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11/10/2022
O arrendatário tem um direito real sobre o bem, tem o poder efetivo que se transmite
numa relação jurídica relativamente ao bem? Não, tem uma relação jurídica
obrigacional com o senhorio.
Os direitos reais são direitos elásticos, eu posso utilizar em pleno os meus direitos reais
relativamente às coisas ou posso comprimir esses direitos, atribuindo a terceiros
algumas faculdades inerentes ao meu direito real.
Os direitos não são só direitos reais de gozo, detemos sobre os bens um direito efetivo
de natureza real. Podemos usar os bens para nos servir de garantia às obrigações
(hipoteca, penhor). Nesses domínios, não estamos a tratar dos direitos reais como se
encontra expresso no CC. Estamos a tratar de outra dimensão, mas que não são
direitos do uso, fruição, gozo. São direitos de garantia, quer dizer que há a
possibilidade de os sujeitos através de negócios jurídicos usarem os bens de que são
titulares como uma garantia patrimonial do cumprimento das suas obrigações.
Art.º 874 CC – qual é o âmbito do contrato de compra e venda? Articular com o art.º
879 CC. O contrato de compra e venda é uma forma de aquisição de direito de
propriedade.
Direitos reais de garantia – poderes que determinados sujeitos têm sobre bens que
servirão de garantia/suporte ao pagamento de uma dívida.
A hipoteca (art.º 686 CC) – o credor fica com o direito sobre o imóvel, tem o direito de
que se o comprador não lhe pagar o valor da dívida, ele pode usar o valor do imóvel
como pagamento da dívida.
Se eu não pagar o meu bem, o credor vai exercer o direito de sequela (o direito de
perseguir o meu bem).
O que é um direito real de garantia? Têm enorme importância dentro dos negócios
jurídicos, ao nível dos direitos das obrigações e dos direitos reais. Por exemplo, o
penhor (art.º 669 CC).
De acordo com o art.º 408 e 879 CC seria proprietário do bolo, qual é o problema? É
que o bolo de arroz não foi individualizado, não foi determinado. Eu comprei 1 dos 10.
Apenas adquiro a propriedade do bolo de arroz quando o empregado for ao tabuleiro
e me entregar o bolo. Só o empregado me pode exigir o pagamento do bolo.
Direitos reais têm eficácia absoluta e os direitos de crédito têm mera eficácia relativa.
A ação in vem – os direitos reais estão associados à pretensão de qualquer sujeito
jurídico.
Os direitos reais têm tutela constitucional (art.º 62 CRP) – estabelece o princípio geral
da proteção da propriedade privada, todos os titulares têm o direito de pleno
aproveitamento dos bens que são proprietários.
12/10/2022
Fiador – sujeito jurídico que é exterior àquela relação jurídica (celebrada entre o
senhorio e o arrendatário), mas o que é certo é que o senhorio do imóvel pretende
garantia que um terceiro estranho àquele negócio jurídico garanta a obrigação de
cumprimento de pagamento da renda por parte do arrendatário, através de uma
fiança. O terceiro vai assumir perante o senhorio que numa circunstância de
incumprimento, ele cumpre essa obrigação, através da entrega de uma prestação e de
uma garantia real que é o seu património (qualquer bem). Essa garantia pode incluir
bens ou rendimento (ordenado).
O crédito do credor resulta de despesas feitas por causa da coisa ou por dano por essa
coisa causada. Por exemplo: se o A estiver a jogar à bola e os miúdos chutarem a bola
e partirem uma janela, o terceiro pode recusar-se a entregar a bola até que o dano
seja pago pelos miúdos.
Direito de retenção – direito real de garantia (um bem é retido por um sujeito jurídico
como meio de pagamento de uma dívida de um outro sujeito jurídico).
Só pode haver uma hipoteca quando o bem existe, não pode haver se eu não for
proprietário de um imóvel.
Os direitos reais podem ter a dimensão de direito real de gozo ou direito real de
garantia ou, ainda, direito real de aquisição (nos últimos, o que está em causa é a
possibilidade num contrato, de um sujeito obrigar a outra parte a celebrar um
contrato. Pode fazê-lo porque conferiu ao contrato um efeito real, por exemplo, A
quer vender o seu apartamento à venda, aparece um interessado manifesta mesmo
vontade de adquirir o imóvel, mas não vai adquiri-lo logo naquele momento.
Contrato de promessa de compra e venda com eficácia real (art.º 413 CC).
Qual é a diferença entre o contrato de compra e venda simples (art.º 410, n.º 1 CC) e o
contrato com eficácia real (art.º 413 CC)?
No art.º 413 CC, as partes, para além de prometerem fazer o negócio futuro, declaram
expressamente cumprindo determinados requisitos da forma, que querem atribuir
àquele contrato promessa eficácia real.
A eficácia real traduz-se na possibilidade de o promitente comprador obrigar o
promitente vendedor a efetivamente celebrar o contrato de compra e venda.
Direitos de gozo – Livro III CC
1. Ao contrário da área dos direitos das obrigações, os direitos reais são
tipificados – não há autonomia da vontade, não podemos criar.
Contrato de locação (art.º 1022 e ss.) – sendo titulares de um bem, podemos celebrar
com qualquer sujeito a entrega da coisa que nos pertence, permitindo que esta pessoa
goze a coisa (exige a existência de uma coisa) mediante o pagamento de uma
contrapartida.
Este arrendatário constitui sobre aquele imóvel um direito real? Não, é meramente
obrigacional.
O meu direito na locação está limitado pela vigência do contrato. No usufruto, posso
exigir o respeito desse direito por todos, tenho um direito que tem uma eficiência que
se traduz no meu poder efetivo sobre o bem. Tenho uma relação subjacente com o
proprietário e tenho um direito efetivo que me relaciona com o bem.
Os direitos reais de gozo são aqueles que estão tipificados no Livro III e não outros.
Não podemos inventar direitos reais.
Parte final do art.º 1306 CC – se as partes quiserem celebrar outra figura, por exemplo,
não ser usufruto, o art.º diz que vamos transformá-la numa declaração negocial,
estabelece que todos os direitos reais criados pelas partes são aqueles tipificados (art.º
1251 e ss. CC).
Dentro da compropriedade, art.º 1413 e ss. CC – situação onde uma ou mais pessoas
adquirem um bem, não querem ou não podem ser proprietários isolados.
Propriedade horizontal (art.º 1414 e ss. CC) – apartamentos, imóveis dos edifícios,
existe uma relação de uma propriedade individual e de uma compropriedade comum
do edifício.
Usufruto e uso da habitação (art.º 1439 e ss. CC e art.º 1484 CC) – direito de
propriedade com este regime vai ficar contraído, no sentido, o proprietário passa a ter
limitados os direitos do art.º 1435.
Direito de superfície (art.º 1534 CC) – alguém poder usar o solo de um bem imóvel
para construção de edifício ou habitação. Por exemplo: construção de um McDonald’s
num terreno, o proprietário do terreno (público ou privado) fez constituir sobre esse
terreno um direito de superfície (direito real que está associado às entidades que se
instalam nesse bem imóvel de poderem construir ou manter uma estrutura física já
pré-existente, uma obra ou uma plantação de alguma cultura). Tem apenas o direito
de usar o solo daquela propriedade, mantendo nela uma plantação ou construindo um
edifício.
O art.º 874 CC está alinhado com o art.º 408, n.º 1 CC, porque este estabelece como
regra geral que a produção de efeitos jurídicos relativamente à constituição ou à
transferência de direitos reais, dá-se pelo mero efeito do contrato.
As exceções ao art.º 408, n.º 1 CC estão presentes no art.º 408, n.º 2 CC.
Uma das exceções é quando compramos coisas especializadas, por exemplo, comprar
um carro com x características, mas que, de momento, o dono do stand não tem. Saio do
stand, fiz o contrato, mas o carro ainda não é meu.
Obrigações genéricas
1. Art.º 539 CC.
26/10/2022
A coisa, do ponto de vista jurídico, articulando o art.º 202, n.º 1 com o art.º 1302 CC,
pode ser uma coisa corpórea, mas o legislador compreende a existência de outro tipo de
coisas (imateriais).
As coisas imateriais não estão associadas a nada palpável, mas são aspetos relevantes
para a tutela jurídica. São realidades que estão associadas a direitos. Há uma dimensão
de coisas incorpóreas que são relevantes para o direito, especificamente para os direitos
reais. Por exemplo: direito de usufruto que advém do direito de propriedade, pode ser
objeto de relações jurídicas, mas materializa-se nas coisas.
Primeira exigência – as coisas devem ser corpóreas. Para os direitos reais, opõem-se ao
conceito jurídico de (...) jurídico. Podem ter um valor económico ou não, porque o
legislador não determina que está sempre associado a uma dimensão económica. A
coisa, do ponto de vista técnico-jurídico, é um conceito jurídico que conseguimos
apreender da relação de várias normas jurídicas.
Saber se esta classificação permite que uma coisa compreenda várias classificações, sim
é possível. Podemos ter coisas imóveis ou coisas móveis, mas nas coisas imóveis temos
incorporadas coisas móveis e podemos ter coisas móveis simples, compostas, fungíveis,
infungíveis. Pode haver sobreposição em alguns domínios das várias categorias do art.º
203 CC.
A classificação das coisas do art.º 203 estabelece um princípio geral que se aplica às
coisas, a coisa em concreto pode assimilar várias classificações aí presente.
Coisas fora do comércio – art.º 202, n.º 2 CC – as coisas, pela sua natureza, o direito
exclui qualquer âmbito contratual e que implicasse disponibilidade dos sujeitos dessas
coisas. Por exemplo: se uma pessoa quiser vender um órgão, não pode fazê-lo (o nosso
ordenamento não permite esse negócio jurídico). Há limitações jurídicas, há coisas que
não podem ser objeto de relações jurídicas por uma limitação do próprio ordenamento.
Pode haver coisas que tenham limitações jurídicas, não pela natureza do bem, mas pela
natureza do bem relativamente à sua titularidade, por exemplo, não se pode vender um
bem de domínio público (Torre de Belém, pela sua natureza, naturalmente está fora do
comércio).
Há impossibilidades naturais de apropriação de coisas, temos alguns bens que, pela sua
natureza, são insuscetíveis de apropriação (água do mar, areia, por exemplo).
Dentro da dimensão prevista no art.º 202, n.º 2 CC relativamente às coisas que são
excluídas de apropriação (incidência de direitos reais no direito privado) são as coisas
que estão fora dessa possibilidade por impossibilidade jurídica (o direito consagra a sua
exclusão desse domínio privado) e outras coisas que estão excluídas por causas naturais.
Coisas incorpóreas que não são imateriais, mas não incorpóreas – por exemplo: conceito
de honra, memória, uma ideia. Uma ideia é, do ponto de vista jurídico, é um bem
intelectual que pode ter relevância na tutela jurídica, porque uma ideia pode ter grande
importância para a vida comum, cultura, ciência, tecnologia, etc.
Esse tipo de dimensão do ser humano é tutelado pelo direito, a coisa corpórea, apesar de
poder ser imaterial, tem de ser sempre apreensível pelos sentidos. O direito tem uma
legislação própria para legislar esta dimensão jurídica de tutela destes direitos (das
coisas incorpóreas) são a propriedade intelectual. Por exemplo: teoria da relatividade de
Einstein, obras literárias, antitísicas, etc.
Águas podem ser particulares, podemos falar de bens que são insuscetíveis de
apropriação, mas estamos a falar de águas que estão configuradas no art.º 1386 CC.
1. As águas públicas estão fora do objeto dos negócios jurídicos, as particulares são
relevantes em algumas dimensões jurídicas, por exemplo, em zonas de terra,
zonas agrícolas.
2. As águas que nascem em propriedade de sujeitos jurídicos são relevantes e
passam a ser objeto de direitos privados, portanto são uma coisa imóvel para o
direito.
3. Há uma característica que é a ligação de permanência ao solo.
08/11/2022
O registo vai conferir publicidade, conhecimento para a ordem jurídica e para terceira
essa realidade jurídica.
O casamento, se não for registado, não é conhecido por terceiros e isso acarta
consequências.
Nos direitos reais, existe o registo predial. Não está em causa a posição dos sujeitos,
mas sim a relação dos sujeitos com os bens e os direitos reais regulam a situação
jurídica dos bens.
Os bens são também objeto de uma publicidade. Essa publicidade para terceiros é
qualificada nos direitos reais como registo.
1. O registo destina-se a garantir publicidade dos direitos reais que incidem sobre
bens.
Sobre que tipo de bens? Imóveis e depois há dentro dos direitos reais uma categoria de
bens móveis com registo específico que a lei impõe como obrigação de registo. Os bens
móveis como carros, motociclos, navios e aeronaves. Há certos drones que também têm
de ser registados.
O registo diz-nos os titulares dos bens.
Esse registo garante dada a publicidade do registo quanto à titularidade dos direitos, o
terceiro através do registo vai saber o titular daquele bem.
O registo é um diploma que regula a publicidade dos direitos reais que incidem sobre
bens (imóveis).
O registo predial está a cargo dos conservadores do registo predial que são serviços
públicos, portanto estão unidos de fé pública e fazem parte do instituto de registo
predial.
Quando a lei não diz que o registo é constitutivo, ele é meramente exemplificativo.
Como é se organiza o código de registo predial? Num sistema real, isto é, os prédios
estão lá descritos. Por isso é que falamos de descrição do registo – identificação da
posição jurídica do prédio (descrição do prédio).
Princípios do Registo
1. Princípio da instância – o registo só se faz através da ação dos interessados, isto
é, eu sou titular de um prédio e não são as entidades públicas que vão proceder
ao registo do prédio por sua vontade própria. Há uma iniciativa por partes dos
interessados. Exceção no art.º 41 do Registo Predial e a regra é que o registo
parte da ação voluntária das pessoas.
2. Princípio da obrigatoriedade – apesar do registo ser voluntário, partir da
iniciativa e depender dos interessados, ele é obrigatório. Está previsto no art.º 8-
A e 8-D do Registo Predial.
3. Princípio da legalidade – o registo, apesar de ser voluntário e de ser obrigatória a
descrição dos prédios, ele está sujeito a uma fiscalização por parte do
conservador. O conservador do registo não regista tudo, mas está obrigado a
fazer um controlo da legalidade que é substantivo, portanto há um princípio que
é o da legalidade para garantir que o registo que é realizado que resulta da
vontade dos interessados, é feito com as regras legais que se aplica àquela
situação. O controlo da legalidade é um controlo a ter, não é meramente formal,
é um controlo da realidade substancial daquilo que se regista, do ato que é
contido no registo. Se o conservador tiver dúvidas, ele pode recusar o registo ou
pode registá-lo provisoriamente com dúvidas. O registo fica feito
condicionalmente, está previsto no art.º 69 a 71 do Registo Predial.
4. Princípio do trato sucessivo – garante-nos a possibilidade de conhecermos a
sequência interrupta dos titulares dos bens, quais os direitos que detêm sobre o
bem e as onerações que incidem sobre o bem. Está previsto no art.º 34 do
Código. Permite saber quem são e quem foram os titulares daquele bem e quais
as onerações que impedem sobre aquele bem. Se o conservador for verificar o
histórico do bem e o nome que está lá não é o da pessoa que está a transmitir,
mas sim um ‘’antigo dono’’, então há um problema. Existem duas hipóteses: ou
a pessoa está a vender um bem que não é dele ou então o bem não foi registado
quando ele o comprou.
5. Princípio da prioridade – em algumas situações, o registo vai ter efeitos na
prevalência de direitos sobre os bens, isto é, o princípio da prioridade (art.º 6
Código) estabelece um princípio geral de que o direito inscrito em primeiro
lugar prevalece sobre os que prosseguirem relativamente aos mesmos bens,
desde que esses direitos sejam direitos que incidam sobre os mesmos bens, mas
que possam ter relativamente àqueles bens natureza de incompatibilidade. Por
exemplo: duas pessoas com uma escritura de compra e venda relativamente ao
mesmo bem, ao mesmo proprietário. A vendeu a B e vendeu o mesmo bem a C,
isto pode acontecer. O problema é que A vendeu a B hoje (bem imóvel) e
amanhã, antes do B registar (A continua a ser o proprietário no registo), vende a
C. B não registou esta semana nem na semana seguinte. A sabendo e
conhecendo os efeitos do registo, pensa em vender o bem a um terceiro e vende.
Para o conservador passa a haver um conflito entre B e C.
Art.º 5 Código – articulado com o artº 17, n.º 2 – desde logo, para efeitos de Código,
terceiros são aqueles que invocam direito que é incompatível para efeitos de registo e
que adquiram esse direito do mesmo transmitente, há um transmitente comum na
transmissão do direito. O art.º 17 estabelece alguns requisitos para que o direito
registado possa ter alguma prevalência sobre o direito substantivo e pode em alguns
casos ter. Essa classificação da prevalência do direito registado sobre o direito
substantivo – aquisição tabular.
Ato de disposição que foi praticado com base numa situação desconforme entre o
direito registável e o direito substantivo – não podem aparecer duas pessoas como
titulares de um bem e rogarem-se ambas proprietárias.
Verificar se o transmitente age de má-fé – a prevalência do registo, neste caso, não vai
funcionar.
A transmissão deve ter tido um caráter oneroso, isto é, só vale para situações em que o
adquirente que é o terceiro que invoca o direito incompatível com o outro, ter adquirido
o bem ao transmitente, mas ter tido um caráter oneroso. Tem de ter sido uma compra e
venda, se for uma doação afastamos a prevalência do registo.
Os 3 anos da invalidade do negócio é sobre o negócio nulo, não é sobre o negócio entre
o B e o C.
09/11/2022
Caso Prático
16/11/2022
Art.º 2 do Código – identifica quais são os factos jurídicos que determinam a existência,
a necessidade do registo.
Quais os factos jurídicos que necessitam de registo.
Elementos da posse:
1. Apreensão material de um bem – figura jurídica que qualificamos como
detenção ou posse causal – posse que existe sem corresponder à titularidade de
um direito.
No art.º 1251 CC, temos uma tentativa do legislador de definir o conceito de posse.
Os direitos reais de gozo que tem a ver com a forma com que podemos usufruir e dispor
dos bens enquanto sujeitos jurídicos.
Era art.º 1305 CC, conjunto muito amplo de poderes sobre a coisa.
Carateres da posse
1. As suas espécies – art.º 1258 CC (âmbito da posse, quando há posse para o
direito).
2. Quando há uma apreensão material do bem e quando há animus, quando quem
tem essa apreensão material exerce essa apreensão com a convicção que o
exercício do direito que está a realizar corresponde a um direito de gozo
(requisitos para haver posse).
3. A posse é simples quando sou proprietário e tenho a posse de propriedade.
Quando sou usufrutuário, tenho a posse de usufruto sobre o bem.
4. Quando eu não tenho efetivamente a titularidade do direito correspondente, mas
estou a atuar como se esse direito estivesse na minha esfera jurídica.
5. Torna-se complexo porque relativamente à posse, há uma presunção da
titularidade do direito.
29/11/2022
Matéria de reais
Posse
1. O que é a posse? A posse é o direito real autónomo de todos os outros, mas tem
uma particularidade, integra uma fase de formação de um outro direito, porque
quando dizemos que temos posse, temos de fazer corresponder outro direito real
(de propriedade, de usufruto). Quando falo de direitos reais, tem de ser sempre
sobre uma coisa. Os direitos reais tratam da relação das pessoas com os bens.
2. Uma das dimensões dos direitos reais é usarmos a coisa como garantia das
obrigações. Por exemplo: eu tenho vários bens e posso criar sobre esses bens
determinados encargos (são esses bens servirem como garantia de obrigações
que assumo perante terceiros). Esses terceiros passam a ter sobre os bens uma
relação direta.
3. Tenho um conjunto de imóveis e preciso de contrair um crédito junto do banco
(contrato de mútuo), o banco pode celebrar esse contrato comigo e fico obrigado
a pagar o dinheiro de volta e se não pagar, através do tribunal, vai ver que
propriedades tenho. Quais são os bens que esta pessoa já tem para exercer uma
garantia sobre esta dívida. O banco vai dizer que, para além do empréstimo, que
bens é que já tem? Tenho um imóvel em Lisboa e introduz a cláusula que esse
bem vai servir como garantia dessa dívida (por exemplo, hipoteca).
4. A hipoteca pode ser oponível a terceiros (direito real de garantia) e tem de ser
registada, nos direitos reais há um conjunto de relações jurídicas dos sujeitos
com os bens em que estes servem de garantia. Portanto, temos um conjunto de
direitos que a lei prevê no regime de garantia para que os bens sirvam para
cumprir dívidas dos devedores.
5. O direito pleno é o direito da propriedade (direito real pleno de gozo), é o direito
que nós, face ao bem, podemos ‘’fazer tudo’’
6. Os direitos reais podem ser mais ou menos amplos consoante a vontade dos
titulares. Os direitos reais podem ser constituídos em cascata, isto é, tenho o
direito de propriedade sobre uma casa e, a determinada altura, posso querer
constituir sobre esse direito real outro direito real a outra pessoa, está dentro do
meu poder dispor e administrar os meus bens
7. Direito real de usufruto – atribuir a outra pessoa, sobre o bem que me pertence, o
direito de gozar temporariamente daquele bem
04/01/2023
Acessão que resulta da ação humana, isto é, por exemplo, pegar num guarda-chuva e
incorporar nele algo mais valioso (art.º 1333 do CC). Diz respeito a bens móveis,
quando várias propriedades se sobrepõem e alguém acrescenta a bem de terceiro o valor
acrescentado que lhe corresponde ao que lhe pertence a esta de boa-fé temos de decidir
quem é que tem a propriedade do bem que é o legítimo proprietário.
No caso de acessão humana sobre o bem, existe uma cessão industrial, isto é, pode ser
sobre bens que são móveis ou podem ser numa acessão sobre bens imóveis, nos termos
do art.º 1339 do CC.
Quando acrescento novos bens que se incorporam num terreno alheio, no âmbito da
propriedade diferente do que a originária.
Por exemplo: estou convencido que o terreno é meu e promovo nesse terreno um
sistema de rega – acrescentei valor ao terreno (acessão industrial).
Quando existe, por força da natureza e águas incorporação no terreno de bens de tudo o
que é suscetível de ser depositado, o proprietário adquire a propriedade daquilo que é
depositado.
Art.º 1329 do CC – não refere um decurso normal das águas (encontramo-nos perante
uma avulsão) é algo violento, por exemplo, cheias.
Estamos perante uma situação do art.º 1328 e não do art.º 1329 do CC, os donos dos
bens podem recuperar os seus bens dos sítios onde eles estão deslocados, mas isto tem
um prazo para garantir a segurança jurídica.
Aluvião é uma deslocação normal de águas que transportam bens (art.º 1328 do CC).
Regime da propriedade horizontal – distingue-se da copropriedade.
Por exemplo: compro uma casa com outra pessoa, fico obrigado a uma fração e tenho de
cumprir regras de copropriedade, tal como a outra parte também de cumprir o mesmo.
Temos o regime de propriedade horizontal, da qual também somos coproprietários face
às partes comuns daquele edifício.
Um bem que seja propriedade horizontal é um bem que tem várias frações e, em cada
uma, seja uma unidade independente.
Quais são as condições para se constituir como fração? Tem de ser constituído
obrigatoriamente por unidades independentes, isolados entre si e com acesso à via
pública.
Se não tiver estas características, não é considerada propriedade horizontal.
10/01/2023
Não sai:
Direito de superfície
Servidões prediais
Usufruto (modos de aquisição, extinção de usufruto, etc) –, mas devemos ter em conta a
noção de usufruto art.º 1439 do CC
Sai:
Tudo o resto
Regime das benfeitorias – conexões com o conteúdo dos direitos reais de gozo (art.º
1273, 1275, 1274)
Defesa da possa – em algumas circunstâncias, podemos aplicar a outros regimes
Propriedade – regimes relativos à aquisição da propriedade art.º (1316 e 1317) e defesa
da propriedade
1. O que é suscetível de ser apreendido por ocupação (art.º 1318 e 1345, este
último estabelece uma limitação à possibilidade de ocupação quanto estamos a
tratar dos domínios a bens imóveis, estas coisas sem dono conhecido são
património a favor do Estado – não são suscetíveis de apropriação).
2. Conteúdo da propriedade – art.º 1305
Acessão – art.º 1325 e compreende uma determinada realidade com efeitos no âmbito
dos direitos reais, porquê? Porque a acessão, pela sua natureza, traduz a junção de
diferentes propriedades.
Ação de reivindicação – art.º 1311 e tem as características relativamente à exigibilidade
de meios de prova para este tipo de ação.
A acessão pode decorrer de uma circunstância natural, por forças da natureza, ou pode
resultar da ação humana. Por exemplo: encontro um anel, posso achar que foi
abandonado, alguém perde a propriedade e a posse do anel e pode ir ao ourives para
reconstruir a pedra que tem. Contudo, pode aparecer o legítimo proprietário e
reivindicá-lo. Temos aqui um regime de acessão, porque há uma propriedade pré-
existente, o anel, que vai sofrer por ação humana uma incorporação de mais-valia que
pertence a um terceiro.
Acessão industrial – bens móveis, é uma acessão industrial mobiliária.
Acessão industrial imóveis – num terreno incorporo um determinado tipo de produto,
natural e valioso. Naquele terreno ficamos com duas propriedades concomitantes, a
sementeira e o terreno – houve uma acessão.
Art.º 1328 e 1329 – a diferença é que no art.º 1328 estamos a falar da ação de
incorporação de terras ou de algo que esteja nas margens de uma corrente de águas
(circunstâncias em que há deslocação de águas, apesar de serem um bem imóvel, têm
mobilidade). O art.º 1329 fala no facto do dono dos bens deslocados, tem o direito de
exigir ao destinatário desses bens, os bens que tiveram esse efeito de se deslocarem por
causa das correntes violentas.
Acessão industrial mobiliária nos arts.º 1333 e ss – temos um princípio geral no n.º 1 do
artigo que diz que se alguém de boa-fé unir ou confundir objeto seu com objeto alheio,
de modo que a separação não seja possível (...)
O art.º 1354 remete para um critério para essa definição das extremas que se articula
com o regime da posse (art.º 1354, n.º 1 – a demarcação das extremas (...)).
Propriedade horizontal
Art.º 1414 (qualifica a incidência da propriedade horizontal) e 1415 (objeto das frações
autónomas, isto é, para que o edifício possa assumir esta característica, elas devem ser
isoladas, autónomas, mas devem estar ligadas a uma parte comum. Essa autonomia
implica que tenham saída própria específica para uma parte comum e essa parte comum
seja um acervo que é usado a toda a utilização daquele prédio). A falta de um destes
requisitos implica a nulidade de propriedade horizontal.
Qual é o objeto? Articulação de ambos os artigos.