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FRAUDE À EXECUÇÃO

O devedor, já sabendo que sofrerá um processo de execução pois já tem ciência de


que é réu em um processo de cobrança e ainda está inadimplente, esvazia o seu
patrimônio para que não haja possibilidade de ser cobrado
- Se o juiz determina a fraude à execução, esse patrimônio transferido continua
respondendo pelas dívidas do réu, é ineficaz essa transferência
- O credor pode atingir os bens que compõe a fraude à execução
- Devido a fraude à execução é importante pedir a certidão de distribuição do
processo de execução, o que não impede o terceiro de cair numa situação de
fraude, mas pelo menos ele está ciente do ocorrido
- Ato nulo que só inicia após já estar em trâmite um processo

A fraude à execução e a fraude contra credores não se confundem, sendo esta


última um ato anulável, enquanto a fraude à execução é nula (na fraude contra
credores o devedor se desfaz de seu patrimônio sem que haja uma ação em curso,
pode haver o débito, mas ainda não há um processo de cobrança)
- O credor pode postular o reconhecimento da fraude à execução nos próprios
autos do processo em curso
- A fraude contra credores só pode ser postulada em ação própria,
denominada ação pauliana
- Somente a fraude à execução pode ser reconhecida em embargos de
terceiro

Ocorre com a alienação/ oneração de bem do devedor na fase de execução, sendo


os requisitos:
- Citação válida ou prova de que o devedor tinha ciência da ação (o ônus da
prova é do credor)
- Má-fé do adquirente (a pessoa que adquire o bem estar ciente que ele pode
responder pela dívida) - em caso de aquisição do bem não sujeito a registro,
o adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para
a aquisição
- Artigo 792 do CPC: A alienação (venda) ou a oneração (colocar um ônus
sobre o bem, dá-lo como garantia, a exemplo da hipoteca) de bem é
considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real
(relação da pessoa com a coisa) ou com pretensão reipersecutória (direito
exclusivo do proprietário sobre o bem, segue a coisa), desde que a
pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se
houver
- Aborda especificamente a relação do proprietário para com o
bem
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do
processo de execução, na forma do artigo 828 (o terceiro não pode alegar
ignorância pois está averbado no registro público)
- Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução
foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da
causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de
veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou
indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o
exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
(Se a penhora foi efetivada e não foi informado que os outros
bens bloqueados não precisavam ser penhorados, pois um
deles já satisfez a dívida, cabe ação de indenização, se a parte
ingressar com a ação de indenização); se averbou as certidões
de 3 bens, e 1 já satisfez a penhora, deve pedir a baixa dessa
averbação da certidão em um prazo de 10 dias; não é porque o
indivíduo sofreu a penhora que o seu nome deixa de estar
negativado automaticamente, são coisas distintas, o nome
somente deixa de estar negativado após efetivação do
pagamento
§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de
ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no
prazo.
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a
oneração de bens efetuada após a averbação.
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente
indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2º
indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em
autos apartados.

III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária


ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a
fraude (o adquirente tem consciência de que este bem está hipotecado e pode
eventualmente responder pela dívida)
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o
devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência (somente se prova mediante
ingresso de ação autônoma denominada ação declaratória de insolvência, muito
difícil, para demonstrar que o passivo do devedor é maior que o seu ativo)

§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente


- O terceiro que recebeu o patrimônio fraudado, o perderá se estiver de
má-fé; o patrimônio cobre a dívida do devedor, e o que sobrar, volta
para o terceiro adquirente
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente
tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição,
mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e
no local onde se encontra o bem.
- Cautela necessária seria a obtenção de certidões, demonstrar que
realizou pesquisas documentais antes da aquisição do bem
- Súmula 375 STJ = o reconhecimento da fraude à execução depende
do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do
terceiro adquirente (quem tem o ônus da prova é o exequente, o
credor)

§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à


execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende
desconsiderar
- Há contradição entre o artigo 792 e o artigo 137 do CPC, no tocante
ao termo inicial da fraude à execução; este parágrafo prevê que a
fraude à execução retroage à data da citação, enquanto o artigo 137
prevê que a fraude inicia a partir da desconsideração da personalidade
jurídica; o parágrafo 3º do 792 é o que vale

§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro


adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 dias
- Normalmente pode apresentar embargos antes mesmo da assinatura
da arrematação do bem, mas nesse caso quando se tratar de fraude à
execução, o prazo do terceiro é de 15 dias para interpor os embargos
(prazo peremptório)

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