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Acadêmica: ANA BELLY PACHECO COIMBRA – R.A: 19.1554-5.

Questão 01

Considerando as evoluções trazidas pela Lei 11.101/05, em relação à


antiga legislação que compreendia o procedimento falimentar. Aponte a
principal inovação instituída pela referida Lei, discorrendo sobre os
benefícios diretos trazidos em favor do empresário que atravessa crise
econômico-financeira, ao seu credor e ao trabalhador.

A lei 11.101/05 não só discorre quanto ao instituto da falência, como prevê a


existência de três modalidades de recuperação, são elas: a recuperação
extrajudicial, a recuperação judicial e a recuperação especial, elaborada para
as pequenas empresas.

Então, evidencia-se que aludida lei atual (11.101/05) tem objetivos bastante
distintos da anterior, já que enquanto a atual visa principalmente a preservação
da empresa, a antiga tinha uma finalidade mais executiva, isto é, dirigida
unicamente à realização, ou seja, venda do patrimônio do comerciante para
posterior distribuição e rateio dos valores entre os credores. Assim, devido à lei
11.101/2005, o legislador brasileiro adquiriu uma nova postura sobre ao
tratamento em face das empresas que encontram-se em crise, agora
extinguem do ordenamento jurídico o “favor legal” da Concordata, em
decorrência disto, surgiu um sistema novo, o qual proporciona uma real
possibilidade à preservação da fonte de riqueza protegendo os interesses
sociais em prol da comunidade e até mesmo num sentido de tutela dos direitos
humanos.

Por fim, a atual Lei fora editada, e tem como princípios básicos a preservação
das empresa, a proteção aos trabalhadores e os interesses dos credores.

Questão 02

Sabe-se que a Lei 11.101/05, ao tratar dos entes que poderão participar
tanto do procedimento de Recuperação Judicial quando do procedimento
Falimentar, utilizou-se do critério restritivo, ou seja, o texto legal aponta
para aquelas pessoas jurídicas que não poderão lançar mão dos referidos
institutos. Considerando o caráter restritivo, aponte e justifique quais são
as pessoas jurídicas absolutamente excluídas e quais são as pessoas
jurídicas relativamente excluídas da possiblidade de utilizar-se da Lei
11.101/05.

Com relação ao caráter restritivo, os doutrinadores Fábio Ulhoa Coelho e


Ricardo Negrão, dividem entre absolutamente e relativamente excluídos:

Preliminarmente, com relação aos ABSOLUTAMENTE excluídos, são elas, as


Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista, a primeira não é
passível de falência e nem pode requerer recuperação judicial as empresas
controladas diretas ou então indiretamente por pessoas jurídicas de direito
público, ou seja, a União, Estados, Municípios e o DF.

Deste modo, nestes casos a falência não pode ocorrer, vez que, caso ocorra,
os particulares terão que exercer seus direitos contra os bens do próprio
Estado, e isso ocasionaria a falência do Estado propriamente dito.

No que concerne às sociedades de economia mista, nesta a falência não


poderá ocorrer por conta de ter a sociedade um regime híbrido, isto é, um
regime jurídico particular e ao mesmo tempo público, então, por conta do
capital ser pertencente, em certa parte, à inciativa privada e em outra parte ao
Estado, obteriam os mesmos resultados de uma falência para as empresas
públicas.

Em se tratando dos relativamente excluídos, são elas, as Intuições Financeiras


Públicas E/Ou Privadas, estas são segmentadas pela lei 6.024/1974, que
dispõe em seu art. 15 e seguinte quantos as hipóteses de liquidação
extrajudicial. Para estas instituições não é proibido o procedimento de
recuperação e falimentar, no entanto, deverão seguir o critério legal apropriado.

Questão 03

Considerando o Comitê Geral de Credores, informe em linhas breves,


qual é sua função no procedimento de recuperação judicial, informando
ainda, quantas e quais são as classes de credores que compõem o
referido comitê.

Com relação a recuperação judicial, fora as funções que prevê o art. 27 da Lei
11.101/2055, cabe também ao Comitê os seguintes expostos:

a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada


30 (trinta) dias, relatório de sua situação;

b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;

c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor


nas hipóteses previstas na Lei Falimentar, a alienação de bens do ativo
permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de
endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o
período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.

O Comitê de Credores ainda terá atribuição consultiva sobre a alienação ou


oneração de bens do ativo permanente do devedor, exceto em relação aos
bens previamente relacionados no plano de recuperação judicial, nos termos
do que dispõe o art. 66 da Lei 11.101/2005.

Ademais, existem 4 classes de credores que fazem parte do Comitê como


dispõe o art. 26 de aludida Lei.
* Classe de credores trabalhistas;

*Classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais;

*Classe de credores quirografários e com privilégios gerais;

*Classe de credores representantes de microempresas e empresas de


pequeno porte. 

Questão 04

Segundo ensina a doutrina, a recuperação judicial tem por objetivo tornar


viável a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor,
a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica. Visa, portanto, permitir que a empresa não paralise seu
funcionamento, dando-lhe nova chance de êxito.

Em conformidade com o regime jurídico da recuperação judicial, responda com


base na Lei 11.101/2005:

a) Quais são os créditos que se submetem à recuperação judicial?

Os créditos que se submetem à recuperação judicial podem ser todos os que


forem existentes dentro da data do pedido, no entanto, não podem estar
vencidos, vez que, os créditos oriundos após o pedido não poderão entrar na
recuperação judicial.

b) Quem detém a legitimidade ativa para requerer a recuperação judicial?

Somente quem tiver legitimidade passiva para falência, ou seja, quem corre o
risco da falência ser decretada poderá requerer a recuperação judicial.

c) Existe algum prazo limite para o pagamento dos créditos derivados da


legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a
data do pedido de recuperação judicial?

Em no máximo 1 9um) ano o pagamento deverá acontecer, de acordo com o


disposto no art. 54 da Lei 11.101/2005:

“art. 54. O plano de recuperação judicial não


poderá prever prazo superior a 1 (um) ano
para pagamento dos créditos derivados da
legislação do trabalho ou decorrentes de
acidentes de trabalho vencidos até a data do
pedido de recuperação judicial”
 

Questão 05

“Para a administração da massa falida, atribui a lei determinadas funções


a três agentes: o magistrado, o representante do Ministério Público e os
órgãos da falência, sendo estes últimos agentes específicos do processo
falimentar (administrador judicial, assembleia dos credores e comitê dos
credores.” (COELHO, F. U. Manual de direito comercial: direito de
empresa. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 374-375).

Sobre os órgãos da falência, referidos no excerto acima, responda com base


na Lei 11.101/2005:

a) conceitue a figura do administrador judicial e aponte suas


incumbências no processo falimentar.

O administrador judicial será um profissional competente escolhido e nomeado


pelo juiz, que deverá agir em nome deste, o auxiliando à administrar a massa
falida, uma universalidade de direito será representada por ele em caso de
falência, tendo uma função fiscalizadora no processo de recuperação judicial
em relação aos atos do empresário devedor, podendo ainda ser substituído
pelo administrador judicial.

Dispõe o art. 21 da Lei 11.101/05:

“O administrador judicial será profissional


idôneo, preferencialmente advogado,
economista, administrador de empresas ou
contador, ou pessoa jurídica especializada.”

Ademais, discorre Fábio Ulhoa Coelho em seu Curso de Direito Comercial, Vol.
, p.274:

“O administrador judicial é escolhido pelo juiz e

será sempre uma pessoa de sua confiança


com a
incumbência de o auxiliar na administração da
massa falida.”

b) no que consiste o Comitê Geral de Credores, e quais são suas


incumbências no processo falimentar.

O art. 26 da Lei 11.105/05 dispõe acerca da constituição do Comitê de


Credores:
“Art. 26. O Comitê de Credores será
constituído por deliberação de qualquer das
classes de credores na assembléia-geral e terá
a seguinte composição:
I – 1 (um) representante indicado pela classe
de credores trabalhistas, com 2 (dois)
suplentes;
II – 1 (um) representante indicado pela classe
de credores com direitos reais de garantia ou
privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;
III – 1 (um) representante indicado pela classe
de credores quirografários e com privilégios
gerais, com 2 (dois) suplentes.
IV - 1 (um) representante indicado pela classe
de credores representantes de microempresas
e empresas de pequeno porte, com 2 (dois)
suplentes. (Incluído pela Lei Complementar nº
147, de 2014)
§ 1º A falta de indicação de representante por
quaisquer das classes não prejudicará a
constituição do Comitê, que poderá funcionar
com número inferior ao previsto no caput deste
artigo.
§ 2º O juiz determinará, mediante requerimento
subscrito por credores que representem a
maioria dos créditos de uma classe,
independentemente da realização de
assembléia:
I – a nomeação do representante e dos
suplentes da respectiva classe ainda não
representada no Comitê; ou
II – a substituição do representante ou dos
suplentes da respectiva classe.
§ 3º Caberá aos próprios membros do Comitê
indicar, entre eles, quem irá presidi-lo.”

Ademais, o Comitê de Credores será responsável:

Na recuperação judicial e na falência:  

a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; 

b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;  

c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos


interesses dos credores; 

d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; 

e) requerer ao juiz a convocação da assembleia-geral de credores; 


f) manifestar-se nas hipóteses previstas na Lei Falimentar.

Na recuperação judicial:  

a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada


30 (trinta) dias, relatório de sua situação; 

b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; 

c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor


nas hipóteses previstas na Lei Falimentar, a alienação de bens do ativo
permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de
endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o
período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.

c) no que consiste a Assembleia Geral de Credores, e quais são suas


incumbências no processo falimentar.

Trata-se de um Órgão deliberativo, colegiado, onde matérias de interesse da


comunhão destes credores serão objeto de deliberações.

Cabe a Assembleia Geral de Credores deliberar sobre a matéria diferenciada


quando da existência de recuperação judicial ou então falência, pautando os
respectivos temas:

Na Falência:

A) constituição de comitê de credores, bem como a escolha de seus membros


e sua substituição;

B) adoção de outras modalidades de realização do ativo, de acordo com o art.


145 da Lei 11.101/05;

C) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.

Na Recuperação Judicial:

A) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial


apresentado pelo devedor;

B) constituição do comitê de credores, escolha de seus membros e sua


substituição;
C) pedido de desistência do devedor, nos termos do §4º do art. 52 da Lei
11.101/05);

D) nome do gestor judicial , quando afastamento do devedor;

E) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.

F) alienação de bens ou direitos do ativo não circulante do devedor, que não


esteja prevista no plano de recuperação judicial.

Questão 06

A decretação da falência do empresário passa pelo pressuposto de que o


seu passivo seja maior que o seu ativo, o que gera sua insolvência. A
insolvência que gera a decretação da falência é a insolvência jurídica, ou
seja, pode não ser real, mas somente presumida.

Tendo em vista as situações que geram a decretação da falência nos


termos da Lei 11.101/2005, informe em quais condições o devedor tem
considerada a insolvência caracterizada?

O art. 94 da Lei supra, prevê em que se fundamenta a decretação da falência,


são elas:
“Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I – sem relevante razão de direito, não paga, no
vencimento, obrigação líquida materializada em
título ou títulos executivos protestados cuja soma
ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-
mínimos na data do pedido de falência;
II – executado por qualquer quantia líquida, não
paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal;
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se
fizer parte de plano de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou
lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para
realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar,
com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou
da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou
não, sem o consentimento de todos os credores e
sem ficar com bens suficientes para solver seu
passivo;
d) simula a transferência de seu principal
estabelecimento com o objetivo de burlar a
legislação ou a fiscalização ou para prejudicar
credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida
contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e
com recursos suficientes para pagar os credores,
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido,
obrigação assumida no plano de recuperação
judicial.
§ 1º Credores podem reunir-se em litisconsórcio a
fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de
falência com base no inciso I do caput deste artigo.
§ 2º Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de
falência os créditos que nela não se possam
reclamar.
§ 3º Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o
pedido de falência será instruído com os títulos
executivos na forma do parágrafo único do art. 9º
desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos
respectivos instrumentos de protesto para fim
falimentar nos termos da legislação específica.
§ 4º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o
pedido de falência será instruído com certidão
expedida pelo juízo em que se processa a execução.
§ 5º Na hipótese do inciso III do caput deste artigo,
o pedido de falência descreverá os fatos que a
caracterizam, juntando-se as provas que houver e
especificando-se as que serão produzidas.”

Deste modo, a declaração de insolvência se quando as dívidas excederem à


importância dos bens do devedor. Ainda que o ativo seja suficiente para cobrir
o passivo, somente o fato de o devedor não arcar com suas obrigações,
presume-se a insolvência..

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