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CONCEITO
ESPÉCIES DE CONSIGNAÇÃO
CABIMENTO DA CONSIGNAÇÃO
A consignação só é cabível nos casos taxativamente previstos em lei. O rol do Código Civil,
porém, não é taxativo, porque o Código Tributário Nacional e outras leis prevêem outras hipóteses
de consignação.
Fora dessas hipóteses legais, ocorrerá a carência de ação por impossibilidade jurídica do
pedido.
O art. 335 do Código Civil prevê as causas que ensejam o pagamento em consignação.
Com efeito, a consignação tem lugar:
I. “se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação
na devida forma;”.
Assim, a negativa do recebimento ou em dar quitação, é a primeira causa de consignação.
Urge, porém, que essa negativa seja injusta; se for justa, como, por exemplo, o devedor quer
entregar a mercadoria descongelada, ao invés de congelada, conforme pactuado, é incabível a
consignação.
II. “se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;”
Enquanto no inciso anterior a dívida é portable, competindo ao devedor dirigir-se ao domicílio
do credor para pagá-lo, no inciso em apreço a dívida é querable, pois é o credor quem deve
procurar o devedor para receber.
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Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
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III. “se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;”
Se o credor for absolutamente incapaz, o pagamento deve ser feito ao representante legal; se
for relativamente incapaz, o próprio credor o recebe sob a assistência do representante legal.
Todavia, caberá a consignação quando não houver o representante legal ou quando o interesse
deste colidir com o do incapaz.
Quanto ao credor desconhecido, cumpre registrar que, no momento da formação da
obrigação, o credor quase sempre é conhecido, mas em virtude da sucessão do credor originário
pode tornar-se desconhecido, tendo em vista a ignorância de quem sejam os herdeiros. Nesse caso,
o credor ajuíza a ação de consignação e os eventuais herdeiros incertos e desconhecidos são
citados por edital.
Na hipótese de credor declarado ausente, o pagamento deve ser efetuado ao curador do
ausente. Se este não for localizado, é cabível a consignação.
Por fim, quando o credor residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil também é
cabível a consignação.
IV. “se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;”
Ocorre quando dois ou mais credores apresentam-se ao devedor. Este, na dúvida, sobre
quem é o legítimo credor, deve consignar a prestação. O exemplo clássico é o da seguradora,
quando paira dúvida se o pagamento deve ser feito à companheira ou à esposa do de cujus, de
quem este estava separado de fato.
REQUISITOS
Em relação às pessoas, cumpre salientar que a ação de consignação pode ser proposta pelo
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PROCESSO DA CONSIGNAÇÃO
A ação de consignação em pagamento tramita em rito especial (arts. 539 a 549 do CPC/2015).
O autor, isto é, o devedor, na petição inicial, requererá o depósito da prestação devida, a ser
efetivado no prazo de 5 (cinco) dias a contar do deferimento. Dispensa-se o requerimento do
depósito se a ação de consignação for precedida de depósito extrajudicial, recusado pelo credor,
pois, nesse caso, o devedor deve instruir a inicial com a prova do depósito e da recusa. Anote-se
que não há mais a audiência de oblação ou oferta da prestação. Não realizado o depósito no prazo,
o processo será extinto sem resolução do mérito (art. 542, parágrafo único, do CPC/2015).
O réu é citado para levantar o depósito ou oferecer resposta.
Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, isto é, contestar o
devedor, ou melhor, o autor da ação, (devedor ou terceiro) poderá requerer o levantamento da
prestação consignada, desistindo, pois, da ação, pagando as respectivas despesas. Nesse caso,
subsiste a obrigação para todas as consequências de direito (art. 338).
Após a contestação, ou aceitação do depósito pelo credor, o devedor não poderá mais
levantar o depósito sem a anuência do credor. E se este aquiescer no levantamento, perderá a
preferência e garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo
desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham anuído (art. 340). Ocorre, portanto, um
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fenômeno similar à novação, pois é como se a primitiva obrigação tivesse sido extinta, sendo
substituída por outra, de igual valor, mas sem as garantias da anterior.
Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o
pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios.
Anote-se que a falta de contestação não gera necessariamente a procedência da ação, pois pode
ocorrer de o autor ou réu serem partes ilegítimas.
Por outro lado, se o credor receber e dar quitação, esse ato implica em reconhecimento do
pedido, aplicando-se, destarte, o art. 587, III, a, do CPC/2015. De acordo com o art.343 do CC, as
despesas com o depósito, quando julgada procedente a ação, correrão à conta do credor, e, no
caso de improcedência, à conta do devedor. Aliás, se a ação for julgada improcedente, a situação
do devedor será a mesma em que se encontrava antes da propositura da ação, caracterizando-se a
sua mora, respondendo ainda pelas custas e despesas processuais, bem como honorários
advocatícios, pelos riscos à coisa e juros.
Se, ao revés, o réu optar em contestar a ação, cujo prazo é de 15 (quinze) dias, poderá alegar:
a) que não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; b) que a recusa foi justa; c)
que o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; d) que o depósito não é
integral. Nessa última hipótese, a alegação só será admissível se o réu indicar o montante que
entende devido. Em tal situação, é lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se
corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à
parcela controvertida.
Após a contestação, segue-se o rito ordinário.
A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o
montante devido, e neste caso, valerá como título executivo, facultando ao credor promover-lhe a
execução nos mesmos autos (§2º do art. 545 do CPC/2015). Verifica-se, portanto, que a ação
consignatória é dúplice na hipótese de defesa fundada na insuficiência de depósito, porquanto
dispensado está o réu de apresentar reconvenção para receber a diferença que lhe é devida. Anote-
se ainda que é mera faculdade do credor promover a execução nos próprios autos, pois ele pode
ajuizar ação de execução autônoma. Se a sentença conclui pela insuficiência do depósito, mas não
tem elementos para apurar o valor da diferença devida, a condenação poderá ser ilíquida, isto é,
dependente de futura liquidação.
A sentença prolatada na ação de consignação em pagamento tem natureza declaratória, com
efeito ex tunc, porque a extinção da obrigação opera-se com o depósito válido, antes, portanto, da
sentença. É o depósito que tem a eficácia constitutiva, isto é, de produzir o efeito de extinguir a
obrigação, tanto é que, a partir dele, cessam os juros da dívida e os riscos do devedor, salvo se for
julgado improcedente. Com o depósito válido, considera-se feito o pagamento, liberando-se o
devedor da obrigação. A partir do depósito as despesas com a guarda e conservação da coisa,
desde que procedente o pedido, correm por conta do credor; se improcedente serão arcadas pelo
devedor. Assim, procedente a ação, o depósito judicial (que é o pagamento) gerará os seguintes
efeitos:
a) extinção da obrigação, liberando o devedor;
b) constituição do credor em mora;
c) o credor torna-se o responsável pelos riscos à prestação;
d) liberação dos fiadores;
e) credor é obrigado a indenizar os danos que sua mora causou ao devedor e reembolsá-
lo das despesas pela conservação do bem;
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Por outro lado, na hipótese do inciso IV do art. 335, isto é, dúvida sobre quem deva
legitimamente receber o objeto do pagamento, a ação é movida em face dos sedizentes credores.
Haverá um litisconsórcio passivo, em que podem ocorrer as seguintes hipóteses:
a) os dois ou mais réus, na contestação, não impugnam o depósito, limitando-se a disputarem
apenas quem seja o legítimo credor. Nesse caso, o juiz declarará extinta a obrigação, continuando o
processo a correr unicamente entre os credores, no rito ordinário. Trata-se de um processo sui
generis, porque só há réus, tendo em vista a liberação do autor;
b) nenhum dos dois ou mais réus comparecem ao processo para contestar a ação. Nesse caso,
o juiz converte o depósito em arrecadação de coisas vagas;
c) apenas comparece um dos dois ou mais credores. Nesse caso, o juiz decidirá de plano,
liberando o depósito em favor dele, caso ele demonstre a sua condição de credor;
d) os dois comparecem e impugnam o depósito. Se o autor completar o depósito, o juiz o
libera do processo, que prosseguirá apenas entre os réus.
CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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