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BIOSSEGURANÇA E PROCESSAMENTO DE ARTIGOS (SEGURANÇA DO

TRABALHO EM ENFERMAGEM)
 
EMENTA: Biossegurança; Higiene e Segurança do Trabalho em Saúde;
Processamentos de artigos odonto-médico-hospitalares; Central de materiais e
esterilização (CME); Gerenciamento dos resíduos de saúde; Comissão e
Serviço de Controle de Infecção nos serviços de Saúde.
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
1. Biossegurança;
2. Riscos e doenças ocupacionais em saúde, EPIs e EPCs;
3. Medidas profiláticas para a higiene e segurança do trabalhador em
saúde (NR5 e NR32);
4. Gerenciamento dos resíduos sólidos de saúde;
5. Exposição acidental com material biológico;
6. Comissão e serviços de controle de infecção nos serviços de saúde
7. Organização, estrutura e funcionamento da central de material e
esterilização; Classificação das áreas e artigos odonto-médico-
hospitalares;
8. Processamento e reprocessamento de artigos e controle da qualidade
nos diferentes serviços de saúde;
SEGURANÇA DO TRABALHO

A Saúde e a Segurança do e no Trabalho caracterizam-se pela adoção


de estratégias que levam os trabalhadores a desenvolverem atitudes
conscientes para o trabalho seguro durante a realização de suas atribuições.
Visa, ainda, implantar preceitos e valores de segurança, no esforço de integrá-
los à qualidade do trabalho e do meio ambiente, à produção e ao controle de
custos das empresas.
Ao se tratar da segurança e saúde do trabalho nas organizações,
devemos lembrar do setor responsável pelas atividades prevencionistas, o
SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho – que segundo a Norma Regulamentadora NR 4 do
Ministério do Trabalho, possui “a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho”. Os profissionais que formam
este serviço são os seguintes: Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico
do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Enfermagem do Trabalho,
Auxiliar de Enfermagem do Trabalho e o Técnico de Segurança do Trabalho
NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) - é
formada por representantes dos empregados que são eleitos por meio de voto
secreto (eleição) e por representantes indicados pela empresa. A CIPA tem
como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de
modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da
vida e a promoção da saúde do trabalhador.
A CIPA deve ser constituída em todas as empresas que se enquadrarem
no quadro I da NR 05. Deve-se observar para este enquadramento o número
de empregados no estabelecimento e a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas - CNAE da empresa.
Cabe à empresa, por meio da CIPA, de um representante ou pelo
SESMT, quando houver, dar início ao processo eleitoral e de formação de
CIPA. Conforme NR 05, após constituída e treinada toda a comissão, esta se
reunirá pelo menos uma vez por mês para discutir assuntos relativos à
segurança e saúde no trabalho. As reuniões devem acontecer no horário
normal de trabalho dos integrantes da comissão.
NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde - É
uma Norma Regulamentadora que estabelece as diretrizes básicas para a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores em serviços de saúde serviços de saúde: qualquer edificação
destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações
de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em
qualquer nível de complexidade (abrange todos os Trabalhadores da Saúde
inclusive os que estão no Ensino e Pesquisa, não só os de área hospitalar).
Ela recomenda para cada situação de risco a adoção de medidas preventivas e
a capacitação dos trabalhadores para o trabalho seguro.

OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

A Organização Internacional do Trabalho-OIT é um organismo tripartite,


ou seja, sua composição é formada por representantes de entidades de
trabalhadores, empregadores e governo, os três principais atores do mercado
de trabalho. A OIT é um centro mundial de informações, estatísticas, pesquisas
e estudos sobre trabalho. Os resultados de suas reuniões servem de referência
nacional e internacional.
A OIT é o organismo responsável pelo controle e emissão de normas
referentes ao trabalho no âmbito internacional, com o objetivo de regulamentar
as relações de trabalho por meio das convenções, recomendações e
resoluções, visando proteger as relações entre empregados e empregadores
no âmbito internacional.

Da organização

A OIT é dirigida por um Conselho de Administração responsável pela


elaboração e controle de execução de políticas e programas da organização
internacional do trabalho.
O Escritório Central da OIT, onde se concentra a maioria das atividades
de administração, de pesquisa, de produção de estudos e publicações, de
reuniões tripartites setoriais e de reuniões de comissões e comitês, fica em
Genebra, que é o órgão permanente da Organização.
Da conferência internacional ou assembleia geral

A OIT realiza anualmente (todo mês de junho) a Conferência


Internacional do Trabalho que funciona como uma Assembleia Geral.
Cada Estado-Membro tem direito a enviar quatro delegados à
Conferência, acompanhados por conselheiros técnicos: dois representantes do
governo, um dos trabalhadores e um dos empregadores, todos com direito a
voto independente.
Nestas conferências internacionais é que se originam as convenções,
recomendações e resoluções que tratam das relações do trabalho.
Dentre suas várias atribuições, a OIT tem uma atuação importante no
cenário internacional que vale ressaltar os seguintes aspectos:
 Atuação política: visando assegurar bases sólidas para a paz
mundial;
 Atuação econômica: visando garantir a concorrência mundial;
 Atuação humanitária: denunciar os abusos e irregularidades relativas
às condições de trabalho, sempre no intuito de diminuir as injustiças.

BIOSSEGURANÇA

A grande maioria dos profissionais da área de saúde, tendo destaque os


de enfermagem, estão submetidos a diversas situações de riscos como
biológicos, químicos e físicos nos ambientes de trabalho.
A biossegurança é definida como:
 Condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas
a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades
que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o meio
ambiente.
 Conjunto de medidas voltadas para prevenção, minimização ou
eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção,
ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que
podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio
ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
 Normas e mecanismos controladores do impacto de possíveis efeitos
negativos de novas espécies ou produtos originados por espécies
geneticamente modificadas.
 A manutenção de condições seguras nas atividades de pesquisa
biológica, de modo a impedir danos aos trabalhadores, a organismos
externos ao laboratório e ao ambiente.
Em resumo a Biossegurança é o conjunto de normas e procedimentos
considerados seguros e adequados à manutenção da saúde do trabalhador,
durante atividades de risco de aquisição de doenças profissionais.
A finalidade da biossegurança é a prevenção dos riscos gerados pelos
agentes químicos e físicos envolvidos em processos de saúde, onde o risco
biológico se faz presente ou não.
A importância da biossegurança é promover um ambiente
biologicamente seguro tanto para os pacientes quanto para si mesmo e para os
demais profissionais.
A biossegurança incorporou os princípios que permeiam o
desenvolvimento da engenharia genética e os organismos transgênicos. Em
relação à conceituação legal, a biossegurança se pauta em princípios
estabelecidos pela legislação para as práticas relacionadas aos organismos
geneticamente modificados e questões relativas a pesquisas científicas com
células-tronco embrionárias, cujas ações devem ser estabelecidas de acordo
com a Lei de Biossegurança(Lei n.11.105, de 24 de março de 2005),
regulamentada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio),
integrada por profissionais de diversos ministérios e indústrias biotecnológicas,
formando uma equipe interdisciplinar.

Equipamentos de proteção. (EPI E EPC)

Funcionam como barreira contra a transmissão de microrganismos


devendo ser utilizados de acordo com o tipo de atividade realizada e o risco de
exposição aos patógenos. Por exemplo, os trabalhadores da área de saúde
sob o risco de contaminação das mucosas, devido ao respingo de sangue,
devem se proteger utilizando simultaneamente vários dispositivos de proteção:
óculos protetores, luvas, avental e máscara. Existem duas modalidades de
equipamentos de proteção aos trabalhadores: (i) Aqueles que conferem
proteção coletiva (EPC) - neste caso protege o conjunto dos trabalhadores de
um setor de trabalho. Exemplos: exaustores, caixa de descarte de pérfuro-
cortante; (ii) Aqueles que conferem proteção individual (EPI) nesta situação a
proteção é específica para um determinado indivíduo. São considerados EPI:
luvas, máscaras, óculos de proteção, aventais, gorros, propés, botas e sapatos.
Luvas – As luvas devem ser utilizadas para prevenir a contaminação da
pele, das mãos e antebraços com material biológico, durante a prestação de
cuidados e na manipulação de instrumentos e superfícies. Deve ser usado um
par de luvas exclusivo por usuário, descartando-o após o uso. Os tipos mais
comuns são as luvas de látex, luvas de látex estéril, luvas de vinil, luvas de
borracha, luvas de raspa de couro, luva de malha de aço, etc.

Máscaras - EPI indicado para a proteção das vias respiratórias e


mucosa oral durante a realização de procedimentos com produtos químicos e
em que haja possibilidade de respingos ou aspiração de agentes patógenos
eventualmente presentes no sangue e outros fluidos corpóreos. A máscara
deve ser escolhida de modo a permitir proteção adequada. As máscaras
podem ser do tipo mascara TNT, mascara N95, máscara para inalação, etc.

Óculos – Devem ser usados em atividades que possam produzir


respingos e/ou aerossóis, projeção de estilhaços pela quebra de materiais, bem
como em procedimentos que utilizem fontes luminosas intensas e
eletromagnéticas, que envolvam risco químico, físico ou biológico. Os tipos de
óculos podem ser óculos nitro de segurança, etc.

Jaleco - Um protetor da roupa e da pele que deve ser utilizado


exclusivamente em ambiente laboral, para prevenir a contaminação por
exposição a agentes biológicos e químicos.

Avental É normalmente utilizado para lavagem de material


Gorro - Deve ser utilizado no ambiente laboral. Proporciona uma
barreira efetiva para o profissional e usuário. Protege contra respingos e
aerossóis. Confeccionado em TNT.

Calçados fechados - Devem ser utilizados para proteção dos pés


durante suas atividades. É obrigatória a utilização de calçados fechados tipo
tênis.

Pro pé - Habitualmente compostos por material permeável, usados com


sandálias e sapatos abertos não permitem proteção adequada e são proibidos
nos laboratórios e clínicas, sendo permitido seu uso apenas em ambientes
cirúrgicos e no Centro de Material Esterilizado (CME).
Recomendações internacionais

As condições de segurança da área laboratorial/hospitalar dependem de


vários fatores: físicos (características do local; características do material
utilizado; informação e formação do pessoal. A Organização Mundial de Saúde,
bem como o Ministério da Saúde publicam, periodicamente, manuais sobre
normas de segurança. Atualmente, dentro desta área, o assunto mais discutido
em função de sua importância é a Biossegurança, ou seja, as normas que
envolvem o pessoal da área médico – hospitalar.
Algumas destas normas são de extrema relevância e devem ser
plenamente definidas:
 Uniformes: obrigatoriamente protegido com avental de mangas
longas, fechado na frente e longo (abaixo dos joelhos).
 Cabelos: permanentemente presos na sua totalidade. Em áreas
de controle biológico, o uso do gorro é obrigatório (Laboratório de
Cultura, Biologia Molecular, Produção de Componentes Lábeis
Sangüíneos, Laboratório de Microbiologia, Isolamento Reverso,
Centro Cirúrgico, etc.).
 Sapatos: exclusivamente fechados . Não deve ser permitido o
uso de sandálias dentro de áreas hospitalar e laboratorial.
 Jóias e bijuterias: deve-se usar o mínimo possível. Não se deve
usar anéis que contenham reentrâncias, tais como incrustações
de pequenos brilhantes ou pedras, assim como não se deve usar
pulseiras e colares que possam tocar superfícies de trabalho e/ou
pacientes, vidrarias, etc.
 Maquiagem e perfume: a maquiagem é uma grande fonte de
partículas na área laboratorial e hospitalar, partículas estas que
significam perigo! As maquiagens liberam milhares destas
partículas, na maior parte aderentes, pois contêm glicerina, mica,
titânio, entre outras coisas. Entre as maquiagens, o excesso de
batom e rímel significam, sem dúvidas, um dos maiores
problemas, assim como laquê. Os perfumes devem ser evitados
em ambientes técnicos por inúmeros motivos: são poluentes
ambientais, muitos pacientes têm intolerância a odores, em
função de seu estado de saúde e outros em função dos
medicamentos que fazem (quimioterapia e radioterapia), e podem
impregnar ambientes fechados que contenham filtros em ar
condicionado, agravando o estado de saúde de muitos alérgicos.
 Unhas: devem ser curtas e bem cuidadas. Não podem
ultrapassar a “ponta dos dedos”. Preferencialmente sem conter
esmalte, principalmente nas áreas de isolamento reverso e
laboratórios de Cultura Celular. O esmalte libera partículas por
micro-fraturas.

O acesso ao laboratório é limitado ou restrito ao pessoal técnico. Não


permita a circulação de pacientes ou de quadros administrativos, que não
advertidos dos riscos biológicos, podem se contaminar. Os trabalhos da área
técnica devem estar corretamente uniformizados sobre a importância do uso
dos equipamentos de proteção individual - EPIs, no sentido de prevenir a
contaminação da pele e da indumentária.
 Roupas protetoras: avental exclusivamente de manga longa,
permanentemente fechado. Deve ser usado no interior do
laboratório, e deve permanecer no vestuário técnico, não devendo
ser usado em áreas públicas como: bares, lanchonetes, banco,
etc.
 Óculos: devem ser usados para todas as áreas as atividades de
risco, como manipulação de produtos biológicos potencialmente
contaminados, produtos químicos, além daquelas que portam
risco de radiação e/ ou iluminação (uso de óculos especiais em
presença de lâmpada U.V.).
 Máscaras: devem ser usadas sempre que manipuladas
substâncias químicas como alto teor de evaporação (além de
serem manipuladas em capelas de exaustão), e em áreas de alta
contaminação com produtos biológicos. As máscaras podem e
devem ser usadas também no sentido de não contaminarmos o
ambiente (isolamento reverso, centro cirúrgico, etc.).
 Luvas: obrigatórias na manipulação de qualquer material
biológico, e com determinados produtos químicos.
i. todo material biológico é por princípio contaminado.
ii. todo material químico é por princípio prejudicial à saúde.
iii. as superfícies de trabalho devem ser descontaminadas pelo
menos uma vez ao dia, e sempre após o respingo de
qualquer material, sobretudo material biológico. O laboratório
deve ser mantido limpo e livre de todo e qualquer material
não relacionado às atividades nele executadas.
iv. proibido manter pertences, bolsas, jornais, flores, casacos,
ventilador, rádio, TV, etc., na área técnica.
v. sempre após a manipulação de material biológico ou antes
de deixar o laboratório, os técnicos devem lavar as mãos.
vi. todos os procedimentos devem ser conduzidos com máximo
cuidado, visando evitar a formação de aerossóis.
vii. todo material biológico, sólido ou líquido, deve ser
descontaminado antes da lavagem ou do descarte. O
material deve ser descontaminado fora da área de atividades
do laboratório.
viii. Deverá ser colocado em um recipiente a prova de
vazamento e devidamente fechado antes do seu transporte.
PRECAUÇÕES PADRÕES

São parte das normas de biossegurança e consistem em atitudes que


devem ser tomadas por todo trabalhador de saúde frente a qualquer paciente,
com o objetivo de reduzir os riscos de transmissão de agentes infecciosos,
principalmente veiculados por sangue e fluidos corpóreos (líquor, líquido
pleural, peritoneal, pericárdico, sinovial, amniótico, secreções e excreções
respiratórias, do trato digestivo e geniturinário) ou presentes em lesões de pele,
mucosas, restos de tecidos ou de órgãos.
As precauções são baseadas na forma de transmissão, que pode ser:
aerossóis, gotículas e contato.
As precauções contra aerossóis são previstas para reduzir o risco de
exposição e infecção pela rota de transmissão aérea, por meio de
microgotículas aerodispersas, provenientes de gotículas desidratadas que
podem permanecer em suspensão no ar por longos períodos de tempo,
contendo o agente infeccioso viável. Por este motivo, é exigida a circulação do
ar e ventilação especial para prevenir esta forma de transmissão. Dentro desta
categoria incluem-se os agentes etiológicos da: tuberculose, varicela (catapora)
e do sarampo.
As precauções contra gotículas reduzem a disseminação de patógenos
que podem alcançar as membranas mucosas do nariz, boca ou conjuntiva de
um hospedeiro susceptível. As gotículas originam-se de um indivíduo fonte,
sobretudo durante a tosse, o espirro, a conversação, e em certos
procedimentos, tais como: a aspiração ou a broncoscopia. Uma vez que as
gotículas não permanecem em suspensão, não é necessário promover a
circulação do ar ou ter ventilação especial para prevenir a sua transmissão,
porém é necessária a utilização de máscara comum (tipo cirúrgica), que
impede a aquisição de gotículas que são expelidas no perímetro aproximado
de um metro do paciente.
As precauções de contato representam o modo mais importante e
frequente de proteção contra transmissão de infecções hospitalares/ ambientes
de serviços de saúdes. Agregam os modos de transmissão por contato: contato
direto e contato indireto. O contato direto: é o tipo de transmissão que envolve
o contato pele a pele e/ou a transferência física, proveniente de indivíduo
infectado um hospedeiro suscetível.
Esta transmissão pode ocorrer quando o profissional da saúde realiza a
mudança de decúbito, a higienização ou ao executar procedimentos que exijam
contato físico, como também, entre dois usuários, por exemplo, pelo contato
com as mãos. Contato indireto: envolve a transmissão de um hospedeiro
suscetível intermediado por objetos contaminados, usualmente inanimados,
tais como: instrumentos contaminados, agulhas, roupas ou mãos
contaminadas, ou ainda, luvas que não são trocadas entre os procedimentos.
São exemplos de doenças transmitidas por contato: as gastroenterites, o
impetigo, a pediculose, a escabiose, e a furunculose (no caso da furunculose
considerar quando secreções estiverem não contidas). Neste instrumento
técnico as rotas comuns de contaminação e a transmissão por vetores serão
discutidas brevemente, pois as mesmas não têm um papel significativo como
transmissão das infecções hospitalares.
Rotas comuns de contaminação se aplicam a microrganismos
transmitidos por itens contaminados tais como: alimentos, água, medicamentos
e equipamentos.
Transmissão por vetores: ocorrem quando vetores, tais como: mosquitos
moscas, ratos e vermes, tendo importante papel na transmissão de doenças
infecciosas.
Doenças com múltiplas rotas de transmissão podem exigir uma
combinação destas precauções baseadas na transmissão, onde cada tipo pode
ser usado em conjunto com as precauções padrão. As precauções padrão e as
precauções baseadas na transmissão envolvem a utilização de barreiras
representadas pelos EPI bem como, a utilização de outras medidas visando a
biossegurança do profissional de saúde e do usuário assistido (infecção
cruzada).

HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

Lavar as mãos frequentemente é, isoladamente, a ação mais importante


para a prevenção do risco de transmissão de microrganismos para clientes,
pacientes e profissionais de saúde.
O método adequado para lavagem das mãos depende do tipo de
procedimento a ser realizado. As mãos devem ser lavadas:
- Antes e após atividades que eventualmente possam contaminá-las;
- Ao início e término do turno de trabalho entre o atendimento a cada paciente;
- Antes de calçar luvas e após a remoção das mesmas;
- Quando as mãos forem contaminadas (manipulação de material biológico
e/ou químico) em caso de acidente.
Para anti-sepsia das mãos ou da área operatória antes de
procedimentos cirúrgicos, as preparações contendo digluconato de clorexidina
a 2% ou 4%, polivinilpirrolidona-iodo – PVP-I (solução aquosa, solução
alcoólica, solução degermante, todas a 10%, com 1% de iodo ativo), e álcool
isopropílico a 70% são indicadas para anti-sepsia das mãos e área operatória
com o objetivo de eliminar a microbiota transitória e reduzir a microbiota
residente por um período de tempo adequado para prevenir introdução de
microrganismos na ferida cirúrgica. Caso as luvas sejam rasgadas ou
puncionadas durante o procedimento, elas deverão ser removidas
imediatamente e as mãos rigorosamente lavadas, e novamente enluvadas,
antes de completar o procedimento. Após completar o atendimento, realize
todas as etapas de avaliação e tratamento de acidentes de trabalho com
material biológico.
Profissionais com lesões nas mãos ou dermatites devem abster-se, até o
desaparecimento das lesões, de cuidar de clientes e de manipular instrumentos
e aparelhos potencialmente contaminados. Contudo, em casos especiais estes
devem ser cobertos com curativos antes do calçamento das luvas. As
superfícies das bancadas de trabalho são limpas e descontaminadas com
hipoclorito a 2% ou álcool a 70%, antes e após os trabalhos e sempre após
algum respingo ou derramamento, sobretudo no caso de material biológico
potencialmente contaminado e substâncias químicas.
Procedimento de lavagem das mãos

Colocar-se junto a pia exclusiva para lavagem das mãos, obedecendo à


sequência:
LEMBRETES TÉCNICOS:

1. O uso de luvas não exclui a lavagem das mãos;


2. Mantenha as unhas tão curtas quanto possível e remova todos os adornos
antes da lavagem das mãos;
3. Utilize técnicas que tratem todas as partes da mão igualmente;
4. Realize o procedimento de lavagem de mãos a cada atividade;
5. Lave as mãos em uma pia distinta daquela usada para a lavagem do
instrumental.

RISCOS DE DOENÇAS OCUPACIONAIS EM SAÚDE

O conceito utilizado em todo o mundo para se referir à saúde é dado


pela a Organização Mundial da Saúde (OMS), define a Saúde como “um
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência
de afecções e enfermidades”. Por outro lado, doença/patologia presente pode
ser dita como a presença de um conjunto de sinais e sintomas que
relacionados ou associados a vírus, bactérias ou patologias alto imunes,
afetam o bom funcionamento da coleção dos sistemas do corpo, causando
sinais clínicos comuns como dor, edema e febre.
De acordo com o Ministério da Saúde, no seu Manual e Procedimentos
para os Serviços de Saúde de 2001, com relação ao campo da saúde do
trabalhador é dito que; a saúde do trabalhador está vinculada na Área da
Saúde Pública, possuindo ralações intimas com trabalho (exercido) e saúde.
Com isso o trabalhador é resguardado por Lei sobre a proteção de sua saúde.
Descrição do Ministério da Saúde, sobre a proteção do trabalhador, “por
meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos
ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a
organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo
procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no
SUS”.
O Brasil é um dos principais países com os direitos trabalhistas abalado,
devido o grande número de trabalhadores informais, que exercem atividade
sem registro conhecido como trabalhadores autônomos ou os que realizam
“bicos” que não são amparados pela Lei, gerando um alto nível de acidentes de
trabalho, que não será contado pelo SUS.
Essas desregulamentações e precarização do trabalho levou as grandes
indústrias a tomar medidas de proteção e adoção de tecnologias que facilitam o
trabalho desses trabalhadores, as conhecidas como Normas Regulamentados,
para proteger os seus trabalhadores evitando e seu adoecimento e sofrimento,
por outro lado evitando a perda de lucro e produção da empresa contratante.
O surgimento dos agravos da saúde desses trabalhares se dá com o alto
índice desejável de produção das grandes indústrias, que por muitas vezes
sugam os trabalhadores além de suas capacidades, a exemplo disso a
realização de hora extra. Esses agravos, são também denominados de
Doenças Ocupacionais, adquiridas no meio de trabalho.
As patologias mais comuns a se relacionarem com o trabalho são as
Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também denominadas de Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT); o surgimento de novas
formas de adoecimento mal caracterizadas, como o estresse e a fadiga física e
mental; a asma brônquica, a dermatite de contato alérgica, a perda auditiva
conduzida pelo ruído (PAIR, ocupacional), doenças musculoesquelético e
alguns transtornos mentais; no meio hospitalar existe a exposição frequente de
vírus, bactérias, materiais hemotólogo e exposição a radioatividade.
De forma geral todos os trabalhadores estão sujeitos ao surgimento de
uma dessas patologias, as mesmas podem ser classificadas quanto ao fator de
risco para a saúde e segurança dos trabalhadores presentes ou relacionados
ao trabalho, podem ser classificados em cinco grandes grupos, que serão
mostrados a seguir:
O trabalho no meio hospitalar gera uma classificação especifica para
essa área, sem denominação especifica mais que pode ser classificada com a
presença de patologias ou agravos, as mais comuns são; infecção parasitária,
de sangue e órgãos hematopéticos, de pele e tecidos subcutâneos,
neoplasia/tumores (radiação), tuberculose dentre outras.
Um ponto importante que se deve ser levado em conta é o acidente de
trabalho no ambiente em que se exerce a função do mesmo, um exemplo a
perda de um membro (dedo), esse trabalhador tem seus direitos resguardados
pela Lei, quanto seu afastamento temporário para realização do tratamento
desejado, tanto a remuneração para o mesmo até o momento que esse
trabalhador volte as suas atividades habituais.
Medidas para o não acontecimento de acidentes estão sendo tomadas
nas últimas décadas como a instalação das Medidas de Sinalização, os avisos
de segurança a serem tomados/adotados pelos trabalhadores, a instalação de
avisos de alerta/riscos por meio das fábricas, realização de sociedade entre
indústria/fábricas e planos de saúde, com finalidade de promoção e proteção
da saúde do trabalhador.
Outra medida adotada foi à prática da Ginástica Laboral fundamentada
no conjunto de práticas de exercícios físicos e alongamento corporal leves,
realizado no ambiente de trabalho durante 10 a 15 minutos entre os intervalos
de horas trabalhadas entre 2:30 a 3:00. Que promove o descanso do
trabalhador e que o mesmo volte a sua função com mais disposição.

MEDIDAS PROFILÁTICAS

Profilaxia pode ser definida como sendo um conjunto de medidas que


visam prevenir, em nível populacional, uma doença. Tais como: lavagem de
mãos, higiene do corpo, higiene do local de trabalho, promoção de saúde,
vigilância epidemiológica, saneamento básico.
As medidas profiláticas são utilizadas com o intuito de impedir ou reduzir
o risco de transmissão de uma doença, protegendo a população da ocorrência
ou da evolução de um fenômeno desfavorável à saúde.
Algo que é profilático tem como objetivo evitar a introdução de doenças
numa população, controlar e/ou evitar o surgimento de novos casos de
doenças que já existem e reduzir os efeitos da doença, quando já não é
possível evitá-la.

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE

O Conselho Nacional do Meio Ambiente, conforme Resolução 358


(CONAMA, 2005), define Resíduo de Serviços de Saúde (RSS) como: “Aqueles
provenientes do atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços
de assistência domiciliar e de trabalho de campo; laboratórios analíticos de
produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem
atividades de embalsamamento; serviços de medicina legal; drogarias e
farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimento de ensino e pesquisa
na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos, importadores, distribuidores de materiais e controles para
diagnóstico invitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de
acupuntura e tatuagem”.
Os resíduos de serviços de saúde são aqueles gerados em hospitais,
clínicas, ambulatórios, UBS(s) e similares. Apresentam como principal
característica o potencial de estarem contaminados com agentes patogênicos.
A maioria dos trabalhos realizados em unidades de saúde (assistência
aos pacientes) gera resíduos com potencial de contaminação, quando seu
destino for inadequado ocorre o risco da contaminação do solo e dos lençóis
freáticos (lixões e aterros ilegais), prejudicando o meio ambiente. Os
profissionais envolvidos nos serviços de saúde estão expostos a maior risco do
que a população em geral, pois suas atividades rotineiras envolvem a
manipulação dos RSS. A consequência desta manipulação inadequada expõe
estes profissionais a riscos ocupacionais desde a equipe de limpeza, coletores
de lixos, a aqueles que trabalham em aterros sanitários não controlados.
O manejo dos resíduos infectantes gera um potencial de risco em dois
níveis: na saúde ocupacional e no meio ambiente, pois expõe a situações de
risco o gerador destes resíduos, os manipuladores e a saúde pública em geral.
A enfermagem, hoje, com seu campo de atividade ampliado, atende a
assistência individual, familiar e comunitária, que apresenta estreitas relações
com a saúde ambiental. Pode, dentre outras ações, identificar populações
submetidas a riscos ambientais, atuar na educação ambiental da comunidade,
contribuir no aperfeiçoamento do conhecimento científico do tema e
transformá-lo em políticas públicas.

Classificação detalhada dos resíduos de serviços de saúde

Grupo A - Resíduos com a possível presença de agentes biológicos


que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. Ex:
Secreções, bolsas de sangue, peças anatômicas.
Grupo B - Resíduos contendo substâncias químicas que podem
apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex:
Drogas quimioterápicas, medicamentos vencidos, produtos químicos,
reveladore e fixadores das máquinas de radiologia, lâmpadas, termômetros,
resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo
metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes
contaminados por estes; efluentes de processadores de imagem (reveladores e
fixadores); efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises
clínicas.
Grupo C – Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que
contenham radionuclideos em quantidades superiores aos limites de isenção
especificados nas normas do CNDN e para os quais a reutilização é imprópria
ou não prevista.
Grupo D - Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos
resíduos domiciliares. Ex: Papel de uso sanitário e fralda, absorventes
higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente,
material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e
outros similares não classificados como A1; sobras de alimentos e do preparo
de alimentos; resto alimentar de refeitório; resíduos provenientes das áreas
administrativas; resíduos de varrição, flores, podas e jardins; resíduos de gesso
provenientes de assistência à saúde.
Grupo E - Materiais perfurocortantes ou escarificantes. Ex: Lâminas de
barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas,
pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas;
lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no
laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros
similares.

Classificação dos resíduos e simbologia


Procedimentos recomendados para o acondicionamento

Grupo A - Os resíduos do Grupo A, ou de risco biológico são embalados


em sacos para autoclavação ou, se não necessitarem de tratamento prévio, em
sacos plásticos, de cor branca, apresentando o símbolo internacional de risco
biológico. Utilizar até 2/3 da capacidade máxima do saco, para poder oferecer
mais espaço para o fechamento adequado e, assim, maior segurança. Fechar
bem os sacos, de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo. É
proibido o esvaziamento dos sacos ou seu reaproveitamento. Uma vez
fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destinação
final do resíduo. Não se admite abertura ou rompimento de saco contendo
resíduo com risco biológico sem prévio tratamento. Todos os contentores
(lixeiras) para resíduos devem possuir tampas e serem lavados pelo menos
uma vez por semana ou sempre que houver vazamento do saco contendo
resíduos.
Grupo B - Substâncias perigosas (corrosivas, reativas, tóxicas,
explosivas e inflamáveis). Devem ser acondicionados com base nas
recomendações específicas do fabricante para acondiciona-los e descartá-los.
Elas se encontram nas etiquetas de cada produto.
Resíduos sólidos – devem ser acondicionados em recipientes de
material rígido, adequados para cada tipo de substância química, respeitadas
as suas características físico-químicas e seu estado físico, devendo ser
identificados de acordo com suas especificações.
Para coleta e armazenamento de resíduos químicos produzidos em
laboratórios é necessário dispor de recipientes de tipos e tamanhos
adequados. Os recipientes coletores devem ser de material estável e com
tampas que permitam boa vedação.
Alguns resíduos não precisam ser segregados e acondicionados, pois,
podem ser descartados sem oferecer perigo ao meio ambiente.

Grupo C- São Rejeitos radioativos materiais que contenham


radionuclídeos em quantidades especificados nas normas da Comissão
Nacional de Energia Nuclear. Exemplo: Resíduos de exames de medicina
nuclear, radioterapia, raios X. Acomodação: Devem ser acondicionados em
recipientes blindados para evitar vazamento radioativo

Grupo D - Resíduos com características semelhantes aos domiciliares –


devem ser acondicionados em sacos impermeáveis, de acordo com as
orientações dos serviços locais de limpeza urbana.
Para os resíduos do Grupo D, destinados à reciclagem ou reutilização,
foi adotada a seguinte identificação:
I - verde – resíduos recicláveis;
II - marrom – resíduos não recicláveis.

Grupo E - Para os resíduos cortantes ou perfurantes, o pré-


acondicionamento deve ser em recipiente rígido, estanque, resistente à
punctura, ruptura e vazamento, impermeável, com tampa, contendo a
simbologia da substância. Os materiais perfurocortantes (PC) devem ser
acondicionados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após
o uso.
É expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu
reaproveitamento. É proibido reencapar ou proceder a retirada manual das
agulhas descartáveis. Os recipientes que acondicionam os PC devem ser
descartados quando o preenchimento atingir 2/3 de sua capacidade ou o nível
de preenchimento ficar a 5 cm de distância da boca do recipiente, sendo
proibido o seu esvaziamento e reaproveitamento.
Quando o gerador de RSS produzir material perfurocortante dos grupos
A e B, poderá ser utilizado um único recipiente de acondicionamento na
unidade geradora, sendo que, para o descarte, deverá ser considerado o
resíduo de maior risco.
Os resíduos do grupo E, gerados pelos serviços de atenção domiciliar,
devem ser acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de atendimento
ou por pessoa treinada para a atividade, recolhidos pelo serviço de assistência
domiciliar, responsável pelo gerenciamento desses resíduos

Destino dos resíduos

A partir a geração dos resíduos, são segregados, acondicionados e


identificados em sacos plásticos dispostos em lixeiras.
A coleta interna é representada pela retirada dos resíduos das lixeiras,
momento em que os sacos contendo os resíduos são lacrados e encaminhados
até o abrigo temporário ou sala de resíduos; há que se destacar que
estabelecimentos de saúde que não são grandes geradores, como as unidades
básicas de saúde, não necessitam de armazenamento interno, devido a menor
quantidade de resíduos gerados. Em seguida, os resíduos serão transportados
até o abrigo externo. Os resíduos permanecem no armazenamento externo até
a coleta externa, que é realizada por caminhões que transportam os resíduos
para o tratamento e destinação final.
Coleta externa: consiste na remoção dos RSS do abrigo de resíduos
(armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, pela
utilização de técnicas que garantam a preservação das condições de
acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio
ambiente. Deve estar de acordo com as regulamentações dos órgãos de
limpeza urbana.

Imagem de abrigo externo de RSS

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

O gerenciamento se refere ao conjunto articulado de ações normativas,


operacionais, financeiras e de planejamento baseadas em critérios sanitários,
ambientais, sociais, políticos, técnicos, educacionais, culturais, estéticos e
econômicos para a geração, manejo, tratamento e disposição final do resíduo
sólido.
A gestão de resíduo deve contemplar todos os aspectos envolvidos,
desde a fonte geradora até a disposição segura, bem como a máxima
minimização e educação, buscando inclusive incorporar mudanças nos
indivíduos quanto à produção e consumo.
O gerenciamento interno ainda não é uma prática comum nos hospitais,
clínicas particulares, farmácias, entre outros, mesmo sendo esta uma
responsabilidade de cada estabelecimento gerador. Na maioria dos hospitais,
escolas de medicina e outros estabelecimentos não se observa definições
precisas, classificação e quantificação, resultando em um gerenciamento
inadequado. Alguns estabelecimentos têm organizada a coleta interna, porém
encontram dificuldade na disposição final e na coleta externa, realizada por
serviços de limpeza urbana de forma não diferenciada.
A partir a geração dos resíduos, são segregados, acondicionados e
identificados em sacos plásticos dispostos em lixeiras. A coleta interna é
representada pela retirada dos resíduos das lixeiras, momento em que os
sacos contendo os resíduos são lacrados e encaminhados até o abrigo
temporário ou sala de resíduos; há de se destacar que estabelecimentos de
saúde que não são grandes geradores, como as unidades básicas de saúde,
não necessitam de armazenamento interno, devido a menor quantidade de
resíduos gerados. Em seguida, os resíduos serão transportados até o abrigo
externo. Os resíduos permanecem no armazenamento externo até a coleta
externa, que é realizada por caminhões que transportam os resíduos para o
tratamento e destinação final.
O sistema de tratamento dos RSS é definido como: O conjunto de
unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas,
alteram as características físico-químicas ou biológicas dos resíduos e
conduzem à minimização do risco à saúde pública e à qualidade do meio
ambiente.
Sistema de Destinação Final de RSS e o “conjunto de instalações,
processos e procedimentos que visam destinação ambientalmente adequada
dos resíduos em consonância com as exigências dos órgãos competentes”.
Quanto ao tratamento de Resíduos de Serviços de Saúde, estudos
abordam novas tecnologias, sistemas de desinfecção dos resíduos e
apresentam propostas para a disposição final dos resíduos. A preocupação
com os resíduos de serviços de saúde extrapola os serviços de saúde, levando
a discussão sobre o meio ambiente, sugerindo mecanismos para o
gerenciamento adequado, minimizando a poluição do planeta.

Plano Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde –


PGRSS
Os órgãos que regulamentam o gerenciamento dos resíduos de serviços
de saúde, no Brasil são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA,
vinculada ao Ministério da Saúde, e o Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA, que é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
Para a elaboração do PGRSS é necessário conhecer os resíduos
gerados em um estabelecimento de saúde, através de uma metodologia de
caracterização que inclui a avaliação qualitativa (composição) e quantitativa
(quantidade e projetada) desses materiais, observando as seguintes etapas:
identificação dos resíduos segundo os grupos; segregação, coleta e
armazenamento na fonte de geração. O PGRSS deve contemplar critérios
técnicos em todas as suas fases e durante a disposição final de todos os
resíduos gerados pelo estabelecimento de saúde.
As vantagens do desenvolvimento e aplicação do PGRSS são: redução
de riscos ambientais, redução do número de acidentes de trabalho, redução
dos custos de manejo de resíduos, incremento da reciclagem e redução do
número de infecções hospitalares relacionadas ao manejo inadequado dos
resíduos. Os principais passos de um PGRSS são definir os objetivos gerais do
plano, montar a equipe de trabalho e designar responsáveis para cada etapa
do plano, fazer diagnóstico da situação atual, elaborar de forma detalhada o
seu PGRSS, efetivar a implantação, controlar e avaliar.
Os resíduos gerados pelos serviços de saúde podem ser gerenciados,
dentro e fora do estabelecimento, por meio de um conjunto de ações definidas
no plano de gerenciamento: caracterizar os resíduos gerados; classificar os
resíduos segundo legislação vigente; implantar sistema de manejo interno e
acompanhar as fases do manejo externo.

EXPOSIÇÃO ACIDENTAL COM MATERIAL BIOLÓGICO

Acidente de trabalho é um fato corriqueiro na vida dos trabalhadores,


que pode gerar grandes agravos da sua saúde, sendo indiscutivelmente um
problema de saúde pública. Nas instituições de saúde, os atores
(trabalhadores) envolvidos estão expostos a diversos riscos ocupacionais:
físico, químico, biológico e ergonômico.
O risco ocupacional biológico provém da possibilidade de transmissão
de patógenos através de contato com sangue e outros fluidos potencialmente
contaminados; os locais com maior propensão da ocorrência desse fato são:
hospitais, laboratórios de análises clínicas, clínicas odontológicas, laboratórios
de pesquisa cientifica entre outros.
É sabido que existe uma classe de contaminações por vírus mais
conhecida, que gera uma preocupação devido a gravidade da classe viral,
como o vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV), vírus da imunodeficiência
adquirida humana (HIV).
A ocorrência de uma dessas contaminações pode se dá pelo contato
direto com o material biológico sangue, seringa, alicate, agulha, bisturi; ou pela
transfusão sanguínea que atualmente essa forma é quase zero, devido a
realização de analises do material sanguíneo antes da realização da
transfusão. Caso ocorra contaminação esse trabalhador terá uma conduta a
seguir, para eliminar o agente agressor fazendo uso de medicação de
quimioprofilaxia, com finalidade de combate do agente agressor. Caso a
contaminação ocorra será realizado a notificação do caso aos órgãos de saúde
local.
Orientações devem ser expostas no local de trabalho em caso de risco
de contaminação e o modo correto de conduta a ser seguida. Se houver
contaminação é indicado que se higienize bem a érea com água e sabão ou
água e solução salina fisiológica. A realização dessa higienização não elimina o
agente agressor (vírus), entretanto é indicação do Ministério da Saúde. Nesses
casos é contraindicado a utilização de substâncias que possa agredir ou
aumentar a lesão/corte/perfuração da contaminação, como a utilização de
soluções irritantes tais éter, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido etanóico.
Após a contaminação existe uma conduta a ser seguida que é a
Indicação de Profilaxia Pós-Exposição (PPE), que garantirá a eficiência da
eliminação do vírus, sendo a busca de utilização de soros com objetivo de
combate ao agressor as primeiras duas horas do acidente, o agente de
combate do vírus são os medicamentos anti-retrovirais.
Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são
distribuídos em classes de risco assim definidas:
• Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui
os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou
animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp.
• Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a
comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem
ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de
disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas
terapêuticas e profi láticas efi cazes. Exemplo: Schistosoma mansoni.
• Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a
comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de
transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais,
potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de
tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na
comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa.
Exemplo: Bacillus anthracis.
• Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os
agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória
ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida
profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes.
Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade
de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui
principalmente os vírus. Exemplo: Vírus Ebola.
• Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e
de disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doença
animal não existentes no País e que, embora não sejam obrigatoriamente
patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas
econômicas e/ou na produção de alimentos.

Epidemiologia

Com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde 2006, que
descreve a Exposição a Matérias Biológicos, as exposições ocupacionais a
materiais biológicos potencialmente contaminados são um sério risco aos
profissionais em seus locais de trabalho. Estudos desenvolvidos nesta área
mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos
correspondem às exposições mais frequentemente relatadas.
Os ferimentos com agulhas e material perfurocortante, em geral, são
considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de
transmitir mais de 20 tipos de patógenos diferentes, sendo o vírus da
imunodeficiência humana (HIV), o da hepatite B e o da hepatite C, os agentes
infecciosos mais comumente envolvidos, nas contaminações dos trabalhadores
da área hospitalar.

Risco de Contaminação e Exposição Ocupacional

O risco de contaminação por material biológico é variável, depende da


junção de vários fatores de risco e o tipo do acidente, como a gravidade e o
tamanho da lesão causada pelo material agressor, presença ou não de sangue
e da sua quantidade, e as condições clínicas de como o agredido se encontra
com relação a sua saúde, e as medidas inicias tomadas de higienização do
local.
Evitar o acidente por exposição ocupacional é o principal caminho para
prevenir a transmissão dos vírus das hepatites B e C e do vírus HIV.
Entretanto, a imunização contra hepatite B e o atendimento adequado pós-
exposição são componentes fundamentais para um programa completo de
prevenção dessas infecções e elementos importantes para a segurança no
trabalho; outras medidas devem ser utilizadas para que acidentes não ocorram
a utilização adequada de EPI’s exigidos no local de trabalho, o fornecimento
dos mesmos pelos empregados, existência de alerta de riscos, a boa
manutenção de organização e higienização do local de trabalho.
Os riscos ao trabalhador não são apenas quanto sua integridade física,
também esta relacionado sua integridade mental, o envolvimento familiar e
social.

COMISSÃO E SERVIÇOS DE CONTROLE DE INFECÇÃO NOS SERVIÇOS


DE SAÚDE.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o fenômeno das


Infecções Relacionadas a Assistência a Saúde (IRAS) como um problema de
saúde pública e preconiza que as autoridades em âmbito nacional e regional
desenvolvam ações com vistas à redução do risco de aquisição.
A ANVISA institui a Comissão Nacional de Prevenção e Controle de
Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde (CNCIRAS) por meio da
Portaria 158, com a finalidade de assessorar a Diretoria Colegiada da ANVISA
na elaboração de diretrizes, normas e medidas para prevenção e controle de
Infecções Relacionadas a Assistência a Saúde (IRAS).
Para diminuir os riscos de ocorrência de infecção hospitalar, todo
hospital deve constituir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
(CCIH), que tem a responsabilidade por uma série de medidas como o
incentivo da correta higienização das mãos dos profissionais de saúde; o
controle do uso de antimicrobianos, a fiscalização da limpeza e desinfecção de
artigos e superfícies, etc.
A composição da CCIH deve respeitar as características do hospital.
Porém, deve ser constituída de no mínimo um representante dos seguintes
setores: corpo clínico, enfermagem e administração.
Essa comissão deve:
1. Desenvolver ações na busca ativa das infecções hospitalares;
2. Avaliar e orientar as técnicas relacionadas com procedimentos
invasivos;
3. Participar da equipe de padronização de medicamentos;
4. Prevenção e controle das infecções hospitalares;
5. Controle de limpeza da caixa de água;
6. Controle no uso de antibiótico;
7. Implantar e manter o sistema de vigilância epidemiológica da
infecções hospitalares;
8. Elaborar treinamentos periódicos das rotinas do CCIH;
9. Manter pasta atualizada das rotinas nas unidades;
10. Busca ativa aos pacientes com Infecção;
11. Fazer análise microbiológico da água.

Objetivos do controle da infecção hospitalar:


 Planejar, estudar, implementar, promover e divulgar ações de
prevenção e controle de infecções hospitalares;
 Elaborar e promover a qualidade dos serviços e da assistência
prestada ao paciente e a capacitação dos profissionais da instituição
em assuntos relativos ao controle de infecção hospitalar;
 Notificar casos de doenças sob vigilância e agravos inusitados à
saúde atendidos no hospital e auxiliar na implementação de medidas
de prevenção e controle das doenças de notificação compulsória de
acordo com as normas do Centro de Vigilância Epidemiológica da
Secretaria da Saúde do Estado em caso de ausência de serviço
específico para este fim;
 Promover o uso racional de antimicrobianos no hospital.

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA CENTRAL DE MATERIAL E


ESTERILIZAÇÃO

A Central de Material e Esterilização (CME) é responsável pela limpeza,


preparo, esterilização e armazenamento de produtos para saúde passíveis de
processamento. Tem por finalidade garantir ao usuário e a equipe de saúde, a
utilização de artigos estéreis em boas condições de preservação e
funcionalidade. O quadro de pessoal que atua na CME deve ser composto por
enfermeiro, auxiliar/técnico de enfermagem, auxiliar/técnico de saúde bucal e
receber apoio do auxiliar administrativo.
Os processos realizados na Central de Material e Esterilização (CME)
são:
 Recepção: conferência e registro do material;
 Limpeza: manual, automatizada, acessórios, insumos (qualidade água);
 Enxágue : acessórios e qualidade da água;
 Secagem: acessórios
 Preparo: avaliação da integridade e funcionalidade, embalagem,
selagem e rotulagem;
 Desinfecção: monitoramento dos parâmetros de efetividade do
desinfetante;
 Esterilização: autoclave á vácuo;
 Armazenamento : controle ambiental;
 Distribuição de produtos para saúde: equipamentos para transporte com
rodízio.
A Central de Material e Esterilização (CME) compreende as seguintes
áreas: expurgo, preparo de materiais, esterilização, armazenamento e
distribuição.
Expurgo - Área onde é feita a recepção, limpeza e desinfecção de todo
o material contaminado e sujo da Unidade de Saúde, logo após o seu
recebimento e nos horários preconizados na rotina do serviço de saúde. A
padronização de horários no recebimento do material é importante para
organizar a dinâmica do trabalho e favorecer o funcionário no desenvolvimento
das rotinas técnicas. É fundamental o uso de EPI durante todas as etapas do
preparo dos artigos para o processo de esterilização.
Preparo de materiais - Área onde é feita a revisão, seleção, preparo e
acondicionamento do material utilizado em toda Unidade de Saúde. As rotinas
devem ser realizadas utilizando EPI. Deve possuir amplitude suficiente para
abrigar a quantidade e a diversidade dos materiais da Unidade de Saúde. A
iluminação deve ser adequada para permitir a perfeita triagem, revisão e
seleção do material, combinando luz natural com luz artificial, evitando sombras
e reflexos.
A escolha da embalagem deve ser realizada de acordo com o tamanho,
forma e utilização do material, sempre levando em conta o padronizado pela
CCI-SMS. O conteúdo das embalagens é padronizado por tipo de
procedimento. É imprescindível fazer o levantamento do uso diário de material
pelas unidades de serviço, e elaborar o controle interno de material a ser
esterilizado. Serão encaminhados à área de esterilização os pacotes
necessários à reposição do estoque da área de distribuição, evitando-se o
acúmulo de materiais esterilizados nesta área.
Cada pacote a ser esterilizado deve ser identificado durante o preparo
(nome do funcionário, tipo de artigo, data do preparo).
Esterilização - Área onde estão localizados os equipamentos de
esterilização, principalmente autoclaves e estufas, as quais deverão ser em
número suficiente para atender a demanda dos materiais necessários à
Unidade de Saúde e em condições adequadas de limpeza interna e externa.
Deve ter espaço suficiente para instalação dos equipamentos e para a
colocação e retirada de carga de material. Devido ao risco de queimaduras
pelo contato com o equipamento e materiais quentes, recomenda-se o uso de
luvas anti-térmicas de cano longo para proteção de mãos e braços.
Armazenamento e Distribuição - Área que centraliza todo o material
processado e esterilizado, para posterior distribuição às unidades
consumidoras. Para o material conservar sua condição estéril, o ambiente deve
oferecer condições adequadas de armazenamento que evitem riscos de
recontaminação. Área restrita aos funcionários que aí trabalham, diminuindo a
circulação de pessoas e consequentemente a contaminação do ambiente.
Importante estabelecer rotina de entrega ou distribuição dos artigos
processados.
Os materiais estocados devem ser rigorosamente controlados quanto ao
prazo de validade.
O fluxo dos materiais na CME deve ser unidirecional e com barreira
física entre as áreas, para evitar transmissão de contaminantes.

Classificação das áreas e artigos odonto-médico-hospitalares

Considerando-se a variedade das atividades desenvolvidas em um


serviço de saúde, há necessidade de áreas específicas para o
desenvolvimento de atividades administrativas e operacionais. São exemplos
dessas atividades: receber o paciente e sua família no momento da internação;
acomodar o paciente; realizar exames de rotina e exames diagnósticos
invasivos e realizar procedimentos cirúrgicos simples ou de alta complexidade.
As áreas dos serviços de saúde são classificadas em relação ao risco de
transmissão de infecções com base nas atividades realizadas em cada local.
Essa classificação auxilia em algumas estratégias contra a transmissão de
infecções, além de facilitar a elaboração de procedimentos para limpeza e
desinfecção de superfícies em serviços de saúde.
O objetivo da classificação das áreas dos serviços de saúde é orientar
as complexidades, a minuciosidade e o detalhamento dos serviços a serem
executados nesses setores, de modo que o processo de limpeza e desinfecção
de superfícies esteja adequado ao risco. Portanto, a definição das áreas dos
serviços de saúde foi feita considerando o risco potencial para a transmissão
de infecções, sendo classificadas em áreas críticas, semicríticas e não--críticas
Áreas críticas: são os ambientes onde existe risco aumentado de
transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco, com ou
sem pacientes ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. São
exemplos desse tipo de área: Centro Cirúrgico (CC), Centro Obstétrico (CO),
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Unidade de Diálise, Laboratório de
Análises Clínicas, Banco de Sangue, Setor de Hemodinâmica, Unidade de
Transplante, Unidade de Queimados, Unidades de Isolamento, Berçário de Alto
Risco, Central de Material e Esterilização(CME), Lactário, Serviço de Nutrição e
Dietética (SND), Farmácia e Área suja da Lavanderia.
Áreas semicríticas: são todos os compartimentosocupados por
pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade de doenças não
infecciosas. São exemplos desse tipo de área: enfermarias e apartamentos,
ambulatórios, banheiros, posto de enfermagem, elevador e corredores.
Áreas não-críticas: são todos os demais compartimentos dos
estabelecimentos assistenciais de saúde não ocupados por pacientes e onde
não se realizam procedimentos de risco. São exemplos desse tipo de área:
vestiário, copa, áreas administrativas, almoxarifados, secretaria, sala de
costura.
Atualmente, essa classificação é questionada, pois o risco de infecção
ao paciente está relacionado aos procedimentos aos quais ele é submetido,
independentemente da área em que ele se encontra. Entretanto, essa
classificação pode nortear o líder, supervisor ou encarregado do Serviço de
Limpeza e Desinfecção de Superfícies em Serviços de Saúde na divisão de
atividades, dimensionamento de equipamentos, profissionais e materiais.

PROCESSAMENTO E REPROCESSAMENTO DE ARTIGOS E CONTROLE


DA QUALIDADE NOS DIFERENTES SERVIÇOS DE SAÚDE

Por processamento de artigos/produto para saúde entende-se um


conjunto de ações relacionadas à pré-limpeza, recepção, limpeza, secagem,
avaliação da integridade e da funcionalidade, preparo, desinfecção ou
esterilização, armazenamento e distribuição para as unidades consumidoras.
Etapas do processamento dos artigos
Limpeza prévia, pré-lavagem ou descontaminação - Esta etapa
objetiva reduzir a sujidade, a carga microbiana e as substâncias pirogênicas
presentes nos artigos. É utilizada para reduzir a exposição ocupacional à
material potencialmente contaminado. Facilita a remoção da sujidade, mas não
exclui a etapa de lavagem mecânica ou manual. Quando, nesta fase, não se
usa solução química antimicrobiana e somente produtos desincrostantes, é
considerada etapa de desincrustação e não de descontaminação.
Limpeza mecânica ou manual - A limpeza do material é fundamental
para qualquer processo de desinfecção e esterilização. Restos de material
biológico (sangue, secreções, tecidos) e não-biológico (esparadrapo, cimentos
etc.), impedem o contato direto do agente desinfetante e esterilizante
padronizado, impedindo sua ação sobre os microorganismos. Devem ser
utilizadas escovas com cerdas macias, não utilizando-se, jamais, materiais
abrasivos como palhas de aço e recursos do tipo saponáceo, que causarão
danos à superfície dos artigos.
Enxágüe, secagem e inspeção visual -
Para o enxágüe após a limpeza e/ou desinfecção, a água deve ser
potável e corrente. O enxágüe deve retirar todos os resíduos das soluções
(sabão líquido/desinfetante) utilizados. Após o enxágüe, os artigos devem ser
secos com pano limpo, compressa ou ar comprimido. Antes de qualquer
processo de esterilização o material deve estar rigorosamente limpo e seco. A
secagem objetiva evitar interferência da umidade nos processos de
esterilização. A presença de água dilui a concentração do agente alterando seu
poder esterilizante. A etapa de inspeção visual serve para verificar a eficácia do
processo de limpeza e as condições de integridade dos artigos. Todo material
deve ser rigorosamente inspecionado.
Materiais incompletos ou danificados não podem ser esterilizados pois,
não poderão ser utilizados. Se necessário deve-se proceder novamente a
limpeza ou a substituição do artigo.
Desinfecção - O processo de desinfecção se diferencia da esterilização
por não ser capaz de destruir todas as formas de microorganismos. Pode ser
de vários níveis, com diferentes tipos de desinfetantes, podendo ainda ser
afetado por fatores como limpeza prévia do artigo mal executada, tempo
inadequado de exposição ao germicida, concentração da solução germicida
alterada por diluição, exposição à luminosidade, evaporação.
Acondicionamento e Identificação - O acondicionamento do artigo é
feito na área de preparo de materiais da CME. A escolha da embalagem deve
ser realizada de acordo com o tamanho, forma, meio de esterilização e
utilização do material, levando-se em conta o padronizado pela instituição. Isto
possibilita economia de tempo e material, agiliza o trabalho do funcionário e
mantém o padrão de qualidade da CME. O conteúdo das embalagens é
determinado pelo tipo de procedimento. As embalagens dos artigos odonto-
médico-hospitalares devem ser permeáveis aos agentes esterilizantes e
permitir que os artigos esterilizados sejam transportados e armazenados com a
garantia da conservação de sua condição estéril, assim como favorecer a
abertura sem riscos de contaminação do seu conteúdo. Compete ao enfermeiro
da Unidade de Saúde fazer o levantamento do gasto diário de material pelas
unidades de serviço, e elaborar o controle interno de artigos a serem
esterilizados. Serão encaminhados à área de esterilização os pacotes
necessários à reposição do estoque da área de distribuição, evitando-se o
acúmulo de materiais esterilizados nesta área. Compete ao auxiliar de
enfermagem realizar o preparo do material de acordo com a rotina específica,
sob supervisão do enfermeiro do serviço. As rotinas devem ser realizadas
utilizando EPI.
Independente do processo a ser empregado, todo artigo deverá ser
considerado como “contaminado” ao dar entrada no expurgo da CME, sem
levar em consideração o grau de sujidade presente. Qualquer que seja o
processo empregado, o artigo deve passar por uma série de etapas até que
sua utilização seja segura. Como jamais saberemos o nível de contaminação
dos artigos ou se os microorganismos ali presentes são patogênicos ou não,
até que esses estejam devidamente embalados, é obrigatório o uso de EPI
específico.
Esterilização - É o método capaz de eliminar todas as formas de vida
microbiana, ou seja, bactérias na forma vegetativa e esporulada, fungos e
vírus, mediante aplicação de agentes físicos (estufa e autoclave), químicos e
gasoso (óxido de etileno). Utilizado para os artigos críticos sempre ou para os
artigos semi-críticos, idealmente. A limpeza dos artigos torna-se extremamente
importante para garantir a segurança do processo ao qual o artigo é submetido,
uma vez que o sucesso da desinfecção/esterilização depende da carga
microbiana presente inicialmente no artigo. Portanto, quanto menor a carga
microbiana, maior a segurança do processo. A eficácia da esterilização pode
ser afetada pela capacidade de penetração do agente esterilizante através da
embalagem, estrutura dos artigos e desempenho do equipamento. Além disto,
não basta garantir a eficácia do processo. São necessárias medidas que
evitem a recontaminação do artigo após o processamento, seja no
armazenamento e transporte ou mesmo durante o manuseio.
O período de tempo requerido para cada tipo de material ou processo
empregado deve ser rigorosamente respeitado, para permitir contato do agente
esterilizante com toda a superfície dos artigos, promovendo assim a
esterilização. A redução do tempo não promoverá a esterilização e o aumento
do tempo irá danificar os materiais.
O ciclo de esterilização através do vapor saturado sob pressão
(autoclave), método mais utilizado nas Unidades de Saúde da SMS-RP,
compreende as fases: retirada do ar da câmara, entrada do vapor,
esterilização, exaustão do vapor e secagem. Os equipamentos têm diferentes
formas de programação de ciclos, devendo-se seguir as orientações do
fabricante.
Para orientar o uso dos diferentes equipamentos e métodos utilizados
para esterilização de artigos, consulte o quadro abaixo.

Equipamentos e métodos de esterilização


Registro- Manter registro, em livro ata, das seguintes informações:
 Lote/horário: a referência para identificação do lote será o horário
de esterilização; registrar o horário de término do ciclo de
esterilização;
 Nome do técnico responsável pela esterilização do lote;
 Tempo de exposição: seguir o protocolo SMS-RP em relação a
temperatura e tempo;
 Conteúdo geral da carga: registrar os setores de origem da carga
(GO, sutura, curativo,sala de urgência, aerossol, odontologia etc.);
 Temperatura de exposição: registrar o tempo entre o momento
em que a autoclave ou estufa atingiu a temperatura recomendada
e o fim da fase de esterilização; essa exigência permite detectar
falha no funcionamento do equipamento e garante maior
segurança ao processo de esterilização;
 Indicador biológico: registrar data e horário da carga testada;
 Registrar quaisquer intercorrências ocorridas durante o ciclo e as
condutas tomadas.
Armazenamento - O local de armazenamento deve ser limpo e
organizado semanalmente, sendo verificado sinais de infiltração, presença de
insetos, retirando-se os pacotes danificados, com sinais de umidade, prazo de
validade da esterilização vencido etc. Esses artigos devem ser reprocessados.
Ao estocar os pacotes, deixar na frente os com data de validade de
esterilização mais próxima e os recém esterilizados mais ao fundo.
Na distribuição dos pacotes esterilizados, manipulá-los com mãos
limpas, com cuidado e o mínimo possível.
Alguns questionamentos são fundamentais:
O pacote foi manipulado mais que 5 vezes? Caiu no chão? Foi apalpado
para se adivinhar seu conteúdo? Foi aberto e fechado novamente? Foi
carregado debaixo do braço e no bolso? Foram colocados elásticos ou
barbantes que vincassem? Foi amassado por peso, ou guardados em gavetas
apertadas? Foi exposto à umidade?
Os eventos citados colocam em risco a esterilidade do artigo.

Qualificação do processo de esterilização


O processo de esterilização, qualquer que seja o método empregado, é
de importância fundamental para a qualidade da assistência oferecida. Embora
as técnicas empregadas sejam de fácil aprendizado e execução, a
responsabilidade da equipe técnica de saúde sobre o processo em todas as
suas fases é inequívoca. A liberação de um artigo para o uso deve estar aliada
à certeza da segurança para o usuário (pacientes e profissionais da área de
saúde).
A qualificação utiliza:
 Indicadores mecânicos: tratam-se dos manômetros,
manovacuômetros e termômetros instalados no painel do
equipamento;
 Indicadores químicos: indicadores da exposição do artigo ao
processo de esterilização.
 O Teste Bowie & Dick (folha impregnada com tinta termoquímica)
é utilizada para autoclave pré-vácuo; a fita termossensível (fita
zebrada) muda de cor quando exposta à temperatura elevada,
sendo utilizada em todos os pacotes com tamanho mínimo de 5
cm;
 Indicadores biológicos: únicos que asseguram a qualidade efetiva
da esterilização (Ex: Attest); realizado semanalmente.
Os equipamentos devem ser qualificados para cada novo ciclo e novo
tipo de carga a ser esterilizado.
Para esta qualificação devem ser seguidos os seguintes passos:
1. Escolher um pacote que contenha o tipo mais característico da
carga. Este pacote deverá ser, de preferência o de maior
dimensão que se pretende esterilizar. Colocar o pacote no centro
da câmara da autoclave.
2. Completar a carga da autoclave.
3. Os indicadores biológicos e químicos devem ser colocados nos
locais onde haja maior dificuldade de penetração do agente
esterilizante de acordo com a configuração do equipamento.
4. Dar início ao ciclo de esterilização.
5. Registrar os parâmetros dos indicadores mecânicos.
6. Ao final do ciclo, observar e registrar o resultado dos indicadores
químicos.
7. Colocar os indicadores biológicos na incubadora e após ler os
resultados, registrar.
8. Arquivar os resultados de todos os testes realizados.
Os resultados obtidos para todos os testes de qualificação da
esterilização devem ser remetidos mensalmente à CCI-SMS.
Manutenção dos equipamentos de esterilização
Limpar, semanalmente ou quando detectada sujidade visível, as
superfícies internas e externas do equipamento com esponja macia, água e
sabão líquido. Em seguida, remover o sabão líquido com pano umedecido e
secar com pano limpo.
A periodicidade da troca de água da autoclave e a limpeza das
tubulações internas devem ser realizadas por técnico especializado, de acordo
com preconização do fabricante. Para a manutenção preventiva, a indústria
deverá fornecer instruções por escrito. Deverá ser feita por pessoal qualificado.

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