Você está na página 1de 38

Direito Civil

Prof.ª Patrícia Strauss


Prof.ª Maitê Damé
Revisão Turbo | 35° Exame da Ordem
Direito Civil

Queridos alunos,

Cada material da Revisão Turbo foi preparado com muito


carinho para que você possa absorver, de forma rápida,
conteúdos de qualidade!

Lembre-se: o seu sonho também é o nosso!

Esperamos você durante as aulas da Revisão Turbo!

Com carinho,

Equipe 1ª Fase Ceisc ♥

@prof.patriciastrauss

@maitedame
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

1. Direito das Obrigações: Adimplemento e Extinção das


Obrigações

1.1 Do Pagamento:

Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da


obrigação (e, como consequência a extinção de credor e devedor) é necessário que se
cumpra o pagamento com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se paga, o que se
paga, onde se paga e quando se paga. Uma vez cumpridas tais exigências, teremos a
extinção da obrigação através do pagamento. Se uma delas não for cumprida, poderá
ser aplicado o ditado de que: “quem paga mal, paga duas vezes.”
* Para todos verem: esquema

Quem paga;

Para quem se paga;

Qual o objeto do pagamento;

Lugar do pagamento;

Tempo do pagamento.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Requisitos

De quem deve pagar: Artigos 304-307.

Outras pessoas, além do devedor, podem pagar e outras pessoas além do credor podem
receber.
Quem paga:
• Devedor
• Terceiro interessado. (por exemplo: fiador): Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor
primitivo.
• Terceiro não interessado: (amigo, por exemplo). Ao pagar, não se sub-roga, mas tem
direito de regresso contra o devedor. Isso se fizer o pagamento em seu nome. Se fizer em
nome do devedor, será como uma doação e então não terá direito à reembolso.

• Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor se


opuser poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento.
• Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em
oposição ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se
este último tinha meios para ilidir a ação.

Para quem se paga:

O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este credor.


Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado que depois
não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309).
Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, mas se provar
que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será válido.

Objeto de pagamento e sua prova: Artigos 313 – 326

• Objeto do pagamento: Art. 313 a 318 do Código Civil


• Prova: Art. 319 a 326 do Código Civil
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Objeto:
• Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a pagar
ou receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais valiosos. Da
mesma forma, sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor partilhar a
prestação se assim não se estipulou
• É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento, de acordo com o
artigo 316: É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
• Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato
superveniente. Para que ocorra é necessária uma imprevisibilidade somada a uma
onerosidade excessiva. Estaria aqui consagrada a teoria da imprevisão.

Prova:
O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se não lhe
for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se
encontram no artigo 320:
Artigo 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o
valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo
e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de
seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os requisitos do “caput” do


artigo 320. Contudo, caso não possua todos requisitos, poderá ainda assim o pagamento
ser comprado por outros meios.

Do lugar de pagamento: Artigos 327 – 330.

Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor.
Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o devedor para buscar o pagamento.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado o
pagamento.
Muito importante:

Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação da
“SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”.
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do
tempo.
Já a “SURRECTIO” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo, perde o
direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo
domicílio para efetuar o pagamento.

Do Tempo de Pagamento: Artigos 331-333

Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver
data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá ser exigido à vista (cuidar o
contrato de mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso ocorre:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;


II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro
credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias,
ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

1.2 Da Consignação em Pagamento: 334 - 345


Depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que consiga se liberar da
obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no Código de Processo Civil,
artigos 539 e seguintes do CPC.
O depósito pode ser feito de forma judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida
(neste caso, é chamado de consignação extrajudicial).
Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do devedor, que não
será inadimplente e, assim, não terá contra ele as consequencias do inadimplemento.
As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335:
A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir
em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse


realizado o pagamento, para que a consignação tenha então FORÇA DE PAGAMENTO, é
necessário que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os
requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

1.3 Do pagamento com sub-rogação: Art. 346 - 351


A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por outra,
realizada através do pagamento.
O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do devedor, para
que não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o credor sai da relação
obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador passa a ser o novo credor do
devedor (que não pagou e então continuará devendo, mas agora para o novo credor, que
era seu antigo fiador).
Importante destacar que na sub-rogação não há a EXTINÇÃO da dívida e sim a
substituição de uma pessoa por outra através do pagamento. Não há o surgimento de nova
dívida. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e
garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional:


* Para todos verem: esquema

Sub-rogação legal ou automática (deriva da lei). Sub-rogação convencional (deriva do contrato).


Está no artigo 346: Está no artigo 347:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;


II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e
credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva
expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
o pagamento para não ser privado de direito sobre
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a
imóvel; (alguém pode pagar a dívida para se afastar
quantia precisa para solver a dívida, sob a condição
de eventual evicção).
expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual
direitos do credor satisfeito.
era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

1.4 Da imputação em Pagamento: Artigos 352-355


Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com um
mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual
delas ele quer pagar.
Requisitos para a imputação:
• Mesmo credor e devedor
• Plural de dívidas
• Líquidas e vencidas
• Débitos da mesma natureza.

Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se
o devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor (Artigo 353). Caso nem
o devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação legal, ou seja, a lei, no seu
artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: Se o devedor não fizer a indicação
do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e
vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a
imputação far-se-á na mais onerosa. Assim:
1. Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros/
2. A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;
3. Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na mais
onerosa.

1.5 Dação em pagamento: Artigo 356-359:


A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do contratado. Assim, se
exige uma obrigação previamente criada e um acordo posterior em que o credor aceita
receber objeto diverso do contratado.
Para que haja dação, podemos ter então a substituição de dinheiro por bens móvel ou imóvel,
de uma coisa por outra, de dinheiro por fato etc.
Muito importante: Artigo 359:

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

1.6 Novação : Artigo 360 – 367


Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de uma nova. O
principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus acessórios e garantias.
Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o for feita novação
sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado.
Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O animo de novar está expresso no
artigo 361.
Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367). Assim, a
obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação.

1.7 Compensação: Artigos 368 – 380


Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora umas das
outras, extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem.

2. Direito das Obrigações: Inadimplemento

Temos dois tipos de inadimplemento:

Inadimplemento
Inadimplemento total
relativo, parcial ou
ou absoluto
mora

Descumprimento Descumprimento
parcial total

Obrigação ainda Obrigação não


pode ser pode mais ser
adimplida cumprida
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

2.1 Cláusula penal (arts. 408 – 416, CC)

Cláusula penal é uma punição, penalidade de natureza civil e tem a ver com o
inadimplemento obrigacional.

Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do contrato. É


uma obrigação acessória.

A cláusula penal pode ser classificada em: cláusula penal moratória e cláusula
penal compensatória.

A - Cláusula penal moratória

Caso de inadimplemento parcial, em que ainda é possível o cumprimento. Serve para a


punição de quem está em mora.

Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação
da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.

Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento da
obrigação e o cumprimento da clausula penal moratória.

B - Cláusula penal compensatória

Caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função de antecipar as perdas e danos.

Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da
obrigação principal.

Neste caso não poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação e também a multa
compensatória.

Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.

Se a cláusula penal tiver um valor muito alto, deverá o juiz reduzir.


Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar a


incidência da cláusula penal.

Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.

Ainda que o prejuízo exceda o previsto na clausula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. e o tiver sido, a pena vale
como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.

Assim, não se pode cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos
decorrentes do inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver
previsto tal possibilidade, a multa compensatória será já o mínimo de indenização.
Cabe ao credor então comprovar o prejuízo excedente.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

3. Direito Contratual: Evicção (arts. 447 – 457, CC)

Evicção é a perda total ou parcial de um bem, em regra, por meio de uma


sentença judicial ou ato administrativo.
A sentença judicial atribui a outra pessoa o bem. Funda‑se no mesmo
princípio da garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios.

Requisitos da Evicção:

Anterioridade do
Perda total ou
Aquisição realizada direito daquele que
parcial da
de forma onerosa ganhou a ação
propriedade
judicial

Direitos do evicto:

Lembrando que evicto é aquele que perdeu a coisa em virtude de sentença


judicial.

A) Responsabilidade total (artigo 450 do CC): Salvo estipulação em


contrário, o evicto tem direito:

Indenização Pelos
Indenização
dos frutos prejuízos Custas
Restituição pelas
que tiver que judiciais e
integral do despesas
sido honorários
preço dos
obrigado a resultarem do advogado
contratos
restituir da evicção

B) Responsabilidade parcial (artigo 449 do CC): Podem as partes excluir a


responsabilidade pela evicção? Sim, expressamente. Contudo, mesmo
com a existência de tal cláusula, se a evicção se der, tem direito o evicto
(aquele que perdeu a coisa) a recobrar o preço que pagou pela coisa
evicta, com algumas condições:
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Se não soube do risco da Se informado, não assumiu o


OU evicção risco da evicção

C) Isenção de responsabilidade pelo vencedor (artigo 457 do CC): Quando o


comprador sabe que está adquirindo bem alheio ou litigioso, caso venha a perder,
não poderá demandar contra quem lhe vendeu.

Observar: Evicção parcial (artigo 455).

O que ocorre se houve evicção parcial e não total da coisa?

1 – Perda considerável: Poderá o evicto (quem perdeu parcialmente o bem)


optar entre arescisão do contrato e a restituição da parte do preço do desfalque.

2 – Perda não for considerável: Pode apenas pleitear a indenização e não a


rescisão do contrato.

4. Direito Contratual: Contrato de Compra e Venda

4.1 Limitações

A) Venda de ascendente a descendente

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.

Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do


cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.

Caso não tenha o consentimento, será passível de anulação. Os legitimados


para a propositura da ação anulatória são os outros descendentes e o cônjuge do
alienante. Entende o STJ que é necessária a prova do prejuízo dos demais
herdeiros, para que se tenha a procedência da ação de anulação.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

O prazo para ajuizamento da ação anulatória é de 2 anos, segundo o artigo 179 do Código
Civil.

B) Venda de parte indivisa em condomínio

O condômino não pode alienar sua parte indivisa a terceira pessoa, se o outro
condômino a quiser, tanto por tanto. O condômino que quiser pode exercer seu direito de
preferência ou preempção, ajuizando ação no prazo decadencial de 180 dias contados
da data em que teve ciência da alienação. No momento do ajuizamento, deve o
condômino, efetuar a consignação do valor que deseja pagar. A ação pode ser ação
adjudicatória, a fim de obter o bem para si.

5. Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil subjetiva é a regra dentro do Direito Civil. Ela é


baseada na “teoria da culpa”, já que é necessária a verificação de culpa, para que se
possa configurar tal requisito. Assim, para a verificação da responsabilidade civil
subjetiva (regra) é necessário: conduta humana, culpa, nexo causal e dano. Já a
responsabilidade objetiva está consagradano parágrafo único do artigo 927.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigadoa repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

Neste caso, para a configuração da responsabilidade objetiva são necessários:


conduta humana, nexo causal e dano.

Iremos nos deter na responsabilidade objetiva e nos casos previstos no CC.


Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

5.1 Responsabilidade civil por atos de terceiros ou responsabilidade civil indireta

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
II - O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas
mesmas condições;
III - O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercíciodo trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se


albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes,
moradores e educandos;

V - Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a


concorrentequantia.

O artigo 933 do CC prevê expressamente que a responsabilidade é objetiva, já


que informa que os terceiros serão responsabilizados, ainda que não haja culpa por
parte deles.
De acordo com o artigo 934 se o empregador, por exemplo, pagar a indenização,
terá direito de regresso contra o empregado que causou o dano.
Há uma exceção: Relações entre ascendentes e descendentes incapazes não
haverá direito de regresso. Assim, o ascendente não tem regresso contra o
descendente, se este for incapaz.
Um ponto muito importante diz respeito à solidariedade entre todos os sujeitos
do artigo 942, já que o parágrafo único informa que são solidariamente responsáveis
com os autores os co-autores e as pessoas designadas no artigo 932.

Observação: Responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC).

De acordo com o referido artigo, a responsabilidade do incapaz é subsidiária.


Assim, primeiro respondem os responsáveis pelo incapaz. Se estas pessoas não tiverem
condições financeiras ou não forem obrigadas a tanto, então se irá responsabilizar o
incapaz. Mesmo assim, de acordo com o parágrafo único, a indenização deverá ser
equitativa e, se privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do seu sustento,
então tal indenização não terá lugar. Devido ao parágrafo único do 942, ainda há
discussões que tratam sobre a responsabilidade do incapaz ser ou não subsidiária. No
entanto, a jurisprudência e a doutrina dizem que sim, em decorrência do artigo 928, ela
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

será subsidiária, não tendo aplicação o parágrafo único do art. 942.

5.2 Responsabilidade civil por fato de animal

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior.
Assim, há somente duas excludentes nas quais o dono/detentor não será
responsabilizado: culpa da vítima e força maior.

5.3 Responsabilidade civil do dono de edifício ou construção pela sua


ruína

O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua


ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta, consoante
artigo 937 do CC.Para que haja a configuração, é necessário se estabelecer que o imóvel
necessitava de reparos de forma manifesta. A responsabilidade é do dono do edifício ou
da construção (construtora, porexemplo).

5.4 Responsabilidade por objetos caídos ou lançados do


prédio (defenestramento)

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Ponto muito importante a ser verificado que a responsabilidade é de quem habita o
prédio. Assim, seriam responsáveis o locatário, comodatário, proprietário, enfim, quem
estiver habitandoo prédio.
Caso não se saiba de onde partiu o objeto caído ou lançado, os tribunais têm
entendido pela responsabilização do condomínio que, após (e caso) identificado o
responsável, poderá ajuizar regresso contra o ofensor.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

6. Bem de Família

Vários bens
Até 1/3 patrimônio líquido
Escritura pública ou testamento
Voluntário Registro no CRImóveis
B
E Enquanto o casal existir ou os filhos forem menores de 18 anos
M
Impenhorabilidade quanto a dívidas posteriores a instituição
D
E Salvo: derivadas do próprio bem – Impostos e condomínio

F Lei 8009/90
A
M Único bem
Í
L Regra: impenhorabilidade
I
A Exceção: art. 3º, Lei
Legal Protege imóveis de pessoas solteiras, casadas ou viúvas – súmula
364, STJ

Box de garagem – se tiver matrícula própria pode ser penhorado –


súmula 449, STJ

Se imóvel estiver locado a terceiro –súmula 486, STJ – mantém a


impenhorabilidade
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

7. Prescrição e Decadência

Prescrição Decadência

Existe um direito
Há prática de um ato/negócio
Este direito é violado
• Pela parte
Nasce para o titular uma pretensão • Por terceiro
- Cobrança
- Reparação Civil Em razão deste ato/negócio, nasce um
- Indenização direito

Deve ser exercida nos prazos dos Deve ser exercido no prazo
arts.205 e 206, CC estabelecido

Causas que impedem ou suspendem Geralmente o dispositivo que prevê o


- Arts. 1779 a 199, CC direito, já traz o prazo. Se não trouxer,
- Prazo não começa a contar art. 179, CC = 2 anos.

Causas interruptivas Art. 207. Salvo disposição legal em


- Art. 202, CC contrário, não se aplicam à decadência
- Iniciou a contagem – ocorreu a causa – as normas que impedem, suspendem
recomeça a contagem do zero ou interrompem a prescrição.
-Apenas uma vez

8. Regime de Bens

Mutabilidade do regime de bens: Pedido motivado ao juiz, feito por ambos os


cônjugese com a garantia do direito de terceiros – art.1.639, § 2.º, CC.
Pacto antenupcial: Escritura pública; antes da habilitação (encaminha junto com a
habilitação); dispor de regras patrimoniais (art. 1.653, CC).

Não havendo convenção, ou sendo esta nula ou ineficaz (pelo estabelecimento


decláusulas que não sejam possíveis). Regime da CPB (art. 1.640, CC).
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Sem o pacto antenupcial o regime que deve constar no casamento é o regime


legal(comunhão parcial de bens).

Outorga conjugal: Regra = necessidade de autorização conjugal. Arts. 1.647 a


1.650 do
CC.
Exceção:

• No regime da separação convencional de bens;


• Na separação obrigatória a súmula 377, STF é aplicada;
• No regime da participação final nos aquestos, quando o casal convencionar a
livre disposição dos bens.

8.1 Comunhão Parcial de Bens

Bens incomunicáveis: constituem o patrimônio pessoal dos consortes (arts.


1.659 e1.661).

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem,


na constânciado casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu
lugar;
II - Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos
cônjuges emsub-rogação dos bens particulares;
III - As obrigações anteriores ao casamento;
IV - As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em
proveito do casal;V - Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
profissão;
VI - Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa
anteriorao casamento.

Bens comunicáveis: integram o patrimônio comum (art. 1.660). Art. 1.660. Entram
na comunhão:

I - Os bens adquiridos na constância do casamento por títutlo oneroso,


ainda que só emnome de um dos cônjuges;
II - Os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho
ou despesaanterior;
III - Os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos
os cônjuges;IV - As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos
naconstância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

8.2 Comunhão universal de bens Bens incomunicáveis

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os


sub-rogadosem seu lugar;
II - Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro
fideicomissário, antes derealizada a condição suspensiva;
III - As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de
despesas com seusaprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a
cláusula deincomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

Os cônjuges, casados sob esse regime, não podem constituir sociedade entre si (art. 977,
CC).

8.3 Participação Final nos Aquestos

Existem cinco universalidades de patrimônios:

1. Os bens particulares que cada um possuía antes de casar;


2. Os bens que o outro já possuía;
3. O patrimônio adquirido por um dos cônjuges, em nome próprio, após o
matrimônio;
4. Os adquiridos pelo outro, em seu nome, após o casamento;

Os bens comuns, adquiridos pelo casal A participação ocorrerá sobre o


patrimônio adquirido, de forma onerosa, pelo outro, mas através de um crédito e não
pela constituição de condomínio sobre o patrimônio. Significa dizer que o direito não é
sobre o patrimônio, mas sim sobre eventual saldo após as compensações dos
acréscimos de cada um.
Há uma expectativa de crédito (que só se configura ao final). Não se trata de
meação, mas de crédito a receber.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

8.4 Separação de Bens

Cada um possui o seu patrimônio (bens e dívidas anteriores e posteriores ao matrimônio).


Existem dois patrimônios bem separados: o do marido e o da mulher. Não há qualquer
comunicação de bens.

Qualquer dos cônjuges pode alienar ou gravar seus bens sem anuência do outro cônjuge.
Separação obrigatória – incidência da súmula 377, STF.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

9. Morte

MORTE • Real
• Presumida

• Ausente = art. 22
Presumida com • aquele que desaparece de seu domicílio sem
decretação de dar notícias, semdeixar representante ou
Presumida
ausência (art. 6º,com
2 procurador para administrar-lhe o patrimônio.
parte +decretação
art. 22 e ss.,de
• A lei prevê três fases: curadoria dos bens do
CC +ausência
art. 744,(art.
CPC) 6º, 2
ausente, sucessãoprovisória e sucessão
parte + art. 22 e ss., definitiva. Art. 744 e ss. CPC/2015’
CC + art. 774, CPC)

Quando o corpo do de cujus não é encontrado


• Hipóteses:
Presumida • extremamente provável a morte
sem de quemestava em perigo de
decretação vida;
de ausência • pessoa envolvida em campanha
(art. 7º, CC) militar ou feitoprisioneiro, não sendo
encontrado até dois anos após o
término da guerra

• Princípio da saisine
• Todo unitário e indivisível
Transmissão da
• Aplicação das regras do
herança aos herdeiros
condomínio
• Possibilidade de utilização das
ações possessórias
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

• Real
MORTE • Presumida

Abertura • Transmissão da herança aos herdeiros


Abertura
da
da
sucessão
sucessão
• Regra
• último domicílio do falecido (art. 1.785, CC)
• Exceções:
Lugar da • Falecido sem domicílio certo = situação dos bens (art. 48, § único,I,
CPC/2015)
abertura • Falecido sem domicílio certo e com bens em lugares diferentes =local
da de qualquer dos bens (art. 48, § único, II, CPC/2015)
sucessão • Falecido com pluralidade de domicílios = qualquer deles (art. 71,CC)

• Legítima
Capacidade • Art. 1.798, CC
hereditária
• Testamentária
• Arts. 1.798 + 1.799, CC
• Legítima
• Herdeiros necessários: descendentes,
ascendentes e cônjuge
Espécies de
sucessão • Garantia da legítima (1/2 da herança)
• Herdeiros facultativos: colaterais
• Podem ser excluídos da sucessão –
liberdade plena de testar
• Testamentária
• Herdeiro instituído – recebe %
daherança
• Herdeiro legatário – recebe bem certo,
descrito e caracterizado

10. Liberdade de Testar

Princípio da liberdade limitada de testar – existe um percentual que não está sujeito à
vontade do testador, quando existirem herdeiros necessários.

Havendo herdeiros necessários – art. 1.789 – dispõe da metade da herança.

Herdeiros necessários: art. 1.845 – descendentes, ascendentes e cônjuge.

Deve ser respeitada a metade disponível aos herdeiros necessários: art. 1846, CC
(herança ≠ legítima).
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Valor da parte disponível definido pela avaliação – art. 1.847. Havendo excesso, redução das
disposições, nos termos dos arts. 1.966 a 1.968.

Herança ≠ meação.

Art. 1.850. Será plena a liberdade de testar se não houverem herdeiros necessários.

11. Herança

Confirma a
transmissão Por
ocorrida no Expressa
documento
momento da
morte
Atos próprios
Tácita
de herdeiro
Espécies
Art. 1807, CC -
Nesse caso, o
interessado em que o
silêncio é
herdeiro aceite reque r ao
Aceitação Presumida juiz, para que lhe intim e a interpretado
dizer, em prazo não como
manifestação da
superior a 30 dias, se
aceita ou não a herança . vontade

Pelo próprio
Direta
herdeiro

Por
Formas
HERANÇA procurador

Pelos
Repúdio a
Indireta sucessores do
herança
herdeiro

Tem-se por
não verificada Pelo credor
a transmissão
Escritura
Sempre de pública
Renúncia forma
expressa
Termo judicial

Parte do herdeiro
renunciante acresce
aos herdeiros de
Efeitos mesma classe

Ninguém representa
herdeiro renunciante
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

INDIGNIDADE

• Decorre de lei
• Hipótestes: art. 1.814, CC
• Independe de manifestação
• Alcança o herdeiro legítimo e o testamentário (instituído ou legatário)
• A exclusão depende da Ação de Indignidade
• Prazo – 4 anos – abertura da sucessão
• Admite reabilitação, mediante perdão do ofendido
• Nem sempre os fatos são anteriores à morte do autor da herança

DESERDAÇÃO

• Decorre da vontade do autor da herança


• Hipóteses: art. 1.814 + art. 1.962 + art. 1.963, CC
• Necessita de manifestação da vontade do autor da herança, em testament
• Deve indicar a causa da deserdação
• Só atinge aos herdeiros necessários – descendentes, ascendentes e cônjuge
• A exclusão depende da Ação de Deserdação – confirma a causa alegada no
testament
• Prazo – 4 anos – abertura do testamento
• Não comporta perdão, pois o ato correspondente é praticado em testamento (ato
de última vontade). Pode, contudo, novo testamento revogar o anterior.
• Os suportes fáticos são anteriores à morte do autor da herança

11.1 Herança Jacente e Vacante

1. Com a morte, abre-se, de imediato, a sucessão, com a transmissão da herança.


2. Se o autor da herança não tiver deixado herdeiros, o patrimônio não pode ficar
“solto”.
3. Cabe, então, ao juiz da Comarca em que tiver domicílio o finado tomar providências
para proteger e arrecadar o patrimônio (art. 738 e ss., CPC/2015).
4. A guarda e administração dos bens ficará a cargo de um curador, que age como um
verdadeiro administrador: arrecadando e conservando os bens que compõem a
herança, bem como reivindicando o domínio (art. 739, CPC/2015).
5. Finalizada a arrecadação, serão expedidos editais, nos termos do art. 741,
CPC/2015 – na internet, site do tribunal e na plataforma do CNJ, devendo
permanecer por 3 meses. Em não havendo o site, a publicação deverá ocorrer na
imprensa da Comarca, por 3 vezes, com intervalos de 1 mês entre cada uma.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

6. Não havendo herdeiro habilitado, após um ano da publicação do edital, a herança


será declarada vacante (art. 743, CPC/2015).
7. Uma vez sendo declarada, por sentença, a vacância, o cônjuge, companheiro ou
herdeiros só poderão reclamar seu direito através de ação de petição de herança
(art. 743, § 2.º, CPC/2015).
8. Após a declaração de vacância, podem os credores pedir o pagamento das dívidas
reconhecidas, nos limites da força da herança (art. 1.821, CC + art. 741,
§ 4.º, CPC/2015).
9. Mas essa declaração de vacância não faz com que os bens da herança se
incorporem, desde logo, ao patrimônio do Município ou Distrito Federal (se
localizados nos seus territórios) ou à União (se localizados em território federal). Para
tanto, o art. 1.822, CC prevê o prazo de 5 anos da abertura da sucessão.

11.2 Petição de Herança

Pode ocorrer, por qualquer razão, que algum herdeiro não seja relacionado no inventário
e na partilha. Nesse caso, sua condição jurídica de herdeiro não é reconhecida (filho a ser
reconhecido de uma relação extraconjugal do de cujus).
Nesse caso, para que esse herdeiro possa ter seu direito reconhecido e, então, receber
parcela que lhe cabia na universalidade, deverá ingressar com uma ação judicial. Esse é o caso
da petição de herança.
A ação visa, portanto, o reconhecimento da qualidade de herdeiro e a satisfação quanto
ao acervo hereditário, ou seja, contemplar o herdeiro – autor da ação – com sua quota parte na
herança.

Exemplos:

1. Alguém que se aposse ilegalmente da herança ou de parte dela;


2. Herança que é recolhida por parentes mais afastados do falecido e o
interessado é de grau mais próximo, de classe preferencial;
3. A herança é distribuída entre os herdeiros legítimos, e aparece testamento do
de cujus, em que outra pessoa é nomeada herdeira;
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

4. O filho não reconhecido ingressa com ação de investigação de paternidade


e, de forma cumulada, com a petição de herança.

12. Posse

POSSE

Éo
Éo exercício Teorias justificadoras Posse x Detenção Classificação
domínio de fato de
físico que um dos
alguém poderes
tem sobre inerentes
a coisa, a Teoria
que vem proprieda objetivista Posse - Detenção
a ser de. Teoria – Jhering – o sujeito
subjetivist o sujeito
protegido – exige que possui o
pelo a ou domínio Direta e
apenas o possui o Justa e Boa e
subjetiva posse Com título Nova e
Direito, poder domínio físico da injusta – má-fé –
sendo, – Savigny coisa, indireta – e sem posse
físico/fát ic físico da art. 1.200, art. 1.201,
portanto, –poder o sobre a mas sabe art. 1.197,
CC CC
título velha
físico coisa age CC
concedido coisa, como se que a
efeitos sobre a dispensan coisa não
coisa dono
jurídicos a do o fosse é sua e
este (corpus) + “animus pretende
domínio. vontade domni”, devolvê-la
de ser mas após o
dono agindo, o uso.
desta agente,
coisa com o
(animus intuito de
domni) explorar a O
coisa de detentor
forma tem a
econômic coisa em
a. Esta é razão de
a teoria uma
adotada situação
pelo de
Brasil, dependên
(art. cia
1.196, econômic
CC) a ou de
subordina
ção.

12.1 Efeitos da Posse

O Código Civil estabelece, dos arts. 1.210 ao 1.222 os efeitos da posse. Tais efeitos
podem ser de ordem material ou processual.
Os efeitos materiais dizem respeito a percepção dos frutos e suas consequências, ao
direito a indenização e retenção das benfeitorias, as responsabilidades e ao direito de usucapião.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Já os efeitos processuais dizem respeito a possibilidade de utilização dos interditos


possessórios, as ações possessórias e a legítima defesa da posse e do desforço imediato.

12.2 Percepção dos Frutos

Quanto a percepção dos frutos, deve-se, por primeiro, considerar se a posse é de boa ou
má-fé. Assim, o Código Civil prevê os seguintes dispositivos quanto ao recebimento (ou não) dos
frutos.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são
separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de
má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (colhidos). Já os frutos pendentes
(ainda não colhidos) devem ser restituídos, assim como aqueles que tenham sido colhidos por
antecipação.

O possuidor de má-fé deve devolver todos os frutos colhidos ou pendentes, bem como
aqueles que deixou de colher por culpa sua (art. 1.216, CC), devendo, neste último caso, ser
responsabilizado no caso de perecimento do frutos não colhidos por sua culpa (reparação de
danos – responsabilidade civil). Mas tem direito, o possuidor de má-fé a ser indenizado pelas
despesas de produção e custeio.

Os frutos naturais são aqueles provenientes da coisa principal (frutas, por exemplo).
Estes, tão logo sejam separados da coisa principal consideram-se colhidos.

Os frutos industriais são aqueles que derivam de uma atividade humana (tudo o que venha
a ser produzido em uma fábrica, por exemplo). Estes, assim, como os naturais, logo após
separados consideram-se colhidos.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

Os frutos civis derivam de uma relação jurídica ou econômica (rendimentos de aplicações


financeiras, aluguel de imóveis, por exemplo). Estes são percebidos na data prevista para
vencimento do aluguel ou do “aniversário” da aplicação financeira.

12.3 Retenção e Indenização das Benfeitorias – 1.219 a 1.222

Conforme estudado na parte geral, as benfeitorias são acessórios que se agregam a coisa
principal, ou seja, obras artificiais, realizadas pelo homem, na estrutura da coisa principal – já
existente – com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Estas benfeitorias podem
ser classificadas em necessárias, úteis e voluptuárias.

São necessárias as benfeitorias realizadas para evitar um estrago iminente ou


deterioração da coisa principal (reparos realizados na viga; troca do telhado).

São úteis aquelas realizadas com o objetivo de facilitar a utilização da coisa (abertura de
uma nova entrada para servir de garagem para a casa).

São voluptuárias aquelas feitas para o mero prazer, sem aumento da utilidade da coisa
(decoração do jardim). Art. 96, CC.

Benfeitorias necessárias: O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a


estas benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas. O possuidor
de má-fé tem direito de ser ressarcido apenas quanto a estas benfeitorias (aquele que tiver o
dever de indenizar tem direito de optar entre o valor atual da coisa e o custo dela), não possuindo
direito de retenção.

Benfeitorias úteis: O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas
benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas.

Benfeitorias voluptuárias: O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a


estas benfeitorias ou de retirá-las, desde que não haja detrimento da coisa (que não haja a
desvalorização do imóvel, por exemplo), caso não lhes sejam pagas. O possuidor de má-fé não
tem direito a levantar as benfeitorias voluptuárias.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

12.4 Responsabilidade Pela Perda ou Deterioração da Coisa

Os arts. 1.217 e 1.218, CC tratam da responsabilidade do possuidor com relação a perda


ou deterioração da coisa:

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a
que não der causa.

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do
reivindicante.

Pela redação dos dispositivos, percebe-se que essa responsabilidade é somente do


possuidor de má-fé, que deverá indenizar o proprietário em razão da perda ou da deterioração
da coisa, mesmo que acidentais. Essa responsabilidade somente será afastada havendo prova
de que a perda ou deterioração ocorreria mesmo que a coisa estivesse na posse do reivindicante
(art. 1.218, 2ª parte).

Exemplo: João se apossa do cavalo de Pedro. Neste caso, se o cavalo morrer na posse
de João por ter ingerido veneno, ele deverá indenizar a Pedro. Contudo, se a morte do animal
ocorrer por uma doença cardíaca grave, ou seja, mesmo que estivesse na posse de Pedro ele
morreria, não terá João o dever de indenizar. CUIDADO, pois, neste caso, depende de PROVA!

12.5 Proteção Possessória

Dentro dos efeitos da posse encontra-se a possibilidade que o possuidor tem de se utilizar
das ações possessórias (ou interditos possessórios) para proteção e defesa de sua posse.
Importante observar que as ações possessórias tanto podem ser exercidas pelo proprietário
detentor da posse, como também por aquele que, embora não tenha a propriedade, se encontra
na posse da coisa.
Quanto a proteção possessória, o CC prevê os seguintes dispositivos:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil

§ 1° O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

§ 2° Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro


direito sobre a coisa.

Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a
que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outraspor modo vicioso.

Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro,
que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo
quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem
este o houve.

12.6 Ações Possessórias

Interdito proibitório – caso de ameaça ou risco ao exercício da possedo titular. Proteção de


perigo iminente.
Ação de manutenção de posse – caso de turbação ou perturbação à posse, ou seja, houve um
atentado à posse, mas sem retirá-la do possuidor. Preservação da posse.
Ação de reintegração de posse – caso de esbulho ou retirada da posse, quando o atentado
se concretiza e o possuidor é destituído da sua posse. Devolução da posse. Cabível sempre
que houver invasão, mesmo que parcial, do imóvel.
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss

Caderno de Questões – Direito Civil


Maitê Damé e Patrícia Strauss

32
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss

1) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q39
Matheus, médico clínico-geral, recebe para atendimento em seu consultório o paciente Victor, mergulhador
profissional. Realizando a anamnese, Victor relata que é alérgico à ácido acetilsalicílico.
Desatento, Matheus ministra justamente esta droga a Victor como parte de seu tratamento. Victor tem danos
permanentes em razão do agravamento de sua asma pelo uso inadequado do medicamento, tendo que comprar
novos medicamentos para seu tratamento e, ainda mais grave, fica impedido de trabalhar nos dois anos seguintes.
A respeito da responsabilidade civil de Matheus, assinale a afirmativa correta.

A) Ele responderá pelo regime objetivo de responsabilidade civil, tendo em vista que a atividade de Matheus é
arriscada.
B) Ele deverá indenizar Victor independentemente de culpa, isto é, de imperícia de sua parte, considerando existir
relação de consumo.
C) Ele, sendo profissional liberal, terá apurada sua responsabilidade mediante a verificação de culpa,
responsabilizando-se unicamente pelos danos diretos verificados no caso.
D) Ele deverá indenizar Victor pelas despesas do tratamento e pelos lucros cessantes até o fim da convalescença,
além da pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou.

2) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q40
Carlos, motorista de táxi, estava parado em um cruzamento devido ao sinal vermelho. De repente, de um prédio
em péssimo estado de conservação, de propriedade da sociedade empresária XYZ e alugado para a sociedade
ABC, caiu um bloco de mármore da fachada e atingiu seu carro. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa
correta.
A) Carlos pode pleitear, da sociedade XYZ, indenização pelos danos sofridos.
B) Carlos pode pleitear indenização pelos danos sofridos apenas da sociedade ABC.
C) A sociedade XYZ pode se eximir de responsabilidade alegando culpa da sociedade ABC.
D) A sociedade ABC pode se eximir de responsabilidade alegando culpa exclusiva da vítima.

3) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q37
Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, José. Certa
vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e declarou que temia não ser
capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da irmã, Laura procurou o locador do imóvel
e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse
cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a afirmativa correta.
A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de Jacira,
inclusive a garantia fidejussória.
B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira.
C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas não quanto
à garantia fidejussória.
D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira.

4) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q38
Antônio, divorciado, proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado
semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que mostrou
interesse na aquisição por valor próximo ao de mercado. No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos
do pretendente comprador), um deles, Carlos, opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a atitude de
Carlos, seu filho que não concordou com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno.
Em face do exposto, assinale a afirmativa correta.

33
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss

A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser impedida pelos demais
descendentes e pelocônjuge, se a oposição for unânime.
B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de contrato de compra e venda de pai
para filho,motivo pelo qual a oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio.
C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos, promover a doação do bem para um
de seusfilhos (Bruno), sendo tal contrato nulo de pleno direito.
D) É legítima a doação de ascendentes para descendente, independentemente da anuência dos demais,
eis que oato importa antecipação do que lhe cabe na herança.

5) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35
Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na
condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária).
Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos
franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da
coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de
Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por
conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu
adquirir a coleção, pagando o respectivo preço. Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta.
A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela evicção,
pois sabia que a coisa era litigiosa.
B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na data da
avença, Renata não sabia da existência de litígio.
C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu em
legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela evicção.
D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, pois Marta
soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção.

6) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Maurício, ator, 23 anos, e Fernanda, atriz, 25 anos, diagnosticados com Síndrome de Down,
não curatelados, namoram há 3 anos. Em 2019, enquanto procuravam uma atividade laborativa em sua
área, tanto Maurício quanto Fernanda buscaram, em processos diferentes, a fixação de tomada de
decisão apoiada para o auxílio nas decisões relativas à celebração de diversas espécies de contratos, a qual
se processou seguindo todos os trâmites adequados deferidos pelo Poder Judiciário. Assim, os pais de Maurício
tornaram-se seus apoiadores e os pais de Fernanda, os apoiadores dela. Em 2021, Fernanda e Maurício
assinaram contratos com uma emissora de TV, também assinados por seus respectivos apoiadores. Como
precisarão morar próximo à emissora, o casal terá de mudar-se de sua cidade e, por isso, está buscando alugar
um apartamento. Nesta conjuntura, Maurício e Fernanda conheceram Miguel, proprietário do imóvel que o casal
pretende locar. Sobre a situação apresentada, conforme a legislação brasileira, assinale a afirmativa correta.
A) Maurício e Fernanda são incapazes em razão do diagnóstico de Síndrome de Down.
B) Maurício e Fernanda são capazes por serem pessoas com deficiência apoiadas, ou seja, caso
não fossem apoiados, seriam incapazes.
C) Maurício e Fernanda são capazes, independentemente do apoio, mas Miguel poderá exigir que
os apoiadores contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado.
D) Miguel, em razão da capacidade civil de Maurício e de Fernanda, fica proibido de exigir que os apoiadores
de ambos contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado.

34
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss

7) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase

Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é separado de Letícia, mãe de Olívia, e não detém a
guarda da criança. Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a título de pensão alimentícia em
favor de Olívia. Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses e, ajuizada uma ação
de execução contra ele, não foi possível encontrar patrimônio suficiente para fazer frente às
obrigações inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias
Ltda., sociedade que tem patrimônio considerável. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios, não é
possível, em nenhuma hipótese, que, na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da pessoa jurídica Paulo
Compra e Venda de Joias Ltda.
B) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de se atingir o patrimônio
da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar configurada a situação
de abuso da personalidade jurídica.
C) Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a legislação apenas reconhece a
hipótese de desconsideração direta da personalidade jurídica, não se admitindo a desconsideração inversa, razão
pela qual não é possível que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda.
D) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia atinja o
patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo praticou desvio
de finalidade ou confusão patrimonial.

8) FGV - 2018 - OAB - XXVI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35
Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o imóvel
a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005, o imóvel foi
alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação, por um período de 6
anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma ação reivindicatória movida por Elisabeth, que pleiteia a retomada
do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de locação, desde o momento da sua
celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como a verdadeira proprietária do imóvel em
10/10/2011, pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao recebimento de todos os aluguéis recebidos por
Aloísio?
A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria contestação automaticamente transforma a posse
de Aloísio em posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores recebidos pelo
possuidor devem ser ressarcidos.
B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma sentença favorável ao pedido de Elisabeth,
na reivindicatória, é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que caracterizaria a
transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé. Como o possuidor de má-fé tem direito aos frutos, Aloísio
não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação.
C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a posse
de Aloísio passa a ser qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento em que Aloísio
tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais condições, a devolução
dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de locação.
D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer valor,
pois, sendo possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de veracidade quanto a sua boa-
fé.

9) FGV - 2021 - OAB - XXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Liz e seu marido Hélio adquirem uma fração de tempo em regime de multipropriedade imobiliária no hotel-fazenda
Cidade Linda, no estado de Goiás. Pelos termos do negócio, eles têm direito a ocupar uma das unidades
do empreendimento durante os meses de dezembro e janeiro, em regime fixo. No ano seguinte à realização do
negócio, as filhas do casal, Samantha e Laura, ficam doentes exatamente em dezembro, o que os impede de
viajar. Para contornar a situação, Liz oferece à sua mãe, Alda, o direito de ir para o Cidade Linda no lugar deles.
Ao chegar ao local, porém, Alda é barrada pela administração do hotel, sob o fundamento de que somente a
família proprietária poderia ocupar as instalações da unidade. Você, como advogado(a), deve esclarecer se o ato
é legal, assinalando a opção que indica sua orientação.

35
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss

A) O ato é legal, pois o regime de multipropriedade, ao contrário do condominial, é personalíssimo.


B) O ato é ilegal, pois, como hipótese de condomínio necessário, a multipropriedade admite o uso das unidades
por terceiros.
C) O ato é ilegal, pois a possibilidade de cessão da fração de tempo do multiproprietário em comodato
é expressamente prevista no Código Civil.
D) O ato é legal, pois o multiproprietário tem apenas o direito de doar ou vender a sua fração de tempo, mas
nunca cedê-la em comodato.

10) FGV - 2021 - OAB - XXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Manoel, em processo judicial, conseguiu impedir que fosse penhorado seu único imóvel, sob a alegação de
que este seria bem de família. O exequente, então, pugna pela penhora da vaga de garagem de Manoel. A
esse respeito, assinale a afirmativa correta.
A) A vaga de garagem não é considerada bem de família em nenhuma hipótese; portanto, sempre pode
ser penhorada.
B) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não pode ser penhorada, por
ser acessória ao bem principal impenhorável.
C) A vaga de garagem só poderá ser penhorada se existir matrícula própria no Registro de Imóveis.
D) A vaga de garagem que não possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família
para efeito de penhora.

36
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss

Gabaritos das Questões:

1–D 2–B 3–B 4-D 5-A 6-C 7-D 8-C 9-C 10 - C

37
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss

Você também pode gostar