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Queridos alunos,
Com carinho,
@prof.patriciastrauss
@maitedame
Revisão Turbo | 36° Exame da Ordem
Direito Civil
1.1 Do Pagamento:
Quem paga;
Lugar do pagamento;
Tempo do pagamento.
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Direito Civil
Requisitos
Outras pessoas, além do devedor, podem pagar e outras pessoas além do credor podem
receber.
Quem paga:
• Devedor
• Terceiro interessado. (por exemplo: fiador): Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor
primitivo.
• Terceiro não interessado: (amigo, por exemplo). Ao pagar, não se sub-roga, mas tem
direito de regresso contra o devedor. Isso se fizer o pagamento em seu nome. Se fizer em
nome do devedor, será como uma doação e então não terá direito à reembolso.
Objeto:
• Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a pagar
ou receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais valiosos. Da
mesma forma, sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor partilhar a
prestação se assim não se estipulou
• É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento, de acordo com o
artigo 316: É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
• Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato
superveniente. Para que ocorra é necessária uma imprevisibilidade somada a uma
onerosidade excessiva. Estaria aqui consagrada a teoria da imprevisão.
Prova:
O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se não lhe
for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se
encontram no artigo 320:
Artigo 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o
valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo
e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de
seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor.
Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o devedor para buscar o pagamento.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado o
pagamento.
Muito importante:
Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato.
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Direito Civil
Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação da
“SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”.
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do
tempo.
Já a “SURRECTIO” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo, perde o
direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo
domicílio para efetuar o pagamento.
Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver
data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá ser exigido à vista (cuidar o
contrato de mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso ocorre:
Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se
o devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor (Artigo 353). Caso nem
o devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação legal, ou seja, a lei, no seu
artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: Se o devedor não fizer a indicação
do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e
vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a
imputação far-se-á na mais onerosa. Assim:
1. Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros/
2. A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;
3. Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na mais
onerosa.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
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Inadimplemento
Inadimplemento total
relativo, parcial ou
ou absoluto
mora
Descumprimento Descumprimento
parcial total
Cláusula penal é uma punição, penalidade de natureza civil e tem a ver com o
inadimplemento obrigacional.
A cláusula penal pode ser classificada em: cláusula penal moratória e cláusula
penal compensatória.
Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação
da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento da
obrigação e o cumprimento da clausula penal moratória.
Caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função de antecipar as perdas e danos.
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da
obrigação principal.
Neste caso não poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação e também a multa
compensatória.
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Ainda que o prejuízo exceda o previsto na clausula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. e o tiver sido, a pena vale
como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
Assim, não se pode cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos
decorrentes do inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver
previsto tal possibilidade, a multa compensatória será já o mínimo de indenização.
Cabe ao credor então comprovar o prejuízo excedente.
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Direito Civil
Requisitos da Evicção:
Anterioridade do
Perda total ou
Aquisição realizada direito daquele que
parcial da
de forma onerosa ganhou a ação
propriedade
judicial
Direitos do evicto:
Indenização Pelos
Indenização
dos frutos prejuízos Custas
Restituição pelas
que tiver que judiciais e
integral do despesas
sido honorários
preço dos
obrigado a resultarem do advogado
contratos
restituir da evicção
4.1 Limitações
O prazo para ajuizamento da ação anulatória é de 2 anos, segundo o artigo 179 do Código
Civil.
O condômino não pode alienar sua parte indivisa a terceira pessoa, se o outro
condômino a quiser, tanto por tanto. O condômino que quiser pode exercer seu direito de
preferência ou preempção, ajuizando ação no prazo decadencial de 180 dias contados
da data em que teve ciência da alienação. No momento do ajuizamento, deve o
condômino, efetuar a consignação do valor que deseja pagar. A ação pode ser ação
adjudicatória, a fim de obter o bem para si.
5. Responsabilidade Civil
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigadoa repará-lo.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior.
Assim, há somente duas excludentes nas quais o dono/detentor não será
responsabilizado: culpa da vítima e força maior.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Ponto muito importante a ser verificado que a responsabilidade é de quem habita o
prédio. Assim, seriam responsáveis o locatário, comodatário, proprietário, enfim, quem
estiver habitandoo prédio.
Caso não se saiba de onde partiu o objeto caído ou lançado, os tribunais têm
entendido pela responsabilização do condomínio que, após (e caso) identificado o
responsável, poderá ajuizar regresso contra o ofensor.
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6. Bem de Família
Vários bens
Até 1/3 patrimônio líquido
Escritura pública ou testamento
Voluntário Registro no CRImóveis
B
E Enquanto o casal existir ou os filhos forem menores de 18 anos
M
Impenhorabilidade quanto a dívidas posteriores a instituição
D
E Salvo: derivadas do próprio bem – Impostos e condomínio
F Lei 8009/90
A
M Único bem
Í
L Regra: impenhorabilidade
I
A Exceção: art. 3º, Lei
Legal Protege imóveis de pessoas solteiras, casadas ou viúvas – súmula
364, STJ
7. Prescrição e Decadência
Prescrição Decadência
Existe um direito
Há prática de um ato/negócio
Este direito é violado
• Pela parte
Nasce para o titular uma pretensão • Por terceiro
- Cobrança
- Reparação Civil Em razão deste ato/negócio, nasce um
- Indenização direito
Deve ser exercida nos prazos dos Deve ser exercido no prazo
arts.205 e 206, CC estabelecido
8. Regime de Bens
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa
anteriorao casamento.
Bens comunicáveis: integram o patrimônio comum (art. 1.660). Art. 1.660. Entram
na comunhão:
Os cônjuges, casados sob esse regime, não podem constituir sociedade entre si (art. 977,
CC).
Qualquer dos cônjuges pode alienar ou gravar seus bens sem anuência do outro cônjuge.
Separação obrigatória – incidência da súmula 377, STF.
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9. Morte
MORTE • Real
• Presumida
• Ausente = art. 22
Presumida com • aquele que desaparece de seu domicílio sem
decretação de dar notícias, semdeixar representante ou
Presumida
ausência (art. 6º,com
2 procurador para administrar-lhe o patrimônio.
parte +decretação
art. 22 e ss.,de
• A lei prevê três fases: curadoria dos bens do
CC +ausência
art. 744,(art.
CPC) 6º, 2
ausente, sucessãoprovisória e sucessão
parte + art. 22 e ss., definitiva. Art. 744 e ss. CPC/2015’
CC + art. 774, CPC)
• Princípio da saisine
• Todo unitário e indivisível
Transmissão da
• Aplicação das regras do
herança aos herdeiros
condomínio
• Possibilidade de utilização das
ações possessórias
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• Real
MORTE • Presumida
• Legítima
Capacidade • Art. 1.798, CC
hereditária
• Testamentária
• Arts. 1.798 + 1.799, CC
• Legítima
• Herdeiros necessários: descendentes,
ascendentes e cônjuge
Espécies de
sucessão • Garantia da legítima (1/2 da herança)
• Herdeiros facultativos: colaterais
• Podem ser excluídos da sucessão –
liberdade plena de testar
• Testamentária
• Herdeiro instituído – recebe %
daherança
• Herdeiro legatário – recebe bem certo,
descrito e caracterizado
Princípio da liberdade limitada de testar – existe um percentual que não está sujeito à
vontade do testador, quando existirem herdeiros necessários.
Deve ser respeitada a metade disponível aos herdeiros necessários: art. 1846, CC
(herança ≠ legítima).
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Valor da parte disponível definido pela avaliação – art. 1.847. Havendo excesso, redução das
disposições, nos termos dos arts. 1.966 a 1.968.
Herança ≠ meação.
Art. 1.850. Será plena a liberdade de testar se não houverem herdeiros necessários.
11. Herança
Confirma a
transmissão Por
ocorrida no Expressa
documento
momento da
morte
Atos próprios
Tácita
de herdeiro
Espécies
Art. 1807, CC -
Nesse caso, o
interessado em que o
silêncio é
herdeiro aceite reque r ao
Aceitação Presumida juiz, para que lhe intim e a interpretado
dizer, em prazo não como
manifestação da
superior a 30 dias, se
aceita ou não a herança . vontade
Pelo próprio
Direta
herdeiro
Por
Formas
HERANÇA procurador
Pelos
Repúdio a
Indireta sucessores do
herança
herdeiro
Tem-se por
não verificada Pelo credor
a transmissão
Escritura
Sempre de pública
Renúncia forma
expressa
Termo judicial
Parte do herdeiro
renunciante acresce
aos herdeiros de
Efeitos mesma classe
Ninguém representa
herdeiro renunciante
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INDIGNIDADE
• Decorre de lei
• Hipótestes: art. 1.814, CC
• Independe de manifestação
• Alcança o herdeiro legítimo e o testamentário (instituído ou legatário)
• A exclusão depende da Ação de Indignidade
• Prazo – 4 anos – abertura da sucessão
• Admite reabilitação, mediante perdão do ofendido
• Nem sempre os fatos são anteriores à morte do autor da herança
DESERDAÇÃO
Pode ocorrer, por qualquer razão, que algum herdeiro não seja relacionado no inventário
e na partilha. Nesse caso, sua condição jurídica de herdeiro não é reconhecida (filho a ser
reconhecido de uma relação extraconjugal do de cujus).
Nesse caso, para que esse herdeiro possa ter seu direito reconhecido e, então, receber
parcela que lhe cabia na universalidade, deverá ingressar com uma ação judicial. Esse é o caso
da petição de herança.
A ação visa, portanto, o reconhecimento da qualidade de herdeiro e a satisfação quanto
ao acervo hereditário, ou seja, contemplar o herdeiro – autor da ação – com sua quota parte na
herança.
Exemplos:
12. Posse
POSSE
Éo
Éo exercício Teorias justificadoras Posse x Detenção Classificação
domínio de fato de
físico que um dos
alguém poderes
tem sobre inerentes
a coisa, a Teoria
que vem proprieda objetivista Posse - Detenção
a ser de. Teoria – Jhering – o sujeito
subjetivist o sujeito
protegido – exige que possui o
pelo a ou domínio Direta e
apenas o possui o Justa e Boa e
subjetiva posse Com título Nova e
Direito, poder domínio físico da injusta – má-fé –
sendo, – Savigny coisa, indireta – e sem posse
físico/fát ic físico da art. 1.200, art. 1.201,
portanto, –poder o sobre a mas sabe art. 1.197,
CC CC
título velha
físico coisa age CC
concedido coisa, como se que a
efeitos sobre a dispensan coisa não
coisa dono
jurídicos a do o fosse é sua e
este (corpus) + “animus pretende
domínio. vontade domni”, devolvê-la
de ser mas após o
dono agindo, o uso.
desta agente,
coisa com o
(animus intuito de
domni) explorar a O
coisa de detentor
forma tem a
econômic coisa em
a. Esta é razão de
a teoria uma
adotada situação
pelo de
Brasil, dependên
(art. cia
1.196, econômic
CC) a ou de
subordina
ção.
O Código Civil estabelece, dos arts. 1.210 ao 1.222 os efeitos da posse. Tais efeitos
podem ser de ordem material ou processual.
Os efeitos materiais dizem respeito a percepção dos frutos e suas consequências, ao
direito a indenização e retenção das benfeitorias, as responsabilidades e ao direito de usucapião.
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Quanto a percepção dos frutos, deve-se, por primeiro, considerar se a posse é de boa ou
má-fé. Assim, o Código Civil prevê os seguintes dispositivos quanto ao recebimento (ou não) dos
frutos.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são
separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de
má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (colhidos). Já os frutos pendentes
(ainda não colhidos) devem ser restituídos, assim como aqueles que tenham sido colhidos por
antecipação.
O possuidor de má-fé deve devolver todos os frutos colhidos ou pendentes, bem como
aqueles que deixou de colher por culpa sua (art. 1.216, CC), devendo, neste último caso, ser
responsabilizado no caso de perecimento do frutos não colhidos por sua culpa (reparação de
danos – responsabilidade civil). Mas tem direito, o possuidor de má-fé a ser indenizado pelas
despesas de produção e custeio.
Os frutos naturais são aqueles provenientes da coisa principal (frutas, por exemplo).
Estes, tão logo sejam separados da coisa principal consideram-se colhidos.
Os frutos industriais são aqueles que derivam de uma atividade humana (tudo o que venha
a ser produzido em uma fábrica, por exemplo). Estes, assim, como os naturais, logo após
separados consideram-se colhidos.
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Direito Civil
Conforme estudado na parte geral, as benfeitorias são acessórios que se agregam a coisa
principal, ou seja, obras artificiais, realizadas pelo homem, na estrutura da coisa principal – já
existente – com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Estas benfeitorias podem
ser classificadas em necessárias, úteis e voluptuárias.
São úteis aquelas realizadas com o objetivo de facilitar a utilização da coisa (abertura de
uma nova entrada para servir de garagem para a casa).
São voluptuárias aquelas feitas para o mero prazer, sem aumento da utilidade da coisa
(decoração do jardim). Art. 96, CC.
Benfeitorias úteis: O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas
benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas.
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a
que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do
reivindicante.
Exemplo: João se apossa do cavalo de Pedro. Neste caso, se o cavalo morrer na posse
de João por ter ingerido veneno, ele deverá indenizar a Pedro. Contudo, se a morte do animal
ocorrer por uma doença cardíaca grave, ou seja, mesmo que estivesse na posse de Pedro ele
morreria, não terá João o dever de indenizar. CUIDADO, pois, neste caso, depende de PROVA!
Dentro dos efeitos da posse encontra-se a possibilidade que o possuidor tem de se utilizar
das ações possessórias (ou interditos possessórios) para proteção e defesa de sua posse.
Importante observar que as ações possessórias tanto podem ser exercidas pelo proprietário
detentor da posse, como também por aquele que, embora não tenha a propriedade, se encontra
na posse da coisa.
Quanto a proteção possessória, o CC prevê os seguintes dispositivos:
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
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Direito Civil
§ 1° O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a
que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outraspor modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro,
que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo
quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem
este o houve.
32
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss
1) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q39
Matheus, médico clínico-geral, recebe para atendimento em seu consultório o paciente Victor, mergulhador
profissional. Realizando a anamnese, Victor relata que é alérgico à ácido acetilsalicílico.
Desatento, Matheus ministra justamente esta droga a Victor como parte de seu tratamento. Victor tem danos
permanentes em razão do agravamento de sua asma pelo uso inadequado do medicamento, tendo que comprar
novos medicamentos para seu tratamento e, ainda mais grave, fica impedido de trabalhar nos dois anos seguintes.
A respeito da responsabilidade civil de Matheus, assinale a afirmativa correta.
A) Ele responderá pelo regime objetivo de responsabilidade civil, tendo em vista que a atividade de Matheus é
arriscada.
B) Ele deverá indenizar Victor independentemente de culpa, isto é, de imperícia de sua parte, considerando existir
relação de consumo.
C) Ele, sendo profissional liberal, terá apurada sua responsabilidade mediante a verificação de culpa,
responsabilizando-se unicamente pelos danos diretos verificados no caso.
D) Ele deverá indenizar Victor pelas despesas do tratamento e pelos lucros cessantes até o fim da convalescença,
além da pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou.
2) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q40
Carlos, motorista de táxi, estava parado em um cruzamento devido ao sinal vermelho. De repente, de um prédio
em péssimo estado de conservação, de propriedade da sociedade empresária XYZ e alugado para a sociedade
ABC, caiu um bloco de mármore da fachada e atingiu seu carro. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa
correta.
A) Carlos pode pleitear, da sociedade XYZ, indenização pelos danos sofridos.
B) Carlos pode pleitear indenização pelos danos sofridos apenas da sociedade ABC.
C) A sociedade XYZ pode se eximir de responsabilidade alegando culpa da sociedade ABC.
D) A sociedade ABC pode se eximir de responsabilidade alegando culpa exclusiva da vítima.
3) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q37
Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, José. Certa
vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e declarou que temia não ser
capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da irmã, Laura procurou o locador do imóvel
e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse
cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a afirmativa correta.
A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de Jacira,
inclusive a garantia fidejussória.
B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira.
C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas não quanto
à garantia fidejussória.
D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira.
4) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q38
Antônio, divorciado, proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado
semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que mostrou
interesse na aquisição por valor próximo ao de mercado. No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos
do pretendente comprador), um deles, Carlos, opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a atitude de
Carlos, seu filho que não concordou com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno.
Em face do exposto, assinale a afirmativa correta.
33
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss
A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser impedida pelos demais
descendentes e pelocônjuge, se a oposição for unânime.
B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de contrato de compra e venda de pai
para filho,motivo pelo qual a oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio.
C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos, promover a doação do bem para um
de seusfilhos (Bruno), sendo tal contrato nulo de pleno direito.
D) É legítima a doação de ascendentes para descendente, independentemente da anuência dos demais,
eis que oato importa antecipação do que lhe cabe na herança.
5) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35
Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na
condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária).
Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos
franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da
coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de
Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por
conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu
adquirir a coleção, pagando o respectivo preço. Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta.
A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela evicção,
pois sabia que a coisa era litigiosa.
B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na data da
avença, Renata não sabia da existência de litígio.
C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu em
legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela evicção.
D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, pois Marta
soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção.
34
Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss
Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é separado de Letícia, mãe de Olívia, e não detém a
guarda da criança. Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a título de pensão alimentícia em
favor de Olívia. Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses e, ajuizada uma ação
de execução contra ele, não foi possível encontrar patrimônio suficiente para fazer frente às
obrigações inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias
Ltda., sociedade que tem patrimônio considerável. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios, não é
possível, em nenhuma hipótese, que, na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da pessoa jurídica Paulo
Compra e Venda de Joias Ltda.
B) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de se atingir o patrimônio
da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar configurada a situação
de abuso da personalidade jurídica.
C) Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a legislação apenas reconhece a
hipótese de desconsideração direta da personalidade jurídica, não se admitindo a desconsideração inversa, razão
pela qual não é possível que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda.
D) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia atinja o
patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo praticou desvio
de finalidade ou confusão patrimonial.
8) FGV - 2018 - OAB - XXVI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35
Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o imóvel
a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005, o imóvel foi
alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação, por um período de 6
anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma ação reivindicatória movida por Elisabeth, que pleiteia a retomada
do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de locação, desde o momento da sua
celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como a verdadeira proprietária do imóvel em
10/10/2011, pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao recebimento de todos os aluguéis recebidos por
Aloísio?
A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria contestação automaticamente transforma a posse
de Aloísio em posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores recebidos pelo
possuidor devem ser ressarcidos.
B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma sentença favorável ao pedido de Elisabeth,
na reivindicatória, é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que caracterizaria a
transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé. Como o possuidor de má-fé tem direito aos frutos, Aloísio
não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação.
C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a posse
de Aloísio passa a ser qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento em que Aloísio
tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais condições, a devolução
dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de locação.
D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer valor,
pois, sendo possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de veracidade quanto a sua boa-
fé.
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Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss
10) FGV - 2021 - OAB - XXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Manoel, em processo judicial, conseguiu impedir que fosse penhorado seu único imóvel, sob a alegação de
que este seria bem de família. O exequente, então, pugna pela penhora da vaga de garagem de Manoel. A
esse respeito, assinale a afirmativa correta.
A) A vaga de garagem não é considerada bem de família em nenhuma hipótese; portanto, sempre pode
ser penhorada.
B) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não pode ser penhorada, por
ser acessória ao bem principal impenhorável.
C) A vaga de garagem só poderá ser penhorada se existir matrícula própria no Registro de Imóveis.
D) A vaga de garagem que não possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família
para efeito de penhora.
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Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss
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Caderno de Questões – Direito Civil
Maitê Damé e Patrícia Strauss