAE) Qualitativa e Quantitativa
Tabela 1 - item 3.5.15
1. Análise Histórica
Como já visto Heinrich (1931) estabeleceu a proporção 1:29:300, porém não considerava
danos à propriedade. Com base nisto estabeleceu uma razão entre estes dois tipos de custos
(diretos e indiretos), traduzida pela conhecida imagem do “Iceberg”, K = Custo Indiretos / Custos
Diretos 4:1. Bird (1966) em seus estudos, considerando os danos às propriedades estabeleceu
1:100:500 e K = 6:1, variável de empresa para empresa. O ICNA (1969) chegou a razão de
1:10:30:600, já considerando os quase-acidentes.
Andreoni [1985], desenvolveu uma metodologia que analisa de uma forma integrada os custos dos
acidentes e dos danos materiais; Fisa [1991], desenvolveu uma metodologia de análise dos custos
não segurados, Pastore [1999], efetuou uma análise à dimensão económica dos acidentes e
doenças profissionais do Brasil, tendo obtido uma relação entre custos segurados e não
segurados de 1:5. Além de variáveis como, o tempo perdido, despesas com primeiros socorros,
destruição de equipamentos e materiais, interrupção da produção, formação de mão-de-obra,
substituição de trabalhadores, pagamento de horas-extras, recuperação dos trabalhadores,
salários pagos aos trabalhadores afastados, despesas administrativas, prestações em espécie e
custos de reparação, incluiu também os custos suportados pelas famílias. Os acidentes de
trabalho causam danos apreciáveis aos trabalhadores e às suas famílias reduzindo o seu
rendimento, afetando o emprego, originando gastos com a readaptação domiciliária. Mas, mais
importante ainda será seguramente a dor, o sofrimento e o estigma do sinistrado.
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insalubridade
– Desvios ou falta de clareza de funções
– Não isolamento do risco ocupacional
NOTA: A Quarta súmula vinculante do STF de 30 ABR 08, diz:"Salvo os casos previstos na
Constituição Federa, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de
vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial." Bem, isto
quer dizer no calcula do adicional de insalubridade o salário mínimo não pode ser usado como
base de cálculo.
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Simonds Rollin [1978], sugere uma metodologia para o cálculo dos custos dos
acidentes (Cinc), que além dos custos dos acidentes com lesões inclua também
aqueles que só ocasionam danos físicos.
Cinc = Cs + Cna , onde:
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1.10.4 Método de Pharm para o cálculo dos custos indiretos dos acidentes
Pharm [1988] propõe uma metodologia para o cálculo dos custos indiretos dos
acidentes de trabalho. Os custos diretos representam a taxa de quotização social,
suportada pela empresa, relacionada com os acidentes de trabalho.
Os custos diretos são fáceis de obter, se considerarmos as despesas da
segurança social e das mútuas.
Pharm [1998] propõe a seguinte listagem de custos indiretos:
Custos salariais – pagamento de salários e indenizações ao sinistrado,
pagamento de salários aos restantes trabalhadores que sejam perturbados com
o acidente (prestação de socorro à vítima, horas suplementares para
compensar os tempos perdidos);
Custos relativos à produção – paragens nos trabalhos pelo sinistrado e
pelos colegas, eventual diminuição do rendimento produtivo no regresso do
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1.10.5 Método de Manuel Bestratén Bellovi para o cálculo dos custos dos acidentes
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1.10.6 Método desenvolvido pelo Health & Safety executive (HSE) para o
cálculo dos custos dos acidentes
A Inspeção do Trabalho Britânica, HSE, desenvolveu uma metodologia para o
cálculo dos custos dos acidentes de trabalho, que permite efetuar uma triagem para
estudos mais apurados. A metodologia desenvolvida passa pela definição dos
custos médios não segurados de três tipos de acidentes:
Acidentes com ausência ao trabalho;
Acidentes com necessidade de prestação de primeiros socorros;
Só com danos materiais.
O custo total não segurado é obtido através do produto da freqüência pelo custo
médio de cada tipo de acidente. Quando os custos não segurados estimados se
mostrarem representativos, dever-se-á então efetuar um estudo mais aprofundado.
O método proposto pelo HSE, apresenta as seguinte variáveis:
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Bibliografia Consultada
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Atlas, 1985. 237 p. ISBN 85-224-0077-6.
25. Guidelines for hazard evaluation procedures. Battelle Columbus Division for
The Center for Chemical Process Safety of the American Institute of Chemical
Engineers. 1. ed. New York: AIChE, 1985. 162 p.
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31. JACKSON, Norman, CARTER, Pippa. The perception of risk. In: ANSELL, Jake,
WHARTON, Frank. Risk: analysis assessment and management. England:
John Wiley & Sons, Ltd., 1992. 220 p. ISBN 0-471-93464-X.
33. KLETZ, Trevor A. Eliminação dos riscos oriundos dos processos. Tradução
e adaptação de André Leite Alckmin. São Paulo: APCI, RODHIA S.A. 35 p.
35. LEPLAT, J., HOC, J-M. Tâche et activité dans l'analyse psychologique des
situations. Cahiers de Psychologie Cognitive, v. 3, n. 1, p. 35-48, 1983.
38. OMBREDANE, A., FAVERGE, J.M. L'analyse du travail. Paris: Puf, 1955.
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41. POYET, C. L'homme, agent de fiabilite dans les systemes automatises. In:
42. LEPLAT, Jaques, DE TERSSAC, Gilbert. Les facteurs humains de la fiabilite
43. dans les systemes complexes. Avec la colaboration de: J.M. Cellier,
MNeboit,A. Oudiz. Marseille: Octares, 1990. ISBN 2-906-769-03-7.
44. REUTER, Luiz Roberto. Uma visão moderna da segurança industrial. Proteção,
São Paulo, v. 01, n. 04, p. 71-73, abril, 1989.
51. SOTO, José Manoel Gama. O problema dos acidentes do trabalho e a política
prevencionista no Brasil. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo,
v. 6, n.21, p. 23-28, janeiro-março, 1978.
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54. WHARTON, Frank. Risk management: basic concepts and general principles. In:
ANSELL, Jake, WHARTON, Frank. Risk: analysis assessment and
management. England: John Wiley & Sons, Ltd., 1992. 220 p. ISBN 0-471-
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