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FADESA - Faculdade para o Desenvolvimento da Amazônia

Disciplina: Direito Civil II (Direitos e Obrigações)


Prof. Isabelle Oliveira
Acadêmico: Geanderson Nunes
Curso: Direito, 3º Período, Turno: Noturno, Turma: B

Atividade

Obrigações – adimplemento – responda com fundamento em doutrina, lei e


jurisprudência.

1– Explique a natureza jurídica do pagamento.

Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho sustentam que o pagamento é um fato
jurídico.
No entanto, também afirmam que a categoria fato jurídico é, de sobremaneira,
abrangente, daí a necessidade de aferir se o pagamento constituiria um ato jurídico em
sentido estrito – simples comportamento do devedor, sem conteúdo negocial, cujo
efeito, já previsto pela norma, é a extinção da obrigação –, ou um negócio jurídico –
mais do que um simples comportamento, o ato capaz de regular sobre seus efeitos, com
um caráter bilateral de consenso entre credor e devedor
Arrematam os aludidos doutrinadores que “não se pode adotar uma posição definitiva”
a respeito do assunto. Somente uma análise do caso concreto poderá dizer se o
pagamento tem ou não tem natureza negocial, e, bem assim, caso seja considerado
negócio, se unilateral ou bilateral”

2- O que ocorre quando o terceiro interessado paga a dívida?


Caso o terceiro interessado realize o pagamento, ele sub-roga-se (substitui-se) na
posição do credor originário. A hipótese será de sub-rogação legal (CC, art. 349), de
modo a ocupar a posição do credor originário com todos os direitos, ações e garantias.
De acordo com a legislação, qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la,
usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor, a
exemplo de uma consignação em pagamento, prevista tanto no NCPC (art. 539), quanto
no CC (art. 334).
Como o Superior Tribunal de Justiça se posicionou sobre o tema? No REsp.
85.551-PB, o Superior Tribunal de Justiça entendeu ser possível ao terceiro “requerer a
consignação” admitindo-se, no caso concreto, que um descendente-sucessor se utilize
da medida judicial de forma legítima.
3– diferencie dívida quesível de portável.

Para Flavio Tartuce: Como regra geral, os instrumentos obrigacionais estipularão o


domicílio onde as obrigações deverão ser cumpridas, determinando também, de forma
implícita, a competência do juízo onde a ação será proposta, em caso de
inadimplemento da obrigação. Em relação ao lugar de pagamento.

Obrigação quesível ou quérable – situação em que o pagamento deverá ocorrer no


domicílio do devedor. De acordo com a lei, há uma presunção relativa de que o
pagamento é quesível, uma vez que o sujeito passivo deve ser procurado pelo credor
em seu domicílio para efetuar o pagamento, salvo se o instrumento negocial, a
natureza da obrigação ou a lei impuserem regra em contrário (art. 327, caput, do CC).

b) Obrigação portável ou portable – é a situação em que se estipula, por força do


instrumento negocial ou pela natureza da obrigação, que o local do cumprimento da
obrigação será o domicílio do credor. Eventualmente, também recebe essa
denominação a obrigação cujo pagamento deva ocorrer no domicílio de terceiro. Em
casos tais, o sujeito passivo obrigacional deve levar e oferecer o pagamento a esses
locais.

*Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes


convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da
obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares,
cabe ao credor escolher entre eles.

4– Conceitue pagamento em consignação. Em que situações é possível?

Flávio Tartuce: O pagamento em consignação, regra especial de pagamento, pode


ser conceituado como o depósito feito pelo devedor, da coisa devida, para liberar-se de
uma obrigação assumida em face de um credor determinado
O art. 335 do CC enuncia as hipóteses de cabimento do pagamento por consignação,
todas elas atinentes ao mérito da ação consignatória, quando proposta pelo devedor ou
interessado que não quis, ou não pôde valer-se do depósito extrajudicial. Deduzida
qualquer dessas situações como causa de pedir fática, sua não comprovação pelo
autor-consignante, quando lhe couber o ônus probatório, implicará a rejeição do pedido
pelo juiz (NCPC, arts. 373, I, e 487, I).
4.1 Em que situações é possível?
Recusa do credor - Tratando-se de dívida portável (portable – CC, art. 327, caput, 2ª
parte), caberá o pagamento por consignação se o credor recusar injustificadamente a
oferta de pagamento feita pelo devedor ou se negar a dar-lhe a correspondente
quitação (v. art. 320).

Inércia do credor
Sendo a dívida quesível (quérable), compete ao credor buscar o pagamento no domicílio
do devedor (CC, art. 327, caput, 1ª parte). Não o fazendo no tempo ou no local
estabelecidos, nem mandando procurador em seu lugar, igualmente poderá o devedor
valer-se do pagamento por consignação para liberar-se da obrigação e de suas
consequências (CC, arts. 337 e 400, 1ª parte).

Credor incapaz, desconhecido, ausente ou em local desconhecido ou inacessível


Também é autorizada essa modalidade de pagamento quando o credor for incapaz de
receber, não seja conhecido pelo devedor, houver sido declarado ausente, ou residir em
lugar incerto, ou de acesso perigoso ou difícil.

Dúvida quanto à titularidade do crédito


Ignorando o devedor a quem deva validamente efetuar o pagamento entre os
pretendentes credores, poderá fazer uso do pagamento por consignação, promovendo
a ação correspondente, também inviabilizado, neste caso, por evidente, o depósito
extrajudicial.

Litígio sobre o objeto do pagamento


Mesmo sendo conhecido o credor, poderá haver litígio acerca do objeto do pagamento.

Outras hipóteses de pagamento por consignação


Além daquelas até aqui examinadas, há outras hipóteses ensejadoras de pagamento
por consignação, como na desapropriação (Decreto-lei no 3.365/1941, arts. 33 e 34,
parágrafo único) e na liberação de débito fiscal (CTN, arts. 156, VIII e 164).
5– Conceitue pagamento com sub-rogação. Dê exemplos.

Pagamento com sub-rogação ocorre pelo cumprimento da obrigação realizado por


terceiro, com a consequente substituição de credores, ou seja, uma dívida que é paga
por um terceiro que adquire o crédito e satisfaz o credor.
“Artigos 346 a 351 do Código Civil”
Exemplo: É o caso do fiador que paga ao credor a dívida do devedor. Ele não era
absolutamente responsável pela dívida, mas se o devedor não a paga deverá ele pagá-
la. Como o co-responsável pela dívida, isto é, como terceiro interessado.

6– Discorra sobre a teoria da imprevisão.

Tem aplicabilidade quando uma situação nova e extraordinária surja no curso do


contrato, colocando uma das partes em extrema dificuldade. Assim, esta situação nova
e extraordinária muda o contexto em que se celebrou a avença e faz crer, com certeza,
que uma das partes não teria aceito o negócio se soubesse da possibilidade da
ocorrência daquela situação.
A imprevisibilidade é uma questão que deve ser verificada objetivamente, fugindo a
questões meramente subjetivas do contratante.
Aplica-se apenas ao contrato sinalagmático, oneroso, comutativo e de execução
continuada ou diferida, sempre que houver mudança no contexto de formação
contratual, em razão de acontecimentos extraordinário, geral, superveniente e
imprevisível,
Art. 421. CC - Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o
princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual.

Art. 478. CC. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de


uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.
7– Em relação à imputação do pagamento, quais são os critérios adotados pelo
Código Civil quando não há escolha pelo devedor ou credor?

São elementos da imputação ao pagamento:

· Pluralidade de débitos

· Identidade entre credor e devedor

· Natureza dos débitos

· Débitos líquidos e vencidos

· Pagamento deve ser suficiente para cobrir alguma dívida.

A imputação do pagamento ocorre quando o pagamento é insuficiente para saldar todas


as dívidas junto ao credor.

A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o
direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

353 do CC/02: Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá
direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provado haver ele
cometido violência ou dolo.

8-O que é novação? Quais as espécies de novação?


Código Civil de 2002 em seus artigos 360 a 367
Novação é a extinção de uma obrigação pela formação de outra, destinada a substituí-
la. Dessa forma, a novação é o ato jurídico pelo qual se cria uma nova obrigação com
o objetivo de, substituindo outra anterior, a extinguir.

Há três espécies de novação:

i) Objetiva - na novação objetiva altera-se o objeto da prestação, não ocorrendo a


alteração dos sujeitos da obrigação. O mesmo devedor contrai com o mesmo credor
uma nova dívida para substituir uma dívida anterior.

ii) Subjetiva - ocorre a substituição dos sujeitos da relação jurídica, no polo passivo
ou ativo, com quitação do título anterior.

iii) Mista - ocorrem, simultaneamente, na nova obrigação, mudança do objeto e


substituição das partes.
9– Quais são os requisitos da novação?

Código Civil de 2002 em seus artigos 360 a 367

i) A existência de obrigação anterior (obligatio novanda),


ii) A constituição de nova obrigação (aliquid novi) e o animus novandi (intenção de
novar, que pressupõe um acordo de vontades).

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