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AULA 18 – RESUMO

SHELDA COLPANI – 10B

Começar um negócio no Brasil é algo desafiador, tendo em vista diversos


obstáculos e dificuldades enfrentadas diariamente, em especial os financeiros e fiscais,
em razão da obrigação de toda pessoa jurídica realizar o recolhimento de impostos ao
fisco. Nesse cenário é importante entender o que é falência e como ela é aplicada no
direito empresarial. São inúmeros negócios que alcançam dívidas impossíveis de serem
quitadas, resultado das dificuldades para gerir uma empresa e de superar uma crise
financeira. Assim, quando uma empresa está com o passivo maior do que o ativo, ou
seja, encontra-se com saldo negativo, existem duas saídas: 1) recuperação judicial ou
extrajudicial, buscando a manutenção da atividade ou 2) falência, quando não há meios
para o prosseguimento da empresa. A Lei nº 11.101/2005 “regula a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária”.

A falência está regulamentada na Lei nº 11.101/2005, podendo ser conceituada


como o procedimento jurídico que visa o encerramento das atividades empresariais da
pessoa jurídica devedora, de forma que os credores sejam devidamente pagos,
proporcionalmente ao crédito de cada um ou para que sejam reduzidos ao máximo os
prejuízos. A empresa devedora realiza por meio de um processo, representada por um
advogado, o pedido de declaração de falência, expondo os fatos que levaram à
impossibilidade de continuar com as atividades empresariais, apresentando documentos
comprobatórios. 

O foro competente para julgamento do pedido é o local do principal


estabelecimento do devedor ou a filial da empresa que tenha sede no exterior. Vale
destacar que não é somente o devedor que pode requerer sua falência, haja vista que a
lei permite que o pedido seja feito pelos próprios credores, desde que a dívida seja
superior a 40 salários mínimos, para o fim de obterem os respectivos créditos. Assim, o
juiz que receber o pedido irá analisar e, se estiver com os requisitos cumpridos,
decretará a falência. A decretação suspende o curso da prescrição e das ações judiciais
ou execuções em trâmite em face do devedor. Incluem-se as ações relativas a créditos
particulares de sócio solidário.
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Segundo o art. 75, da Lei de Falência, o referido procedimento judicial “ao


promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a
utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da
empresa”. A partir da decretação da falência, o administrador judicial nomeado
representará a massa falida nas ações em face da Massa Falida, devendo ser intimado
para tanto nas referidas demandas, sob pena de nulidade. 

Um dos efeitos da decretação da falência, além da suspensão das demandas em


trâmite, corresponde à antecipação do vencimento das dívidas do devedor e dos sócios
limitada e solidariamente responsáveis, com abatimento proporcional dos juros,
convertendo os créditos em moeda estrangeira para a nacional, pelo câmbio vigente na
data da decisão judicial (art. 77, Lei de Falência). É importante destacar que, quando os
sócios forem ilimitadamente responsáveis, ao decretar a falência da empresa, também
considera-se falido o sócio nesta hipótese. Na sequência, devem ser habilitados os
créditos dos credores para que seja estabelecida a ordem de classificação, conforme
prevê a lei, e se procedam aos devidos pagamentos com o patrimônio restante do
devedor. O processo se encerra quando o patrimônio se esgotar e os credores tiverem
seus créditos satisfeitos de acordo com a capacidade de pagamento da Massa
Falida. A falência se aplica ao empresário e à sociedade empresária que se enquadrem
como devedores.

Não se aplica a falência nas seguintes hipóteses (art. 2º, da Lei de Falência):

 Empresa pública e sociedade de economia mista;


 Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio,
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras
entidades legalmente equiparadas às anteriores. Por outro lado, existem algumas
exceções na lei que permite-se a decretação de falência, quando não configuram-
se empresário ou sociedade empresária, destaca-se:
 Sócio com responsabilidade ilimitada;
 O espólio do devedor quando o mesmo vem a óbito, devendo a falência ser
decretada, neste caso, em até um ano, contado da data da morte do devedor;
 Empresa de trabalho temporário, com base na Lei nº 6019/1974.
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O pedido de falência pode ser feito pelo próprio devedor ou pelos credores. 

O requerimento de falência, seja ele realizado pelo próprio devedor ou por um credor,
será encaminhado ao juiz do foro competente, o qual irá analisar os fatos e documentos
e será responsável por decretar ou não a falência. Quem pode pedir a falência é o
empresário ou sociedade empresária, salvo as exceções já mencionadas, quando
estiverem presentes alguma das hipóteses legais:

 Não houver o pagamento de dívida líquida, no prazo de vencimento, quando a


obrigação estiver formalizadas por título executivo protestado ou mero título, em
que a soma deve ultrapassar 40 salários mínimos na data do pedido de falência;
 Quando for parte executada em processo judicial, mas não paga a dívida, bem
como não nomeia bens à penhora no respectivo prazo legal;
 Se praticar quaisquer dos seguintes atos:

c1) liquidar os ativos precipitadamente ou realiza pagamentos de forma fraudulenta;

c2) realiza atos com o fim de fraudar credores, como negócio simulado ou alienação
parcial ou total do patrimônio ativo a terceiro, seja credor ou não;

c3) transfere bens a credor, sem o consentimento de outros credores, ficando sem bens
que possam satisfazer demais dívidas;

c4) simulação de transferência de estabelecimento para burlar a lei;

c5) oferece como garantia a credor de dívida anterior, ficando sem patrimônio suficiente
para saldar o passivo;

c6) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos financeiros para
pagar os credores e

c7) deixa de cumprir prazo legal para cumprir obrigação em processo de recuperação
judicial.

Vale ressaltar que, na hipótese do item “a”, os credores podem se reunir para
alcançar o montante de 40 salários mínimos, com a finalidade de ser decretada a
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falência do devedor. Também, existe a possibilidade do devedor pode pedir a


recuperação judicial no curso do processo de falência, permitindo-se a manutenção das
atividades empresariais.

Podem pedir a falência:

 Próprio devedor;
 Cônjuge sobrevivente ou qualquer herdeiro do devedor ou o próprio
inventariante;
 Acionista ou cotista do devedor nos termos da Lei ou por ato constitutivo;
 Qualquer credor.

O pedido de falência será formalizado quando não for possível a manutenção da


empresa devedora ativa, a fim de que as dívidas e pendências sejam resolvidas,
objetivando o pagamento aos credores de forma igualitária. É também possível que a
falência seja pleiteada por credores, além do próprio devedor ou, se falecido, cônjuge
sobrevivente ou herdeiro, além do sócio que responde limitada ou ilimitadamente. Por
meio de uma petição narrando os fatos que levaram à crise econômica do devedor, bem
como documentos que comprovem a realidade patrimonial, ou seja, com passivo maior
que o ativo, o juiz decretará a falência.

A decisão que decretar falência dá início ao processo falimentar, implicando em:

 Nomeação do administrador judicial, responsável por enviar relatórios,


discriminar os credores e classificação dos créditos, apresentar os respectivos
balanços patrimoniais, dentre outras funções
 Levantamento de bens e direitos da massa falida;
 Alienação dos bens para satisfação do passivo;
 Pagamento dos credores.

A data da falência deverá constar por escrito na decisão declaratória de falência da


empresa devedora, não retroagir mais de 90 dias contados da data do pedido de falência,
do pedido de recuperação judicial ou da data do primeiro protesto por falta de
pagamento. A falência é a última situação na qual o empresário e os sócios de uma
empresa desejam passar. 
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As consequência da falência são diversas, mas as principais são:

 O afastamento do devedor das atividades empresariais, que serão repassadas ao


administrador judicial nomeado;
 A empresa falida fica impossibilitada de exercer qualquer atividade empresarial;
 As ações e execuções em face do devedor ficam suspensas, assim como o prazo
de prescrição de ações em face do devedor.

Portanto, o ideal é que as medidas de prevenção, a fim de evitar a falência, sejam


priorizadas ao tempo de andamento de um negócio, evitando as consequências citadas.

No mais, A lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005 que cuida da regulação da


recuperação judicial, da extrajudicial e da falência do empresário e da sociedade
empresária, em seu artigo 94 reza que será decretada a falência do devedor que: i) sem
relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em
título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários-
mínimos na data do pedido de falência; ii) do executado por qualquer quantia líquida,
não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal e
daquele e iii) pela prática de qualquer dos atos de falência, exceto se fizer parte de plano
de recuperação judicial. Observa-se; portanto, ashipóteses permissoras do pedido de
falência:

 Insolvência jurídica em razão da impontualidade do pagamento (art. 94, I)

Trata-se de hipótese requerida pelo credor diante da impontualidade do pagamento,


isso porque o credor que possui qualquer título executivo cuja soma seja superior a 40
salários mínimos vigentes na data do pedido de falência pode proceder ao protesto
especial no Cartório de Protestos a fim de extrair certidão para o pedido judicial de
falência. Logo, nessa modalidade de pedido de falência, requer-se protesto cambial no
Cartório de Protestos, significa que o credor deverá solicitar expressamente ao Cartório
de Protestos para que seja intimado o devedor pessoalmente para que pague o título
(hipótese em que o protesto não será realizado, haja vista a quitação da obrigação) ou
justifique o porquê do não pagamento. Concluído o protesto sem o recebimento do
crédito, viabiliza-se a propositura de ação de pedido de falência.

Urge salientar, todavia, que a jurisprudência tem admitido o protesto cambial


comum, isto é: sem ter sido para fins falimentares, caso a pessoa tenha sido intimada
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pessoalmente, aproveitando-se do ato, quer seja para proceder à execução do título, quer
seja para pedir a falência. Poderá o devedor - em vez de efetuar o pagamento - ingressar
com uma medida judicial a fim de requerer tutela antecipada para que não se efetive o
protesto, justificando o porquê do não pagamento, como falsidade do título ou quitação.
Caso já tenha sido efetivamente protestado, poderá requerer, judicialmente, o
cancelamento por motivo justificado.

Execução frustrada (Art. 94, II)

Hipótese em que proposta ação de execução contra o devedor e este fincando inerte
após a regular citação, poderá o credor prosseguir na execução ou requerer a expedição
de certidão de objeto e pé a fim de requerer a falência do devedor. Nesse particular, a
certidão de objeto e pé serve de instrumento jurídico hábil para requer a falência.

Atos de falência (Art. 94, III)

Os atos de falência consistem em diversas condutas praticadas pelo devedor que


possam levar à fraude da lei ou à confusão patrimonial. Em tal hipótese, não existe a
possibilidade de depósito elisivo, de sorte que única defesa do empresário ou da
sociedade empresária reside na demonstração da inexistência de fraude. A decretação da
falência em tal modalidade depende de um processo de conhecimento, uma vez que se
faz necessária apresentação de prova cabal de uma prática violadora da lei,
independentemente se a pessoa está ou não deficitária quanto ao patrimônio. Essas são
breves distinções entre as três hipóteses ensejadoras do pedido de falência.

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