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Do Pagamento em Consignação

A consignação em pagamento ocorre quando, por exemplo,


o credor se recusa a receber, assim o devedor realiza depósito
judicial ou em estabelecimento bancário (extrajudicial) da
coisa devida (Art. 334)

Hipóteses de consignação em pagamento (Art. 335):

 I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar


receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
 II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no
lugar, tempo e condição devidos;
 III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de
acesso perigoso ou difícil;
 IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente
receber o objeto do pagamento;
 V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Assim, o depósito substituirá o lugar do pagamento, cessando


para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for
julgado improcedente (Art. 337)

Entretanto, se o devedor de obrigação pendendo questão


judicial pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo
conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento (Art.
344).

Momentos para levantamento do depósito

 Antes da manifestação do credor ou impugnação (Art.


338): o devedor poderá pagar as respectivas despesas,
subsistindo a obrigação.
 Depois da aceitação ou impugnação (Art. 340):
Depende de aceitação do credor, assim o credor
perderá a preferência e a garantia que lhe competiam
com respeito à coisa consignada, ficando para logo
desobrigados os codevedores e fiadores que não
tenham anuído.
 Depois do julgamento da ação (Art. 339): Depende da
anuência do credor e outros devedores e fiadores.
Ainda, o Código Civil estipula algumas outras regras para o
pagamento em consignação.

Coisa imóvel entregue no lugar onde está (Art. 314) o devedor


citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser
depositada

Coisa indeterminada – escolha do credor (Art. 342): será ele


citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de
ser depositada a coisa que o devedor escolher

Despesa com depósito (Art. 343): será do perdedor da ação

 Ação de depósito julgada procedente: despesa será do


credor
 Ação de depósito julgada improcedente: será do
devedor

Do Pagamento com Sub-rogação

No Pagamento com Sub-rogação, basicamente


ocorre a substituição na obrigação de uma pessoa por
outra (sub-rogação pessoal), tendo como principal
efeito a transferência ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida,
contra o devedor principal e os fiadores (Art. 349).

Classificação

Sub-rogação legal (art. 346) – opera-se, de pleno direito, em


favor

 I – do credor que paga a dívida do devedor comum;


 II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a
credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o
pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel;
 III – do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual
era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

Obs. O sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações


do credor, senão até a soma que tiver desembolsado para
desobrigar o devedor, ou seja, não há possibilidade de lucro
(Art. 350).

Sub-rogação convencional (Art. 347):

 I – quando o credor recebe o pagamento de terceiro


e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
 II – quando terceira pessoa empresta ao devedor a
quantia precisa para solver a dívida, sob a
condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos
direitos do credor satisfeito.

Bizu:

 Sub-rogação legal – verbo “receber”


 Sub-rogação convencional – verbos
“receber/emprestar” + expressamente (vontade)

Sub-rogação X Cessão

A sub-rogação costumeiramente é confundida com a cessão


de crédito, vamos diferenciar os institutos de forma
esquemática:

Sub-rogação X Cessão

Depende de pagamento?
Sub-rogação -> Sim
Cessão de crédito -> Não

Visa lucro?
Sub-rogação -> Não
Cessão de crédito -> Sim

Depende da notificação do devedor?


Sub-rogação -> Não
Cessão de crédito -> Sim

Há transferência do direito creditório?


Sub-rogação -> Não
Cessão de crédito -> Sim
Da Imputação do Pagamento

Continuemos o Resumo da Extinção das Obrigações no


Código Civil.

A imputação do pagamento ocorre quando há dúvida em


relação a qual débito está sendo quitado, pois o valor do
pagamento não é suficiente para quitar toda a dívida.

Requisitos:

 Identidade de devedor e de credor


 Dualidade ou multiplicidade de débitos da mesma
natureza
 Débitos líquidos e vencidos
 O pagamento deve cobrir pelo menos um dos débitos,
mas não todos

Nesse sentido, o Código Civil estabelece uma ordem para


quem deve imputar,

1º – Devedor (Art. 352) – A pessoa obrigada por dois ou mais


débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de
indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.

2º – Credor (Art. 353) – Não tendo o devedor declarado em


qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o
pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá
direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo
provando haver ele cometido violência ou dolo.

3º – Determinação legal

 Entre capital e juros (Art. 354) -> primeiro os juros


 Dividas em períodos diferentes (Art. 355) -> dívidas
líquidas e vencidas mais antigas
 Dívidas vencidas ao mesmo tempo (Art. 355) -> mais
onerosa
Da Dação em Pagamento

Sabemos do princípio da identidade do pagamento que


o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que
lhe é devida, ainda que mais valiosa (Art. 313).

Entretanto, o credor pode (faculdade) consentir em receber


prestação diversa da que lhe é devida (Art. 356), o que se
denomina dação em pagamento.

Estipulações da dação em pagamento

 As normas do contrato de compra e venda são


aplicadas de forma subsidiária (Art. 357)
 Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a
transferência importará em cessão (Art. 358)
 Há garantia contra evicção na dação em pagamento
(Art. 359)

Da novação

A novação possibilita às partes substituírem uma obrigação


por uma nova, nesse sentido a novação extingue os
acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver
estipulação em contrário (Art. 364), além disso ela poderá
ocorrer de forma expressa ou tácita (Art. 361).

 Objetiva (Art. 360, I) – quando o devedor contrai com o


credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior
 Subjetiva passiva (Art. 360, II) – quando novo devedor
sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
 Subjetiva ativa (Art. 360, III) – quando, em virtude de
obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,
ficando o devedor quite com este.

Referente a novação subjetiva passiva, temos que:

 Pode ser efetuada independentemente de


consentimento do devedor (Art. 362)
 Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que
o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se
este obteve por má-fé a substituição (Art. 363)
Ainda, a novação exonera os devedores solidários que não
participaram da novação (Art. 365), assim como exonera o
fiador que não consentiu (art. 366).

Não podem ser objeto de novação (Art. 367)

 Obrigações nulas -> logo, as anuláveis podem


 Obrigações extintas

Da Compensação

A compensação acontece quando duas pessoas são ao


mesmo tempo credor e devedor uma da outra, assim ocorre a
extinção das duas obrigações, até onde se compensarem
(Art. 368)

Requisitos da dívida (Art. 369):

 Líquidas
 Vencidas
 Coisas fungíveis*
 Sem prejuízo a terceiro (Art. 380)

*Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto


das duas prestações, não se compensarão, verificando-se
que diferem na qualidade, quando especificada no contrato
(Art. 370)

Dívidas que não podem ser compensadas

 Por força da lei (Art. 373):

I – se provier de esbulho, furto ou roubo;


II – se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III – se uma for de coisa não suscetível de penhora.

 Por vontade das partes (Art. 375): quando as partes, por


mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia
prévia de uma delas.

Conheçamos mais algumas regras:

– Prazos de favor (mera tolerância) não proíbem a


compensação (Art. 372)
– Não é possível compensar crédito com dívida do
representado (Art. 376)

– Divergência do local de pagamento não impede a


compensação, apenas é dedução das despesas da
operação (Art. 378).

Da Confusão

A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confundam


as qualidades de credor e devedor, assim extinguirá a
obrigação (Art. 381). Ex. Uma empresa devedora é
incorporada pela credora.

A confusão poderá ser total (própria) ou parcial (imprópria),


conforme o Art. 382, assim a confusão nas obrigações
solidárias só extingue até a concorrência da respectiva parte
no crédito (Art. 383)

Da Remissão das Dívidas

Para finalizar o Resumo da Extinção das Obrigações no


Código Civil, vejamos agora sobre a Remissão das Dívidas.

Remissão é o perdão da dívida pelo credor, este


perdão deve ser aceito pelo devedor (Art. 385)

Não confunda:

 Remissão -> Perdoar


 Remição -> Pagar

A regra é que a remissão ocorra por ato expresso, entretanto


é possível a remissão por presunção (Art. 386), entretanto a
restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia
do credor à garantia real, não a extinção da dívida (Art. 387).

Remissão da dívida na solidariedade passiva (Art. 388) –


apenas a parte do perdoado é extinta, permanecendo os
demais vinculados ao restante da dívida.

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