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Teoria Geral das Obrigações

1 (T)
Art.397° CC
Art.980° ss CC
Art.1308° CC
Art.883° CC
Responsabilidade civil pode ser extracontratual ou contratual.
Responsabilidade civil pré-contratual
Responsabilidade pós- contratual

Princípio do ressarcimento dos danos; princípio da boa-fé;


Princípio da Liberdade Contratual - art.405° nº1 e nº2 CC — em primeiro lugar este princípio tem
várias vertentes:
1. Liberdade de celebração ou não celebração do contrato - há várias restrições (ex: A e B
celebraram um contrato de compra e venda de um imóvel, este contrato irá contribuir em
alguns fatores (cláusulas) no contrato definitivo. Como acontece com a data do contrato
definitivo. No caso de não comparência do vendedor no dia da celebração do contrato
definitivo irá instaurar uma ação condenatória de ação específica, se cumpridos os
requisitos do 830° CC. Cabendo ao tribunal emitir a declaração negocial e não o A como
seria normal, quem é o faltoso. O contrato de promessa só produz efeitos obrigacionais e
nunca transfere a propriedade. Tratando-se de compra e venda, A sendo o vendedor, está
obrigado no futuro a emitir uma declaração de venda e B está obrigado a emitir uma
declaração de compra. Restringe-se aqui a liberdade de compra). Temos que ver se a
norma é imperativa e à luz da situação concreta quais são os limites da lei (art.1110° CC,
art.1025° CC este é uma norma imperativa);
2. Liberdade de limitação … - no regime jurídico das cláusulas contratuais não temos
nenhuma liberdade de modelar o conteúdo dos contratos;
3. Liberdade de celebração de contratos típicos e atípicos (ex: contrato de hospedagem) - a
lei estipula que podemos realizar negócios que não estão tipificados na lei (ex: contrato de
arrendamento com opção de compra);
4. Liberdade de extinção de contrato - liberdade só se pode extinguir por mútuo acordo das
partes do contrato (chamada revogação por mútuo acordo). Podem ser celebrados com
prazo certo (tem de ser celebrados até ao fim) ou com prazo indeterminado (temos um
problema nele, pois se fossem pontualmente cumpridos pelas partes vigoraria
perpetuamente e há uma parte em que o legislador diz que as partes não se podem
vincular perpetuamente. Extinguimos os contratos por prazo indeterminado desde que
haja um pré-aviso da denúncia. A figura da denúncia só pode ser aplicada aos tipos de
contratos realizados por prazo indeterminado).

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Princípio do ressarcimento dos danos: só decorre uma única consequência, o dever de


indemnizar, que decorre do regime da responsabilidade civil.
Responsabilidade civil extracontratual (subjetiva) — art.483° e ss. Pode ser por por factos ilícitos -
ilicitude de uma obrigação - e por um conjunto de pressupostos: existem de um facto; ilícito; tem
que ser culposo (sob a forma de negligência ou dolo); existência de danos; existência de um nexo
de causalidade entre facto e o dano. Art.499° e ss - Responsabilidade pelo Risco (objetiva) — só
existe nos casos tipificado na lei. Pressupostos: facto; existência de dano; nexo entre a
causalidade e o dano. Quem tem a vantagem de estar, por exemplo, a conduzir tem a
consequência de indemnizar em caso de dano mesmo que não tenho culpa. Responsabilidade
Lícita (art.1045° nº1 (por ato lícito) e nº2 (já não será assim pelos pressupostos do nº2. Situação de
mora do devedor - art.804° e ss. Art.804° nº2))
Responsabilidade Civil contratual — art.798° e ss e pode ser subjetiva por atos ilícitos (com os 5
pressupostos) - ilicitude de um dever negocial. Também temos uma responsabilidade ao
risco (art.800°).
Responsabilidade civil Pré-Contratual - art.227°
Responsabilidade Pós-Contratual
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Princípio da boa-fé - art.762° Nº2: “… devem as partes proceder de boa fé”. Ex: um transportador
disse que ia entregar os frangos. Mas o local onde eles iam estragou-se, mas cumpriu só que eles
chegaram ao local deteriorados. Cumpriu a obrigação principal, mas incumpriu um dever lateral.

Princípio do enriquecimento injustificado - art.473° e ss (enriquecimento sem causa - é matéria


subsidiária (ex: fazer uma transferência bancária para uma conta diversa da pretendida)).

Princípio da responsabilidade patrimonial/Princípio da proteção relativa do direito de


crédito - ex: A e B celebraram um contrato de compra e venda, sendo A o vendedor e B o
comprador do relógio por 10 mil euros. A é credor do preço, mas devedor do relógio e B é devedor
do preço, mas credor do relógio. Se houver incumprimento da obrigação de atar o preço A, sendo o
credor, a partir do art.817°, tem o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento chamado a
“ação de cumprimento” e tem também o direito de executar o património do devedor. Pode-se
instaurar uma ação executiva para penhorar todo o património do devedor de crédito. Responde
assim todo o património do devedor e a partir do art.601°. Por vezes há um terceiro que garante o
cumprimento da obrigação. Por exemplo C fiador garantiu o cumprimento da obrigação, mas pode
acontecer que o devedor do preço deu de penhor uma determinada joia que tinha (penhor
enquanto garantia real das obrigações), pois podem corresponder para satisfação do direto do
crédito um património específico do devedor ou vários do terceiro. A lei protege o direito de crédito
com o património do devedor ou de terceiros. Porque é que é apenas relativa? - imaginemos que A
vendeu o relógio à B e D. A pode exigir os 10 mil euros à somente B ou D ou tem de exigir 5 mil a
cada um? - regime da conjunção não permite ao credor exigir a prestação integral de cada um dos
devores e, portanto, só permite exigir a parte que lhe cabe a esse devedor que na regra será 50%,
mas se forem 4 seria 25%. Não permite então ao credor atuar para que possa ter o preço na
totalidade através de um só devedor. Não existe uma regra que fale sobre isto, mas retira-se do
regime da solidariedade (art.512° e ss, art.513°). Agora por exemplo, nos termos da lei a fiança é
uma fiança subsidiária (art.638°) - goza do benefício ou privilégio da execução previa do património
do devedor principal. O fiador é um fiador solidário e responde ao lado dos devedores principais
(só quando não há património destes se usa o do fiador). Há uma proteção do credor, mas esta não
é absoluta. Já se estivéssemos perante um contrato de direito comercial o regime de fiança
mercantil é imperativamente solidária.

Princípio Pacta Sunt Servanda (art.406°)/ Princípio da Integralmente/Pontualidade no


Cumprimento das Obrigações — não é possível a qualquer das partes desvincular-se do
contrato. Tem de cumprir o contrato na íntegra. Art.437°: 1°Limitação - Alteração anormal e atípica
das circunstâncias que tinham sido previamente previstas; afetar o princípio da boa fé; situação
que se poderia prever? (tem de cumprir os requisitos): ex: A e B em 2019 celebraram um contrato-
promessa de compra e venda de um imóvel e a celebração do contrato definitivo estava prevista
para 2020. Tudo correndo normalmente o empreiteiro iria terminar o imóvel. Só que em março
surgiu o COVID e o empreiteiro ficou impossibilitado de terminar o prédio e de celebrar o contrato
previsto com o sujeito naquela data; 2ªLimitação - permite neste tipo de contratação por tempo
indeterminado extinguir o contrato através da denúncia (só pode acontecer nos contratos
celebrados a tempo indeterminado). Por vezes o legislador quando em causa determinado grupo
de pessoas permite entorses neste limite (ex: art.1098° nº3 - legislador protege o arrendatário e
utiliza a revogação do contrato (sendo este um contrato sem prazo certo) através do mecanismo da
denúncia. O legislador veio permitir isso expressamente.)

Princípio da justiça comutativa - proteção contra o desequilíbrio das prestações - art.292° -


negócio usurário. O legislador pretende obter o equilíbrio das prestações, a equivalência entre
estas. Art.812° - clausula penal, é uma pena/sanção perante o incumprimento de uma ou varia
especifica obrigação e prevê uma sanção pecuniária para indemnizar e evitar que no que toca aos
danos se vá a tribunal. Ex: em vez de dizer 10 mil euros disse 1 milhão e assinaram o contrato,
art.812° nº1 pois o juiz não decide oficiosamente e só reduz equitativamente o valor em causa
quando for manifestamente excessivo. Ex: vamos a um pronto a vestir e a certa altura vestimos a
peça e notamos um defeito, e o vendedor diz que faz um desconto de 40% isto seria uma tentativa
de tentar repor equitativamente as coisas, através do instituto da redução do preço (art.912°?).
Art.1040°
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Toda a obrigação é suscetível de avaliação pecuniária.


Colaboração entre as partes ao nível da comunicação, etc e mediação
Princípio da relatividade dos efeitos de contrato - contrato produz efeitos apenas entre aquelas
partes.
Confronto entre os direitos de crédito e os direitos reais
Oponibilidade dos direitos de crédito a terceiros
Direitos de crédito pessoais de gozo e quais os seus contornos

Confronto entre os direitos de crédito e os direitos reais — (1-) os direitos de crédito operam inter
partes e os direitos reais são direitos absolutos, oponíveis erga omnes, direitos se de soberania. (2-
) Nos direitos reais vigora o princípio do direito primeiramente constituído, já não acontece nos
direitos de crédito. (3-) Direito de sequela, ou seja, perseguir a coisa onde ela se encontra.
1. A celebrou um contrato de compra e venda com B de um quadro. A esta obrigado no futuro
a emitir a declaração de venda e B a declaração de compra. Mais tarde A venda a C o bem
que prometeu vendar. A ainda era proprietário do bem em causa e vendeu depois do
negócio obrigacional a C e transmite o direito de propriedade. O direito de crédito que B
teria perante A cede.
2. A vendeu a B um imóvel e posteriormente vende a C. Aqui prevalece o princípio do direito
primeiramente constituído, por isso B é o proprietário (isto entre conflito de direitos reais.
Se C tivesse registado ele seria o proprietário e não B pois ele registou primeiro, princípio
do Direito primeiramente registado). (Nos direitos de crédito de natureza pecuniária
imaginemos que A é devedor de vários sujeitos, os negócios foram constituídos em janeiro
de 2023 (devedor de 500 em relação de B), fevereiro de 2023 (devedor de 300 a C), março
de 2023 (devedor de 150 em relação a D) e abril de 2023 (devedor de 50 em relação a E) —
ia dar 50, 30, 15 e 5 respetivamente. Agora imaginemos que A celebrou com B um contrato
de compra e venda sobre um objeto e depois celebrou o mesmo negócio com C. A acaba
por celebrar com C o negócio e não B aqui como são direito de crédito não aplicamos o
princípio do primeiro constituído.)

Oponibilidade de direitos de crédito a terceiros (situações especiais que tem uma aplicação muito
concreta e não são generalizáveis):
1. O direito do locatário é oponível ao adquirente da coisa. No fundo falamos do regime do
art.1057 CC (transmissão da posição do locador - vale quer para o aluguer quer o
arrendamento). Ex: Senhorio celebrou um contrato de arrendamento com o arrendatário
por 10 anos. A certa altura o senhorio, proprietário do imóvel, vende o imóvel a outro
sujeito, tornando-se este o novo proprietário do imóvel, passa a ser o novo senhorio do
arrendatário (isto aplica-se a qualquer negócio de alienação: pode ser numa compra e
venda como pode ser em sede executiva, até o próprio credor exequente pode adjudicar a
coisa). Este artigo está aqui para a proteção do locatário. Tenho um direito pessoal de gozo
quando tenho algo nas mãos e a posso usar para os fins expostos no contrato, mas não é
só isto que lhe da proteção, mas também porque o legislador entendeu dar proteção ao
locatário e ao arrendatário (é uma norma ex legem). Aquele direito (o do arrendatário) vai
comprimir o direito de propriedade do adquirente. Sujeito fica com a propriedade onerada
do arrendamento. É uma norma imperativa.
Art.1129° ss CC; art.1130 até ao 1141 CC não se encontra uma norma igual à do 1057 (exceção
muito limitada à regra geral. Não tem o mesmo regime jurídico em mais nenhum lado exceto na
locação) por isso nada tem a força da norma do locatário. No caso do comodato com a nova
aquisição extingue-se, ou seja, caduca o antigo contrato de comodato. O mesmo acontece no
deposito (art.1185).
Ex: Caso no contrato se quisesse manter o comodato? - seria princípio da liberdade contratual
(art.405 nº1), mas a regra seria nula.
Ex: Imaginemos que A e S celebram um contrato de promessa de arrendamento que tem uma
particularidade, a necessidade da tradicio ou seja da entrega da coisa (da entrega do imóvel).
Entretanto S vende o imóvel a outro sujeito. O direito do promitente arrendatário é oponível ao S?
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Tem a propriedade pelas ou a propriedade onerada com o contrato promessa de arrendamento? —


art.410° nº1 ao contrato de promessa aplica-se o regime do contrato promessa de arrendamento e
não que a norma em causa (1057) não se considere extensiva ao contrato promessa? — à partida
não há lugar à proteção do promitente do arrendatário.
2. Caso especial do direito promitente transmissário com eficácia real (está sujeito a
registo?) é oponível ao adquirente da coisa — art.413. Nota: a promessa com eficácia real
só produz efeitos obrigacionais. Para que um determinado promitente fique mais
fortalecido na sua posição jurídica deve atribuir, sendo possível, eficácia real ao contrato
de promessa (nº1 do 413), mas só se estiver em causa a transmissão de direitos reais,
sobre bens moveis ou imóveis que possam ser registados, é preciso inscrever o ato no
registo. Ex: A celebrou com B um contrato de promessa ao qual atribui eficácia real (é um
contrato de natureza obrigacional), e mais tarde vende a C. quando A vende a C este ainda
é proprietário, só que A tinha registado e C tinha de ter conhecimento que já havia um
contrato promessa que já estava registado e isto é o que fortalece o direito obrigacional de
B que é oponível a C fazendo com que a troca entre A e C seja ineficaz.
3. Eficácia externa das obrigações — Ex: A e B celebraram um contrato de compra e venda
(contrato obrigacional sujeito ao princípio da relatividade dos efeitos dos contratos). Será
possível a produção de efeito em relação a terceiros? - (sim, mas é algo circunscrito e
limitado que precisa de preencher certos requisitos. Vamos imaginar que um certo autor
escrevia certos livros só para aquela editora. Alguém interfere nessa relação jurídica e
decide celebrar um contrato com esse autor que estava em regime de exclusividade. Este
terceiro que se introduziu pode vir a ser responsabilidade civilmente? - é um contrato de
natureza obrigacional. Requisitos que tem de ser preenchidos para haver indemnização: O
terceiro tem de ter conhecimento efetivo do crédito; Deve ter ocorrido por parte do terceiro
um ataque ao credito; O ato do terceiro é intencional (o terceiro deve ter atuado com dolo,
se ele foi negligente (É punível também o chamado dolo eventual em termos da
responsabilidade civil (ex: conduzir automóvel embriagado). Já a negligencia por si só não
é punível); O ato deve ser suscetível de afetar a consciência social dominante (quando
quer algo só por maldade de ou só para X não vender a Y). Aplica-se o regime do art.334°).
4. Oponibilidade da titularidade do crédito a terceiros — Ex: imaginemos que S arrenda a A e
este paga-lhe uma determina renda durante 10 anos. O S é titular de um crédito de rendas.
Em qualquer negócio posso ceder o crédito a outrem e fazendo-o cede o seu crédito de
rendas (factoring), mas não vende o total de o seu futuro crédito (ex: sabe que vai receber
10 mil então cede 6 mil). Esta matéria esta regulada nos artigos 577° e seguintes. Art.583 -
o credor passa a ser o X mas o S não tinha previamente comunicado isto a A e A continua a
pagar ao S quando o devido credor era o S. Então como não foi notificado vai poder opor-
se à titularidade de credito a terceiros devido à responsabilidade civil extracontratual.

Direitos pessoais de gozo - o direito de gozo pressupõe que haja um poder direto e imediato sobre
algo legitimo baseado num contrato (ex: direito de um locatário, direito de um arrendatário e o
direito de um depositário (ex legem)). Mas também podem resultar da vontade das partes (ex
voluntatem). A entrega da coisa não é um efeito principal do contrato de promessa, mas um um
efeito acessório.

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Categorização dos direitos de crédito ou seja dos direitos obrigacionais:


• Direitos de Crédito Comuns (aula anterior) — podem ser de natureza pecuniária ou de
natureza não pecuniária (contrato de promessa de compra e venda)
• Direitos pessoais de gozo (1682 a) e 407) — podem resultar da lei (direitos do locatário e
comodatário) ou da vontade das partes (ou seja, ex lege ou ex voluntate). Há um poder
direito e imediato sobre a coisa e foi entregue ao respetivo contrato que pode gozar a
coisa/bem em causa. Quanto aos direitos pessoais de gozo ex lege temos o direito do
locatário; direito do comodatário; direito do depositário e o direito do locatário financeiro,
no quadro do código resulta do art.1022° e 1119°. O mesmo se diz quanto ao depósito
art.1185° (DL 149/95). Impõe-se saber se se pode falar de um regime comum aos direitos
pessoais de gozo? Já ouvimos falar da aplicação do art.1057° CC , há uma cessão da
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posição forçada mas não há regra semelhante no âmbito do comodato e do depósito o


que significam que a consequência será a caducidade do contrato no caso da venda. Já no
que diz respeito à locação financeira de acordo com o DL 149/95 art.118°. Art.407° e este
regime aplica-se a todos os negócios (princípio do primeiramente constituído), o problema
quanto ao comodato e ao deposito é que não há obrigação de registo e quanto à locação
não há obrigação de registo apenas quando o contrato de arrendamento é superior a 6
anos. No que diz respeito à locação financeira de bens registáveis é que necessita registo.
É necessário analisar a posição jurídica de cada um dos sujeitos pois eles têm o direito de
gozar da coisa que lhes foi entregue, agora a questão é saber se podem ser vistos como
possuidores? Tem o corpus e o animus? - Nenhum destes sujeitos é titular de um direito
real e por isso não são possuidores, de todo o modo tem a coisa nas suas mãos art.1033°
nº2 CC (NOTA: decorrências da posse são 2, sendo estas: a possibilidade de utilização
dos meios de defesa da posse (ex: A arrenda a B o apartamento e enquanto lá estou C
entra e diz que de lá não sai. O senhorio troca as fechaduras e A fica sem possibilidade de
entrar então como arrendatário pode usar os meios da posse para se defender; par ao
caso do deposito temos algo semelhante no art.1038° CC) e a usucapião). Art.10° nº2 c)
no regime da locação financeira (se calhar é no decreto de lei previamente mencionado).
Relativamente ao 1057° sabemos que não é generalizável a todos os negócios. A parte
final do art.407° também não é generalizável a todos os direitos de gozo. Se olharmos de
todo o modo para o regime da possibilidade dos meios de defesa da posse há
unanimidade no que toca à lei. Temos um setor da doutrina que entende que apesar de
alguma proximidade dos direitos reais são direitos de crédito com um “toque” especial
pois nem tudo é generalizável a todos os direitos pessoais de gozo, pois eles não são
possuidores da coisa, mas sim simplesmente detentores dessa. Tem um regime diferente
dos Direitos de Crédito Comuns.
Também podem ser feitos por via da vontade das partes — Promitente Comprador com Traditio as
partes podem convencionar no contrato de promessa (art.1033° nº2 CC), já no que diz respeito à
utilização dos meios de defesa da posse art.1037° nº2 e permite ao promitente comprador a
utilização destes meios de defesa. São direitos de crédito fortes em relação aos comuns, mas não
são direitos reais.
• Direitos de crédito de grau máximo — Posição jurídica do promitente comprador com
eficácia real - ou seja este sujeito para que o contrato de promessa tenha eficácia real
(art.413° CC, pois há em visto a constituição de um direito real) aqui o importante é o
registo pois aqui este direito de crédito não tem a ver com o gozo do bem e em princípio o
bem não foi e não será entregue (ex: A e B celebraram um contrato de promessa de
compra-venda com B e este regista. A mais tarde vende a C, mas este deveria verificar
antes em que nome estava registado pois neste caso prevaleceria a posição de B pois
havia registado previamente), a sua eficácia real advém do registo. É uma posição
obrigacional, é um direito de crédito de grau máximo.
Posição jurídica do comprador a prestações com reserva de propriedade mais a entrega da coisa -
é também obrigacional, mas de grau máximo pois o comprador a prestações sabe que se as pagar
todas sabe que automaticamente adquire a propriedade do bem (ex: contrato de compra e venda a
prestações (art.934° - problema do incumprimento do regime a prestações: esta norma fala da
figura da perda do benefício do prazo e a figura da resolução. A primeira pressupõe um
incumprimento temporário, ou seja, a mora, o cumprimento inimputável do devedor. A segunda
pressupõe a do incumprimento definitivo. São vistos como meios alternativos. A prestação do
comprador a prestações é uma prestação de natureza fracionada, esta obrigação é uma só apenas
está fracionada. A perda do benefício do prazo tem um regime geral que é o do art.781° CC - desvio
à regra art.934° 2º parte CC. Já o regime geral da resolução encontramos no art.432° e seguintes
mas também no art.802° nº2 CC existindo também um desvio para o art.934° 1ª parte
CC. Pressupostos da norma 934° 1ª Parte (todos preenchidos (tem a ver com a resolução)) -
vendida a coisa; com reserva de propriedade; entrega feita ao comprador; falta do pagamento de
uma só prestação; se exceder um oitavo da parte do preço (1 a 7 prestações) leva à resolução do
contrato (exemplo do exercício da pizza)) (reserva de propriedade - art.409° e seguintes CC,
permite que a propriedade não seja transmitida por mero efeito do contrato (ex: sujeito vende a
prestações, entrega ao comprador, que fica de pagar 48 prestações mas não tem a certeza se o
sujeito vai pagar então vai reservar para si a propriedade da coisa, e só no final do pagamento das
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48 prestações é que o sujeito adquire a coisa. Durante os quatros anos esse sujeito é titular de um
… . Para que é que serve ao senhor reservar a sua propriedade - ora vamos imaginar que deixam de
pagar 2 ou 3 prestações por isso extinguindo o contrato por resolução esta tem consequências
retroativas ou seja tudo deve ser restituído ao comprador, mas também no que toca à perda de
benefício do prazo é que se vai puder exigir logo as 44 prestações seguintes invocando o instituto
da perda do benefício do prazo. Ou seja, pode indicar o bem à penhora (o proprietário) e como isso
invoca o instituto da perda do benefício do prazo e renuncia o objeto)). A norma é imperativa).
Pressupostos cumulativos art.934° 2ª Parte (tem que estar todos cumpridos): venda a prestações;
entrega da coisa; falta do pagamento de uma só prestação se exceder a oitava parte do preço (1 a 7
prestações); é possível invocar a perda do benefício de prazo. Como é que é possível resolver o
contrato? — ou excede ou não a oitava parte do preço. Mas para efeito da resolução do contrato é
preciso resolvê-lo e estando em causa uma obrigação pecuniária e estando perante uma situação
de mora/atraso no cumprimento temos de transformar a mora em incumprimento definitivo
usando a chamada interpelação admonitória - permissão de base desta é a existência de mora.
Três pressupostos desta interpelação: 1- intimação para o cumprimento; fixação de um prazo certo
razoável e perentório para cumprir; dizer qual a consequência sob pena de incumprimento
definitivo art.808° nº1 2ª Parte. Mas o incumprimento definitivo não é a mesma coisa que a
resolução pois não significa que decorrido o prazo e preenchidos os requisitos haja resolução pois
passado o prazo é necessário a escritura de outra carta a declarar a resolução do contrato. Muitas
vezes o credor não quer a resolução do contrato. Por isso se quer a resolução deve acrescentar a
declaração da resolução do contrato porque senão nada feito.
Já no caso da perda do benefício do prazo já se vai dizer uma coisa completamente diferente, pois
vão declarar o vencimento imediato de todas as prestações vincendas.
Se estiver em causa mais do que uma prestação o artigo 934° não se aplica, se estiver em causa 2
prestações é possível a resolução através da perda do benefício do prazo (através do 781° ou do
432 e 802 CC).
Uma outra norma importante é o art.886° CC que fala sobre a falta do pagamento do preço e onde
os pagamentos são diferentes: houve transmissão da propriedade e entreguei-a se houver a falta
do pagamento o vendedor não pode resolver o contrato, esta é uma norma supletiva.

Por conta de quem corre o risco da perda da coisa? — art.796°, ou seja, o titular do gozo da coisa
em vista da sua aquisição é sobre ele que impende o risco de perda e deterioração da coisa, por
isso se estragar pagara as prestações até ao fim. Só não será pacifico a forma de lá chegar nº1
796°. O comprador a prestações que tem a coisa nas suas mãos é proprietário da coisa? - não mas
será que pode usar os meios de defesa da coisa? — posição do comprador a prestações é mais
forte do que o arrendatário do imóvel e do locatário do automóvel 1037 nº2 pois ele pode vir a ter a
coisa e os outros não. A posição deste sujeito é uma posição creditícia, obrigacional de grau
máximo como a do comprador promitente com eficácia real, porque ele é proprietário para efeitos
de garantia e é isso que pode transferir.

5 (T)

Prestação. Vamos ver os requisitos da prestação; classificações; regime jurídico; relação jurídica
obrigacional complexa

Objeto da obrigação (397°): o art.398° fala do conteúdo da prestação “as partes podem fixar
livremente o conteúdo positivo ou negativo da lei” — princípio da liberdade de determinação do
conteúdo pelas próprias partes. Podemos estar a falar da entrega de um objeto, de uma ação ou de
uma omissão. No nº2 diz que a prestação não necessita ter valor pecuniário. A prestação destina-
se a satisfizer o interesse do credor.

Requisitos legais da Prestação: resultam de uma regra geral do art.280° mas que depois se deve
complementar com os artigos 401° e 400°. O art.280° Nº1: a prestação deve ser possível; não
contraria à lei; determinável. No art.280° Nº2: deve ser conforme aos bons costumes.
Possibilidade da prestação — deve ser possível o que significa que sendo impossível ela
determinara a nulidade do negócio. Há dois tipos de impossibilidade: a impossibilidade física (ex:
alguém se vincula a levantar o peso de mil quilos; prestação de florestação de um terreno já
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florestado) da prestação e a impossibilidade legal (ex: declarar vender a Torre dos Clérigos quando
esta é de domínio público; um empreiteiro vinculou-se a fazer um trabalho com placas de
amianto). Regra especial 401° e 400° — impossibilidade originaria da prestação (401° nº1), esta é
por um lado objetiva (porque é uma impossibilidade para todos (pois se for subjetiva é só para
aquele credor)) e para alem disso também tem que ser uma impossibilidade absoluta (e não
relativa), acresce que que esta é a que afere no momento da constituição da prestação. De todo o
modo o legislador prevê duas exceções no art.400° e 401°: 401° nº2 — duas possibilidades do
negócio: 1ª - estar o negócio sobre condição suspensiva ate que se verifiquem as condições; 2ª -
se entretanto a prestação se tornar possível ate ao seu termo. Uma 3ª hipótese que advém do 399°
é a prestação de coisa futura a não ser que a lei não …. É admissível a venda de coisa futura (880°)
— há três hipóteses previstas de validade do próprio negócio jurídico, mas temos que ver se
cumpre os requisitos.
Voltando ao art.280° o legislador afirma que o objeto contrário à lei é então nulo o negócio,
remissão art.294°. Há normas que são imperativas (/injuntivas) que não podem ser afastadas pela
vontade das partes. Também é nulo o negócio jurídico onde a prestação é indeterminada. Uma
coisa é ser determinada ao início (ex: preço da venda, empreitada, etc) outra coisa é ser
indeterminada, mas determinável.
Sucede então que o art.400° tem como epígrafe “determinação da prestação” e é usado para a
determinação convencional da prestação. O que aqui está é a determinação convencional da
prestação e quando ela não está determinada a quem podemos confiar essa determinação? - à
outra parte ou até a terceiros. Mas as partes podem estipular outros critérios para esta
determinação.
Quanto à determinação da prestação ex lege: ex — vamos imaginar que o preço não está
determinado no contrato de compra e venda e lá não se encontram critérios de determinação. No
art.883° - estabelece critérios para a determinação do preço. Em regra, então o preço estando
ausente e não havendo critérios vai para o Tribunal para este o decidir segundo juízos de equidade.
Ex: A e B faziam parte de uma sociedade e cada um tinha 50% e criaram um regime em que tinham
de dar um ao outro. Mas se um acabasse por dar mais da sua parte do que o outro esse ficava a
ganhar e não era fácil a decisão pelo juiz.
Em sede de empreitada o art.1211° nº1, também é possível aplicar este regime jurídico, mas em
sede de arrendamento já não é (se calhar aplicar o 883°).
Voltando ao art.280° Nº2: o negócio deve ser conforme a ordem publica (sendo este um conceito
indeterminado); as partes não se podem vincular perpetuamente; o negócio não pode ser ofensivo
dos bons costumes (moral social dominante (ex: um contrato que envolve o trafico de drogas,
pessoas, arrendamento de um imóvel com fim para a prostituição, etc — é ofensivo aos bons
costumes))

Classificações das prestações:


• Prestação de coisa VS Prestação de facto — o interesse advém de duas razões: coisa
futura e também se liga às fungíveis. A prestação de coisa pode consistir na entrega de
uma coisa no âmbito da compra e venda; no âmbito de contrato de promessa de compra e
venda; contrato de arrendamento de um imóvel; aluguer de um automóvel. O que é mais
relevante é saber que é possível a prestação de coisa futura a não ser que a lei diga o
contrário (880°- e ao dizer isto também podemos vender bens futuros, mas o art.942° diz
que não é possível a doação de bens futuros e também proíbe a promessa da doação de
bens futuros). Para alem das prestações de coisa temos as prestações de facto onde eu
posso ter comprometido pintar algo, por exemplo. Estas podem ser positivas ou negativas,
uma ação ou uma omissão (ex: vinculei-me a cortar a relva do jardim — positiva). O
art.1038° no âmbito da locação na aliena e) é uma prestação de facto, uma prestação de
tolerância. A prestação de facto pode ser material (ex: cortar a relva; pintar um quadro) ou
jurídica (ex: quais as obrigações de um contrato de promessa). Juntando as duas e no
campo da execução especifica temos no art.827° entrega da coisa, 828 prestação de facto
e 829 prestação de facto infungível.
• Prestação Instantânea — executa-se num ato só, obrigação de entrega da coisa e
pagamento a pronto.
Teoria Geral das Obrigações

• Prestação fracionada — cumprimento é faseado, nesta existe uma única obrigação, mas
sucessivos fraseados atos de cumprimento. Só temos uma única obrigação. Nestas
obrigações o decurso de tempo não interfere no valor da prestação e o preço está fixado
• Duradoura — são aquelas que se protelam no tempo, mas distinguem-se das prestações
de execução continuada e periódica. A prestação do senhorio consiste na obrigação de
proporcionar o gozo do imóvel (continuada). Do arrendamento, pagamento de renda
(periódica), o tempo influencia no valor da prestação.
Ex: um banco empresta 10 mil euros a um determinado cliente e o capital ficou de ser pago em 12
prestações de 1000 euros. No final o mutuário pagaria 10 mil euros de restituição do capital e
pagaria juros remuneratórios de 2 mil euros ao final do ano. — o pagamento dos juros é duradoura
(periódica) mas o pagamento das prestações é fracionada.
Art.781° (regra do vencimento antecipado) — instituto da perda do benefício do prazo só pode ser
aplicada a perda das prestações fracionadas e não das prestações duradouras.
Art.434° — diz que deve tudo ser restituído. No nº1 é aplicado às prestações fracionadas. No nº2
tem efeitos só para o futuro (ex nunc (continuada) e ex tunc (periódica)).
Acórdão 7/2009 - se calhar vai ser preciso fotocopia
• Prestação Fungível e Prestação Infungível — art.767° nº1 fala de quem pode fazer a
prestação, ou seja, é o devedor, um 3 interessado ou um 3 não interessado que queria
satisfazer o credor e este último não se pode opor a isto devido à regra da oponibilidade. O
art.767° nº2 estabelece-se uma exceção: quando esta foi acordada expressamente que
deve ser feita pelo devedor ou quando a substituição o prejudique.
• Prestação de Meio e De resultado — art.828°, 829° (é possível requerer ao Tribunal uma
sanção pecuniária com… por cada dia de atraso) e 829° A (na prestação de meios estou
obrigado a atuar com a diligência necessária para atingir um certo objetivo, mas se não
chegar ao objetivo, mas conseguir mostrar que atuei com diligencia isso já esta bom e o de
resultado onde esta obrigado a atingir e cumprir o seu objetivo (ex: arquiteto faz um projeto
de uma casa. Será que a sua prestação é de meios ou de resultado? - há uma divergência;
em relação de um medico é de meios; já o dentista é de resultado)).

Relações jurídicas complexas: os deveres principais estão sujeitos à ação de cumprimento,


indemnizatória por cumprimento e resolutiva/resolução extrajudicial no caso concreto. Mas
também temos para alem destes os deveres secundários acessórios dos deveres principais que
preparam e auxiliam o cumprimento dos deveres principais e que podem resultar da lei (ex lege) ou
de a convenção das partes (ex voluntate). Ex: imaginemos que compraram um automóvel. O
vendedor tem de entregar os documentos do automóvel. Art.882° nº2 - obrigação de entrega
abrange os documentos relativos à coisa - é um cumprimento secundário acessório. Ex: num
contrato de promessa as partes acordaram o pagamento do sinal e ao mesmo tempo
determinaram o preço e a entrega da coisa - o primeiro é um cumprimento secundário acessório e
o segundo é um dever principal. Aqui a principal questão é a de saber como resolver o contrato,
pois o entendimento é que a resolução do contrato em princípio não é possível e por isso o
contrato é nulo pelo incumprimento dos deveres acessórios. Só é possível quando frustra o fim do
contrato (ex: obriguei-me a pagar 10 mil euros de sinal e mais 4 sinais e não os paguei estou a
frustrar o contrato) ou quando as partes preveem uma clausula resolutiva, apenas estas duas
possibilidades.
Deveres secundários de Prestação autónoma que podem ser com a prestação principal ou
sucedâneos com a prestação principal - ex: há mora entoa tenho de pagar uma indemnização pela
mora, neste caso temos uma indemnização a pagar pelo incumprimento definitivo.
Deveres secundários resultantes das relações de liquidação contratual — efeitos retroativos da
compra e venda.
Deveres laterais de conduta que são uns deveres irrisórios, mas são muito importantes nesta
temática. Estes podem decorrer da boa-fé, da lei ou do contrato e emanam da regra da boa fé um
conjunto de deveres vastos importantes da economia de um especifico contrato. Ex: dever de
aviso, dever de informação, dever de esclarecimento, dever de colaboração ou de cooperação,
dever de lealdade, dever de cuidado com a pessoa ou a outra parte, dever cuidado com o
património da outra parte. Destes resultam a ação indemnizatória e a ação de resolução de
contrato.
Teoria Geral das Obrigações

Há os estados de sujeição (contrapondo os direitos potestativos); ónus de denuncia no caso da


compra e venda; as expectativas juridicamente protegidas; exceções (de prescrição, de não
cumprimento de contrato); dolo.

NOTA: No contrato de promessa de compra e venda se não estiver determinado o preço, este pode
ser determinado da mesma forma como a compra e venda, ou seja, pelos mesmos critérios.

6 (T)

TESTE: 1 caso prático e 3 questões autónomas cada uma com os seus pressupostos (só sai
matéria até à última aula antes da Páscoa (acho que foi dia 18 de março)) - venda a prestações;
categorização dos direitos obrigacionais; relação jurídica obrigacional complexa; classificação das
prestações; princípio da boa-fé, e da liberdade contratual.

Modalidades das Obrigações:


• Obrigações Solidárias
• Obrigações Genéricas

Estamos habituados a pensar em obrigações singulares, mas nem sempre isto sucede, pois o que
acontece algumas vezes é que de algum dos lados da relação jurídica ou porventura de ambos os
lados nós temos mais que um credor ou mais do que um devedor. Estamos então no domínio das
obrigações plurais (a obrigação ou é singular ou plural). Sendo a obrigação plural temos dois
credores ou mais ou dois devedores ou mais. Portanto neste domínio o legislador só fala do regime
das obrigações solidárias, que não é o regime regra, pois o regime regra das obrigações plurais é o
regime da conjunção. O desvio à regra, o regime de exceção, é o regime da solidariedade. O
legislador só regula, só estabelece as regras relativas à solidariedade (art.512° e ss CC). Não
temos regras específicas quanto à conjunção, não há nenhuma. O que vamos fazer é retirar,
deduzir o regime da conjunção. Notar que o art.513° fala das fontes da solidariedade, e esta fonte
de solidariedade de credores ou devedores só existe quando temos a lei ou as vontades das
partes, portanto quando a lei não estipula o regime da solidariedade ou quando as partes não
determinam o regime da solidariedade nós deduzimos que vigora o regime da conjunção. Importa
saber qual a noção de solidariedade, e diz a lei (art.512°) que a obrigação é solidaria quando cada
um dos deveres responde à prestação no seu total, a segunda parte fala dos credores. Retiramos
então 3 pressupostos que caracterizam a solidariedade: identidade da prestação em relação a
todos (sejam devedores ou credores); a extensão integral do dever de prestar ou do direito à
prestação em relação a todos (devedores e credores); o efeito extintivo da obrigação se um dos
devedores ou um dos credores realizar a prestação. Desta noção resulta também a ideia de que a
solidariedade também pode ser de devedores, de credores ou a chamada solidariedade mista de
devedores e credores. O mais usual é haver uma solidariedade de devedores. De resto quanto à de
credores Almeida Costa diz que é de nulo interesse, mas não é de todo assim.
Quanto à conjunção existe uma autonomia das prestações em relação a cada sujeito; não existe
uma extensão integral, pois cada prestação é independente e tem autonomia por isso quando
extingue uma não extingue as obrigações dos demais.
A solidária tem como fontes a lei ou a vontade das partes como resulta do art.513° (ex: no domínio
da responsabilidade civil temos a responsabilidade pelo risco; art.497° no que toca à
responsabilidade civil extracontratual; temos outras normas art.457° solidariedade dos gestores
de negócios; muito importante o art.595° (em especial o nº2 quando pretende a transmissão da
dívida)). Mas a responsabilidade solidária muitas vezes acontece da vontade das partes … art.638°
é uma norma de natureza supletiva. Art.781° no que toca à perda de benefício do prazo (e art.782°
quando diz que não se estende aos obrigados).
Quanto à tipologia de solidariedade vamos olhar para:
• a solidariedade de devedores (ex: A vendeu a B e C um quadro. Nesse contrato de compra
e venda estabeleceu-se um regime de solidariedade quanto ao pagamento do quadro de
10 mil euros. Significa que o A em relação ao dever de pagar dos devedores, A pode exigir
os 10 mil euros ou a B ou a C. Se não tivesse sido estipulado a solidariedade o A só poderia
exigir de B 5 mil euros e de C 5 mil euros. Ou seja, à luz do regime da solidariedade o
credor está a proteger-se já à luz do regime da conjunção isso já não acontece. E no
Teoria Geral das Obrigações

regime da conjunção quando um deles paga apenas extingue a sua prestação e a do outro
permanece).
• A solidariedade também pode ser de credores (ex: três clientes bancários abrem uma
conta junto do banco e depositam 20 mil euros. Estes sujeitos são credores ao
depositarem e o banco torna-se o devedor. O que é que sucede? - 3 pressupostos e,
portanto, o banco se o D porventura exigir a entrega dos 20 mil euros, extingue a prestação
do banco ao entregar os 20 mil euros a D. Em qualquer dos casos o que temos depois,
pois vai haver um problema de relação entre os devedores em relação ao credor chamada
de relação externa, mas a partir do momento que D paga 10 mil euros a B esse problema
acaba. Mas ainda existe outra relação externa entre D e C e C exige 5 mil euros de D e este
vai ter de restituir. Portanto há que perceber estas duas relações. O que define a
solidariedade é a relação externa.).
• A solidariedade pode ainda ser mista, que não é muito habitual.
Art.512° nº1, mas também é importante atentar art.512° nº2, pois a obrigação não deixa de ser
solidária se os sujeitos estiverem obrigados de forma diversa (ex: eu posso estar obrigado só a
pagar 7 mil a um sujeito e outros 3 mil ao outro a nível interno. Posso estar obrigado a pagar as
minhas prestações até ao dia X e o outro sujeito até dia Y. Aqui o importante é que a relação é
solidária) ou ser diferente o conteúdo das garantias das suas prestações.
Duas regras importantes que daqui resultam (disposições gerais que se aplicam à solidariedade):
• art.514° - ex: o devedor B pode usar os meios de defesa pessoais ou os meios de defesa
comuns a ambos. Vamos imaginar que B é titular de um crédito sobre A e pode exercer o
direito à compensação e compensa o crédito com a divida que tinha perante o A - isto
extingue também a divida de C sendo por isso um meio de defesa pessoal. Outro meio de
defesa pessoal é a prescrição por isso se porventura B exerceu o seu direito de prescrição
com B impede o A de exigir esse valor de B, de todo o modo, A pode exigir esse valor de C e
depois C pode exigir do B. Vamos imaginar que o ato em causa em relação a B é anulável
e, portanto, isso extingue a relação jurídica entre A e B então o A só pode exigir de C. No
que toca aos meios de defesa comuns isso engloba todos os sujeitos e tem um âmbito
mais lato abrangendo logo todos os devedores (art.514° nº2).
• art.516° - participação nas dividas e nos créditos, presunção ilidivil mediante prova em
contrário, presunção iuris tanto (?). Temos que olhar para o contrato para ver o que a lei
determina. Evidentemente que se o fiador pagar a divida do arrendatário não resulta este
regime da igualdade. No caso das convenções das partes isto é que vai determinar esta
igualdade.
Art.518° e seguintes. Extinta a relação com os devedores surge o novo ordenamento jurídico que
tem a ver com as relações externas (credor). Art.518° a 527° temos 7 normas que olham para a
relação externa (518° a 523° + 527°) e 3 que olham para a relação interna (524°, 525° e 526°):
1. Solidariedade entre Devedores: direitos do credor (aqui vai interessar o art.518°, 519° e
527°. Ao credor não lhe pode ser demandada a divisão, ou seja, o B não pode assumir que
só vai pagar 2500 euros, o direito do credor é inoponível. No 519° retiramos que o credor
pode exigir de qualquer dos devedores toda a prestação ou parte dela proporcional ou não
à quota do interpelado, é um direito abrangente do credor, mas se exigir judicialmente
parte ou totalidade fica inibido de exigir judicialmente dos outros essa mesma parte ou
totalidade salvo seja razão atendível ou dificuldade por outra causa de obter a prestação.
Já no art.527° é dito que o credor pode renunciar à solidariedade, a favor de alguns ou
algum devedor não havendo nenhuma mudança para os restantes.); vicissitudes que
perturbam o direito do credor (art.520°, 521° e 522°. No art.520° retiramos que se a
prestação for impossível por facto imputável de algum devedor, todos eles são
solidariamente responsáveis pelo seu valor, ou seja os outros mantém a sua
responsabilidade perante A, mas só o devedor que tornou essa relação imputável
responde internamente e pela reparação dos danos porque foi ele que criou a situação. No
art.521° falamos novamente na prescrição, mas aqui temos que se admitirmos que a
prescrição só admitia um sujeito todos os outros são responsáveis pelo seu valor mas se
for um meio de defesa comum todos beneficiam com a mesma, portanto apesar de
prescrito se houver uma interrupção desta (art.312° e ss) isso acaba por afetar o credor e
prejudica as relações internas dos outros devedores. Art.522° falamos do caso julgado
entre o credor e um dos devedores não é oponível aos trances devedores. Caso houvesse
Teoria Geral das Obrigações

um caso entre A e o devedor B e a A ganhasse isto já não poderia ir a recurso, mas também
significa que os restantes devedores (não?) podem beneficiar como isto; se for ao
contrário beneficiam os com-devedores.); satisfação do direito do credor (art.523° e
art.837° e ss mostra que há mais causas para a satisfação do que por via do cumprimento
da obrigação. Art.441° e ss). Ex: contrato de compra e venda de A para B,C, D e E.
Relações internas (art.524° - direito de regresso. Admitindo que a proporção é semelhante B pode
exigir que todos tal como ele paguem 25 mil euros, passam a ser devedores de regresso e B passa
a ser o credor de regresso. Art.525° meios de defesa dos condevedores. Art.526° no caso da
insolvência - ou seja o dinheiro que B poderia exigir de E mas já não pode porque este entrou em
insolvência vai ser repartido pelos demais por exemplo 833€ a mais para os outros condevedores
por isso B só poderia exigir de C e D o pagamento de os 833€ extra)
2. Solidariedade entre Credores (art.528° a 533°): imaginemos que A, B e C depositaram um
determinado valor no banco que os torna concredores. Há uma identidade da prestação
em relação a todos, havendo uma extensão integral de exigir a prestação em relação ao
banco, equivalência das prestações e qualquer deles pode exigir do banco a totalidade da
prestação sendo certo que caso o faça extinga a sua obrigação ficando B e C com o direito
de regresso.
Artigo 528.º
(Escolha do credor)
1. É permitido ao devedor escolher o credor solidário a quem satisfaça a prestação, enquanto não
tiver sido judicialmente citado para a respetiva ação por outro credor cujo crédito se ache
vencido.
2. Se o devedor cumprir perante credor diferente daquele que judicialmente exigiu a prestação,
não fica dispensado de realizar a favor deste a prestação integral; mas, quando a solidariedade
entre os credores tiver sido estabelecida em favor do devedor, este pode, renunciando total ou
parcialmente ao benefício, prestar a cada um dos credores a parte que lhe cabe no crédito comum
ou satisfazer a algum dos outros a prestação com dedução da parte do demandante.

É mais importante o regime de solidariedade entre os credores.


Regime das obrigações genéricas (art.539° a 542°):
São indetermináveis, mas determinadas.
Art.539° - o objeto está determinado apenas quanto ao género e há de ser especificado em razão
do peso, da medida, etc. Ex: o devedor ficou de entregar cem litros de azeite; ficou de entregar 200
metros de tecido; etc.
O que é que esta aqui em causa? — quando se concentra a obrigação, quando se transfere a
propriedade do azeite, do tecido, quando é que se corre risco de deterioração da coisa. O que
queremos saber é quando se transmite a propriedade e o risco de perda ou deterioração da coisa.
Se o objeto for apenas determinado quanto ao género (quantidade, peso ou medida) a escolha
cabe ao devedor (regra supletiva). No art.542° se a escolha couber ao credor ou a terceiros, desvio
à regra. A regra é que a escolha cabe ao devedor e por isso faz sentido que ele possa escolher. O
que é isso escolher? - ex: é o devedor que identifica os 3 livros que vai dar, é ele que escolhe. A
obrigação quando a escolha compete ao devedor concentra-se no ato da entrega, o facto de eu
escolher e já os separar não significa que a obrigação concentra isso só acontece quando existe
um ato de cumprimento da obrigação que é o ato de entrega, é aqui que se transmite a
propriedade e com isto transfere o risco ou perda e deterioração da coisa. Art.541° a obrigação
concentra-se antes do cumprimento quando resulta de acordo com as partes, quando o credor
incorrer em mora, etc.

NOTA: no direito comercial, resultante do art.100° 1º parágrafo Código Comercial, a solidariedade


é a de devores. No direito bancário estabelece-se o regime de solidariedade.

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