ADMINISTRA ÇÃO DA

FAL ÊNCIA
Prof.ª. Márcia Marcondes diniz de freitas
 O contexto em que o administrador
judicial está inserido é no de crise
empresarial.

CONTEXTO
O ideal da Lei n. 11.101/2005 =
reorganizar empresas viáveis e retirar
do mercado as empresas inviáveis
NATUREZA JURÍDICA

 Teoria da representação;
 Teoria do ofício.

 AJ não é parte e permanece equidistante às

disputas das partes, atua em benefício do
procedimento de reorganização ou liquidação.
 Na RJ:
 Fiscalização das atividades do devedor;
 Verificação e organização/fiscalização do cumprimento do plano
de recuperação;
 Fiscalização da conduta processual e material do devedor e de
terceiros;
ATIVIDADES DO  Gestão da empresa (excepcional).
ADM JUD – ART. Na Falência:
22  Administração e representação da massa falida em juízo ou fora
dele;
 Arrecadação, guarda, avaliação e venda dos ativos;
 Verificação e organização dos créditos/pagamento aos credores;
 Apresentação de subsídios ao juízo e ao MP para fins de
responsabilização civil e penal dos envolvidos.
 Auxiliar qualificado do juízo
Não representa os credores
Não representa os devedores e nem os substitui
Não representa a massa (lato sensu), por que essa não tem
personalidade jurídica. Age sob fiscalização do juiz, plenamente
vinculado as determinações legais e judiciais.
ATIVIDADES DO Pode ser PF (advogado, economista, contador, administrador)
ADM JUD – ART. Pode ser PJ (deve constar o nome do profissional que irá
22 conduzir o processo – responsabilidade penal).
Funções judiciárias: arrecadar bens e documentos, indicar
peritos, fornecer informações, classificar créditos, representa a
massa como autora, ré ou assistente, em juízo.
Funções administrativas: atos conservatórios de direitos e ações,
comunicações e representações ao juiz, efetivação de garantias,
apresentação constas e manutenção atualizada correspondência.
A nomeação não poderá recair
sobre aquele que no exercício do
cargo, nos últimos cinco anos:
• Foi destituído; IMPEDIMENTOS –
• Deixou de prestar contas dentro dos
prazos estipulados em lei; ART. 30
• Teve a prestação de contas
desaprovada;
• Tiver relação de parentesco ou afinidade
até o terceiro grau com o devedor, seus
administradores, controladores ou
representantes legais ou deles for amigo,
inimigo ou dependente.
 REMUNERAÇÃO DO ADM JUDICIAL
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou
pessoa jurídica especializada.

Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de
profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do
juiz.

Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento
do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.

§ 1º Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à
recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência.

§ 2º Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicial para pagamento após atendimento do
previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. (NÃO SE APLICA A RJ)

§ 3º O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for
destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá direito à
remuneração.

§ 4º Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas desaprovadas.

§ 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e de empresas de pequeno
porte, bem como na hipótese de que trata o art. 70-A desta Lei. (PRODUTOR RURAL)     (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)      (Vigência)
PRECEDENTE STJ Não aplica-se o art. 24,
paragrafo 2 na recuperação
judicial
 A administração executiva da falência envolve
uma estrutura orgânica

Obrigatórios:

ÓRGÃOS DA Juiz

FALÊNCIA Administrador judicial

Representante do Ministério Público
Facultativos:
Comitê
Assembleia geral de credores
RESPONSABILIDADE CIVIL - ART. 32
Responsabilidade:
Danos causados a massa falida por dolo, culpa e má-fé
(art. 32, LRE);
Prática de ato definido como crime falimentar – cabível
prisão
Responsabilidade solidária em caso de obrigação tributária
não recebido em função de omissão ou ação do
administrador (art. 134, V, CTN);
RESPONSABILIDADE CIVIL - ART. 32
Responsabilidade subjetiva clássica/responsabilidade
aquiliana.

Requisitos:
a) conduta antijurídica (ação/omissão); b) dano; c) nexo
causal entre a conduta do AJ e o dano; d) culpa e dolo do
AJ.
Art. 169, LRE: Crime de violação de sigilo
empresarial;

Art. 170, LRE: Crime de divulgação de

informações falsas;
RESPONSABILIDADE
Art. 172, LRE: Crime de favorecimento de PENAL
credores;

Art. 173, LRE: Crime de desvio, ocultação ou

apropriação de bens;

Art. 175, LRE: Crime de habilitação de crédito

 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Responsabilidade por fatos geradores ocorridos a partir de sua investidura no cargo.
Na RJ, AJ não é responsabilizado, via de regra, pois não administra a empresa.
Na Falência, AJ tem responsabilidade solidária:

Art. 134, CTN: Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da

obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos
atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:
[...]
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo
concordatário;
 Substituição pelo juiz, A QUALQUER
TEMPO:
Não assinar o termo de nomeação;
Não aceitar o cargo;
Renúncia fundamentada;
Morte ou interdição;
SUBSTITUIÇÃO
Falência, recuperação judicial ou
DO AJ – ART. 30 dissolução (falta de idoneidade financeira);
Perda da confiança do juízo.

Consequência = não é punitiva.

Enseja remuneração proporcional, salvo se
houver renúncia infundada.
 Hipóteses:
a) Art. 23, par. único, LRE - falta de apresentação das
contas e relatórios dento dos prazos previstos na lei;
b) Art. 31, caput, LRE – desobediência aos preceitos legais;
c) Art. 24, 3, c/c 31, LRE – omissão, negligência, dolo, ou
prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a
terceiros.
Consequência = punição do AJ.
DESTITUIÇÃO Acarreta a perda do direito à remuneração, além de ficar
DO AJ – ART. 30 impedido de atuar como AJ por, no mínimo, 5 anos.
Destituição somente após contraditório e ampla defesa.

Sua destituição pode ser requerida pela Assembleia Geral de

Credores e MP, qualquer credor, ou devedor – juízo de
convicção pelo magistrado.
Se não entregar os pedidos do juiz, poderá ser intimado a
pessoalmente fazê-lo em 5 dias, sob pena de desobediência
e destituição.
 MP – FISCAL DA LEI
Titular da persecução penal – apuração e responsabilização dos agentes delituosos
Legitimação ativa – ação pauliana falencial (civil) e ação penal por crime falimentar
(penal)
Observância formal e material das normas de interesse público
Nos casos do art. 82, III, CPC - cabe ao MP intervir nas ações que envolvam litígios
coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público
evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.
Direito de recorrer tanto nos processos de faz parte como aqueles que fiscaliza (art. 499,
§ 2º, CPC).
Requerer substituição de administrador judicial
 ASSEMBLEIA GERAL DOS CREDORES

Obrigatório nos processos de recuperação

Facultativo nos processos falimentares

Função de deliberar em qualquer matéria que possa afetar os interesses dos credores

Convocada, mediante edital, pelo juiz.

OU por credores, que representem no mínimo 25% do valor dos créditos de uma determinada classe
No caso de recuperação judicial, o juiz poderá decretar a falência (convolação) durante o processo, por
deliberação da AGC – voto favorável de +50% do valor total de créditos presentes.
Em caso de modalidade alternativa de realização do ativo – por meio de sociedade de credores, ou
empregados, inclusive com a participação dos sócios – a assembleia tem que aprovar para então
homologar judicialmente.
 COMITE DOS CREDORES

Composto por:
Um representante da classe dos credores trabalhistas, com dois suplentes;
Um representante da classe dos credores garantidos ou com privilégios especiais, com
dois suplentes;
Um representante indicado pela classe dos credores quirografários ou com privilégios
gerais, com dois suplentes.
 LIQUIDAÇÃO E FALENCIA
1. FASE EXECUTIVA - na fase informativa verifica o ativo e passivo da massa falida. E a
executiva refere-se a realização do ativo do devedor e consequente pagamento do passivo.
2. ARRECADAÇÃO – bens carreados para a massa falida.
3. DESTINAÇÃO ANTECIPADA DE BENS – admite-se alienação antecipada em benefício da
massa falida, daqueles que são deterioráveis ou desvalorizáveis, ou que o armazenamento
tenha alto custo. Cabe locação também.
Precisa de autorização judicial, ouvido o comitê e falido em 48h. Como cautela, pedir o
parecer do MP. Deposito em conta judicial.
Pode autorizar a adjudicação por algum credor, desde que respeitado o valor da avaliação
e a ordem de credores.
Se estiver correndo agravo de instrumento contra sentença de decretação – com efeito
suspensivo – não pode vender nada, exceto se comprovar deterioração.
 LIQUIDAÇÃO E FALENCIA
4. FALENCIA FRUSTRADA – recuperação convolada em falência, constata-se circunstâncias
inviabilizadoras da execução falimentar, o juiz ouve MP e determina o encerramento do processo.
Publica em edital para manifestação de interessados.
5. RESTITUIÇÃO – bens arrecadas pela massa mas, que pertencem a terceiros. No inventário devem
ser nominados esses bens de terceiros separadamente.
Cabe PI autuada em separado – intima administrador, devedor e comitê, para em 5 dias se
manifestarem em contestação. Diante das provas, se a sentença for positiva o juiz expede mandado
de entrega da coisa em 48h. O autor do pedido de restituição terá que ressarcir valores de
conservação do bem reclamado.
Se a sentença for negativa determinará a inserção do autor no quadro geral de credores, conforme a
preferência, se ficar provado o direito a coisa.
Sentença publica, cabe apelação sem efeito suspensivo pelo autor do pedido, devedor, administrador
judicial ou credor, no prazo de 15 dias da intimação da sentença ou da publicação em audiência (Art.
1.003, CPC).
 LIQUIDAÇÃO E FALENCIA
REALIZAÇÃO DO ATIVO – converter os bens (ativo) em dinheiro para o pagamento dos
credores (passivo).
Inicia-se com a juntada do auto de arrecadação ao processo de falência.
- Formação de sociedade de credores ou sociedade cooperativa de trabalhadores da empresa;
Alienação em bloco dos estabelecimentos;
Alienação isolada das filiais ou unidades produtivas;
Alienação em bloco dos bens de cada estabelecimento;
Alienação dos bens individualmente considerados.
Outras formas, desde que aprovada pela Assembleia de credores.
O processo de falência é finalístico e os mecanismos legais são instrumentais.
Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades:
I – leilão, por lances orais; iI – propostas fechadas; II – pregão.
§ 1o A realização da alienação em quaisquer das modalidades de que trata este artigo será antecedida por publicação de anúncio em jornal de ampla circulação, com 15
(quinze) dias de antecedência, em se tratando de bens móveis, e com 30 (trinta) dias na alienação da empresa ou de bens imóveis, facultada a divulgação por outros
meios que contribuam para o amplo conhecimento da venda.
§ 2o A alienação dar-se-á pelo maior valor oferecido, ainda que seja inferior ao valor de avaliação.
§ 3o No leilão por lances orais, aplicam-se, no que couber, as regras da lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - código de processo civil.
§ 4o A alienação por propostas fechadas ocorrerá mediante a entrega, em cartório e sob recibo, de envelopes lacrados, a serem abertos pelo juiz, no dia, hora e local
designados no edital, lavrando o escrivão o auto respectivo, assinado pelos presentes, e juntando as propostas aos autos da falência.
§ 5o A venda por pregão constitui modalidade híbrida das anteriores, comportando 2 (duas) fases:
I – Recebimento de propostas, na forma do § 3o deste artigo;
II – leilão por lances orais, de que participarão somente aqueles que apresentarem propostas não inferiores a 90% (noventa por cento) da maior proposta ofertada, na
forma do § 2o deste artigo.
§ 6o A venda por pregão respeitará as seguintes regras:
I – recebidas e abertas as propostas na forma do § 5o deste artigo, o juiz ordenará a notificação dos ofertantes, cujas propostas atendam ao requisito de seu inciso II, para
comparecer ao leilão;
II – o valor de abertura do leilão será o da proposta recebida do maior ofertante presente, considerando-se esse valor como lance, ao qual ele fica obrigado;
III – caso não compareça ao leilão o ofertante da maior proposta e não seja dado lance igual ou superior ao valor por ele ofertado, fica obrigado a prestar a diferença
verificada, constituindo a respectiva certidão do juízo título executivo para a cobrança dos valores pelo administrador judicial.
§ 7o em qualquer modalidade de alienação, o ministério público será intimado pessoalmente sob pena de nulidade.
 LIQUIDAÇÃO E FALENCIA
SOLUÇÃO DO PASSIVO – pagar os credores respeitando a preferencia e na medida das possibilidades
da massa falida.
Será após a aprovação das contas do administrador judicial – as contas serão apresentadas em autos
apartados, com apensamento aos autos principais. Publica o aviso de recepção das contas, passível
impugnação no prazo de 10 dias. Manifestação do representante do MP, em 5 dias. Explicações do
administrador. Se rejeitar as contas – fixa as responsabilidades do administrador – título executivo judicial.
Se aprovar as contas – o administrador tem que prestar o relatório final no prazo de 10 dias.
Cabe recurso de apelação.

ENCERRAMENTO – realizado o ativo e pago o passivo nos limites da massa falida – encerramento por
sentença. Após o relatório final e sua publicação por edital – encerra.
Se a massa foi insuficiente, a sentença de encerramento é titulo executório para os credores executarem
o devedor por processo de execução.
 LIQUIDAÇÃO E FALENCIA
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES – o requerimento do falido pode ser proposto antes do encerramento da
falência, assim, na sentença de encerramento já pode constar a sentença de encerramento das obrigações.
Será apensado aos autos. Cabe apelação.

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

I – o pagamento de todos os créditos;
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos
quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se
para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido
condenado por prática de crime previsto nesta lei;
Iv – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido
condenado por prática de crime previsto nesta lei.