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RESUMO
Teoria do Pagamento
Palmeiras de Goiás
2023
O adimplemento das obrigações (teoria do pagamento)
Do pagamento direto
Em regra geral, o solvens será o devedor, mas outras pessoas também podem
pagar. O art. 304 do CC enuncia que qualquer interessado na dívida pode
pagá-la, podendo usar, se houver oposição do credor, dos meios conducentes
à exoneração do devedor.
O conceito de terceiro interessado na dúvida corresponde à pessoa que tenha
interesse patrimonial na sua extinção, caso do fiador, do avalista ou do
herdeiro. Em tais hipóteses, ocorre a chamada sub-rogação legal ou
automática (art. 346, Ill do CC).
Interesse patrimonial não significa interesse afetivo. Dessa forma, um pai que
paga a dívida do filho por intuito afetivo não pode ser considerado terceiro
interessado no campo do direito obrigacional.
O pai que paga a dívida deve ser considerado um terceiro não interessado na
dívida. Esse também tem direito de realizar o pagamento.
Em tais casos há duas regras há serem observadas:
- Se o terceiro não interessado fizer o pagamento em seu próprio nome tem
direito a reembolsar-se no que pagou, mas não se sub-roga nos direitos do
credor (art. 305 do CC).
- Se o terceiro não interessado fizer o pagamento em nome e em conta do
devedor, sem oposição deste, não terá direito a nada, pois é como se fizesse
uma doação, um ato de liberalidade (interpretação do art. 304, parágrafo único,
do CC).
Somente terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade
quando feito por quem possa alienar o bem em que ele consistiu. Desse modo,
somente se o solvens for titular de um direito real que será possível o
pagamento. Esse dispositivo veda a alienação por quem não seja o dono da
coisa (a non domino). A solução dada pela norma é a ineficácia e não a
invalidade do pagamento.
Em regra geral, o accipiens será o credor. Mas o pagamento tam bém pode
ser feito ao seu representante, que tem poderes para receber o pagamento,
sob pena de só valer depois de ratificação, de confirmação pelo credor, ou
havendo prova de reversão ao seu proveito (art. 308 do CC).
O pagamento também poderá ser feito aos sucessores do credor, como no
caso do herdeiro e do legatário, que podem ser reputados como
representantes.
O art. 308 do CC enuncia que válido será o pagamento ao credor putativo
(aquele que aparentemente tem poderes para receber) desde que haja boa-fé
do devedor.
No que interessa à antiga regra quem paga mal, paga duas vezes, está
implícita no art. 310 do Código Civil em vigor. Por tal comando legal, não vale o
pagamento cientemente feito ao credor incapaz de dar quitação, se o devedor
não provar a reversão do valor pago em seu benefício.
Vale lembrar a parte final do dispositivo (art. 310 do CC), pelo qual se ficar
provado que o pagamento foi revertido a favor do credor, haverá exoneração
daquele que pagou. O dispositivo valoriza a busca da verdade real (teoria da
aparência) em sintonia com a vedação do enriquecimento sem causa, com a
eticidade e a socialidade.
Determina o art. 311 do CC que deve ser considerado como autorizado a
receber o pagamento aquele que está munido do documento representativo da
quitação (o recibo), salvo se as circunstâncias afastarem a presunção relativa
desse mandato tácito.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher entre eles (art.
327, parágrafo único, do CC). Por uma questão prática que lhe é mais
favorável, é muito comum o credor escolher o próprio domicílio para o
pagamento.
• Da imputação do pagamento
O Código Civil trata da subrogação pessoal ativa, que vem a ser a substituição
em relação aos direitos relacionados com o crédito, em favor daquele que
pagou ou adimpliu a obrigação alheia.
Na sub-rogação pessoal ativa, efetivado o pagamento por terceiro, o credor
ficará satisfeito, não podendo mais requerer o cumprimento da obrigação. No
entanto, como o devedor originário não pagou a obrigação, continuará obrigado
perante o terceiro que efetivou o pagamento.
Conforme consta no art. 349 do CC a sub-rogação transfere ao novo credor
todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo em relação à dívida
contra o devedor principal e os fiadores.
A sub-rogação, mera substituição do credor que está prevista pela
teoria geral das obrigações, pode ser classificada em:
a) Sub-rogação legal (art. 346 do CC) - são as hipóteses de pagamentos
efetivados por terceiros interessados na dívida (interesse patrimonial).
b) Sub-rogação convencional (art. 347 do CC) - são os pagamentos efetivados
por terceiros não interessados na dívida.
Na sub-rogação legal existem atos unilaterais, o que a caracteriza como regra
especial de pagamento. Por outro lado, na sub-rogação convencional existe um
negócio jurídico celebrado (ato bilateral) com um terceiro não interessado que
realiza o pagamento. Dessa forma, a sub-rogação convencional é forma de
pagamento indireto.
• Da dação em pagamento
A novação, tratada entre os arts. 360 a 367 do CC, pode ser definida como
uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma
obrigação anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas
partes.
Seu principal efeito é a extinção da dívida primitiva, com todos os acessórios e
garantias, sempre que não houver estipulação em contrário (art. 364 do CC).
São seus elementos essenciais:
- Existência de uma obrigação anterior (obrigação antiga).
- Existência de uma nova obrigação.
- Intenção de novar (animus novandi).
São classificadas em:
• Da compensação
Ocorre a compensação quando duas ou mais pessoas forem ao mesmo tempo
credoras e devedoras umas das outras, extinguindo-se as obrigações até o
ponto em que se encontrarem, onde se equivalerem (art. 368 do CC).
De acordo com o art. 369 da codificação material, a compensação efetua-se
entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. Trata-se de requisito
para a compensação legal.
O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas
o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado (art. 371
do CC).
As principais classificações da compensação são:
l) Quanto à origem:
a) Compensação legal - é aquela que decorre de lei e independe de convenção
entre os sujeitos da relação obrigacional, operando-se mesmo que uma delas
não queira a extinção das dívidas, pois envolve a ordem pública.
b) Compensação convencional - quando há um acordo de vontade entre os
sujeitos da relação obrigacional.
c) Compensação judicial - ocorre por meio de decisão do juiz que reconhece no
processo o fenômeno de extinção obrigacional.
• Da confusão
• Da remissão de dívidas
Questões:
É quando uma dívida é paga por um terceiro que adquire o crédito e satisfaz o
credor. É previsto nos artigos 346 a 351 do Código Civil e traduz o
cumprimento da obrigação por terceiro, com a consequente substituição de
credores.