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O titular de um direito real denomina-se proprietário pois um direito real é uma propriedade.
Um direito real é um direito subjetivo em sentido estrito. Este tem por objeto coisas
corpóreas, determinada e certas, que se tocam, com existência atual.
Terminologia: É indiferente chamar direitos reais ou direitos das coisas pois ambos são o
mesmo.
Os direitos reais estão ligados a uma ideia económica e política de uma determinada
sociedade.
Eficácia absoluta
Erga omnes, isto é, é oponível a todas as pessoas estejam elas onde estiverem.
Ex: A vendeu um terreno a B. foi feito um contrato de compra e venda (art. 874ºCC) onde se
transmitiu a propriedade de uma coisa certa e determinada do vendedor para o comprador. O
próprio contrato é que transmite a propriedade de uma coisa certa e determinada logo, por
força do art. 408º/1 CC, o comprador passa a ser o proprietário.
Imaginemos de seguida que A vende o mesmo terreno a C. Aqui A estará a vender uma coisa
pertencente a B. C regista a aquisição e nos termos do art. 15º CRegPre, o direito de C
prevalece sobre o direito de B.
Sequela
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Sofia Escudeiro
Direitos Reais
O direito real acompanha a coisa para onde quer que ela vá.
Esta manifesta-se de forma diferente, tendo em conta os vários tipos de direitos reais:
Direito real de gozo: O proprietário acompanha a coisa para onde quer que ela vá. No
caso de alguém se apoderar da coisa, ele pode impor uma ação de reivindicação nos
termos do art. 1311º CC;
Direito real de garantia: Traduz-se na faculdade do credor vender a sua coisa e com ela
pagar o seu credito;
Direito real de aquisição: Pode traduzir-se na substituição de um comprador por outro.
Exceções à sequela:
Exemplo: A vende a B porque foi coagido. Aqui estamos perante vícios da vontade o que leva à
invalidado desta venda. Assim, o proprietário não deixou de ser dono. Suponhamos agora, que
B registou e vendeu imediatamente a C (este de boa fé) e este também registou. Aqui, se for
intentada uma ação dentro dos três anos, os direitos de terceiro não serão reconhecidos e,
sendo assim, C não terá o seu direito reconhecido. A ficará com a sequela do seu direito.
Caso não seja intentada a ação no período de três anos, ou caso o registo de C ter sido feito
antes do registo do início da ação, A não pode reivindicar a coisa de C ou onde quer que ela se
encontre.
Em suma, apenas é possível ver a sequela do seu direito quando se intenta a ação no período
de três anos e o registo do comprador seja posterior ao registo da ação.
Art. 5º CRegPre
A é negociante de obras de arte. Este vende a B um quadro de um pintor (art. 408º/1 CC). E se
o quadro não for de A? Se for de C? E se este for roubado de C e vendido a A.
Imaginemos que B fez uma festa à qual convidou B e A. Aqui o C reconhece o seu quadro
roubado. B explica toda a situação da compra com A. Segundo o direito francês e inglês, o
dono do quadro não tem direito de sequela.
Também denominada prevalência, esta afirma que não pode haver dois direitos reais sobre a
mesma coisa.
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Direitos Reais
Se a dívida de B não for paga, a coisa será vendida e salva a dívida de B. Apenas quando a de B
não for paga, é que, com os valores restantes, será paga a de D.
Exceções:
Prioridade de registo
O primeiro adquirente, que não registou a aquisição, não prefere sobre o segundo adquirente
que tenha registado o seu direito.
Inerência
A inerência é a ligação íntima dos direitos reais às coisas que constituem os seus objetos e
pelas quais passa a satisfação das necessidades dos seus titulares.
Assim, não é possível transferir o mesmo direito real de uma coisa para a outra.
Outras características
Violação
Enquanto a violação dos direitos reais resulta de um comportamento positivo (ação), a dos
direitos de crédito provém geralmente de um facto negativo (omissão). Estes direitos tem
normalmente por objeto prestações de facto positivo ou de prestação de coisa, enquanto aos
direitos reais corresponde uma obrigação passiva (non facere).
A maioria dos direito reais de gozo são susceptíveis de serem adquiridos por usucapião, o que
não sucede com os direitos de credito.
Permanência
Tutela forte
As características dos direitos reais confere-lhe uma tutela particularmente forte, por isso,
para melhor proteção dos créditos, pode recorrer-se a alguns expedientes:
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Direitos Reais
Leasing.
Princípios estruturantes
Princípio da coisificação
O direito real deve versar sobre coisas e não sobre pessoas ou bens não coisificáveis.
Embora sejam coisas stricto sensu não só as coisas físicas ou corpóreas, mas também as coisas
incorpóreas são passíveis de direitos reais. No entanto, o nosso código civil, determina que
apenas as coisas corpóreas podem ser objeto de propriedade regulado neste código.
O objeto dos direitos reais deve ser uma coisa certa e determinada e, portanto, ter existência
atual.
O objeto de um direito é uma coisa na sua totalidade. Esta ideia justifica que distingamos:
Só pode existir um direito real sobre determinada coisa na medida em que seja compatível
com outro direito real que a tenha por objeto.
O direito sobre uma coisa tende a expandir-se até ao máximo das faculdades que
abstratamente contém. Assim, se um direito real consente o gravame de um direito mais
restrito, quando esse direito se extingue, aquele direito reexpande-se automaticamente até ao
seu máximo limite.
Princípio da transmissibilidade
Os direitos reais podem mudar de titular quer inter vivos quer mortis causa. A ligação entre um
direito real e o seu titular é, portanto, cindível .
Exceções
Usufruto
Não é transmissível mortis causa porque não pode exceder a vida do usufrutuário. É alienável
inter vivos, mas extingue-se quando o transmitente falecer.
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Direitos Reais
Servidões prediais
O proprietário do prédio dominante não pode transmitir a servidão sem esse prédio; e o do
prédio serviente também não pode transmitir sem a servidão que o onera.
Os direitos de preferência não podem ser separados das situações objetivas a que foram
atribuídos e, por isso, só podem ser transmitidos quando acompanhem a transmissão do
direito a que estão ligados.
Principio da consensualidade
A constituição ou a transferência de direitos reais sobre coisas determinadas dá-se por mero
efeito do contrato, salvas as exceções previstas na lei.
Assim, não é necessária a tradição da coisa para que se transfira um direito real sobre moveis
nem que se exige outro ato para os imoveis, basta o contrato, que traduz o consenso das
partes.
Principio da tipicidade
Não é possível constituir direitos reais diferentes dos tipificados pela lei nem modificar ou
modelar o respetivo conteúdo, salvo nos casos em que a lei excecionalmente o permite.
Este principio aplica-se a todos os direitos reais, mas não se aplica aos negócios jurídicos
constitutivos de direitos reais.
Restrições: Algo que restringe a propriedade. Ex: Servidão de passagem (ou servidão predial)
está a restringir o direito de propriedade. Uma janela virada para o terreno do vizinho está a
restringir o direito de privacidade do vizinho.
Figuras parcelares: Existe propriedade direta e propriedade útil . Ex: exploração de uma
pedreira, existem dois donos. O dono da exploração (útil) e o dono da pedreira (direta).
Será que a segunda parte, ao falar da restrição apenas que falar das restrições, ou também
das figuras parcelares?
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Direitos Reais
Dr. Oliveira Ascensão: Toda a restrição abrange também as figuras parcelares pois
estas também são restrições à propriedade. Há aqui uma conversão legal: o negócio
não produz efeitos reais mas converte se por força deste artigo em direito
obrigacional. Não há que separar.
o Este acredita que a conversão legal é uma violência contra a vontade das
partes.
o Art. 294º CC: Os negócios celebrados contra o art. 1306º são nuos.
Professor Pires de Lima e Antunes Varela: Não podemos confundir restrições com
figuras parcelares. Restrições: Temos de recorrer a uma presunção relativa, isto é, a
que as partes, se soubessem que o direito real que procuram criar é nulo (art. 294),
presume-se que teriam considerado ou um direitos de crédito ou nada. Não produz
efeitos nenhuns, nem reais nem obrigacionais. Fig. Parcelares: mantém se um negócio
nulo (art. 294). Se tivessem procurado que não produz efeitos reais, há uma conversão
desse negócio num tipo de direito real previsto no código.
o Acham que a conversão legal não é nenhuma violência à vontade das partes. E
que esta triunfa;
o Esta posição evita o rigor da lei e não tem cobertura legal, mas é suave porque
vai ao encontra da vontade das partes.
Temos que utilizar a via da interpretação para corrigir o rigor da lei e substituir a conversão
legal por uma conversão voluntária.
Principio da publicidade
Art. 1 CRPredial: o registo destina-se a dar publicidade. Tornar pública a situação jurídica.
Modalidades
Traduzem se em poderes ou faculdades que tem de usar e fruir da coisa. (Usufruto, servidão
predial).
Permitem alguém substituir outro, que não é titular desse direito, na aquisição de uma coisa.
Este podem ser dados pela lei, como no caso de alguém ser titular de um terreno pequeno (A),
o seu vizinho (B) também tem um terreno pequeno e caso A queira vender, B tem direito
preferência legal na compra. Isto aparece para assegurar a maior produtividade de prédios e
para garantir uma menor conflitividade.
Garantem créditos, o pagamento de dívidas. Oferecem ao credor o direito a ser pago. Estes
são vários:
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Direitos Reais
Consagração de rendimentos (art. 656º) : Há uma dívida que vai ser paga pelo
rendimento de um determinado prédio;
Penhor (art. 666º): Garante a satisfação do crédito e dos juros através da transferência
de uma determinada coisa móvel para o credor, até ao total pagamento da dívida;
Hipoteca: Afetação de uma coisa ao pagamento de uma dívida. Basicamente o mesmo
que o penhor, mas sobre coisas imóveis.
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