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Ação de Consignação em

pagamento
arts. 539 a 549 do NCPC
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

▪ arts. 539 a 549 do NCPC


▪ Disciplinado no art. 67 da Lei 8.245/91 (lei do inquilinato)
“Art. 67. Na ação que objetivar o pagamento dos aluguéis e acessórios
da locação mediante consignação, será observado o seguinte...”
Arts. 334 a 345 do CC:
“Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito
judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e
forma legais”.
INTRODUÇÃO
▪ Função: liberar-se da obrigação.
▪ procedimento continua semelhante ao que está previsto no CPC/73.
HIPÓTESES LEGAIS PARA A CONSIGNAÇÃO:

▪ Art. 335. CC:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber
o pagamento, ou dar quitação na devida forma; (chamamos
de dívida portável – compete ao devedor oferecer a
prestação no domicilio do credor ou local por este indicado.)
Obs. A recusa nesse caso é por um ato comissivo do credor.
Ex. credor não recebe pois alega que o valor é insuficiente.
HIPÓTESES LEGAIS PARA A CONSIGNAÇÃO:

II - Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar,


tempo e condição devidos; (dívida quesível - Aqui o credor é
quem vai buscar o pagamento da divida no domicilio do
devedor – se ele não aparecer no dia o devedor poderá se
utilizar da consignação).
Obs. Nesse caso a recusa é por um ato omissivo
HIPÓTESES LEGAIS PARA A CONSIGNAÇÃO

III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,


declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso
perigoso ou difícil; (observa-se aqui várias condicionantes
específicas, ex.: credor incapaz)
HIPÓTESES LEGAIS PARA A CONSIGNAÇÃO

IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente


receber o objeto do pagamento; (multiplicidade de
pretendentes ao recebimento da prestação ou dúvida sobre
se aquele que se apresenta a recebê-la tem poderes para
tanto ou para dar-lhe quitação.

V - Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.


Obs. Rol não taxativo, podendo-se utilizar sempre que
houver algum óbice para o pagamento.
Resumo:

1 – recusa do credor -- inciso I e II do art. 335 do CC.


2 – impossibilidade do credor receber -- Inciso III do CC
3 – dúvida sobre o credor -- inciso IV do CC
4 – Existência de litígio sobre o objeto do pagamento.
BENS CONSIGNÁVEIS

▪ Dinheiro, bens móveis ou imóveis.


▪ Ex. consignação das chaves de um imóvel em que o credor se recusa
a receber.
▪ Obs. Somente as obrigações de fazer ou não fazer é que não pode ser
objeto da consignação.
MODALIDADES DE CONSIGNAÇÃO

▪ Extrajudicial e judicial
CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Art. 539, §1º CPC – Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro
requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez)
dias para a manifestação de recusa.
§ 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento (Termo inicial
do prazo), sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação,
ficando à disposição do credor a quantia depositada.
§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser
proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova
do depósito e da recusa.
§ 4o Não proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-
lo o depositante.
CONSIGNAÇÃO JUDICIAL

▪ COMPETÊNCIA: A regra do art. 540 CPC estabelece a competência


no lugar do pagamento, repetindo o art. 337, CC.
▪ Se a dívida for quesível – ação será ajuizada no foro do devedor.
(caberá ao credor procurar o devedor para fazer o pagamento)
▪ Se a divida for portável - ação será ajuizada no foro do credor.
(consiste no fato de que será de incumbência do devedor encontrar o
credor para satisfazer a obrigação)
▪ Se tratar-se na entrega de bem imóvel, no lugar da situação do bem.
(art. 328 CC)
▪ eleição do foro
LEGITIMIDADE

Ativa – será sempre do devedor ou terceiro interessado ou não.


Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la,
usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do
devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o
fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
Já no pólo passivo, deverá figurar o credor conhecido, aquele que se
firme credor
PROCEDIMENTO:

Inicial: Mesmo requisitos (Art. 319 e 320 - NCPC) do CPC + os seguintes


requisitos (art. 542):
- Indicar a quantia (informando os encargos acrescidos, tempo, modo e
condições de pagamento) e a coisa oferecida
- Pedido de realização de depósito no prazo de 05 dias; se não realizar o
depósito no prazo de 05 dias a ação será extinta, sem julgamento do
mérito.
- Citação do Requerido para levantar o deposito ou apresentar defesa no
prazo de 15 dias. (art. 542, NCPC).
- Caso tenha ingressado com a lide no prazo de 1 mês, juntar o deposito
extrajudicial e a recusa.
Consignação das prestações vincendas.

▪ Prestações sucessivas - realizada a consignação da primeira é


possível o depósito das demais no curso do processo. No prazo de 05
dias a contar do vencimento de cada parcela. (art. 892 CPC / art. 541
NCPC) – Princípio da economia processual.
Valor da causa

▪ Será o valor da prestação devida, acrescidos de juros e demais


encargos moratórios se for o caso.
▪ Obrigação de dar – valor da coisa.
▪ Prestações sucessivas – será a soma das prestações a consignar, não
ultrapassando o valor de uma anuidade. (súmula 449 STF e 260 CPC –
292, §1º e §2º NCPC).
Defesa do Réu
.Art. 544 NCPC) enumera as principais matérias que poderá alegar em defesa:
Art. 544 NCPC Na contestação, o réu poderá alegar que: (não houve alteração)
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV - o depósito não é integral. (complementação do pagamento no prazo de 10 dias
– nesse caso será condenado as custas e honorários advocatícios)
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu
indicar o montante que entende devido.
Sentença

▪ Natureza declaratória – pois declarará extinta a obrigação e seus


efeitos.
▪ Condenatória quando deposito insuficiente, quando puder ser
apurado. Caso não consiga apurar, a sentença será pela
improcedência da ação.
▪ Execução nos próprios autos (art. 513 NCPC)
Jurisprudência temática

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. IPTU.


CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DO VALOR QUE O CONTRIBUINTE
ENTENDE DEVIDO. ALEGAÇÃO DE EXCESSO. IMPROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. Na ação de consignação em pagamento, a insuficiência do
depósito não conduz à improcedência do pedido, mas sim à extinção da
obrigação até o montante consignado. Além disso, o laudo pericial,
produzido para se aferir o valor correto do IPTU, referente ao mesmo
imóvel, usado como prova emprestada na ação de revisão em apenso,
concluiu que o valor venal do imóvel atribuído pelo réu está equivocado
e excessivo. Reforma da sentença que se impõe. Provimento do
recurso.(TJ-RJ - APL: 00790214220088190001, Relator: Des(a).
BENEDICTO ULTRA ABICAIR, Data de Julgamento: 01/08/2018, SEXTA
CÂMARA CÍVEL)
APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. A ação
de consignação é instrumento processual destinado a quitar obrigação diante da
mora do credor em receber o que lhe é devido ou dúvida a quem pagar. O credor
não é obrigado a receber de forma diversa da contratada. - Circunstância dos
autos em que se impõe manter a sentença. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação
Cível Nº 70069991743, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: João Moreno Pomar, Julgado em 25/08/2016). (TJ-RS - AC: 70069991743
RS, Relator: João Moreno Pomar, Data de Julgamento: 25/08/2016, Décima
Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 31/08/2016)
APELAÇÃO CÍVEL. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.
RECONVENÇÃO. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - Admite-se a
consignação em pagamento para a entrega de bem imóvel objeto de
locação. A existência de reparos a serem feitos sobre o imóvel não
impede a entrega de chaves pelo locatário. REPAROS NO IMÓVEL -
Cabe ao locatário arcar com o ônus de reparar o imóvel e devolvê-lo em
condições de uso. Cabe ao locador arcar com a deterioração natural do
imóvel. Caso concreto. Hipótese em que se determina uma redução
sobre o valor constante nos orçamentos para compensar a deterioração
esperada em...(TJ-RS - AC: 70037446754 RS, Relator: Ergio Roque
Menine, Data de Julgamento: 28/07/2011, Décima Sexta Câmara Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 02/08/2011)

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