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O contrato de promessa, está definido no nº1 do 410.º, de modo que é um contrato pelo qual as
partes se obrigam a celebrar um outro contrato. As partes designam-se de promitentes. Temos
um contrato de promessa e um contrato prometido ou definitivo. Quando os promitentes cumprem
ou pretendem cumprir designam-se de promitentes fiéis, quando não cumprem designam-se de
promitentes faltosos. Muitas vezes não é possível celebrar de imediato um contrato definitivo, ou
porque é necessário escritura publica etc. – assim permite-se que as partes fiquem vinculadas ate
reunir todas as condições para celebrar o contrato definitivo. Quem celebra um contrato de
promessa pode voltar atras, com as consequências do incumprimento. Temos os Contrato de
promessa formais e Contratos de promessa consensuais: Os contratos de promessa formais tem
de seguir uma determinada forma (413.º do CC). Nos contratos de promessa consensuais não se
exige nenhuma forma para um contrato de promessa. Temos ainda os Contratos de promessa
mono vinculativos e contratos de promessa bivinculativas: Nos contratos mono vinculativos um dos
promitentes fica obrigado a contratar, a celebrar o contrato definitivo. Nos contratos bivinculativos
ambos os promitentes se obrigam a celebrar o contrato definitivo. Contrato de promessa com
eficácia meramente obrigacional e Contrato de promessa com eficácia real: O contrato de
promessa com eficácia meramente obrigacional só produz efeitos inter partes. O contrato de
promessa com eficácia real, que está previsto no artigo 413.º do CC, é oponível a terceiros.
Existe um problema que se prende com saber a partir de que momento podemos acionar os
mecanismos do artigo 442.º do CC. Se podemos acionar, havendo um mero atraso no
cumprimento e existe outra posição + jurisprudencial segundo a qual só podemos acionar os
mecanismos do 442.º do CC quando houver um incumprimento definitivo do contrato de promessa.
A decisão que parece mais plausível é a posição defendida pelo Prof. Antunes Varela porque este
considera que se tivéssemos de aguardar pelo incumprimento definitivo não existia qualquer
especificidade entre o regime do artigo 442.º e o regime da responsabilidade contratual, se tivermos
de aguardar pelo incumprimento definitivo o meio de defesa do promitente do vendedor que se
encontra previsto no 808.º do CC, nunca poderia ser utilizado porque o promitente comprador já
estava em incumprimento definitivo. A jurisprudência chega a um resultado oposto, porque
considera que se hoje em dia não existe contratos de promessa com tradição da coisa, não existe
possibilidade de pedir o valor atualizado da coisa, e como não existe valor atualizado da coisa não
existe mecanismos de defesa do promitente vendedor faltoso.
Ainda no artigo 443.º n.º 3 do CC, temos uma situação de incumprimento do contrato definitivo,
temos dois caminhos: (1) resolução tacita do contrato 442.º do CC; ou (2) então não se pretendo
resolver tacitamente o contrato porque há interesse no contrato definitivo recorre-se á execução
especifica. Quando houver tradição da coisa e o promitente comprador exigir uma indeminização
seja ela o dobro do sinal ou o valor atualizado da coisa, ele tem uma garantia que é o direito de
retenção que é uma garantia real que garante a satisfação do seu crédito – ou seja pode reter a
coisa para garantir o pagamento da indeminização e para obtenção da satisfação do seu crédito
pode executar a coisa retida. Está previsto no artigo 755.º n.º 1 alínea f) do CC.
A execução especifica está prevista no artigo 830.º do CC e o n.º 1 desse mesmo artigo refere o
que é a execução especifica onde é celebrado por via judicial o contrato definitivo. O n.º 2 refere
que a execução especifica pode ser afastada se existir sinal, mas isto é uma presunção ilidível que
não constitui uma contradição com o artigo 442.º n.º 3 1º parte do CC. Nos termos do n.º 3 do
830.º do CC a execução especifica não pode ser afastada – é imperativa - quando tivermos no
âmbito de um contrato de promessa á luz do artigo 410.º n.º 3 (contrato de promessa onerosos
sobre edifício a construir, em construção, construído)
• Artigo 413.º do CC
No caso de contratos de promessa com eficácia real, á luz do artigo 413.º do CC, pode o promitente
comprador ter um direito real de aquisição que é oponível a terceiros, isto é, ele pode seguir o
bem onde ele se encontrar. Se eventualmente perante este tipo de contratos, o promitente
vendedor vender o bem a terceiro, este terceiro adquirente tem conhecimento do registo e da
existência de um direito real de aquisição, de modo que o promitente comprador se tiver interesse
nesta compra - intenta uma ação de execução especifica contra o terceiro adquirente que está
claramente de má-fé.
Pacto de Preferência
Quando se exerce o direito de preferência, exerce-se em relação a um terceiro. O preferente
que prefere nas mesmas condições oferecidas por um terceiro. Exercer o direito de preferência
é sobre/em relação a alguém, em relação a um terceiro. O pacto de preferência é um contrato
unilateral, uma vez que o preferente não se obriga a preferir, apenas aceita. Temos duas
modalidades de preferências, a Preferência legal que deriva da lei, e que tem sempre eficácia real,
e as Preferências convencionais que derivam de um pacto de preferência, ou seja, de um contrato
entre o obrigado á preferência e o preferente, contrato que poderá ou não ter eficácia real.
Os artigos 414.º e ss. aplicam-se apenas ás preferências convencionais, e com as devidas adaptações,
às preferências legais.
• Artigo 415.º do CC
Este quanto á forma manda aplicar a forma do 410.º n.º 2 do CC, sendo a regra a liberdade de
forma, mas se a lei exigir para o pacto definitivo uma forma especial de acordo com o 410.º n.º 2
o pacto de preferência terá de ser celebrado por documento escrito e assinado pela parte que se
vincula, isto é, pelo obrigado á preferência uma vez tratar-se de um contrato unilateral. Teremos
de aplicar as formalidades do n.º 3 do 410.º do CC, quando se trate de uma fração autónoma? Não,
porque o 415.º do CC apena remete para o n.º 2 do 410.º do CC, por razões históricas, mas também
por razoes práticas e logicas, e não para o n.º 3.
O pacto de preferência pode ter eficácia real. Se pudermos atribuir eficácia real devemos seguir a
regra do 421.º do CC que nos remete para o 413.º do CC. O que significa que só podemos atribuir
eficácia real se (1) estiver em causa um bem imóvel ou movel sujeito a registo, (2) se existir uma
clausula expressa a atribuir eficácia real ao pacto, (3) é necessário registo, (4) e escritura publica
ou documento particular.
• Artigo 420.º do CC
Não é permitida a transmissão nem mortis causa nem em vida das obrigações do obrigado á
preferência dos direitos do preferente.
Gestão de Negócios
Cada vez menos utilizada hoje em dia, por causa da facilidade de comunicação entre as pessoas.
De forma que só será utilizada em casos muitos urgentes, onde não existe a possibilidade de
comunicação a tempo. O regime da gestão de negócios está previsto nos artigos 464.º e ss. do
CC.
• Artigo 464.º do CC
Pela análise do artigo 464.º do CC, conseguimos retirar os pressupostos da gestão de negócios:
(1) Assumir/Tomar a direção de um negócio alheio. (2) Sem autorização, sem habilitação jurídica,
sem habilitação legal, sem habilitação convencional. (3) O gestor deve agir no interesse e por
conta do dono. O que significa que o gestor deverá agir como agiria o dono naquela situação, isto
é, de forma razoável. Agir no interesse do dono, é ser útil ao dono e não mais do que isso.
• Regra
o gestor de negócios é altruísta, o gestor de negócios não tem direito a uma indeminização, a
menos que o gestor de negócios esteja no âmbito de uma atividade profissional onde tem direito
a uma remuneração (exceção do 470.º do CC).
Temos 3 critérios para aferir o interesse do dono:
(1) Utilidade. Se o gestor de negócios agir no sentido de ser útil ao dono, então está a agir
no interesse do dono; (2) Bom pai de família. Se o gestor de negócios agir como bom
pai de família, agir como qualquer pessoa nas mesmas situações agiria, então está a agir
no interesse do dono; (3) (Expressamente previsto na alínea a) do 465.º do CC) Vontade
real ou presumível do dono. Se o gestor agir de acordo com a vontade real ou
presumível do dono ele age no interesse do dono.
Se estes 3 requisitos do 464.º do CC estiverem cumpridos, haverá gestão de negócios.
• Gestão representativa
- Ratifica o negócio jurídico celebrado entre o gestor e o terceiro, chamando a si os efeitos jurídicos
desse negócio. Passamos a ter um negócio entre dono e terceiro. Se não ratificar o negócio jurídico
é ineficaz em relação ao dono, ou seja, aquele negócio não produz efeitos na esfera jurídica do
dono; em relação ao gestor, o negócio é também ineficaz, porque o gestor celebrou o negócio
em nome do dono. – Negócio totalmente ineficaz em relação a ambos, conforme também consta
do artigo 260.º do CC. A única hipótese que o terceiro possui, em caso de não ratificação do
contrato, é o instituto do enriquecimento sem causa, devido ao negócio jurídico ser ineficaz e ser
celebrado no âmbito de uma gestão representativa.
• Enriquecimento
Vamos distinguir entre o enriquecimento abstrato e enriquecimento concreto, e dentro deste último
distinguimos entre enriquecimento concreto objetivo e enriquecimento concreto subjetivo.