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DIREITO EMPRESARIAL - III

RECUPERAÇÃO JUDICIAL,
EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA.

7º Semestre
Professor Esp. Fernando Henrique C. Peres dos Santos

E-mail: fernando@institutoinvest.edu.br
ADMINISTRADOR JUDICIAL

O principal auxiliar do juiz na condução dos processos falimentares é o administrador judicial,


que a legislação anterior chamada de síndico.

O administrador judicial atua como auxiliar da Justiça, mas sem vínculo com a Administração
Pública.

É um particular em colaboração com o poder Público, que exerce suas funções de forma

temporária e voluntária, mediante remuneração arbitrada pelo juízo, mas paga pelo devedor.
Além de exercer as diversas atribuições de cunho administrativo que a lei lhe reserva conforme
art. 22 da LRE, o administrador também é o representante legal da massa falida, comunidade de
credores que se instala com a decretação da falência.

Trata-se, enfim, de pessoa a quem o ordenamento jurídico falimentar incumbiu tarefas


relevantes, razão pela qual ele é considerado funcionário público para fins penais.

A atuação do administrador judicial é diferente nos processo de falência e de recuperação


judicial. Na falência, o administrador assume a administração da massa (art. 22, inciso III,
alíneas c e n da Lei 11.101/2005), já que o devedor é afastado da administração da empresa: a
atuação do administrador judicial, portanto se assemelha a de um liquidante.

Na recuperação judicial, em princípio, o devedor se mantém na administração da empresa,


atuando o administrador judicial como um auxiliar e fiscal do devedor.
A escolha correta do administrador judicial, é feita pelo Juiz, o que é fundamental para o
desenvolvimento do processo falimentar.

Na falência, a nomeação é feita na sentença que decreta a quebra do (art. 99, IX).

Na recuperação judicial, a nomeação é feita na decisão que defere o processamento do pedido


(art. 52, I).

Segundo o art. 21 da LRE, essa escolha deve recair sob profissional idôneo, e ele deve ter
formação profissional preferencialmente em Direito, Economia, Administração de Empresas,
Ciências Contábeis, respeitando os impedimentos constantes do art. 30 da LRE.
A grande novidade da LRE sobre esse tema, todavia, foi a possibilidade de o administrador
judicial ser uma pessoa jurídica especializada, caso em que “declarar-se-á, no termos de que
trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de
falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz”.
(art. 21, parágrafo único).

Esse profissional responsável, é importante destacar, não precisa ser sócio nem representante
legal da pessoa jurídica nomeada como administradora judicial: o que importa é que exista uma
pessoa natural assumindo as responsabilidades do cargo.

Em qualquer situação, o administrador judicial deve agir sempre com imparcialidade: ele não
atua em favor do devedor nem dos credores, e apesar de ser nomeado pelo juízo, pode recorrer
de suas decisões.
IMPEDIMENTOS

De acordo com o art. 30 da LRE, “não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de
administrador judicial, quem nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador
judicial ou membro do Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou
de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada”.

O §1º complementa a regra, afirmando que “ficará também impedido de integrar o Comitê ou
exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o
3º (terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais
deles for amigo, inimigo ou dependente”.
Ocorrendo qualquer situação de impedimento, o §2º determina que “o devedor, qualquer credor
ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos
membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei”.

Nesse caso “o juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte quatro) horas, sobre o requerimento” §3º.

Vale destacar que esse rol de impedimentos previsto na LRE não é taxativo, de modo que podem
ocorrer outras causas que impedem alguém de ser administrador judicial.

Por Exemplo: ser concorrente do devedor.

Ademais, como se trata de auxiliar da justiça, aplicam-se as caudas de impedimento/suspeição


prevista na legislação processual (art. 148, II do CPC).
AUXILIARES DO ADMINISTRADOR JUDICIAL

Claro que em muitos casos o administrador judicial não conseguirá desincumbir-se de suas
tarefas sem a ajuda de algumas pessoas, razão pela qual a legislação lhe permite contratar,
mediante autorização judicial, profissionais, ou empresas especializadas para auxiliá-lo no
exercício de suas funções (art. 22, inciso I, alínea h da LRE).

Assim, por exemplo, pode se valer dos serviços de um contador, para análise da escrituração do
falido.

Nesse caso, “as remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz,
que considera a complexidade dos trabalhos a serem executados e os valores praticados no

mercado para o desempenho de atividades semelhantes” (art. 22, §1º).


ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR JUDICIAL

Conforme já destacamos, a atuação do administrador judicial é diferente nos processos de


falência e de recuperação judicial.

Na falência, o administrador judicial assume a administração da massa, já que o devedor é


afastado da administração da empresa.

Na recuperação judicial, em princípio, o devedor se mantém na administração da empresa,


atuando o administrador judicial como um fiscal

Embora na falência o administrador judicial assuma a administração, ele não é totalmente livre

para agir como bem entender.


O §3º do art. 22 da LRE estabelece que “na falência, o administrador judicial não poderá sem
autorização judicial, após ouvidos o Comitê e o devedor no prazo comum de 2 (dois) dias,
transigir sobre obrigações e direitos da massa falida e conceder abatimento de dívidas, ainda que
sejam consideradas de difícil recebimento”.

De acordo com o art. 22 da LRE, “ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e
do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:

I - na recuperação judicial e na falência:

a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51,
o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta lei, comunicando a data do
pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao
crédito;
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados;

c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de
créditos;

d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações;

e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta lei;

f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta lei;

g) requerer ao juiz convocação da assembleia-geral de credores nos casos previstos nesta lei ou quando entender necessária sua ouvida
para a tomada de decisões;

h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de
suas funções;

i) manifestar-se nos casos previstos nesta lei;


II - na recuperação judicial:

a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial;

b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação;

c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor;

d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta lei;"

e) fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre devedor e credores;    

f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular andamento das
negociações; 

g) assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam regidas pelos termos convencionados entre os interessados
ou, na falta de acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo juiz, observado o princípio da boa-fé para
solução construtiva de consensos, que acarretem maior efetividade  econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos
envolvidos; 
REMUNERAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL E DOS SEUS AUXILIARES

Outro ponto importante relativo ao administrador judicial, e que também contempla inovação
trazida pela LRE, é referente à sua remuneração e de seus auxiliares, que será, obviamente,
custeada pela massa, conforme disposto no art. 25 da LRE (“Caberá ao devedor ou à massa
falida arcar com as despesas relativas à remuneração do administrador judicial e das pessoas
eventualmente contratadas para auxiliá-lo”).

De acordo com o art. 25 da LRE, a remuneração deve ser fixada pelo juízo atendendo aos
critérios estabelecidos na regra em análise:

I – A capacidade de pagamento do devedor;


II – O grau de complexidade do trabalho; e
III – Os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
Em regra, o valor da remuneração “não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos
credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência” (§1º).

No entanto, em se tratando de devedor ME, EPP ou produtor rural pessoa física, “a remuneração
do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento)” (§5º).
DESTITUIÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL

Há dois dispositivos da LRE que tratam da destituição do Administrador Judicial.

O art. 23 estabelece que “o administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido,
suas contas ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado do pessoalmente a fazê-
lo no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de desobediência”.

O seu parágrafo único, por sua vez prevê que “decorrido o prazo do caput deste artigo, o juiz
destituirá o administrador judicial e nomeará substituto para elaborar relatórios ou organizar as
contas, explicitando as responsabilidades de seu antecessor”.
O outro dispositivo que trata do assunto é o art. 31 “o juiz, de ofício ou a requerimento
fundamentado de qualquer interessado, poderá determinar a destituição do administrador judicial
ou de quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando verificar desobediência aos
preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às
atividades do devedor ou a terceiros”.

Havendo destituição, o juiz, deve, no mesmo ato, nomear novo administrador judicial (art.
31 ,§1º), sendo que, “na falência, o administrador judicial substituído prestará contas no prazo
de 10 (dez) dias, nos termos dos §§ 1º a 6º do art. 154” (§2º).

É importante diferenciar a mera substituição (quando há perda de confiança por parte do juiz,
por exemplo) da substituição em razão de destituição, porque neste caso a medida de caráter
sancionatório, só podendo ocorrer quando houver alguma irregularidade e respeito ao
contraditório e à ampla defesa.
RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR JUDICIAL

De acordo com o art. 32 da LRE, “o administrador judicial e os membros do Comitê responderão


pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo
o dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da
responsabilidade”.

Para haver a responsabilização do administrador judicial, não basta a ocorrência de


irregularidade (que será suficiente para sua destituição): é preciso que tenha havido dano, nexo
de causalidade entre o dano e a conduta irregular e culpa ou dolo.
Caso a conduta não tenha sido praticada diretamente pelo administrador judicial, deve-se atentar
para o seguinte: se o administrador judicial tem prepostos ou empregados, responde
objetivamente pelos atos praticados por eles;

Se o administrador judicial contrata auxiliares com autorização do juiz (22, i, h, da LRE), só


responde por atos deles se tiver agido com culpa ou dolo concorrente.
COMITÊ DE CREDORES

O comitê de credores é um importante órgão criado pela atual legislação falimentar. Sua criação
se coaduna com a intenção do legislador de aumentar a participação dos credores no processo
de tentativa de solução da crise do empresário.

Perceba-se que o comitê não é um órgão obrigatório nos processo de falência e de recuperação
judicial.

O próprio juiz pode entender ser conveniente a sua criação (art. 99, XII, da LRE), caso em que
convocará a assembleia para a que eleja os membros, mas o fato é que, na prática, tem havido
um desinteresse dos credores na criação desse órgão.
da
Quando não houver comitê, o administrador judicial exerce suas atribuições (art. 28 da LRE).
CONSTITUIÇÃO

De acordo com o art. 26 da LRE “o Comitê de Credores será constituído por deliberação de
qualquer das classes de credores na assembleia-geral (...)”. Assim, basta que qualquer das
classes de credores delibere nesse sentido em assembleia geral, e a reforma da LRE permitiu
deliberação seja substituída “por documento que comprove a adesão da maioria dos créditos de
cada conjunto de credores previstos no art. 26 desta Lei” (art. 45-A, §2º).
COMPOSIÇÃO

O comitê de credores, se houver, terá em regra quatro pessoas: uma indicada pelos credores
trabalhistas; uma indicada pelos credores com garantia real ou com privilégio especial; uma
indicada pelos credores quirografários e com privilégio geral; e uma indicada pelos credores que
são ME ou EPP (Art. 26 da LRE).

Cada membro titular terá dois suplentes.

Dissemos que o comitê terá em regra quatro membros porque ele pode funcionar também com
número inferior, caso uma das classes de credores não indique representante (art. 26, §1º da
LRE).
ATRIBUIÇÕES DO COMITÊ DE CREDORES

De acordo com o art. 27 da LRE, “o Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de
outras previstas nestas Lei:

I – na recuperação judicial e na falência:


a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;

b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;

c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores;

d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;


e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores;

f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;

II – na recuperação judicial:

a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de
sua situação;

b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;

c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta
Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como
atos de endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede
a aprovação do plano de recuperação judicial.
§ 1º As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro de atas, rubricado
pelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, dos credores e do devedor.

§ 2º Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse será
resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz.
REMUNERAÇÃO

Ao contrário do que ocorre com o administrador judicial e seus auxiliares, os membros do comitê não são
remunerados pela massa ou pelo devedor em recuperação.

O máximo que pode ocorrer é o ressarcimento de despesas comprovadas e autorizadas pelo juiz, conforme
previsão do art. 29 da LRE “os membros do Comitê não terão sua remuneração custeada pelo devedor ou
pela massa falida, mas as despesas realizadas para realização de ato previsto nesta Lei, se devidamente
comprovada e com a autorização do juiz, serão ressarcidas atendendo às disponibilidades de caixa”.

Vale destacar que a reforma da LRE, provocada pela Lei 14.112/2020, colocou “os reembolsos devidos aos
membros do comitê de credores” como créditos extraconcursais (art. 84, inciso I-D).

Por fim, vale um registro: se a classe de credores respectiva quiser remunerar o seu representante no
comitê, pode fazê-lo.
INVESTIDURA, IMPEDIMENTOS E DESTITUIÇÃO

As regras sobre investidura, impedimentos e destituição dos membros do comitê de credores são
as mesmas que já analisamos no estudo do administrador judicial, (arts. 30 a 33 da LRE), com
destaque para a parte final do art. 32: se um membro do comitê de credores consignar
expressamente a sua dissidência em uma deliberação que gere posterior responsabilização, ele se
eximirá dessa responsabilidade.
ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES

Uma das características da nova legislação falimentar foi a previsão de maior participação dos credores no
processo falimentar, o que foi permitido, basicamente, a partir da criação da assembleia geral de credores,
que tem suas atribuições descritas no art. 35 da LRE.

Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre:

I – na recuperação judicial:

a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor;

b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;


c) (VETADO)

d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4º do art. 52 desta Lei;

e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;

f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores;

g) alienação de bens ou direitos do ativo não circulante do devedor, não prevista no plano de
recuperação judicial; 
II – na falência:

a) (VETADO)

b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;

c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 desta Lei;

d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.


CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA

De acordo com o art. 36 da LRE, “a assembleia geral de credores será convocada pelo juiz por
meio de edital publicado no diário oficial eletrônico e será disponibilizado no sítio eletrônico do
administrador judicial, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá:

I – local, data, hora da assembleia em 1ª (primeira) e em 2ª (segunda) convocação, não


podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1ª (primeira);

II – a ordem do dia;

III – local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação

judicial a ser submetido à deliberação da assembleia”.


Perceba-se que a reforma da LRE alterou o caput do art. 36, que passou a prever a publicação do
edital de convocação em diário oficial eletrônico e a sua disponibilização no site do administrador
judicial. Mas o §1º ainda prevê que “cópia do aviso e convocação da assembleia deverá ser
afixada de forma ostensiva na sede e filiais do devedor”.

O §2º estabelece que “além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que
representem no mínimo 25 (vinte e cinco por cento) do valor total dos crédito de uma
determinada classe poderão requerer ao juiz a convocação de assembleia geral”.

Quanto às despesas de convocação, bem como a realização da AGC, o §3º deixa claro que ela
“correm por conta do devedor ou da massa falida, salvo se convocada em virtude de
requerimento do Comitê de Credores ou na hipótese do §2º deste artigo (convocação por
credores).
Deve-se distinguir o requerimento de convocação da convocação propriamente dita: o
requerimento pode ser feito pelo administrador judicial (art. 22, I, g), pelo comitê (art. 27, I, e)
ou por credores (art. 36, §2º), mas a convocação é sempre feita pelo juiz.

Por fim, vale destacar que, apesar de não haver previsão expressa na lei, o devedor pode
requerer ao juiz a convocação de assembleia (exemplo: apresentação plano aditivo ou
modificação do plano).
PRESIDÊNCIA, INSTALAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POR REPRESENTAÇÃO

De acordo com o art. 37 da LRE, “a assembleia geral de credores será presidida pelo administrador
judicial, que designará 1 (um) secretário dentre os credores presentes”.

O quórum de instalação é contado pelo valor do crédito, e não por cabeça. Ademais, não são
considerados, para verificação desse quórum, os credores não sujeitos à recuperação judicial (art. 39
§1º da LRE) e outras pessoas que podem apenas participar do conclave, mas sem direito de voto (art.
43 da LRE.).

Caso seja representado por procurador, o credor deve indicar com 24 horas de antecedência ao
administrador judicial o documento que outorga os poderes; ou, se esse documento já estiver juntado
nos autos, basta indicar a folha, sendo importante ressaltar que a procuração deve conferir poderes
específicos para transigir, renunciar etc. não devendo estabelecer apenas poderes gerais.
DIREITO DE VOTO

Em suma: para ter direito de voto na assembleia geral de credores, o credor deve , em principio,
constar no quadro geral de credores ou da mais recente relação de credores disponível nos autos.

Caso não conste, terá direito de votos se tiver conseguido reconhecimento judicial do seu crédito
antes do conclave, conforme art. 39 da LRE.
BIBLIOGRAFIA
TOMAZETTE,Marlon – Títulos de Créditp – Vol. 2 11. ed. – São Paulo / Saraiva 2020.

LENZA, Pedro (coord.); CHAGAS, Edilson Enedino Das. Direito Empresarial Esquematizado. 7ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2020.

VIDO, Elisabete. Curso de Direito Empresarial. 7ª ed. São Paulo: Saraiva 2019.

NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Empresarial. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Empresarial Sistematizado. 8ª ed. São Paulo: Saraiva 2019.

REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

MAMEDE, G. Direito empresarial brasileiro: falência e recuperação de empresas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

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