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Direitos Reais

11/10/2022

Temos, por exemplo, o direito de propriedade (art.º 62 CRP).

O direito de propriedade é um direito paradigmático – art.º 1305 CC e seguintes.


É importante, porque estabelece um pressuposto essencial de relação do sujeito com
as coisas. Qual é o pressuposto? É uma caracterização de poderes.
Está em causa o uso, a fruição e o gozo de um bem. O direito de propriedade serve-nos
como referência padrão das relações que os sujeitos têm com as coisas.

O direito de propriedade pode ser adquirido de outras formas:


Posso encontrar algo na rua no chão e pegar nela (eu tenho o corpus da coisa, eu
adquiri a cadeira e eu tenho o animus – vontade – de através da sua exteriorização
pelo ato).

A atuação pode ser feita de maneiras diferentes:


Posso ter uma propriedade agrícola, essa propriedade ser cultivado por mim ou pedido
de alguém e junto a essa propriedade outro terreno que não está dentro da minha
esfera jurídica patrimonial. Mas esse terreno não está a ser cultivado e eu começo a
atuar sobre ele e a cultivar no mesmo. Estou a atuar como sou proprietário desse
terreno e acabo por me convencer disso mesmo. Inicialmente sabia que eu estava a
usar um bem pertencente à esfera jurídica de outrem. Através da posse desse terreno
durante anos, passou a ter um direito de propriedade sobre ele.

O direito pode ser adquirido por:


Pode ser adquirido por sucessoriamente
Uma relação intervivos por um contrato
Pode resultar de uma atuação individual que vai ter consequências jurídicas, sucessão
de factos jurídicos que levam à constituição de uma posse

Art.º 1311 e 1351 CC.

Os direitos reiais regulam através de diferentes institutos, a posição que os sujeitos


têm sobre determinados bens.

O arrendatário tem um direito real sobre o bem, tem o poder efetivo que se transmite
numa relação jurídica relativamente ao bem? Não, tem uma relação jurídica
obrigacional com o senhorio.

Art.º 1305 CC.

Os direitos reais são direitos elásticos, eu posso utilizar em pleno os meus direitos reais
relativamente às coisas ou posso comprimir esses direitos, atribuindo a terceiros
algumas faculdades inerentes ao meu direito real.
Os direitos não são só direitos reais de gozo, detemos sobre os bens um direito efetivo
de natureza real. Podemos usar os bens para nos servir de garantia às obrigações
(hipoteca, penhor). Nesses domínios, não estamos a tratar dos direitos reais como se
encontra expresso no CC. Estamos a tratar de outra dimensão, mas que não são
direitos do uso, fruição, gozo. São direitos de garantia, quer dizer que há a
possibilidade de os sujeitos através de negócios jurídicos usarem os bens de que são
titulares como uma garantia patrimonial do cumprimento das suas obrigações.

Art.º 874 CC – qual é o âmbito do contrato de compra e venda? Articular com o art.º
879 CC. O contrato de compra e venda é uma forma de aquisição de direito de
propriedade.

Art.º 1317 CC.

Direitos reais de garantia – poderes que determinados sujeitos têm sobre bens que
servirão de garantia/suporte ao pagamento de uma dívida.

A hipoteca (art.º 686 CC) – o credor fica com o direito sobre o imóvel, tem o direito de
que se o comprador não lhe pagar o valor da dívida, ele pode usar o valor do imóvel
como pagamento da dívida.

Se eu não pagar o meu bem, o credor vai exercer o direito de sequela (o direito de
perseguir o meu bem).

O que é um direito real de garantia? Têm enorme importância dentro dos negócios
jurídicos, ao nível dos direitos das obrigações e dos direitos reais. Por exemplo, o
penhor (art.º 669 CC).

Direitos oponíveis a todos os outros (erga omnes).

Contratos de disposição e oneração


Contratos de disposição – compra e venda. São aqueles em que há uma transmissão
da titularidade de um direito para outra pessoa.
Contratos com eficácia real – art.º 408 CC. O n.º 1 deste artigo diz respeito à
transmissão de direitos que versam sobre bens/coisas, esta transmissão é produzida
pelo mero efeito do contrato, isto é, celebramos o contrato e a transmissão do direito
da coisa é efetuada e realizada pela mera existência do contrato.
Quando é que somos titulares? No momento da celebração.
Por exemplo: se eu entrar num café e disser que quero um bolo de arroz e existirem
10, não sou proprietário de nenhum deles.

De acordo com o art.º 408 e 879 CC seria proprietário do bolo, qual é o problema? É
que o bolo de arroz não foi individualizado, não foi determinado. Eu comprei 1 dos 10.
Apenas adquiro a propriedade do bolo de arroz quando o empregado for ao tabuleiro
e me entregar o bolo. Só o empregado me pode exigir o pagamento do bolo.

Direitos reais têm eficácia absoluta e os direitos de crédito têm mera eficácia relativa.
A ação in vem – os direitos reais estão associados à pretensão de qualquer sujeito
jurídico.

Direitos reais de gozo – podemos tirar dos bens as suas virtualidades.

Há direitos de gozo plenos (direito de propriedade) e direitos reais de gozo menores


(direitos que são constituídos pelo direito de propriedade).

Usufruto – sou proprietário, mas posso passar a constituir um direito real


relativamente aquele bem a um terceiro, podendo esse consagrar do ponto de vista do
direito, o direito de usar o bem.

Os direitos reais têm tutela constitucional (art.º 62 CRP) – estabelece o princípio geral
da proteção da propriedade privada, todos os titulares têm o direito de pleno
aproveitamento dos bens que são proprietários.

12/10/2022

Fiador – sujeito jurídico que é exterior àquela relação jurídica (celebrada entre o
senhorio e o arrendatário), mas o que é certo é que o senhorio do imóvel pretende
garantia que um terceiro estranho àquele negócio jurídico garanta a obrigação de
cumprimento de pagamento da renda por parte do arrendatário, através de uma
fiança. O terceiro vai assumir perante o senhorio que numa circunstância de
incumprimento, ele cumpre essa obrigação, através da entrega de uma prestação e de
uma garantia real que é o seu património (qualquer bem). Essa garantia pode incluir
bens ou rendimento (ordenado).

Penhor ou hipoteca – garantia.

Direito de retenção – art.º 754 Código Civil (garantia).


Esta norma prevê uma situação: imaginemos que uma pessoa põe o carro na garagem
numa oficina para fazer uma revisão e quando o carro fica pronto é contactado.
Quando vai buscar o carro, apresentam-lhe a conta e ele comunica ao dono da oficina
‘’não estava à espera de ser tão caro, pensei que só pagava 1000€, não consigo pagar
os 1700€ agora, só daqui a uma semana’’. O dono da oficina pode aceitar isto, mas o
dono pode dizer que não e que só pode levantar o automóvel quando pagar a
totalidade do valor. O dono da oficina está a tornar o automóvel uma garantia da
obrigação, está a reter um bem, na perspetiva de pressionar o devedor para o mesmo
pagar a dívida. Há uma relação entre dívida e o bem.

O crédito do credor resulta de despesas feitas por causa da coisa ou por dano por essa
coisa causada. Por exemplo: se o A estiver a jogar à bola e os miúdos chutarem a bola
e partirem uma janela, o terceiro pode recusar-se a entregar a bola até que o dano
seja pago pelos miúdos.
Direito de retenção – direito real de garantia (um bem é retido por um sujeito jurídico
como meio de pagamento de uma dívida de um outro sujeito jurídico).

Art.º 755, alínea b) e e) CC.


Art.º 1185 CC.

Há contratos que pressupõem sempre a existência de um bem (elemento estruturante


do contrato) para celebração do mesmo.
São denominados contratos com eficácia real – o contrato de depósito, por exemplo,
não está perfeito, se não houver entrega do bem.

Só pode haver uma hipoteca quando o bem existe, não pode haver se eu não for
proprietário de um imóvel.

No contrato de trabalho ou de prestação de serviço não há entrega da coisa.

Os direitos reais podem ter a dimensão de direito real de gozo ou direito real de
garantia ou, ainda, direito real de aquisição (nos últimos, o que está em causa é a
possibilidade num contrato, de um sujeito obrigar a outra parte a celebrar um
contrato. Pode fazê-lo porque conferiu ao contrato um efeito real, por exemplo, A
quer vender o seu apartamento à venda, aparece um interessado manifesta mesmo
vontade de adquirir o imóvel, mas não vai adquiri-lo logo naquele momento.

Contrato de promessa de compra e venda com eficácia real (art.º 413 CC).

Regime geral de liberdade de forma (art.º 219 CC).

Contrato promessa de compra e venda – os sujeitos jurídicos (o vendedor e o


comprador) vinculam-se a celebrar o contrato de compra e venda no futuro. Tem
como objeto uma declaração negocial das partes em que estas assumem a celebração
de um contrato futuro. Este contrato não tem eficácia real.
Não exige a entre de nenhum bem ‘’até podemos prometer vender bens de que não
somos proprietários’’. Estamos a vincular-nos ao cumprimento de uma promessa, no
caso da compra e vende, é um contrato preliminar ao contrato de compra e venda. O
promitente vendedor e o promitente comprador – regime presente no art.º 410, n.º 1
CC.

No entanto, nós podemos atribuir ao contrato promessa de compra e venda uma


eficácia real e ela está prevista no art.º 413 CC.

Qual é a diferença entre o contrato de compra e venda simples (art.º 410, n.º 1 CC) e o
contrato com eficácia real (art.º 413 CC)?
No art.º 413 CC, as partes, para além de prometerem fazer o negócio futuro, declaram
expressamente cumprindo determinados requisitos da forma, que querem atribuir
àquele contrato promessa eficácia real.
A eficácia real traduz-se na possibilidade de o promitente comprador obrigar o
promitente vendedor a efetivamente celebrar o contrato de compra e venda.
Direitos de gozo – Livro III CC
1. Ao contrário da área dos direitos das obrigações, os direitos reais são
tipificados – não há autonomia da vontade, não podemos criar.

Art.º 1306 CC – Princípio da Tipicidade


1. Diz-nos que os direitos reais estão sujeitos ao numerus clausus – a tal
elasticidade dos direitos reais. Podem ser usados na plenitude ou ser
comprimidos – no caso de querer constituir sobre direito de propriedade como
direito de usufruto.

Art.º 1439 e ss.


1. O direito de usufruto confere ao titular a possibilidade de usar um bem que não
é dele. Confere essa possibilidade como se fizéssemos um contrato de locação
de arrendamento desse bem?

Contrato de locação (art.º 1022 e ss.) – sendo titulares de um bem, podemos celebrar
com qualquer sujeito a entrega da coisa que nos pertence, permitindo que esta pessoa
goze a coisa (exige a existência de uma coisa) mediante o pagamento de uma
contrapartida.

Este arrendatário constitui sobre aquele imóvel um direito real? Não, é meramente
obrigacional.

Se quisesse constituir um direito real, o proprietário da casa teria de ter diminuído o


seu direito de propriedade e ter constituído um direito de gozo real, o direito de
usufruto.

No usufruto, o direito de propriedade é limitado, porque o usufrutuário passa a ter o


direito de gozar temporariamente a coisa e esse direito tem natureza real, o titular
tem o poder efetivo sobre aquele bem. No contrato de locação de arrendamento para
coisas imóveis, não há poder efetivo sobre o bem, usar o bem é um dos efeitos do
bem, eu só tenho o poder de exigir ao proprietário do bem, que me faculte a utilização
da coisa.

O meu direito na locação está limitado pela vigência do contrato. No usufruto, posso
exigir o respeito desse direito por todos, tenho um direito que tem uma eficiência que
se traduz no meu poder efetivo sobre o bem. Tenho uma relação subjacente com o
proprietário e tenho um direito efetivo que me relaciona com o bem.

No contrato de locação, não tenho nenhum direito efetivo sobre o bem.

Em relação aos meios legais no caso de incumprimento no contrato de locação, apenas


existe a indemnização.

Os direitos reais de gozo são aqueles que estão tipificados no Livro III e não outros.
Não podemos inventar direitos reais.
Parte final do art.º 1306 CC – se as partes quiserem celebrar outra figura, por exemplo,
não ser usufruto, o art.º diz que vamos transformá-la numa declaração negocial,
estabelece que todos os direitos reais criados pelas partes são aqueles tipificados (art.º
1251 e ss. CC).

Art.º 1302 e ss. CC, destacando o art.º 1305 e 1306 CC.

Dentro da compropriedade, art.º 1413 e ss. CC – situação onde uma ou mais pessoas
adquirem um bem, não querem ou não podem ser proprietários isolados.

Propriedade horizontal (art.º 1414 e ss. CC) – apartamentos, imóveis dos edifícios,
existe uma relação de uma propriedade individual e de uma compropriedade comum
do edifício.

Usufruto e uso da habitação (art.º 1439 e ss. CC e art.º 1484 CC) – direito de
propriedade com este regime vai ficar contraído, no sentido, o proprietário passa a ter
limitados os direitos do art.º 1435.

Direito de superfície (art.º 1534 CC) – alguém poder usar o solo de um bem imóvel
para construção de edifício ou habitação. Por exemplo: construção de um McDonald’s
num terreno, o proprietário do terreno (público ou privado) fez constituir sobre esse
terreno um direito de superfície (direito real que está associado às entidades que se
instalam nesse bem imóvel de poderem construir ou manter uma estrutura física já
pré-existente, uma obra ou uma plantação de alguma cultura). Tem apenas o direito
de usar o solo daquela propriedade, mantendo nela uma plantação ou construindo um
edifício.

Nota: este princípio da tipicidade, está associado à determinação dos diferentes


direitos reais e estabelece que as consequências de cada um desses direitos e o seu
respetivo regime não pode ser alterado pelas partes. Se as partes disserem algo de
diferente relativamente a estes direitos, o legislador considera, nos termos do art.º
1306 CC, que a declaração tem apenas eficácia inter partes e não real.

Princípio da especialidade dos direitos reais


1. Os direitos reais incidem sobre coisas especificadas, não tenho direitos reais
sobre coisas aleatórias.
2. Quando as coisas não estão determinadas, não se constitui sobre elas direitos
reais. Por exemplo, no art.º 408, n.º 1 CC e art.º 509 CC.
Por exemplo: A pretende comprar um animal e diz qual a cor para dizer ao criador que
daqui a 1h teria o valor depositado na sua conta. Este negócio é uma compra e venda,
apesar dos animais não serem uma coisa. Resultado desta compra e venda, olhando
para o art.º 408, n.º 1 e art.º 509 CC, suscita-se a dúvida se eu adquiri com este
negócio a propriedade imediata do cão.
25/10/2022

O art.º 874 CC está alinhado com o art.º 408, n.º 1 CC, porque este estabelece como
regra geral que a produção de efeitos jurídicos relativamente à constituição ou à
transferência de direitos reais, dá-se pelo mero efeito do contrato.

Princípio da consensualidade – uma das características dos direitos reis, porque, em


regra, os direitos reais revelam-se através do consenso entre as partes.

As exceções ao art.º 408, n.º 1 CC estão presentes no art.º 408, n.º 2 CC.

Uma das exceções é quando compramos coisas especializadas, por exemplo, comprar
um carro com x características, mas que, de momento, o dono do stand não tem. Saio do
stand, fiz o contrato, mas o carro ainda não é meu.

Art.º 408, n.º 2 CC


1. Coisa futura ou indeterminada – a transferência só se dá quando a coisa for
adquirida pelo alienante ou for coisa determinada.

Art.º 1207 e ss. CC – Contrato de empreitada.

Obrigações genéricas
1. Art.º 539 CC.

26/10/2022

Art.º 202, n.º 1 – noção de coisa.

A coisa, do ponto de vista jurídico, articulando o art.º 202, n.º 1 com o art.º 1302 CC,
pode ser uma coisa corpórea, mas o legislador compreende a existência de outro tipo de
coisas (imateriais).

Art.º 203 CC – saber se existem coisas imateriais.

As coisas imateriais não estão associadas a nada palpável, mas são aspetos relevantes
para a tutela jurídica. São realidades que estão associadas a direitos. Há uma dimensão
de coisas incorpóreas que são relevantes para o direito, especificamente para os direitos
reais. Por exemplo: direito de usufruto que advém do direito de propriedade, pode ser
objeto de relações jurídicas, mas materializa-se nas coisas.

Art.º 81 CC – permite, no n.º 2, podem existir direitos de personalidade (por exemplo:


colaborar em testes clínicos). Estão a limitar direitos de personalidade quando aceitam
colaborar nesses testes. Em algumas circunstâncias, os direitos de personalidade que
estão associados a coisas incorpóreas, podem ser objeto de relações jurídicos, mas o
direito exclui a opção de coisa nessas realidades. Pode haver uma dimensão económica,
por exemplo, participam nessas experiências tendo contributos financeiros.

Primeira exigência – as coisas devem ser corpóreas. Para os direitos reais, opõem-se ao
conceito jurídico de (...) jurídico. Podem ter um valor económico ou não, porque o
legislador não determina que está sempre associado a uma dimensão económica. A
coisa, do ponto de vista técnico-jurídico, é um conceito jurídico que conseguimos
apreender da relação de várias normas jurídicas.

Classificação das coisas – art.º 203 CC.


1. Saber se o art.º 203 CC que tem tipificação fechada da classificação das coisas
ou é uma classificação aberta (pode haver coisas para além das que estão
tipificadas).
2. A maior parte da doutrina considera que as coisas previstas, à partida,
compreendem as coisas que podem ser objetos de direitos reais. Mas há, no caso
de um negócio jurídico que versa sobre direitos de personalidade, para essa
dimensão pode haver outra noção de coisa. A tipificação que consta desta
classificação de coisas, podemos ter noutras áreas jurídicas um conceito
diferenciado que envolve uma nova classificação.

Saber se esta classificação permite que uma coisa compreenda várias classificações, sim
é possível. Podemos ter coisas imóveis ou coisas móveis, mas nas coisas imóveis temos
incorporadas coisas móveis e podemos ter coisas móveis simples, compostas, fungíveis,
infungíveis. Pode haver sobreposição em alguns domínios das várias categorias do art.º
203 CC.

A classificação das coisas do art.º 203 estabelece um princípio geral que se aplica às
coisas, a coisa em concreto pode assimilar várias classificações aí presente.

Coisas fora do comércio – art.º 202, n.º 2 CC – as coisas, pela sua natureza, o direito
exclui qualquer âmbito contratual e que implicasse disponibilidade dos sujeitos dessas
coisas. Por exemplo: se uma pessoa quiser vender um órgão, não pode fazê-lo (o nosso
ordenamento não permite esse negócio jurídico). Há limitações jurídicas, há coisas que
não podem ser objeto de relações jurídicas por uma limitação do próprio ordenamento.
Pode haver coisas que tenham limitações jurídicas, não pela natureza do bem, mas pela
natureza do bem relativamente à sua titularidade, por exemplo, não se pode vender um
bem de domínio público (Torre de Belém, pela sua natureza, naturalmente está fora do
comércio).

Há impossibilidades naturais de apropriação de coisas, temos alguns bens que, pela sua
natureza, são insuscetíveis de apropriação (água do mar, areia, por exemplo).

Dentro da dimensão prevista no art.º 202, n.º 2 CC relativamente às coisas que são
excluídas de apropriação (incidência de direitos reais no direito privado) são as coisas
que estão fora dessa possibilidade por impossibilidade jurídica (o direito consagra a sua
exclusão desse domínio privado) e outras coisas que estão excluídas por causas naturais.

Outra classificação importante, ainda associadas à definição de coisa, coisas corpóreas e


incorpóreas. As primeiras, em regra, são as coisas apreensíveis pelos sentidos. Tem uma
existência material, exterior e sendo apreensível (possível de ser apreendida pelos
sujeitos), ela implica uma possibilidade de posse e a posse é um dos aspetos e das
dimensões essenciais dos direitos reais (posse – art.º 1251 CC). Relativamente às coisas
corpóreas, para além da posse, há também a articulação com o art.º 1302 CC que diz
que só as coisas corpóreas podem ser objeto do direito de propriedade. As coisas
corpóreas podem dividir-se em dois tipos: coisas materiais (têm matéria e dimensão) e
coisas imateriais (por exemplo: eletricidade, é uma coisa corpórea para o direito, mas
não tem uma dimensão material, não é palpável). As coisas imateriais podem ser coisas
corpóreas, desde que sejam coisas apreensíveis pelos sentidos e tenham uma realidade
física (pode não ser apropriável num sentido imediato, mas é suscetível de apropriação
através de determinados meios).

Coisas incorpóreas que não são imateriais, mas não incorpóreas – por exemplo: conceito
de honra, memória, uma ideia. Uma ideia é, do ponto de vista jurídico, é um bem
intelectual que pode ter relevância na tutela jurídica, porque uma ideia pode ter grande
importância para a vida comum, cultura, ciência, tecnologia, etc.

Esse tipo de dimensão do ser humano é tutelado pelo direito, a coisa corpórea, apesar de
poder ser imaterial, tem de ser sempre apreensível pelos sentidos. O direito tem uma
legislação própria para legislar esta dimensão jurídica de tutela destes direitos (das
coisas incorpóreas) são a propriedade intelectual. Por exemplo: teoria da relatividade de
Einstein, obras literárias, antitísicas, etc.

Classificação das coisas – art.º 204 CC


1. Coisas imóveis
a. São coisas materiais, têm relevância para o direito porque versam sobre
ela grande parte dos direitos reais.
b. Têm exigências acrescidas, por norma, exigências de forma. Quando
tratamos de coisas imóveis, o direito estabelece uma forma mais exigente
para a constituição ou transferência de direitos reais sobre essas coisas.
Por exemplo: art.º 875 CC, art.º 947 CC.
c. Relativamente à classificação do art.º 204 CC, todas as coisas imóveis
têm uma coisa em comum para o legislador que é terem todas elas como
traço comum estar ligada ao solo. A coisa ter um carater de permanência
quanto à ligação ao solo.
d. Há características das coisas imóveis, o carater de permanência e ligação
ao solo e ter também entre elas alguma diferenciação quanto à sua
natureza.
e. Prédios rústicos e urbanos – a noção de prédio é uma porção de terreno
ou um edifício incorporado no terreno. Os rústicos estão associados a
uma delimitação de um terreno, o que é dominante é o solo, o terreno.
No prédio urbano, o predominante é o edifício. No prédio rústico pode
haver um edifício, mas esse edifício não tem autonomia económica face
ao terreno, ao solo (por exemplo: uma quinta).
f. Art.º 204, n.º 1, alínea a) CC.
g. Relativamente aos prédios urbanos, temos o logradouro que é um terreno
que existe à volta do edifício (por exemplo, prédios com uma área
jardinada com um passeio). A finalidade do logradouro é de serventia às
necessidades dos habitantes do prédio urbano, não tem autonomia
económica.
h. Outras dimensões dos prédios urbanos, que são as frações autónomas,
porque nestes edifícios temos a possibilidade de instituir um regime
próprio que é o regime da propriedade horizontal. Podemos viver numa
moradia ou num edifício composto por várias frações autónomas, cada
uma delas corresponde a uma habitação.
i. A propriedade horizontal (art.º 1414 CC) é uma forma de um bem
imóvel que tem um regime especial, não é um prédio rustico, é um
prédio urbano com um regime específico relativamente às regras
relacionadas com o misto de compropriedade, isto é, propriedade
conjunto às partes do edifício e propriedade singular relativamente à
fração que corresponde à titularidade da propriedade do bem.

Águas podem ser particulares, podemos falar de bens que são insuscetíveis de
apropriação, mas estamos a falar de águas que estão configuradas no art.º 1386 CC.
1. As águas públicas estão fora do objeto dos negócios jurídicos, as particulares são
relevantes em algumas dimensões jurídicas, por exemplo, em zonas de terra,
zonas agrícolas.
2. As águas que nascem em propriedade de sujeitos jurídicos são relevantes e
passam a ser objeto de direitos privados, portanto são uma coisa imóvel para o
direito.
3. Há uma característica que é a ligação de permanência ao solo.

Árvores, arbustos, frutos naturais ligados ao solo


1. Referência àquilo que são os frutos.
2. Articulação com o disposto no art.º 212, n.º 1 CC – há uma classificação jurídica
de frutos porque é importante do ponto de vista dos efeitos que pode ter para o
efeito.

08/11/2022

O registo visa garantir a publicidade de situações jurídicas. Por exemplo: estudar o


direito da família percebemos que há determinados atos sujeitos a registo, por exemplo,
o nascimento de um sujeito jurídico.

O registo vai conferir publicidade, conhecimento para a ordem jurídica e para terceira
essa realidade jurídica.

O casamento, se não for registado, não é conhecido por terceiros e isso acarta
consequências.

Nos direitos reais, existe o registo predial. Não está em causa a posição dos sujeitos,
mas sim a relação dos sujeitos com os bens e os direitos reais regulam a situação
jurídica dos bens.

Os bens são também objeto de uma publicidade. Essa publicidade para terceiros é
qualificada nos direitos reais como registo.
1. O registo destina-se a garantir publicidade dos direitos reais que incidem sobre
bens.

Sobre que tipo de bens? Imóveis e depois há dentro dos direitos reais uma categoria de
bens móveis com registo específico que a lei impõe como obrigação de registo. Os bens
móveis como carros, motociclos, navios e aeronaves. Há certos drones que também têm
de ser registados.
O registo diz-nos os titulares dos bens.

Esse registo garante dada a publicidade do registo quanto à titularidade dos direitos, o
terceiro através do registo vai saber o titular daquele bem.

Decreto-lei 224/84, de 6 de julho.

O registo é um diploma que regula a publicidade dos direitos reais que incidem sobre
bens (imóveis).

O registo predial está a cargo dos conservadores do registo predial que são serviços
públicos, portanto estão unidos de fé pública e fazem parte do instituto de registo
predial.

A função do registo está prevista no art.º 1 do Código de Registo Predial – os


interessados podem saber a situação jurídica dos prédios e saber quais pessoas têm
relações jurídicas com aqueles bens (quem são os proprietários ou quem tem direitos
reais sobre aquele bem). Sei também se aquele bem está onerado.

Quando a lei não diz que o registo é constitutivo, ele é meramente exemplificativo.

Como é se organiza o código de registo predial? Num sistema real, isto é, os prédios
estão lá descritos. Por isso é que falamos de descrição do registo – identificação da
posição jurídica do prédio (descrição do prédio).

Associada ao prédio, há um ficheiro (acervo) relativamente aos titulares do prédio.


Temos a história de quem são os titulares do prédio ao longo dos anos.

Princípios do Registo
1. Princípio da instância – o registo só se faz através da ação dos interessados, isto
é, eu sou titular de um prédio e não são as entidades públicas que vão proceder
ao registo do prédio por sua vontade própria. Há uma iniciativa por partes dos
interessados. Exceção no art.º 41 do Registo Predial e a regra é que o registo
parte da ação voluntária das pessoas.
2. Princípio da obrigatoriedade – apesar do registo ser voluntário, partir da
iniciativa e depender dos interessados, ele é obrigatório. Está previsto no art.º 8-
A e 8-D do Registo Predial.
3. Princípio da legalidade – o registo, apesar de ser voluntário e de ser obrigatória a
descrição dos prédios, ele está sujeito a uma fiscalização por parte do
conservador. O conservador do registo não regista tudo, mas está obrigado a
fazer um controlo da legalidade que é substantivo, portanto há um princípio que
é o da legalidade para garantir que o registo que é realizado que resulta da
vontade dos interessados, é feito com as regras legais que se aplica àquela
situação. O controlo da legalidade é um controlo a ter, não é meramente formal,
é um controlo da realidade substancial daquilo que se regista, do ato que é
contido no registo. Se o conservador tiver dúvidas, ele pode recusar o registo ou
pode registá-lo provisoriamente com dúvidas. O registo fica feito
condicionalmente, está previsto no art.º 69 a 71 do Registo Predial.
4. Princípio do trato sucessivo – garante-nos a possibilidade de conhecermos a
sequência interrupta dos titulares dos bens, quais os direitos que detêm sobre o
bem e as onerações que incidem sobre o bem. Está previsto no art.º 34 do
Código. Permite saber quem são e quem foram os titulares daquele bem e quais
as onerações que impedem sobre aquele bem. Se o conservador for verificar o
histórico do bem e o nome que está lá não é o da pessoa que está a transmitir,
mas sim um ‘’antigo dono’’, então há um problema. Existem duas hipóteses: ou
a pessoa está a vender um bem que não é dele ou então o bem não foi registado
quando ele o comprou.
5. Princípio da prioridade – em algumas situações, o registo vai ter efeitos na
prevalência de direitos sobre os bens, isto é, o princípio da prioridade (art.º 6
Código) estabelece um princípio geral de que o direito inscrito em primeiro
lugar prevalece sobre os que prosseguirem relativamente aos mesmos bens,
desde que esses direitos sejam direitos que incidam sobre os mesmos bens, mas
que possam ter relativamente àqueles bens natureza de incompatibilidade. Por
exemplo: duas pessoas com uma escritura de compra e venda relativamente ao
mesmo bem, ao mesmo proprietário. A vendeu a B e vendeu o mesmo bem a C,
isto pode acontecer. O problema é que A vendeu a B hoje (bem imóvel) e
amanhã, antes do B registar (A continua a ser o proprietário no registo), vende a
C. B não registou esta semana nem na semana seguinte. A sabendo e
conhecendo os efeitos do registo, pensa em vender o bem a um terceiro e vende.
Para o conservador passa a haver um conflito entre B e C.
Art.º 5 Código – articulado com o artº 17, n.º 2 – desde logo, para efeitos de Código,
terceiros são aqueles que invocam direito que é incompatível para efeitos de registo e
que adquiram esse direito do mesmo transmitente, há um transmitente comum na
transmissão do direito. O art.º 17 estabelece alguns requisitos para que o direito
registado possa ter alguma prevalência sobre o direito substantivo e pode em alguns
casos ter. Essa classificação da prevalência do direito registado sobre o direito
substantivo – aquisição tabular.
Ato de disposição que foi praticado com base numa situação desconforme entre o
direito registável e o direito substantivo – não podem aparecer duas pessoas como
titulares de um bem e rogarem-se ambas proprietárias.
Verificar se o transmitente age de má-fé – a prevalência do registo, neste caso, não vai
funcionar.
A transmissão deve ter tido um caráter oneroso, isto é, só vale para situações em que o
adquirente que é o terceiro que invoca o direito incompatível com o outro, ter adquirido
o bem ao transmitente, mas ter tido um caráter oneroso. Tem de ter sido uma compra e
venda, se for uma doação afastamos a prevalência do registo.

Art.º 291 do CC.

Art.º 289 do CC.

Art.º 291, n.º 3 CC – verificação da boa-fé.

Os 3 anos da invalidade do negócio é sobre o negócio nulo, não é sobre o negócio entre
o B e o C.

09/11/2022
Caso Prático

António celebrou com Bento, em 2020, o negócio de compra e venda de um terreno.


Relativamente a este terreno, existia um registo do mesmo em nome de António, mas
Bento não regista a aquisição. Passados 2 anos, Bento é confrontado por Joaquim que
alega ser também proprietário do terreno, comunicando a este (ao Bento) que o terá
adquirido a António no início de 2021 e que procedeu ao seu registo. Bento de imediato
consulta um advogado para saber quais os seus direitos e para esclarecer a situação.
Entretanto, Bento também tinha comprado a António uma outra propriedade: um imóvel
para habitação. Relativamente a este negócio também há um problema, Teresa, irmã de
António, informa-o que relativamente a este imóvel se encontra em curso uma ação
judicial para invalidar o negócio celebrado por António. Teresa explica a Bento que o
referido imóvel lhe pertence por doação anterior realizada pelo progenitor comum.
Bento alega que esta questão entre os irmãos, Teresa e António, não afeta a titularidade
do imóvel, dado que até já vendeu o mesmo a Joana, e que esta já o registou.
Quanto a Joana, também a situação não é clara com Bento pois está em litígio com este
porque considera que o imóvel que lhe adquiriu compreende também a transmissão de
direitos reais sobre os seguintes bens: jarrão antigo que se encontra junto à entrada do
imóvel e fixo ao piso e um conjunto de espelhos incorporados numa parede no hall de
entrada, que Bento aí tinha fixado na parede. Bento discorda deste entendimento e
reclama a propriedade dos bens. Quid iuris?

1. António e Bento – Negócio jurídico de compra e venda que visa transmitir


direitos reais (forma de aquisição do direito de propriedade).
2. Art.º 874 CC articulado com o art.º 408, n.º 1 CC.
3. O bem em causa é um terreno, no âmbito dos direitos reais, trata-se de uma coisa
imóvel (art.º 204 CC). É um prédio rústico (art.º 204, n.º 2 CC).
4. Art.º 875 CC.
5. Art.º 2 Código Registo Predial.
6. Art.º 666 e 686 CC.
7. Art.º 687 CC.
8. Art.º 34 Código – trato sucessivo.
9. Art.º 41 Código.
10. Art.º 8-A e 8-D Código.
11. Art.º 892 articulado com o art.º 407 CC.
12. O código tem uma norma importante que é o art.º 5.

16/11/2022

Art.º 1 do Código – parte inicial que estabelece os princípios gerais do registo.


A finalidade do registo, qual a situação jurídica dos prédios.

Art.º 2 do Código – identifica quais são os factos jurídicos que determinam a existência,
a necessidade do registo.
Quais os factos jurídicos que necessitam de registo.

Art.º 3 do Código – obrigatoriedade de registar algumas situações jurídicas que


implicam uma ação judicial.
22/11/2022

Posse – art.º 1251 CC.


A posse associa-se a uma presunção que temos relativamente aos bens que estão na
esfera jurídica das pessoas.

Elementos da posse:
1. Apreensão material de um bem – figura jurídica que qualificamos como
detenção ou posse causal – posse que existe sem corresponder à titularidade de
um direito.

No art.º 1251 CC, temos uma tentativa do legislador de definir o conceito de posse.

A posse é um estado evolutivo e contributivo de um direito real. Quando tenho posse


tenho a apreensão material do bem (corpus/existência da coisa) e tenho a apreensão
material do bem, tenho o animus (convicção que estou a usar esse poder efetivo de uma
forma correspondente a um direito real).

Os direitos reais de gozo que tem a ver com a forma com que podemos usufruir e dispor
dos bens enquanto sujeitos jurídicos.

São direitos que incidem sobre o aproveitamento dos bens.

O paradigma do direito real de gozo sobre os bens é o direito de propriedade.

Era art.º 1305 CC, conjunto muito amplo de poderes sobre a coisa.

Esse animus corresponde ao direito que eu tenho, ao direito de usufruto. A posse é


exercida relativamente a um direito que temos. O problema é quando exercemos um
poder e achamos que estamos a constituir um direito real sobre aquele bem e não temos
uma legitimação formal para exercer esse direito. Por exemplo: vejo uma joia que gosto
em casa de um familiar, pego nela e passo a usar aquele anel. Comporto-me como se
fosse o proprietário daquele anel, os terceiros começam a ver-me com aquele bem e, de
acordo com a presunção inicial daquele bem, vão achar que o bem é efetivamente meu.
Tem um direito real de usufruto sobre o bem. O próprio começa a ter a convicção de
que é o proprietário e isto é um problema para o Direito porque a utilização da coisa é
um poder efetivo, é uma apreensão material e o animus também começa a existir. É um
animus de má-fé, porque realmente a pessoa começou a usar um bem que sabia que não
era seu e começou a comportar-se como proprietário daquele bem para terceiros
sabendo que não lhe pertence, mas os elementos da posse estão aqui (há titularidade do
direito e apreensão material). Deste modo, parece que temos a possibilidade de serem
reconhecidos direitos (direito real de posse) que assenta em relações factuais e mera
posição do sujeito face ao bem (que é o animus).
Por exemplo: A tem um terreno e está partilhado com outro terreno, mas os terrenos não
estão delimitados. O A que tem posse do terreno que partilha com C, começa a cultivar
o seu terreno e começa a cultivar uma parcela de C, convencido que o terreno lhe
pertence e C nada faz. A desenvolve essa ação cultivando o terreno e tenta já ter coisas
no terreno plantadas. As pessoas vão lá e ele diz que tem coisas plantadas, não sabendo
que parte daquele terreno não é sua. Ele tem uma apreensão material do bem e está a
comportar-se relativamente ao bem como se fosse o legítimo proprietário. Ele tem o
animus de boa-fé, porque está convencido que não está a lesar o direito de terceiros, já o
exemplo anterior o sujeito começou a comportar-se como proprietário e sabia que estava
a lesar o direito de terceiros.

Carateres da posse
1. As suas espécies – art.º 1258 CC (âmbito da posse, quando há posse para o
direito).
2. Quando há uma apreensão material do bem e quando há animus, quando quem
tem essa apreensão material exerce essa apreensão com a convicção que o
exercício do direito que está a realizar corresponde a um direito de gozo
(requisitos para haver posse).
3. A posse é simples quando sou proprietário e tenho a posse de propriedade.
Quando sou usufrutuário, tenho a posse de usufruto sobre o bem.
4. Quando eu não tenho efetivamente a titularidade do direito correspondente, mas
estou a atuar como se esse direito estivesse na minha esfera jurídica.
5. Torna-se complexo porque relativamente à posse, há uma presunção da
titularidade do direito.

Diferença entre posse e a detenção


1. Art.º 1253 CC – determina que, em algumas situações, a situação do sujeito
relativamente à apreensão do bem não lhes permite defender a natureza de
posse, a detenção é, para o direito, uma mera apreensão material de uma coisa,
mas à qual o direito não atribui um animus. Um exercício de um direito
correspondente a um direito real, eu tenho essa convicção na posse (há uma
apreensão material efetiva sobre o bem e que ele se comporta com a convicção
que exerce um direito real correspondente.
2. Há uma diferença entre ser detentor e ser possuidor, o que acontece nos
detentores? Detêm uma apreensão material do bem que não corresponde ao
exercício de um direito real, não tem animus e o direito não considera que esse
animus possa existir.
3. Mera detenção – art.º 1253 cc.
4. Diferença entre possuidor e detentor no art.º 1253 CC.

29/11/2022

Toda a matéria inicial


1. Princípios de obrigações (manifestações da autonomia da vontade, boa-fé)
2. Características dos direitos das obrigações
3. Modalidades das obrigações (específicas, determinadas, indeterminadas,
naturais, genéricas, pecuniárias)
4. Estudo da natureza das prestações: fungíveis/infungíveis (objetiva e subjetiva)
5. Garantias das obrigações
6. Modalidades de execução específica (art.º 827 e ss.)
7. Fontes das obrigações: contratos
8. Natureza dos contratos e saber a sua inserção sistemática, isto é, contrato de
compra e venda e sabemos que há regras sobre a validade desse contrato e a
forma que ele deve assumir consoante os bens que estão em causa, mas também
vimos que há obrigações que a lei especifica e há consequências (transferência
da propriedade) – contratos que têm como objetivo a transferência ou
constituição de direitos sobre coisas (obrigações em que há uma prestação da
entrega de coisa) que têm regime próprio (art.º 408 CC). Analisamos o art.º 408,
n.º 1 e n.º 2, falando das exceções que remetem para as modalidades das
obrigações e para a natureza dos bens transmitidos ou que estão associados a
esses contratos
9. Princípio geral da liberdade contratual (art.º 405 e 406 CC)
10. Contrato especial, preliminar de todos os outros contratos, de grande relevância
jurídica – contrato de promessa
11. Num contrato de promessa, se alguém promete celebrar um contrato, pode haver
uma questão de saber qual é a prestação em causa. Por exemplo: A promete a B
celebrar um contrato futuro, qual é a natureza desta prestação? Estamos a
realizar um contrato que nos vincula a prestações, a entrega resulta no contrato
futuro. Se nós celebramos um contrato em que ambos prometemos vender e
comprar um determinado bem, neste momento estamos a emitir declarações
negociais e vinculações obrigacionais, tanto eu como a outra parte podemos
exigir o cumprimento das obrigações que é cumprir o contrato promessa
(celebrar o contrato de compra e venda). É uma prestação de facto, porque
celebrar um contrato é uma obrigação que se constitui na prestação de uma
conduta (CONTRATO PROMESSA NÃO SAI)
12. O que vai ser pedido no teste: conseguir identificar situações com base na
natureza das prestações assumidas pelas partes

Matéria de reais
Posse
1. O que é a posse? A posse é o direito real autónomo de todos os outros, mas tem
uma particularidade, integra uma fase de formação de um outro direito, porque
quando dizemos que temos posse, temos de fazer corresponder outro direito real
(de propriedade, de usufruto). Quando falo de direitos reais, tem de ser sempre
sobre uma coisa. Os direitos reais tratam da relação das pessoas com os bens.
2. Uma das dimensões dos direitos reais é usarmos a coisa como garantia das
obrigações. Por exemplo: eu tenho vários bens e posso criar sobre esses bens
determinados encargos (são esses bens servirem como garantia de obrigações
que assumo perante terceiros). Esses terceiros passam a ter sobre os bens uma
relação direta.
3. Tenho um conjunto de imóveis e preciso de contrair um crédito junto do banco
(contrato de mútuo), o banco pode celebrar esse contrato comigo e fico obrigado
a pagar o dinheiro de volta e se não pagar, através do tribunal, vai ver que
propriedades tenho. Quais são os bens que esta pessoa já tem para exercer uma
garantia sobre esta dívida. O banco vai dizer que, para além do empréstimo, que
bens é que já tem? Tenho um imóvel em Lisboa e introduz a cláusula que esse
bem vai servir como garantia dessa dívida (por exemplo, hipoteca).
4. A hipoteca pode ser oponível a terceiros (direito real de garantia) e tem de ser
registada, nos direitos reais há um conjunto de relações jurídicas dos sujeitos
com os bens em que estes servem de garantia. Portanto, temos um conjunto de
direitos que a lei prevê no regime de garantia para que os bens sirvam para
cumprir dívidas dos devedores.
5. O direito pleno é o direito da propriedade (direito real pleno de gozo), é o direito
que nós, face ao bem, podemos ‘’fazer tudo’’
6. Os direitos reais podem ser mais ou menos amplos consoante a vontade dos
titulares. Os direitos reais podem ser constituídos em cascata, isto é, tenho o
direito de propriedade sobre uma casa e, a determinada altura, posso querer
constituir sobre esse direito real outro direito real a outra pessoa, está dentro do
meu poder dispor e administrar os meus bens
7. Direito real de usufruto – atribuir a outra pessoa, sobre o bem que me pertence, o
direito de gozar temporariamente daquele bem

04/01/2023

Acessão que resulta da ação humana, isto é, por exemplo, pegar num guarda-chuva e
incorporar nele algo mais valioso (art.º 1333 do CC). Diz respeito a bens móveis,
quando várias propriedades se sobrepõem e alguém acrescenta a bem de terceiro o valor
acrescentado que lhe corresponde ao que lhe pertence a esta de boa-fé temos de decidir
quem é que tem a propriedade do bem que é o legítimo proprietário.

Art.º 1256 e 1325 do CC.

No caso de acessão humana sobre o bem, existe uma cessão industrial, isto é, pode ser
sobre bens que são móveis ou podem ser numa acessão sobre bens imóveis, nos termos
do art.º 1339 do CC.

Quando acrescento novos bens que se incorporam num terreno alheio, no âmbito da
propriedade diferente do que a originária.
Por exemplo: estou convencido que o terreno é meu e promovo nesse terreno um
sistema de rega – acrescentei valor ao terreno (acessão industrial).

Art.º 1328 do CC – norma de paz social.

Quando existe, por força da natureza e águas incorporação no terreno de bens de tudo o
que é suscetível de ser depositado, o proprietário adquire a propriedade daquilo que é
depositado.

Art.º 1329 do CC – não refere um decurso normal das águas (encontramo-nos perante
uma avulsão) é algo violento, por exemplo, cheias.
Estamos perante uma situação do art.º 1328 e não do art.º 1329 do CC, os donos dos
bens podem recuperar os seus bens dos sítios onde eles estão deslocados, mas isto tem
um prazo para garantir a segurança jurídica.

Aluvião é uma deslocação normal de águas que transportam bens (art.º 1328 do CC).
Regime da propriedade horizontal – distingue-se da copropriedade.

Só existe propriedade horizontal relativamente a um edifício, não de rústicos, mas sim


de urbanos.
Os urbanos podem ser numa propriedade unipessoal, por exemplo, um prédio mais
antigo que tem o regime de propriedade simples – regime geral de propriedade
exclusiva.
Os edifícios que são constituídos por várias frações têm uma propriedade singular em
cada fração ou têm até copropriedade de cada fração.

Por exemplo: compro uma casa com outra pessoa, fico obrigado a uma fração e tenho de
cumprir regras de copropriedade, tal como a outra parte também de cumprir o mesmo.
Temos o regime de propriedade horizontal, da qual também somos coproprietários face
às partes comuns daquele edifício.

Um bem que seja propriedade horizontal é um bem que tem várias frações e, em cada
uma, seja uma unidade independente.

Quais são as condições para se constituir como fração? Tem de ser constituído
obrigatoriamente por unidades independentes, isolados entre si e com acesso à via
pública.
Se não tiver estas características, não é considerada propriedade horizontal.

Título constitutivo é o documento, de natureza contratual, com validação administrativa


que tem como objetivo identificar as várias frações do edifício, de forma a garantir que
juridicamente cada um delas fique individualizada.

10/01/2023

Não sai:
Direito de superfície
Servidões prediais
Usufruto (modos de aquisição, extinção de usufruto, etc) –, mas devemos ter em conta a
noção de usufruto art.º 1439 do CC

Sai:
Tudo o resto
Regime das benfeitorias – conexões com o conteúdo dos direitos reais de gozo (art.º
1273, 1275, 1274)
Defesa da possa – em algumas circunstâncias, podemos aplicar a outros regimes
Propriedade – regimes relativos à aquisição da propriedade art.º (1316 e 1317) e defesa
da propriedade
1. O que é suscetível de ser apreendido por ocupação (art.º 1318 e 1345, este
último estabelece uma limitação à possibilidade de ocupação quanto estamos a
tratar dos domínios a bens imóveis, estas coisas sem dono conhecido são
património a favor do Estado – não são suscetíveis de apropriação).
2. Conteúdo da propriedade – art.º 1305
Acessão – art.º 1325 e compreende uma determinada realidade com efeitos no âmbito
dos direitos reais, porquê? Porque a acessão, pela sua natureza, traduz a junção de
diferentes propriedades.
Ação de reivindicação – art.º 1311 e tem as características relativamente à exigibilidade
de meios de prova para este tipo de ação.
A acessão pode decorrer de uma circunstância natural, por forças da natureza, ou pode
resultar da ação humana. Por exemplo: encontro um anel, posso achar que foi
abandonado, alguém perde a propriedade e a posse do anel e pode ir ao ourives para
reconstruir a pedra que tem. Contudo, pode aparecer o legítimo proprietário e
reivindicá-lo. Temos aqui um regime de acessão, porque há uma propriedade pré-
existente, o anel, que vai sofrer por ação humana uma incorporação de mais-valia que
pertence a um terceiro.
Acessão industrial – bens móveis, é uma acessão industrial mobiliária.
Acessão industrial imóveis – num terreno incorporo um determinado tipo de produto,
natural e valioso. Naquele terreno ficamos com duas propriedades concomitantes, a
sementeira e o terreno – houve uma acessão.
Art.º 1328 e 1329 – a diferença é que no art.º 1328 estamos a falar da ação de
incorporação de terras ou de algo que esteja nas margens de uma corrente de águas
(circunstâncias em que há deslocação de águas, apesar de serem um bem imóvel, têm
mobilidade). O art.º 1329 fala no facto do dono dos bens deslocados, tem o direito de
exigir ao destinatário desses bens, os bens que tiveram esse efeito de se deslocarem por
causa das correntes violentas.
Acessão industrial mobiliária nos arts.º 1333 e ss – temos um princípio geral no n.º 1 do
artigo que diz que se alguém de boa-fé unir ou confundir objeto seu com objeto alheio,
de modo que a separação não seja possível (...)

O art.º 1354 remete para um critério para essa definição das extremas que se articula
com o regime da posse (art.º 1354, n.º 1 – a demarcação das extremas (...)).

A compropriedade é aplicável a várias formas de comunhão, pode haver mais do que


um possuidor relativamente ao mesmo bem.
Quais as regras que se aplicam a essas regras? O regime da compropriedade no código
civil – art.º 1404.
Art.º 1403 – princípio da aplicação da compropriedade a todas as formas de comunhão.
Art.º 1403, n.º 2 – está definido o critério da posição de cada um dos comproprietários
face ao direito.
Princípio da quota ideal.
Art.º 1408 – disposição e oneração da quota – há a possibilidade por acordo de todos os
comproprietários de se poder (por exemplo, uma quinta) acordar que um deles possa
transmitir a um terceiro uma parcela daquela propriedade (uma parte especificada da
coisa comum, mas carece do consentimento de todos).

Propriedade horizontal
Art.º 1414 (qualifica a incidência da propriedade horizontal) e 1415 (objeto das frações
autónomas, isto é, para que o edifício possa assumir esta característica, elas devem ser
isoladas, autónomas, mas devem estar ligadas a uma parte comum. Essa autonomia
implica que tenham saída própria específica para uma parte comum e essa parte comum
seja um acervo que é usado a toda a utilização daquele prédio). A falta de um destes
requisitos implica a nulidade de propriedade horizontal.
Qual é o objeto? Articulação de ambos os artigos.

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