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DA ADMINISTRAÇÃO, DA ARRECADAÇÃO E GUARDA DOS BENS, LIVROS E

DOCUMENTOS DO FALIDO

Da administração dos bens do falido

 Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador


judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos bens,
separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem, requerendo ao
juiz, para esses fins, as medidas necessárias.

 § 1o Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou de


pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido ou
qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos bens.

 § 2o O bem objeto da contratação poderá ser alienado a qualquer tempo,


independentemente do prazo contratado, rescindindo-se, sem direito a multa, o
contrato realizado, salvo se houver anuência do adquirente.

Arrecadação dos bens particulares dos sócios de responsabilidade ilimitada; de


administradores de sociedade limitada e diretores de sociedade anônima.

 Se a responsabilidade for ilimitada, segue-se a regra do art. 81.

Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios


ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam
sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida
e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o
desejarem.

 Quanto a responsabilidade limitada, segue-se a regra do artigo 82:

Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada,


dos controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas
respectivas leis, será apurada no próprio juízo da falência, independentemente
da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo,
observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil.

Analise feita, em que a responsabilidade deixará de ser limitada, será em


casos de gestão fraudulenta, tendo assim, desconsideração da personalidade
jurídica.

Do lacre do estabelecimento do falido

 Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a
execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos bens da massa
falida ou dos interesses dos credores.

Inventário dos bens arrecadados

 Após feita a arrecadação dos bens d falido, deve o administrador individuá-los,


fixando-lhes valor, levantando, para isso um inventário, também denominado
auto de arrecadação
 No inventário, assinalada a presença do falido, o administrador discriminará os
bens arrecadados, a saber:
A) dinheiro;
B) livros (obrigatórios e facultativos);
C) mercadorias;
D) móveis e utensílios;
E) títulos de crédito;
F) bens em poder de terceiros;
G) bens de terceiros em poder do falido.

Venda antecipada de bens deterioráveis

 Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável


desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa,
poderão ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação,
mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48
(quarenta e oito) horas.

DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DOS EMBARGOS DE TERCEIROS

Da arrecadação e os bens de terceiro

Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre


em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição.

Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e
entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência,
se ainda não alienada.

 Pressupostos para pedido de restituição

1) que a coisa arrecadada em poder do falido seja devida em virtude de um


direito real;

2) que seja devida em decorrência de um contrato.

 Dinheiro em depósito com o falido

A Súmula 417 do STF, se declina favorável à restituição:

Pode ser objeto de restituição, na falência, dinheiro em poder do falido,


recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse ele a
disponibilidade.

 Coisas Vendidas a Crédito

Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se


encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir
sua restituição.

De acordo com a Súmula 193 do STF, o prazo é contado a partir da entrega da


coisa.
O pedido de restituição subordina-se a três requisitos:

A) que a coisa tenha sido vendida a crédito;

B) que tenha sido entregue ao falido nos quinze dias que antecedem o pedido de
falências;

C) que não tenha sido alienada pela massa.

Em determinadas circunstâncias, a restituição pura e simples se torna


impraticável. Isso ocorre nas seguintes hipóteses:

1) a coisa não mais existia, quando da declaração da falência, sendo assim,


ao reivindicante será pago o valo da avaliação do bem;

2) a coisa foi vendida, será pago o respectivo preço, em valor atualizado.

 Coisa alienada fiduciariamente


A falência antecipa o vencimento da obrigação e o direito brasileiro assegura
ao fiduciário requerer a restituição do bem, devendo, na hipótese de vendê-lo a
terceiro, cobrar-se, restituindo à massa o saldo apurado.
O credor fiduciário não se sujeitará à habilitação de créditos, como os demais
credores, sendo que os bens adquiridos fiduciariamente pertencem-lhe até o
resgate da dívida.
Lembrando, que de acordo com o artigo 117 da L. F., será facultado ao
administrador, no interesse da massa, manter o negócio anteriormente
celebrado pelo falido.
Na recuperação judicial o credor fiduciário só pode exercer seus direitos após o
decurso do prazo de cento e oitenta dias, do deferimento do processamento e
recuperação. (art. 6º,§ 4º).

 Contrato de Câmbio
É usual o adiantamento de dinheiro por conta dos contratos de câmbio
celebrados entre as instituições financeiras e os exportadores.
Na eventualidade de falência do devedor, facultado é ao credor requerer a
restituição do dinheiro adiantado.
De acordo com a súmula 307 do STJ: A restituição de adiantamento de
contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito.
Em conformidade com o art. 151 da L.F.: Art. 151. Os créditos trabalhistas de
natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à
decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por
trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.
Ainda, súmula 36 do STJ: A correção monetária integra o valor da restituição,
em caso de adiantamento de câmbio, requerida em concordata ou falência.
Súmula 133, STJ: A restituição da importância adiantada, à conta de contrato
de câmbio, independe de ter sido a antecipação efetuada nos quinze dias
anteriores ao requerimento da concordata.
 O Processo de Restituição: Efeitos, juízo competente, legitimidade ativa e
passiva, procedimento, sentença, recurso.
Art. 91. O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o
trânsito em julgado.
Parágrafo único. Quando diversos requerentes houverem de ser satisfeitos em
dinheiro e não existir saldo suficiente para o pagamento integral, far-se-á rateio
proporcional entre eles.
Se, nem a coisa reivindicada nem a cosa resultante da transformação ou
substituição existirem ao tempo da restituição, haverá o reivindicante o preço
respectivo.
O pedido de restituição deverá ser endereçado ao próprio juízo da falência, que
é, assim, competente para conhecer, processar e julgar a pretensão.
 Art. 87. O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa
reclamada.
§ 1o O juiz mandará autuar em separado o requerimento com os documentos
que o instruírem e determinará a intimação do falido, do Comitê, dos credores
e do administrador judicial para que, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, se
manifestem, valendo como contestação a manifestação contrária à restituição.
§ 2o Contestado o pedido e deferidas as provas porventura requeridas, o juiz
designará audiência de instrução e julgamento, se necessária.
§ 3o Não havendo provas a realizar, os autos serão conclusos para sentença.
Art. 88. A sentença que reconhecer o direito do requerente determinará a
entrega da coisa no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
Parágrafo único. Caso não haja contestação, a massa não será condenada ao
pagamento de honorários advocatícios.
Art. 89. A sentença que negar a restituição, quando for o caso, incluirá o
requerente no quadro-geral de credores, na classificação que lhe couber, na
forma desta Lei.
Art. 90. Da sentença que julgar o pedido de restituição caberá apelação sem
efeito suspensivo.
Parágrafo único. O autor do pedido de restituição que pretender receber o bem
ou a quantia reclamada antes do trânsito em julgado da sentença prestará
caução.

 Embargos de terceiro: conceito, legitimidade ativa e passiva, juízo


competente, rito processual, recurso.
Embargos de terceiro é uma ação especial que objetiva proteger direitos de
terceiros na ocorrência de turbação ou esbulho na posse de seus bens.
O processo de arrecadação dos bens do falido, por ser e extremo rigor, pode (e
normalmente isso ocorre) envolver bens de terceiros que se encontrem em
mãos do falido. Este, o terceiro, não podendo valer-se do pedido de restituição,
pode, utilizar-se dos embargos de terceiros.
Art. 93. Nos casos em que não couber pedido de restituição, fica resguardado
o direito dos credores de propor embargos de terceiros, observada a legislação
processual civil.
O pedido de restituição só é possível se o bem reivindicado foi apreendido por
força da arrecadação, como conseqüência da falência. Já os embargos de
terceiro podem ser interpostos na ocorrência de turbação ou esbulho
decorrente de seqüestro decretado como medida cautelar, preparatória à
quebra.
Da sentença que julgar os embargos cabe apelação, podendo ser interposto
agravo da medida liminar.

DA HABILITÇÃO DOS CRÉDITOS

O concurso de credores

A falência é um processo de execução coletiva. A sentença declaratória da


falência instaura m verdadeiro concurso de credores, por fora da vis attractiva
do juízo falimentar.

 Habilitação dos créditos segundo a sua natureza


Na habilitação dos créditos a lei não distingue entre dívida civil ou comercial,
tampouco indaga se o credor é ou não empresário mercantil ou prestador de
serviços, com exceção do art. 5°:
Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:
 I – as obrigações a título gratuito;
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação
judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o
devedor.

 Apresentação dos créditos


As habilitações deverão ser endereçadas ao administrador:
 Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial,
com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e
nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar
com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
§ 1o Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no parágrafo único do art. 99
desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao
administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos
créditos relacionados.
O pedido de habilitação de crédito dispensa a outorga de mandato a advogado,
podendo ser firmado pelo próprio credor. Se o crédito for impugnado, far-se-á
necessário patrocínio de advogado.
Art. 7º, § 2º: O administrador judicial, com base nas informações e documentos
colhidos na forma do caput e do § 1o deste artigo, fará publicar edital contendo
a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim
do prazo do § 1o deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo.
Art. 15. Transcorridos os prazos previstos nos arts. 11 e 12 desta Lei, os autos
de impugnação serão conclusos ao juiz, que:
 I – determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de
créditos não impugnadas, no valor constante da relação referida no § 2 o do art.
7o desta Lei;
Caso haja impugnação: Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de
petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará
as provas consideradas necessárias.
Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no
art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou
o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de
credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra
a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
A impugnação poderá envolver a legitimidade, a importância ou a classificação
(se preferencial, com privilégio geral, especial ou quirografário).
Autuada em separado, a impugnação, observa o rito processual previsto nos
arts. 13 a 15 da Lei 11.101/2005:
Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com
os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas
necessárias.
Parágrafo único. Cada impugnação será autuada em separado, com os
documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas
impugnações versando sobre o mesmo crédito.
Art. 14. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de
credores, a relação dos credores constante do edital de que trata o art. 7o, § 2o,
desta Lei, dispensada a publicação de que trata o art. 18 desta Lei.
Art. 15. Transcorridos os prazos previstos nos arts. 11 e 12 desta Lei, os autos
de impugnação serão conclusos ao juiz, que:
I – determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de
créditos não impugnadas, no valor constante da relação referida no § 2 o do art.
7o desta Lei;
II – julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas
alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito,
o valor e a classificação;
III – fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos
controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes;
IV – determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de
instrução e julgamento, se necessário.
Art. 17. Da decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo.

 Créditos retardatários
Se o credor perder o prazo para habilitar seu credito, este poderá habilitar-se
posteriormente como credor retardatário:
Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7o, § 1o, desta Lei, as
habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias.
O credor retardatário perde o direito a rateios eventualmente realizados. Na
recuperação judicial não terão direito a voto nas deliberações da assembléia
geral de credores, salvo se titular de crédito trabalhista. Na falência, perderá o
direito a voto, exceto se, na data da realização da assembléia geral, já houver
sido homologado o quadro geral de credores.

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