O documento descreve uma situação hipotética de recuperação judicial de uma empresa. Os credores aprovaram a destituição do administrador judicial e elegeram uma nova empresa para assumir o cargo durante a assembleia-geral de credores.
O documento descreve uma situação hipotética de recuperação judicial de uma empresa. Os credores aprovaram a destituição do administrador judicial e elegeram uma nova empresa para assumir o cargo durante a assembleia-geral de credores.
O documento descreve uma situação hipotética de recuperação judicial de uma empresa. Os credores aprovaram a destituição do administrador judicial e elegeram uma nova empresa para assumir o cargo durante a assembleia-geral de credores.
Questo 01 No curso da recuperao judicial da Atual Indstria de Alimentos S.A., foi
convocada e regularmente instalada assembleia-geral de credores destinada instaurao do comit de credores e nomeao de seus membros. O representante do Banco Magno S.A., credor enquadrado na classe de titulares de crdito com garantia real, aproveitou a oportunidade para pr em discusso e votao a destituio do administrador judicial e a eleio de seu substituto. Tendo a maioria dos credores presentes concordado com a referida proposta, a assembleia-geral deliberou, aps a nomeao dos membros do citado comit, destituir o administrador judicial e eleger a sociedade Rodrigues Auditores e Consultores Ltda. para assumir, na condio de substituta, as funes de administradora judicial. Considerando a situao hipottica acima, analise, com base nos fundamentos legais pertinentes, o procedimento adotado pelos credores com relao a eventuais acertos ou irregularidades identificadas na deliberao tomada. Resposta: Conforme previsto no artigo 26 da lei 11.101/2005, o Comit ser composto por 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes, 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilgios especiais, com 2 (dois) suplentes e 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografrios e com privilgios gerais, com 2 (dois) suplentes. Devendo ser observadas as restries previstas no artigo 30 da referida Lei. A principal funo do Comit a de fiscalizao3, seja em relao ao administrador judicial ou sociedade em recuperao. Para o exerccio da funo de fiscal permitido o acesso s dependncias das empresas em recuperao, escriturao e demais documentos relacionados empresa em recuperao. Constatada eventual irregularidade, sobretudo ao ou omisso que se mostre contrria ao plano de recuperao judicial aprovado, deve o Comit manifestar-se nos autos da recuperao judicial solicitando ao magistrado que adote as medidas que considere pertinentes eliminao de atos contrrios ao plano de recuperao judicial. Ter o Comit de Credores as seguintes atribuies: (1) na recuperao judicial e na falncia: (a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; (b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; (c) comunicar ao juiz caso detecte violao dos direitos ou prejuzo aos interesses dos credores; (d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamaes dos interessados; (e) requerer ao juiz a convocao da assembleia geral de credores; (f) manifestar-se nas hipteses previstas nesta lei; (2) na recuperao judicial: (a) fiscalizar a administrao das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 dias, relatrio de sua situao; (b) fiscalizar a execuo do plano de recuperao judicial; (c) submeter autorizao do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor, a alienao de bens do ativo permanente, a constituio de nus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessrios continuao da atividade empresarial durante o perodo que antecede a aprovao do plano de recuperao judicial. Importante frisar que as decises do Comit, como rgo colegiado que , so sempre tomadas pela maioria de seus membros, tendo direito a voto um nico representante de cada classe. Cabendo ao Juiz o ato de destituio do Administrador judicial, conforme art. 31 da lei 11.101/05 O juiz, de ofcio ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poder determinar a destituio do administrador judicial ou de quaisquer dos membros do Comit de Credores quando verificar desobedincia aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omisso, negligncia ou prtica de ato lesivo s atividades do devedor ou a terceiros. 1o No ato de destituio, o juiz nomear novo administrador judicial ou convocar os suplentes para recompor o Comit. 2o Na falncia, o administrador judicial substitudo prestar contas no prazo de 10 (dez) dias, nos termos dos 1o a 6o do art. 154 desta Lei. Questo 02 Qual a consequncia do deferimento da recuperao judicial em relao aos contratos bilaterais do devedor? Responda Justificadamente. Resposta: Os contratos bilaterais, como o contrato de trabalho, no se resolvem pela falncia e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida, ou for necessrio manuteno e preservao de seus ativos, mediante autorizao do Comit. O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de at 90 dias, contado da assinatura do termo de nomeao, para que, dentro de 10 dias, declare se cumpre ou no o contrato. A declarao negativa ou o silncio do administrador judicial confere ao contraente o direito indenizao, cujo valor, apurado em processo ordinrio constituir crdito quirografrio. Contra a massa falida no so exigveis juros vencidos aps a decretao da falncia, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado no bastar para o pagamento dos credores subordinados. O proprietrio de bem arrecadado no processo de falncia ou que estejam em poder do devedor na data da decretao da falncia poder pedir sua restituio. Tambm pode ser pedida a restituio de coisa vendida a crdito e entregue ao devedor nos 15 dias anteriores ao requerimento de sua falncia, se ainda no alienada. Conforme art. 117 e seguintes da Lei 11.101/05.
Questo 03 - Uma sociedade empresria manejou pedido de recuperao judicial, com o objetivo de suspender o curso de sua falncia. No que se refere a situao hipottica descrita, elabore um texto, devidamente fundamentado e com meno a legislao vigente, esclarecendo se o atual estgio do direito falimentar brasileiro admite a recuperao suspensiva da falncia.
Resposta: Anteriormente a nova sistemtica legislativa falencial, j se falava na possibilidade de que os credores, reunidos em maioria, poderiam decidir de maneira ampla a soluo dos problemas com a falncia, tudo conforme disposto no art. 123 do Decreto-Lei 7.661/45. No atual instituto s h perda se houver incapacidade de dilogo ou malversao dos bens arrecadados, pois a ideia principal afastar o devedor do comando de sua empresa, permitindo que as falhas anteriormente cometidas sejam sanadas, recuperando-se os produtos e vendendo-os, ou arrendando-os ou entregando aos credores, mas tudo de maneira imediata. Sendo primordial, encontrar solues seguras e rpidas para as falncias no se eternizarem conforme vislumbra-se no art. 75 da atual Lei 11.101/2005: A falncia, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilizao produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangveis, da empresa. Fazendo jus ao prescrito no art. 5, inciso LXXVIII da Constituio Federal "a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao" evidenciado no pargrafo nico do mesmo art. 75 da Lei 11.101/2005, determinando que "o processo de falncia atender aos princpios da celeridade e da economia processual". Impe destacar que uma falncia poder ser encerrada precocemente desde que a maioria dos credores consinta com isso, mesmo porque precisamos ficar bem atentos ao seguinte dogma: trata-se de direito disponvel o dinheiro alheio, logo, se os credores concordarem, encerra-se a falncia. O artigo 145 da Lei 11.101/2005 repete o antigo art. 123 do Decreto-Lei 7.661/45, permitindo que a maioria qualificada dos credores (2/3) possa deliberar a respeito, merecendo lembrar o dispositivo: Art. 145. O juiz homologar qualquer outra modalidade de realizao do ativo, desde que aprovada pela assembleia-geral de credores, inclusive com a constituio de sociedade de credores ou dos empregados do prprio devedor, com a participao, se necessria, dos atuais scios ou de terceiros. 1o Aplica-se sociedade mencionada neste artigo o disposto no art. 141 desta Lei. 2o No caso de constituio de sociedade formada por empregados do prprio devedor, estes podero utilizar crditos derivados da legislao do trabalho para a aquisio ou arrendamento da empresa. 3o No sendo aprovada pela assembleia-geral a proposta alternativa para a realizao do ativo, caber ao juiz decidir a forma que ser adotada, levando em conta a manifestao do administrador judicial e do Comit. Identicamente, foi a colocao do artigo 46 da Lei 11.101/2005, dispondo: Art. 46. A aprovao de forma alternativa de realizao do ativo na falncia, prevista no art. 145 desta Lei, depender do voto favorvel de credores que representem 2/3 (dois teros) dos crditos presentes assembleia. A ideia que se possa resolver a falncia com uma soluo inovadora, criativa, que agrade pelo menos a maioria dos credores, mesmo porque sero eles que iro deliberar em assembleia geral o que fazer da empresa falida, dentro daquilo que se chamou democracia monetria. Dessa maneira, o foco principal do processo falencial buscar a soluo mais rpida, barata e segura para a decretao da falncia, evitando-se o processamento demasiado de atos sem sentido prtico, fazendo com que os credores encontrem uma soluo em sintonia com o devedor, colocando-os para dialogar e chegar ao consenso, dentro da moderna linha de pensamento da recuperao social da empresa. A atual legislao segue uma tendncia mundial de evitar ao mximo a proliferao de empresas falidas que no tem nada a servir sociedade. Ao revs, no produz, no emprega, no paga tributos, etc. A atual legislao procura fazer com que se extraia da massa falida uma alternativa para o problema causado pela quebra, sem a criao de sucatas futuras ou bem sem valor, que nada rendero para a massa falida, ad futurum. Dentro desse quadro desgastante, necessrio que o exegeta observe que, antes do rigorismo legal, h uma unidade produtiva paralisada, pronta para voltar a funcionar, seja atravs de terceiros seja atravs do prprio falido, eis que o artigo 50 da Lei 11.101/2005 tem essa finalidade explcita. Se s isso no fosse o suficiente, ainda, poderamos observar que uma empresa funcionando sob a superviso judicial muito melhor para o mercado do que uma empresa eternamente paralisada. Ao instituir a possibilidade de solucionar a falncia com a comunidade de credores deliberando em assembleia geral de credores, permite que o processo falencial se encerre no menor espao de tempo possvel, o que daria uma nova opo ao empresariado que, mesmo falindo, teria ainda nimo em ajudar o Judicirio a solucionar os problemas decorrentes da quebra, eis que teria condies de retornar sua atividade produtiva, resgatando sua dignidade pessoal e moral como ser humano, pois o reerguimento dos negcios demonstraria que o mal foi passageiro.