Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito da Insolvência
O processo de insolvência tem como objectivo a satisfação, pela forma mais eficiente possível, dos
direitos dos credores. De acordo com o artigo 1.º do Código de Insolvência e Recuperação de
Empresas (CIRE), trata-se de um processo de execução universal (uma vez que todo o património
do devedor insolvente responde pelas suas dívidas), que tem como finalidade a satisfação dos
credores. Essa satisfação alcança-se pela forma prevista num plano de insolvência, que se baseará
na recuperação do devedor ou na liquidação do seu património e repartição do seu produto pelos
credores.
Todo o processo de insolvência tem carácter urgente (artigo 9.º do CIRE). Assim, por exemplo, estes
processos continuam a correr em férias judiciais, ao contrário do que acontece com outro tipo de
processos.
Além disso, goza de precedência face ao trabalho ordinário do tribunal. Aliás, o seu carácter
urgente é notório ainda pelo facto de o juiz ter apenas três dias úteis para fazer a apreciação liminar do
pedido (artigo 27.º do CIRE) e, igualmente, três dias úteis para declarar a insolvência, quando a
apresentação seja feita pelo devedor (artigo 28.º do CIRE).
Qualquer pessoa, singular ou colectiva, pode ser declarada insolvente (artigo 2.º, n.º1, al. a).
Além destes, também outros sujeitos podem ser declarados insolventes: as heranças jacentes,
sociedades civis, estabelecimento individual de responsabilidade limitada, entre outras.
No entanto, as pessoas colectivas públicas e as entidades públicas empresariais não podem ser
declaradas insolventes, bem como as empresas de seguros, as instituições de crédito, as sociedades
financeiras, as empresas de investimento que prestem serviços que impliquem a detenção de fundos
ou de valores mobiliários de terceiros e de organismos de investimento colectivo, na medida em que a
sujeição a este processo seja incompatível com os regimes específicos previstos para tais entidades
(artigo 2.º, n.º2 do CIRE).
1/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Além disso, é equiparada à situação de insolvência a que seja meramente iminente. A situação de
insolvência meramente iminente (art.º 3.º/4) verifica-se quando haja uma convicção de que
praticamente se encontrem esgotadas as possibilidades daquele devedor vir a cumprir com as suas
obrigações.
Notar que este dever não se aplica aos devedores singulares não titulares de empresa (artigo 18.º, n.º
2 do CIRE).
Este dever de apresentação não existe nos casos de insolvência meramente iminente, uma vez que aí
não se está perante uma situação consumada e não se deve excluir a possibilidade de os dados se
virem a alterar.
Além disso, quanto aos devedores titulares de empresa, existe uma presunção absoluta de que
conhecia a situação de insolvência após três meses de incumprimento generalizado das suas
obrigações (artigo 18.º, n.º 3 do CIRE).
Para além do devedor, pode ainda requerer a declaração de insolvência o responsável pelas suas
dívidas, qualquer credor, independentemente da natureza do seu crédito, e o Ministério Público, em
representação das entidades cujos interesses lhe estão legalmente confiados (artigo 20.º, n.º 1 do
CIRE).
É culposa a situação que tiver sido criada ou agravada em virtude de uma actuação dolosa ou com
culpa grave o devedor ou dos seus administradores, nos três anos anteriores ao início do processo de
insolvência (artigo 186.º, n.º 1 do CIRE), sendo fortuita quando assim não tiver sido originada.
Ora, existe uma presunção inilidível (isto é, não afastável por prova em contrário), quando:
o devedor não seja pessoa singular e os seus administradores pratiquem certos actos (artigo
186.º, n.º 2), nomeadamente, quando tenham destruído, danificado, inutilizado, ocultado ou
feito desaparecer todo ou parte considerável do património do devedor;
2/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Presume-se, aqui já salvo prova em contrário, que houve culpa grave (art.º 186.º/3) se os
administradores do devedor não tenham requerido a declaração de insolvência, estando a tal
obrigados, ou quando não tenham elaborado as contas anuais, de submetê-las a fiscalização ou de as
depositar na conservatória do registo comercial.
O Administrador da insolvência é nomeado pelo juiz (artigo 52.º, n.º 1), podendo atender as indicações
dadas pelo devedor ou pela comissão de credores. Assim que seja notificado de que foi nomeado,
assume imediatamente as suas funções (artigo 54.º).
O Administrador da insolvência acaba por ser quem rege e dá o devido andamento ao processo de
insolvência, sendo uma figura central do mesmo.
Por destituição (56.º/CIRE), escusa, recusa ou falecimento (16.º /EAI), Renúncia (60.º/EAI) e
encerramento do processo.
O Administrador pode ser afastado quando ocorra alguma justa causa que o justifique, cabendo ao
juiz fazê-lo (artigo 56.º do CIRE).
3/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Existe justa causa quando a actuação, pela sua gravidade e consequências sobre a massa, revelam a
inaptidão ou incompetência para o exercício do cargo tornando inexigível que, razoavelmente, o juiz
mantenha o administrador em funções.
Nota: o juiz deve ouvir a comissão de credores, o devedor e o próprio administrador da insolvência. É
obrigatória a audição (nulidade processual – 201/CC) mas o parecer destas entidades não é
vinculativo.
Desta peça devem constar as razões que conduziram à situação de insolvência, oferecendo os meios
de prova necessários, além dos demais documentos, que a lei exige (24.º/CIRE).
Se o requerente não for o próprio devedor – 25.º/CIRE e 26.º/CIRE – (por exemplo, um credor), da
petição inicial deve constar a verificação de algum factor indicativo do artigo 20.º do CIRE, além de ter
que justificar a sua posição de credor ou responsável pelos créditos sobre a insolvência.
11. Depois de iniciar o processo de insolvência, devo continuar a pagar aos meus credores?
Não! Com o processo de insolvência, o devedor não deve fazer mais nenhum pagamento aos credores.
Todos os pagamentos são feitos no âmbito do processo de insolvência, com a intervenção do
administrador de insolvência (art.º 81.º/1/CIRE).
Nota: Com a sentença de declaração de insolvência, o devedor fica sem poder dispor dos bens que
integram a massa insolvente, sem o consentimento/aval do administrador de insolvência.
A sentença de insolvência irá decretar que sejam apreendidos todos os bens do devedor, devendo o
4/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
administrador de insolvência agir no sentido de esses bens lhe serem imediatamente entregues,
ficando então seu depositário (artigo 36.º, n.º 1, al. g) do CIRE).
Pode não ser assim, se o devedor tiver requerido que a administração lhe fique confiada (artigos 36.º,
n.º 1, al. e), 223.º e 224.º CIRE).
Ora, a massa insolvente será constituída por todo o património do devedor, na data em que for
declarada a sua insolvência (artigo 46.º, n.º 1) do CIRE).
Além desse património, também fazem parte da massa insolvente os bens e direitos de carácter
patrimonial e que possam ser convertidos em dinheiro, adquiridos na pendência do processo de
insolvência.
Por isso, podem fazer parte da massa insolvente direitos de propriedade, direitos de uso, reservas
de propriedade, entre outros. Notar que se o devedor insolvente for casado em regime de comunhão
de bens, a massa insolvente compreende, igualmente, a sua meação nos bens comuns.
Por outro lado, serão excluídos da massa insolvente os direitos do devedor que tenham natureza
não patrimonial, bem como os bens que sejam absolutamente impenhoráveis (artigo 46.º, n.º 2 do
CIRE).
(art.º 51.º/CIRE) São as dívidas relacionadas com os custos do próprio processo de insolvência.
5/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Isto porque a massa insolvente tem em vista o pagamento dos credores, depois de satisfeitas as
dívidas da massa – tendo estas prioridade em face dos credores.
Não será assim, se o devedor (pessoa singular) tiver requerido, antes da sentença, a exoneração do
passivo restante (artigo 39.º, n.º 8 do CIRE).
São credores da insolvência todos os titulares de créditos de natureza patrimonial que existam sob o
insolvente, ou que sejam garantidos por bens integrantes da massa insolvente, cujo fundamento seja
anterior à data dessa declaração. (art.º 47.º/CIRE)
É o princípio segundo o qual, na ausência de factos que determinem a aplicação de regras especiais,
os credores estão em pé de igualdade perante o devedor (604/CC).
Há, no entanto, desvios e exceções vir boa previstas na lei, que estatuem causas legítimas de
preferência virgula como por exemplo as garantias reais voluntárias e privilégios creditórios que
originam a vírgula alguns credores, o gozo do direito a serem pagos preferencialmente por força da lei.
São créditos sobre a insolvência que beneficiam de garantia real (créditos garantidos) e de privilégios
creditórios gerais (créditos privilegiados) sobre bens integrantes da massa insolvente, até ao
montante correspondente ao valor dos bens objecto de garantia ou dos privilégios gerais, tendo em
conta as eventuais onerações precedentes. (art.º 47.º/4-a)).
despesas de justiça, IMI, IMT, impostos de Sucessões e doações quando incide sobre bens
imóveis e créditos de trabalhadores.
IRC, IRS, IVA, contribuições e juros da SS
6/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
São créditos detidos por credores, pessoas singulares ou colectivas, especialmente relacionados com o
devedor e que são pagos depois de satisfeitos os demais créditos por assumirem uma natureza
subordinada. (47.º/4-b) + 48.º/CIRE)
Todos os outros, que não são nem garantidos, nem privilegiados nem subordinados.
21. Quem pode fazer reclamação de créditos e em que prazo? E verificação de créditos?
Devem reclamar créditos no processo de insolvência, no prazo indicado na sentença, até 30 dias
(artigo 36.º, n.º 1, al. j) e 128.º, n.º 1 do CIRE), todos os credores do insolvente, mesmo que sejam
autores ou exequentes em acções que corram contra o insolvente e exista ou não sentença transitada
em julgado nesses mesmos processos.
E porquê?
Porque, uma vez declarada a insolvência, todos os pagamentos feitos aos credores serão feitos no
âmbito deste processo e aquela obsta à instauração e ao prosseguimento de qualquer acção executiva
contra a massa insolvente. Além disso, se os credores tiveram ganho aquelas acções, não podem
exercer os seus direitos fora do processo.
Os créditos são reclamados por requerimento ao Admin.Insolvência com junção dos elementos que
provem a pretensão alegada (128.º/1)
22. Qual o prazo de que o devedor dispõe para apresentar a oposição à insolvência?
Quando o devedor não for o requerente, o juiz manda citá-lo pessoalmente, no prazo de três dias
úteis a contar da apresentação à insolvência (artigo 29.º, n.º 1 do CIRE), sendo advertido, nesse
momento, de que a não apresentação de oposição àquela, implicará a confissão dos factos alegados
e a sua declaração de insolvência.
Para obstar a que tal aconteça deve, portanto, deduzir oposição no prazo de 10 dias, oferecendo
todos os meios de prova de que disponha e apresentando testemunhas (artigo 30.º, n.º 1 e artigo 25.º,
7/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
n.º 2 do CIRE).
A não oposição do devedor implica que se considerem confessados os factos alegados na petição
inicial e, consequentemente, o reconhecimento da sua situação de insolvência, cabendo ao tribunal
apurar se se encontram preenchidos os requisitos que constam do 20.º/1/CIRE, para que seja
declarada a insolvência
No caso de se verificarem aquelas condições, a insolvência é declarada no primeiro dia útil seguinte ao
termo do prazo para deduzir oposição (30.º(5/CIRE).
Nota: a falta de oposição não tem efeito cominatório pleno. Cabe ao juiz apreciar os factos que
constituem a causa de pedir e se consideram confessados.
Ou seja, ainda que não conteste, o juiz tem o dever de, com base na prova feita pelo requerente, se se
verificam os factos do 20.º/1/CIRE.
25. Que efeitos tem a declaração de insolvência sobre as acções pendentes, nomeadamente as
acções executivas?
8/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
patrimonial e que tenham sido intentadas pelo devedor, podem ser apensadas (isto é, «juntas») ao
processo de insolvência, se o administrador de insolvência o tiver requerido, com fundamento na
conveniência processual (85/1).
São igualmente apensadas os processos de insolvência daqueles em haja sido declarada a insolvência
das pessoas que legalmente respondam pelas dívidas do insolvente, bem como do cônjuge com quem
o devedor seja casado em regime de bens que não o da separação (86/1). Se o devedor for uma
sociedade comercial, são apensadas os processo de insolvência de sociedades que ela domine ou que
com ela se encontre em relação de grupo.
É muitas vezes o não ser capaz de liquidar, em devido tempo, uma dívida, o que leva os devedores a
se vincularem a um novo crédito. Assim, é muito comum, contra o devedor insolvente ou em situação
de insolvência iminente já correrem acções executivas, com vista ao pagamento de dívidas que aquele
contraiu e não conseguiu liquidar.
Sucede que, com a declaração de insolvência, são suspensas todas as diligências executivas ou
providência requeridas pelos credores da insolvência que atinjam a massa insolvente (isto é, o
património do devedor), bem como obsta à instauração ou prosseguimento de qualquer acção
executiva proposta pelos credores da insolvência (88/1). Contudo, se existirem outros executados
além do insolvente, prosseguira a acção contra aqueles (parte final do 88/1.). Então, se o insolvente
tinha uma penhora sobre o seu vencimento, por exemplo, este será suspensa.
Ora, as acções suspensas extinguem-se, quanto ao executado insolvente, quando declarada a sua
insolvência e encerrado o processo, por rateio final ou insuficiência da massa (88/3). O administrador
deve, então, comunicar aos agentes de execução designados do encerramento dos processos.
Nos três meses que se seguem à declaração de insolvência, não podem ser propostas execuções com
vista ao pagamento de dívidas da massa insolvente (89/1/ CIRE).
Uma vez declarada a insolvência, vencem-se todas as obrigações do insolvente não subordinadas a
uma condição suspensiva (isto é, as obrigações que não se encontrem dependentes da verificação de
um evento para serem devidas). – 91.º/CIRE.
Depois de declarada a insolvência, o direito de exigir alimentos ao insolvente só pode ser exercido
contra a massa e, ainda assim, apenas quando as demais pessoas obrigadas a alimentos (2009.º/CC),
nomeadamente, o cônjuge, ascendentes e descendentes, não os puderem prestar (93.º / CIRE). Neste
caso, em que os alimentos são devidos pelo insolvente e é a massa que responde, deve o juiz fixar o
seu montante.
9/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
27. Se o devedor tiver negócios pendentes, qual o efeito nestes, da declaração de insolvência?
A regra é a de que os contratos bilaterais (que geram obrigações, interdependentes entre si, para
ambas as partes) sejam cumpridos. – 102/1
Contudo, quando estes contratos não tenham sido totalmente cumpridos, à data da declaração de
insolvência, nem pelo insolvente nem pela outra parte, o cumprimento fica suspenso até que o
administrador de insolvência emita uma declaração pela execução ou pela recusa do cumprimento
(102/2).
De qualquer modo, a outra parte pode fixar um prazo razoável para que o administrador de insolvência
exerça a sua opção, findo o qual se considera recusado o cumprimento (102/2).
Assim (102/3):
se o contrato não for cumprido , por opção do administrador de insolvência, nenhuma das
partes tem que restituir o que prestou;
a massa insolvente pode exigir o que tiver prestado na medida em que não tenha tido
contraprestação pela outra parte;
a outra parte pode exigir, como crédito sobre a insolvência, o valor da prestação do devedor,
na parte incumprida, com a dedução do valor da contraprestação ainda não realizada (pode
exigir se já tiver prestado a sua parte e ainda não tiver a contraprestação por essa parte; tudo o
resto, que ainda não foi prestado por qualquer das partes ou a que já foi prestada
contraprestação, é descontado),
Isto é,
A contraparte tem ainda direito a ser indemnizado pelos prejuízos que haja sofrido , até ao valor ao
valor da contraprestação que a massa insolvente possa exigir à contraparte, abatido o quantitativo que
a outra parte tenha direito, e constitui um crédito sobre a insolvência.
Se estiver em causa a compra e venda com reserva de propriedade, sendo o vendedor o insolvente,
a outra parte pode exigir-lhe o cumprimento se a coisa já lhe tiver sido entregue na data da declaração
de insolvência (104/1).
E o mesmo se diga, caso o insolvente seja o locador, face a contratos de locação financeira e a
contratos de locação onde tenha sido inserida uma cláusula de que a coisa se tornará propriedade do
locatário, depois da satisfeitas todas as rendas acordadas (104/2).
10/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
oponível à massa se tiver sido estipulada por escrito, até ao momento da entrega da coisa (104/4).
Nas situações em que o insolvente for o locatário, o contrato de locação não é suspenso pela
declaração de insolvência, mas o administrador pode denunciar esse contrato, a menos que o locado
se destine à habitação (casa arrendada) do insolvente. Mas se a coisa locada ainda não tiver sido
entregue ao locatário à data da declaração de insolvência deste, o locador ou administrador de
insolvência podem resolver o contrato (108/5).
28. Se, antes de se apresentar à insolvência, o devedor realizou negócios que diminuíram o seu
património, é possível agora fazer alguma coisa?
Muitas pessoas, vendo a sua situação económica a degradar-se, começam a dissipar o seu
património, por exemplo, ficcionando contratos de compra e venda de bens que tenha em seu nome,
de modo a evitar que venham a fazer parte da massa insolvente e responder pelas suas dívidas. A
pensar nessas situações, o legislador previu a possibilidade de resolução de actos em benefício da
massa insolvente (artigo 120.º e seguintes do CIRE).
Deste modo, podem ser resolvidos os actos prejudiciais à massa, praticados dentro dos dois anos
anteriores à data do início do processo de insolvência (120/1).
Todos aqueles que diminuam, frustrem, dificultem, ponham em perigo ou retardem a satisfação dos
credores (120/2).
11/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
do carácter prejudicial do acto e de que, naquela data, o devedor se encontrava numa situação
de insolvência iminente;
ou do início do processo de insolvência (120/5).
De qualquer forma, presume-se a má-fé do terceiro quando os actos praticados ou omitidos tenham
ocorrido nos dois anos anteriores ao início do processo de insolvência e em que tenham
participado, ou de que tenham aproveitado, pessoas especialmente relacionadas com o insolvente,
como pais ou filhos (120/4 com remissão ao 49/CIRE).
Há, portanto, alguns actos que são resolúveis independentemente de qualquer requisito.
os actos celebrados pelo devedor a título gratuito, nos 2 anos que antecederam o início do
processo de insolvência (incluindo o repúdio de herança ou legado);
a fiança, subfiança, aval, e mandatos de crédito que, naquele período, haja outorgado e que
não se tratem de operações ou negócios com real interesse para si;
actos onerosos realizados pelo insolvente no ano anterior ao início do processo de insolvência
em que ele haja assumido manifestamente mais obrigações do que contraparte.
Antes de pagar aos credores, o administrador de insolvência paga as dívidas da própria massa
(como as custas processuais e a remuneração do administrador de insolvência) e só depois procede
ao pagamento dos credores cujos créditos estejam verificados na sentença transitada em
julgado (172 e 173/CIRE).
primeiro, paga-se aos credores que tenham garantias reais (174/CIRE), como a hipoteca ou o
penhor;
depois, paga-se aos credores privilegiados (175/CIRE), como sejam os créditos do Estado ou
autarquias locais;
em terceiro lugar, pagam-se os credores comuns (176/CIRE), isto é, todos os credores que não
sejam privilegiados ou garantidos;
e, finalmente, paga-se aos credores subordinados (177/CIRE), definidos pelo 48/CIRE: créditos
detidos por pessoas especialmente relacionadas com o devedor, créditos cuja subordinação
haja sido convencionada, créditos sobre a insolvência que, em virtude da resolução em
benefício da massa, resultem para terceiro de má fé, entre outros.
12/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Todos os pagamentos são realizados sem necessidade de requerimento, por via de cheque sobre a
conta da insolvência (183/1).
O pagamento dos créditos sobre a insolvência, a liquidação da massa insolvente (isto é, a liquidação
do património do insolvente) e a sua repartição pelos credores e pelo devedor, e a responsabilidade do
devedor depois de terminado do processo, pode ser regulado por um plano de insolvência (192/1).
O plano de insolvência indicará as alterações que impliquem com as posições jurídicas dos credores,
além de indicar também a sua finalidade, as medidas necessárias para o executar, e os elementos
necessários para que os credores o aprovem e para que o juiz o homologue, nomeadamente, a
descrição da situação patrimonial, financeira e reditícia do devedor e a indicação acerca da forma como
os credores serão satisfeitos (195/2).
O plano é homologado por sentença, (217/CIRE) produzindo-se as alterações sobre os créditos que
o plano previr.
Se o processo de insolvência prosseguir após o devedor ser declarado insolvente, o juiz declara o
processo encerrado:
13/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
O encerramento do processo é notificado aos credores, devendo ser publicado e registado, com a
indicação da razão que conduziu ao encerramento.
Para além disso, após o encerramento do processo, os credores da insolvência deixam de ter
restrições quanto ao exercício dos seus direitos contra o devedor, com a excepção das que resultem de
eventual plano de insolvência ou plano de pagamentos.
Finalmente, os credores poderão reclamar junto do devedor os seus direitos que não hajam ficado
satisfeitos com o processo de insolvência (porque os credores cujos créditos não hajam sido
inteiramente satisfeitos podem ainda vir a reclamar esses direitos, algumas pessoas singulares
insolventes requerem a exoneração do passivo restante que não for liquidado com o processo).
14/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
As pessoas singulares que não sejam titulares de empresa, não têm o dever de se apresentar à
insolvência (18/2)
Depende.
De qualquer modo, se o processo for instaurado apenas contra um dos cônjuges, o outro cônjuge, com
a anuência do outro e independentemente do acordo do requerente, pode apresentar-se à insolvência
no âmbito do mesmo processo (264/2)
(23 e 24/CIRE)
15/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Neste caso, o devedor é depois citado pessoalmente, sendo alertado de que, se não se opuser, têm-se
por confessados os factos alegados, e de que deve ter os documentos acima enumerados disponíveis
para entregar ao administrador de insolvência.
É possível reagir ao pedido de declaração de insolvência por oposição (30/CIRE), no prazo de 10 dias
após a citação a dar-lhe conhecimento de que foi intentado um pedido de declaração de insolvência.
Uma vez proferida a sentença que declare a insolvência é possível reagir mediante oposição de
embargos (40/CIRE) no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado da sentença, ou por via de recurso
(42/CIRE).
o devedor, quando se encontre em situação de revelia absoluta por não ter sido pessoalmente
citado;
o cônjuge, os ascendentes, descendentes e afins em 1.º grau da linha recta da pessoa
insolvente, se tiver fundamento na fuga do devedor relacionada com a sua falta de liquidez;
o cônjuge, herdeiro, legatário ou representante do devedor, quando este faleça antes de o
deduzir oposição (no caso de devedor em revelia absoluta por falat de citação);
os credores;
os responsáveis legais pelas dívidas da insolvência.
Estes mesmos sujeitos, e mesmo o devedor que não se pudesse opor por embargos (por não estar em
revelia absoluta), cumulativa ou alternativamente, podem interpor recurso da sentença de
declaração de insolvência, se entenderem que aquela nunca deveria ter sido proferida (42/CIRE).
16/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Não há recurso da decisão do TR excepto se se tratar de acórdão em manifesta oposição com acórdão
de TR ou STJ.
Assim que seja declarado insolvente, o devedor ficará privado dos poderes de administração e
disposição dos seus bens que integrem a massa insolvente, (81/1) uma vez que esses poderes
passarão para as mãos do administrador de insolvência.
A partir desse momento, o administrador de insolvência representa o devedor para todos os efeitos de
cariz patrimonial que interessem à insolvência, com excepção da intervenção no próprio processo de
insolvência, seus incidentes e apensos (81/4 e 81/5).
E porque é assim?
Porque se procura impedir o devedor de praticar actos que diminuam o seu activo, ou que aumente o
seu passivo. Assim, defende-se o seu património, por forma a melhor poder garantir aos credores o seu
direito a serem ressarcidos pelos seus créditos. Então, com a declaração de insolvência, o devedor não
pode gerir os seus bens, até os credores serem pagos ou até que a massa insolvente deixe de existir.
39. Comprei uma casa, por recurso a empréstimo bancário. Depois de me apresentar à
Em princípio, não, uma vez que todos os bens do devedor serão apreendidos para a massa
insolvente. O mesmo se diga quanto ao carro que eventualmente possua.
40. E se viver numa casa arrendada, posso continuar a viver nessa casa?
Sim, o seu património será apreendido para a massa insolvente e administrado pelo administrador de
insolvência. Mas terá de viver em algum lado! Por isso, pode continuar a viver em casa arrendada ou
até arrendar uma outra casa, porventura mais barata.
17/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Sim. (249/CIRE)
As pessoas singulares não titulares de uma empresa nos três anos que antecederam o início do
processo de insolvência ou que, à data do início do processo, não tivessem dívidas laborais, até
20 credores e até € 300.000,00 de passivo global, podem apresentar um plano de pagamentos em
vez de um plano de insolvência, funcionando como uma proposta de recuperação do devedor
insolvente, no interesse dos seus credores.
Deste plano, deve constar uma proposta de satisfação dos credores, acautelando os seus interesses
(252/1).
Se os credores não recusarem o plano ou se a recusa for suprida, o plano é tido por aprovado (257/1),
podendo a aceitação ser tácita.
No caso de o plano de pagamentos ter sido aceite por credores que detenham 2/3 do valor total dos
créditos, o tribunal pode suprir a aprovação dos restantes. (258/1)
Notar, contudo, que se o devedor pretender beneficiar da exoneração do passivo restante no caso
de o plano de pagamentos não vier a ser aprovado, deve disto mesmo dar conta aquando da
apresentação do plano, sob pena de não o poder fazer posteriormente (254/CIRE).
18/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Este instituto visa a protecção dos devedores que sejam pessoas singulares, bem como, de algum
modo, responsabilizar as empresas que durante anos tenham concedido créditos fáceis, contribuindo
para o endividamento das famílias.
Assim concilia-se a necessidade de ajudar as pessoas singulares a terem um novo começo, com o
perdão das dívidas que não fiquem pagas, com o dever de ressarcir os credores pelos seus direitos.
O pedido de exoneração do passivo restante deve ser feito pelo devedor juntamente com a petição
inicial, ou nos dez dias que se sigam à citação, nos casos em que contra si foi instaurado o processo
de insolvência (236/1).
o devedor tiver, com dolo ou culpa grave, fornecido informações falsas ou incompletas sobre a
sua situação económica, para obter crédito ou subsídios de instituições públicas ou para evitar
pagamentos a essas instituições;
se já tiver beneficiado do instituto, nos 10 anos anteriores ao início do processo de insolvência;
se não se tiver apresentado à insolvência nos 3 ou 6 meses que se seguiram a verificação da
sua situação de insolvência, conforme estejam obrigados ou não a fazê-lo, sabendo não existir
perspectivas sérias de a sua situação vir a melhorar;
se constar do processo que o devedor contribuiu para a criação ou agravamento da situação
de insolvência,
se tiver praticado os crimes de insolvência dolosa (227/CP), insolvência negligente (228/CP)
ou favorecimento de credores (229/CP), nos 10 anos que antecederam o pedido de declaração
de insolvência ou depois desta data;
se o devedor violar, com dolo ou culpa grave, os seus deveres de informação, apresentação e
19/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Não sendo indeferido o pedido de exoneração do passivo restante, é proferido o chamado despacho
inicial (239/1), determinando este que, nos cinco anos que se seguem ao encerramento do
processo de insolvência, todo o rendimento disponível que o devedor venha a auferir deve ser
cedido ao fiduciário (239/2).
Este período de cinco anos designa-se o período de cessão, uma vez que o tribunal fixa o rendimento
mínimo que o devedor nunca entregará e que lhe permite ter uma vida digna, sendo tudo o resto cedido
ao fiduciário.
45. O que faz parte deste rendimento que deve ser entregue ao Fiduciário?
Do rendimento disponível fazem partes todos os rendimentos que advenham a qualquer título ao
devedor, excluindo-se os créditos futuros emergentes de contratos de trabalho ou de prestação de
serviços, cedidos a terceiros, pelo período em que a cessão se mantenha eficaz, bem como o que seja
razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno do devedor e do seu agregado familiar
(salvo decisão fundamentada em contrário, nunca mais de três vezes o salário mínimo), para o
exercício da actividade profissional do devedor e para outras despesas ressalvadas pelo juiz (239/3)
Portanto, todos os rendimentos do insolvente deverão ser entregues, durante os cincos anos do
período de cessão, para pagar as dívidas da insolvência, mas o juiz fixará um montante inatacável,
para que o devedor possa ter uma vida minimamente digna.
Isto significa que poderá nunca ter que entregar qualquer quantia, se os seus rendimentos nunca
ultrapassarem em mínimo correspondente ao fixado pelo juiz para enfrentar as despesas do dia-a-dia.
Por norma, não sendo indeferido o pedido de exoneração do passivo restante, e proferido o despacho
inicial, o até agora administrador de insolvência toma o papel de fiduciário.
É ao fiduciário que o devedor deve entregar todas as quantias referentes ao rendimento disponível ,
bem como prestar informações relevantes (alteração de domicílio ou da situação patrimonial, por
exemplo). Também é ao fiduciário que compete pagar aos credores, com as quantias cedidas pelo
devedor. ( 239 + 241/CIRE)
20/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Durante o período de cinco anos após o encerramento do processo, o devedor tem que cumprir com
algumas obrigações, sob pena de o juiz, no final, não lhe conceder a exoneração das dívidas não
pagas com o processo (239/4).
Então, o devedor não poderá esconder ou dissimular os rendimentos que aufira, seja a que título for,
além de ter que informar o tribunal e o fiduciário sobre os seus rendimentos e bens, quando isso lhe
seja solicitado.
Além disso, o devedor é obrigado a exercer uma profissão remunerada e a não abandonar
injustificadamente a que tenha, devendo, caso se encontre em situação de desemprego, esforçar-se
para encontrar um trabalho, não podendo recusar qualquer emprego para o qual tenha aptidão.
O devedor deve, ainda, entregar ao fiduciário todas as quantias que não tenham sido excluídas da
cessão, isto é, se o juiz fixou a quantia de € 600 euros como o mínimo para a sobrevivência digna do
devedor, mas este aufira a título de salário € 700, deverá entregar os € 100 remanescentes ao
fiduciário (valor com que este pagará as dívidas da insolvência e, posteriormente, aos credores).
O devedor deve manter o tribunal e o fiduciário informado sobre qualquer alteração de residência ou de
condições de trabalho (como por exemplo, se lhe foi reduzido o número de horas de trabalho, se sofreu
um aumento salarial, se foi despedido). Para o efeito, o devedor dispõe de 10 dias a contar da
alteração para proceder à informação.
Finalmente, muito importante, é o facto de o devedor não dever fazer quaisquer pagamentos aos
credores da insolvência nem criar quaisquer vantagens para algum deles! (242/CIRE)
Isto é, se algum credor, durante o período de cessão, lhe pedir o pagamento do seu crédito, não deverá
fazê-lo! Todos os pagamentos, durante estes cinco anos, são feitos pelo fiduciário, até aos limites das
forças do rendimento cedido.
O devedor deverá cumprir os seus deveres sob pena de o procedimento de exoneração do passivo
restante vir a recusar a exoneração antes de decorridos os cinco anos (243/1-a)).
Não!
Durante os cincos anos referentes ao período de cessão, não são permitidas quaisquer execuções
sobre os bens do devedor com vista à satisfação de créditos sobre a insolvência. (242/1)
Neste período, os credores são pagos exclusivamente pelo fiduciário, não devendo o devedor pagar
absolutamente nada fora do processo.
21/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Por isso, se algum credor o contactar para efectuar um pagamento sob pena de moverem uma
execução contra si, não receie vir a ser executado ou vir a ter o seu salário penhorado, pois durante
este período não poderão atacar o seu património.
Se não tiver ocorrido nenhuma razão para a cessão antecipada do procedimento, nos 10 dias
subsequentes aos 5 anos do período de cessão, o juiz decide sob a concessão ou não da
exoneração do passivo restante do devedor, depois de o ouvir, bem como ao fiduciário e aos credores
(244/1).
Não verificadas nenhuma daquelas circunstâncias, o juiz concederá a exoneração do passivo restante
do que não for pago no processo de insolvência (245/1).
A exoneração importa a extinção de todos os créditos sobre a insolvência e que ainda subsistam findos
os cinco anos, mesmo aquelas que não tenham sido reclamados ou verificados.
Isto é, se no final dos cinco anos ainda não tiver pago todos as dívidas de que era titular, não
terá de se preocupar mais com isso, uma vez que a exoneração funciona com um perdão dessas
dívidas.
22/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Não. (245/2)
Há dívidas que são excluídas da exoneração, pelo que após os cinco anos os credores poderão (e
deverão) voltar a exigir-lhe o seu cumprimento.
Quando já não se encontra capaz de fazer face ao pagamento de todas as suas dívidas e despesas
quotidianas, se se apresentar á insolvência todas as acções prejudiciais à massa insolvente são
suspensas. Logo, se tiver penhoras sob o seu salário, estas têm que ser suspensas.
Além disso, como se trata de uma pessoa e não de uma empresa, que pode ser encerrada quando se
encontre mergulhada em dívidas, poderá pedir a exoneração do passivo restante.
Neste caso, cumprindo os seus deveres, ao fim de cinco anos fica liberto dos seus créditos, mesmo
aqueles que não hajam sido inteiramente liquidados. Se, por exemplo, tiver feito um crédito no valor de
10 mil euros e, findos os cinco anos, apenas 7 mil tiverem sido pagos, não terá de pagar o
remanescente (3 mil euros)!
23/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
As pessoas colectivas estão obrigadas a apresentar-se à insolvência, nos trintas dias que se sigam à
constatação de se encontrarem em tal situação, isto é, quando se encontrarem impossibilitadas de
cumprir as suas obrigações vencidas (18/1).
Sobre as pessoas colectivas impende uma presunção inilidível – 18/3 – (que não admite prova em
contrário) de que a situação de insolvência era conhecida quando tenham decorrido, pelo menos, três
meses sobre o incumprimento generalizados de obrigações de algum deste tipo:
A iniciativa da apresentação à insolvência cabe ao órgão social da sua admnistração ou, se não for
caso disso, a qualquer um dos seus administradores. (19/CIRE)
Esta é uma decisão inteiramente nas mãos dos credores, como claramente resulta do preâmbulo do DL
n.º 53/2004, de 16 de Março, que aprovou o CIRE.
São estes que decidem se o pagamento dos seus créditos será feito por recurso à liquidação integral
do património do devedor ou nos termos previstos no plano de insolvência que venha a ser aprovado,
ou, pelo contrário, se se mantém a actividade e a reestruturação da empresa, na titularidade do
devedor ou de terceiros, nos moldes do plano de reestruturação, para assim fazer gerar a receita
necessária para “salvar” a empresa e pagar aos seus credores.
53. O sócio não gerente integra o conceito de administrador para efeitos do CIRE?
Não. O CIRE apenas se refere à figura do “administrador” e dos “responsáveis legais pelas dívidas do
insolvente” (6/1), excluindo os meros sócios das sociedades por quotas, que têm responsabilidade
24/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Isto porque são considerados “responsáveis legais” as pessoas que, nos termos da lei, respondam
pessoal e ilimitadamente pela generalidade das dívidas do insolvente, ainda que a título subsidiário.
(24/CIRE) Juntamente com a petição inicial (que deverá indicar se a situação de insolvência é actual ou
iminente; os cinco maiores credores; os administradores e juntar a certidão de registo comercial),
devem seguir, essencialmente, os seguintes documentos:
Se o devedor não apresentar algum dos documentos elencados, ou se estes não estiverem em
conformidade com o exigido, terá de o justificar.
É possível reagir ao pedido de declaração de insolvência por oposição (30/CIRE), no prazo de 10 dias
após a citação a dar-lhe conhecimento de que foi intentado um pedido de declaração de insolvência.
25/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Uma vez proferida a sentença que declare a insolvência é possível reagir mediante oposição de
embargos (40/CIRE) no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado da sentença, ou por via de recurso
(42/CIRE).
Além dos credores e dos responsáveis legais pelas dívidas da insolvência, também os sócios,
associados e membros do devedor poderão opor-se à declaração de insolvência por embargos (40/1).
Estes mesmos sujeitos podem recorrer da sentença de declaração de insolvência do devedor, caso
entendam que, com os elementos apurados, os mesmos não a sustentam (42/1).
Pela declaração de insolvência da pessoa colectiva, o devedor perde os poderes sobre os bens que
integrem a massa insolvente, ficando, igualmente, privado dos poderes de disposição também dos
bens futuros. (81/CIRE)
Estes podem renunciar aos cargos quando procedam ao depósito das contas anuais com referência à
data de decisão de liquidação em processo de insolvência. (82/CIRE)
Enquanto o processo de insolvência estiver pendente, existem funções que habitualmente caberiam
aos administradores da pessoa colectiva e que passam para as mãos do administrador de insolvência.
Deste modo, apenas este tem legitimidade para propor e dar andamento a (82/3):
26/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
57. Se uma sociedade for declarada insolvente, como podem os trabalhadores receber os seus
créditos salariais?
Os trabalhadores de uma sociedade declarada insolvente que tenham salários em atraso, são
credores daquela.
Neste sentido, tal como os demais credores, deverão fazer uma reclamação de créditos.
De qualquer modo, se não forem pagos pela massa insolvente, podem ainda recorrer ao fundo de
garantia salarial.
Não! O processo de insolvência tem como finalidade a satisfação dos credores, que tanto pode ser
alcançada pela liquidação do património do devedor como pela recuperação da empresa (1/ CIRE).
27/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
O Processo Especial de Revitalização (PER) tem como finalidade permitir a uma empresa que esteja
numa situação economicamente difícil ou em situação de insolvência iminente, mas que ainda seja
passível de ser recuperada, negociar com os credores com vista a um acordo que leve a revitalização
daquela (artigo 17.-A, n.º 1 do CIRE).
Encontram-se em situação económica difícil as empresas que enfrentem sérias dificuldades para
cumprir pontualmente as suas obrigações (artigo 17.º-B do CIRE).
Qualquer empresa que emita declaração escrita e assinada onde ateste reunir as condições
necessárias para a sua recuperação (artigo 17.º-A, n.º 2 do CIRE).
Deve ainda apresentar declaração subscrita, há não mais de 30 dias, por contabilista certificado ou
por revisor oficial de contas, sempre que a revisão de contas seja legalmente exigida, atestando que
não se encontra em situação de insolvência atual.
O processo inicia-se pela manifestação de vontade, por declaração escrita, do devedor e de, no
mínimo, um credor, de virem a negociar a revitalização daquele, por meio de um plano de recuperação,
que terão de aprovar.
O devedor e todos os credores que queiram participar nas negociações devem assinar, devendo contar
a data em que foi assinada.
comunicar ao tribunal competente para declarar a sua insolvência, que pretende dar início às
negociações com vista à sua revitalização, devendo aquele nomear um administrador judicial
provisório;
28/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
remeter cópias dos documentos que devem instruir um processo de insolvência, que ficam na
secretaria do tribunal para consulta dos credores, durante todo o processo.
Quando a empresa for notificada da nomeação do administrador judicial provisório, fica obrigada a
comunicar, de imediato, a todos os credores que não subscreveram a declaração inicial, convidando-os
a participar nas mesmas e informando-os da documentação entregue na secretaria do tribunal, para
consulta (artigo 17.º-D, n.º 1 do CIRE).
Os credores gozam de 20 dias para reclamar créditos, junto do administrador judicial provisório, a
contar da publicação do despacho de nomeação daquele no portal CITIUS (portal de apoio ao
funcionamento dos tribunais), nos termos do do artigo 17.º-D do CIRE.
Após este momento, as partes declarantes dispõem de 2 meses, que pode ser prorrogado por mais
um, para concluírem as negociações (artigo 17.º-D, n.º 5 do CIRE).
Durante todo o tempo em que decorrerem as negociações, os credores que não subscreveram a
declaração inicialmente, podem vir a declarar que pretendem participar nas mesmas. Essas
declarações são, então, juntas ao processo.
Do mesmo modo, se tiver sido requerida a declaração de insolvência do devedor, este processo
também será suspenso, salvo se já tiver sido declarada a sua insolvência.
Da mesma forma, se tiver sido suspenso o processo de insolvência durante as negociações, será
extinto com a aprovação e homologação do plano de recuperação (artigo 17.º-E, n.º 6 do CIRE)
29/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Por fim, se o juiz nomear administrador judicial provisório, o devedor fica impedido praticar actos de
especial relevo sem a autorização daquele (artigo 17.º-E, n.º 2 do CIRE).
Sendo o plano de recuperação aprovado por unanimidade, deve ser assinado por todos,
sendo remetido ao processo, para a homologação ou recusa deste pelo juiz.
Se não houver aprovação unânime, o plano é remetido ao tribunal, considerando-se
aprovado se:
o sendo votado por credores cujos créditos representem, pelo menos, um terço do
total dos créditos relacionados com direito de voto, recolha o voto favorável de mais
de dois terços da totalidade dos votos emitidos e mais de metade dos votos emitidos
correspondentes a créditos não subordinados, não se considerando como tal as
abstenções; ou
o recolha o voto favorável de credores cujos créditos representem mais de metade
da totalidade dos créditos relacionados com direito de voto, e mais de metade
destes votos correspondentes a créditos não subordinados, não se considerando como
tal as abstenções.
O processo pode terminar, ou porque os declarantes concluam não ser possível chegar a um acordo,
ou pelo decurso do tempo para concluírem as negociações (2 ou 3 meses).
66. Se a empresa não estiver em situação de insolvência, cessam todos os efeitos do PER?
Sim.
A empresa que queira lançar mão do PER, deve ter em atenção o facto de o encerramento do
processo a impedir de recorrer ao mesmo durante os dois anos que seguintes.
30/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
67. O que é?
Trata-se de um processo especial para acordo de pagamento, destinado ao devedor pessoa singular
(isto é, que não seja empresa), e que se encontre em situação económica difícil ou em situação de
insolvência meramente iminente, permitindo ao devedor estabelecer negociações com os seus
credores. – 222-A/1
Está em situação económica difícil o devedor que enfrentar dificuldade séria para cumprir pontualmente
as suas obrigações, designadamente por ter falta de liquidez ou não conseguir obter crédito.
222-B/CIRE
222-C/CIRE
O PEAP inicia-se pela manifestação de vontade do devedor e de pelo menos um dos seus
credores, por meio de declaração escrita, de encetar negociações conducentes à elaboração de
acordo de pagamento.
Para iniciar o PEAP, o devedor deve entregar junto do Tribunal competente para declarar a sua
insolvência requerimento comunicando a manifestação de vontade, juntando ainda:
A declaração escrita assinada pelo devedor e pelo menos um dos seus credores;
Lista de todas as ações de cobrança de dívida pendentes contra o devedor;
Comprovativo da declaração de rendimentos do devedor;
Comprovativo da sua situação profissional ou, se aplicável, situação de desemprego,
Relação de todos os credores, com indicação dos respectivos domicílios, dos montantes dos
seus créditos, datas de vencimento, natureza e garantias de que beneficiem, e da eventual
existência de relações especiais;
Relação de bens que o devedor detenha em regime de arrendamento, aluguer ou locação
financeira ou venda com reserva de propriedade, e de todos os demais bens e direitos de que
seja titular, com indicação da sua natureza, lugar em que se encontrem, dados de identificação
registral, se for o caso, valor de aquisição e estimativa do seu valor actual.
31/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
Com esta nomeação, o devedor deve comunicar, de imediato e através de carta registada, a todos os
credores que não tenham subscrito a declaração que deu início ao processo, ou seja, que deu início a
negociações com vista à elaboração de acordo de pagamento, convidando-os a participar. (222-D/1)
Se esta, após publicação, não for impugnada no prazo de cinco dias úteis, converte-se de imediato
em lista definitiva.
A partir deste momento, o devedor e respectivos credores dispõem do prazo de dois meses para
concluir as negociações. Este prazo pode ser prorrogado apenas uma vez, por um mês, mediante
acordo.
Durante todo o tempo em que decorrerem as negociações, os credores que não subscreveram a
declaração inicialmente, podem vir a declarar que pretendem participar nas mesmas. Essas
declarações são, então, juntas ao processo. (222-D/7)
(222-E/CIRE)
O PEAP obsta, antes de mais, à instauração de quaisquer acções para cobrança de dívidas
contra o devedor. Ainda, e durante todo o tempo que em decorrerem as negociações, suspende,
quanto ao devedor, as ações em curso com idêntica finalidade, extinguindo-se aquelas logo que
seja aprovado e homologado acordo de pagamento.
Caso tenha sido previamente requerida a insolvência de devedor, desde que ainda não tenha sido
proferida sentença de insolvência, o processo é suspenso, extinguindo-se logo que aprovado e
homologado acordo de pagamento.
O PEAP tem ainda como efeito a suspensão de todos os prazos de prescrição e de caducidade
32/33
Preparação para ORAL de
Direito da Insolvência
oponíveis pelo devedor, durante todo o tempo em que perdurarem as negociações e até ao
encerramento do processo.
Por fim, fica o devedor impedido de praticar actos de especial relevo a nível patrimonial, sem que
previamente tenha obtido autorização por parte do administrador judicial provisório.
As negociações podem concluir-se com a aprovação do acordo de pagamento (222-F /CIRE) ou sem a
aprovação deste (222-G/CIRE).
Sendo o acordo de pagamento aprovado por unanimidade, deve ser assinado por todos,
sendo remetido ao processo, para a homologação ou recusa deste pelo juiz.
Se não houver aprovação unânime, o acordo é remetido ao tribunal, considerando-se
aprovado se:
o sendo votado por credores cujos créditos representem, pelo menos, um terço do total
dos créditos relacionados com direito de voto, recolha o voto favorável de mais de dois
terços da totalidade dos votos emitidos e mais de metade dos votos emitidos
correspondentes a créditos não subordinados, não se considerando como tal as
abstenções; ou
o recolha o voto favorável de credores cujos créditos representem mais de metade da
totalidade dos créditos relacionados com direito de voto, e mais de metade destes
votos correspondentes a créditos não subordinados, não se considerando como tal as
abstenções.
O processo pode terminar, ou porque os declarantes concluam não ser possível chegar a um acordo,
ou pelo decurso do tempo para concluírem as negociações (2 ou 3 meses).
73. Se o devedor não estiver em situação de insolvência, cessam todos os efeitos do PEAP?
Sim.
O devedor que queira lançar mão do PEAP, deve ter em atenção o facto de o encerramento do
processo o impedir de recorrer ao mesmo durante os dois anos que seguintes.
33/33