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16/03

A é proprietário do prédio X e celebrou com a associação entemol do centro um contrato nos


termos do qual a esta instituição se concedia pelo prazo de 30 anos um “direito de usufruto”
sobre tal imóvel para que os membros associados aí pudesses desenvolver a sua atividade de
observação e coleta de insetos mais acordaram as partes que a AEC pagaria ao proprietário
uma prestação anula no valor de 5 mil euros e que em caso algum poderiam ser colhidos os
frutos produzidos pelas arvores ou permitido o acesso a qualquer outra pessoa ao imóvel. Há
três meses A vendeu o prédio X a C e este agora impede os membros da AEC de nele entrarem.
D presidente da associação consulta-o para saber se pode reagir contra esta situação, que lhe
responderia?

A é proprietário de X, constitui um direito de usufruto à AEC, vendeu a C e este proíbe de


entrarem

C receberia um prédio com usufruto se chegarmos à conclusão que AEC é proprietária de um


direito de usufruto.

Temos um conflito sobre dois sujeitos que querem exercer o mesmo direito temos então que
qualificar os direitos de cada uma das partes graças à eficácia absoluta dos direitos reais que é
a não interferência de todos os outros sobre a coisa. Desta eficácia absoluta decorrem duas
características, a da prevalência e a da sequela. A prevalência significa que o DR prevalece
sempre sobre os dc e sobre os DR posteriormente constituídos- prior in tempore, potiore in
iure.

Direito Real vs Direito de crédito---- Direito real

Direito Real vs direito real--- o Direito Real primeiramente constituído segundo a regra teórica

Num caso como este em que temos um proprietário contra um hipotético usufrutuário isso
não quer dizer que o C não adquira o direito de propriedade o que quer dizer é que é
adquirido onerando o direito de usufruto, se os direitos poderem ser compatibilizados um fica
onerado pelo outro, por isso é que temos sempre de qualificar. C adquire o direito de
propriedade, quanto a isso não há duvidas (supondo a validade formal e substancial do
negocio). Resta saber qual o direito constituído pela AEC.

A doutrina identifica três categorias de direitos reais limitado: direitos reais de gozo, direitos
reais de garantia (concede ao titular a faculdade de aquisição do direito real de gozo ou de
garantia com preferência face aos restantes credores) e direito real de aquisição. Se o direito
que foi concedido à associação existir é um direito real de gozo o que permite afastar os
restantes.

Trata-se então no caso de um direito real de gozo uma vez que se permite o uso, fruição e
disposição da coisa ainda que o poder de disposição seja limitado. Mas que direito real? Logo à
partida é possível fazer uma lista dos direitos reais existentes graças ao principio da
taxatividade consagrado no art 1306 primeira parte, o legislador vem dizer que no
ordenamento jurídico de direitos reais só temos os que como tal estejam identificados (não
são apenas os expressamente consagrados pelo legislador, é antes um trabalho de
interpretação) pela lei, há uma lista de direitos reais no livro III- posse, propriedade, Direitos
Reais limitados de gozo.

O direito da AEC tem de poder identificar-se com um destes direitos para poder ser real, então
temos de observar o contrato, o direito constituído e temos de verificar se nesse direito
identificamos todos os elementos do tipo do direito real.

Sabemos que do contrato entre A e AEC resulta o pagamento de uma prestação anual, que não
podem colher frutos nem permitir a entrada de outras pessoas e as partes chamaram-lhe
direito de usufruto, temos de ir ao art 1439º e verificar se se trata mesmo de um usufruto e no
caso não porque não há direito de uso e fruição plena desde logo porque não pode colher os
frutos não tendo faculdade de fruição não podendo haver usufruto, se este elemento do tipo
não se verifica na situação concreta o direito constituído a favor da associação não é de
usufruto, mas pode ser outro direito real então temos de continuar a procurar isto porque as
partes tiveram vontade de constituir um direito real isto porque lhe deram o nome de um DR e
quiseram eficácia absoluta a associação quer opor o seu direito a C (o primeiro passo
metodológico é verificar se queriam constituir um Direito real)

A seguir ao direito de usufruto vem o direito de uso e habitação 1424º e 1484 respetivamente,
mas não foi este que foi constituído aqui uma vez que é um direito pessoalismo (uso) e o
direito de habitação é uma casa de morada que não se verifica aqui.

A seguir encontra-se o direito de superfície (1524º) mas não se trata deste uma vez que não é
atribuida à associação o poder de construir no prédio. O direito de superfície tem outras
modalidades.

A seguir temos as servidões (1543) que é um encargo imposto a um prédio em beneficio de


outro prédio de dono diferente e não é o que está aqui uma vez que não existe relaçao predial
entre dois prédios. Quaisquer utilidades de um prédio podem ser objeto de servidões,
portanto há uma atipicidade de conteúdo (não é uma exceção à tipicidade uma vez que é
sempre uma servidão predial, mas é uma tipicidade aberta - as partes podem adaptar o tipo)

Não temos aqui certamente nem uma habitação periódica nem duradoura

Assim, não se trata de um direito real. O direito que quiseram criar com o negocio jurídico era
um direito real atípico, mas o negocio é nulo porque viola a imperatividade da taxatividade,
podia era ser convertido num negocio de crédito art 1306/1 o legislador assume que as partes
tenham querido a manutenção do negocio com efeitos obrigacionais, se as partes tivesses
previsto a impossibilidade de manutenção do contrato com efeitos reais teriam aceitado que
tivesse efeitos meramente obrigacionais- posição da escola de coimbra.

Resposta a D :

Se é titular de um direito de credito de acordo com a prevalência o seu direito é afastado em


relaçao a C uma vez que estese tornou titular de um direito real. O direito de D apenas é
oponível a A e como tal vamos aconselha-lo à responsabilidade contratual pedindo uma
indemnização por incumprimento contratual.

Há um caso parecido com este:


O senhor A proprietário do prédio X onde estão plantada macieiras e celebrou o seguinte
contrato com B: eu vendo-te todas as maças que o prédio produzir até setembro, entretanto A
recebeu um ótima proposta de C para vender o prédio e vendeu. O senhor B chega para
recolher as maças e encontra C que o informa que não autoriza a recolha das maças por ser o
proprietário ao que B alega que comprou a A as maças. Quid iuris?

O direito real transmitido pelo contrato de compra e venda é a propriedade, a declaração de


vontades concordantes é o suficiente para a perfeição do contrato isto é para a produção de
efeitos obrigacionais e reais, não é precisa a entrega da coisa, é o principio da
consensualidade. Embora o principio da consensualidade os direitos reais precisam de coisas
autónomas, certas e determinada o que falta aqui não sabe se são 10 ou 50 maças, podem até
ser futuras, assim não pode haver direito real porque não há coisa suscetível de constituir
direito real. O contrato produziu apenas efeitos obrigacionais (não pode produzir efeitos reais
porque não há coisa sobre a qual o direto de propriedade possa incidir). Este caso foi sobre a
compra e venda de bem móvel futuro

23/03

Exceções à prevalência: art 4º e 5º CRegPred e 290

Continuação do caso prático da aula passada (alegado usufruto)

Entretanto D, dono de uma pedreira, depositou numa parte do prédio de C três toneladas de
gravilha. C exige que D proceda à limpeza do terreno, mas este recusa-se a fazê-lo alegando
que só o fará quando para tanto for instado por A que é quem se encontra inscrito no registo
predial como titular do direito de propriedade. Terá razão?

Principio da consensualidade- os negócios jurídicos produzes efeitos com o simples acordo das
partes. Basta a proposta encontrar-se com a aceitação para o negocio estar perfeito, no direito
português o acordo de vontades basta para produção de efeitos reais e obrigacionais. Este
principio vale para todos os direitos reais, todavia o art 408 em que está este principio o
legislador abriga algumas exceções.

Se for proprietário de uma bicicleta e quiser vender ao André quando eu faço proposta e o
André aceita, ou seja, quando as vontades se encontram o proprietário é o André, ainda não
foram feitas as obrigações (entrega e pagamento) dos sujeitos mas a transmissão ocorreu
imediatamente. ART 879- o legislador faz um elenco dos efeitos essenciais do legislador a
alínea a) é um efeito real enquanto a alínea b) e c) são efeitos obrigacionais. Se o contrato
padecer de nulidade nenhum dos efeitos se realiza, a nulidade significa a não produção de
qualquer efeito quer reais quer obrigacionais.

Nulidade:

- vicio de forma: os negócios jurídico reais de imoveis têm de ter sempre a forma de escritura
publica ou documento particular autenticado. A forma é uma exceção ao principio da
consensualidade? NÃO! Porque o principio diz que o efeito jurídico real se reporta ao acordo
das vontades e quando o legislador exige forma diz que a vontade tem de se expressar por um
meio de comunicação especifico, ou seja, mesmo quando a vontade tem de expressar-se por
uma especial forma imposta pelo legislador ainda assim os efeitos reais se imputam à vontade
logo não temos aqui uma exceção ao principio da consensualidade.

A exigência forma é uma exceção à liberdade de forma do art 219. Segundo o principio da
liberdade de forma a vontade pode exteriorizar-se de qualquer maneira, ainda que se
exteriorize apenas oralmente está perfeito na mesma graças ao acordo de vontades. Pode é
acontecer que o legislador em determinados casos não se baste com a oralidade exigindo
forma escrita e portanto documento particular e quando isto não chega exige documento
autenticado, tendo de levar o documento a m profissional escolhido pelo legislador para que
autentique o documento. Outras vezes diz que o contrato é demasiado importante, são tao
intensos no património, que não pode sequer ser ele a expressar a sua vontade tendo de se
dirigir a um profissional de boa-fé por ele escolhido (notário, cartório) e aí teremos uma
escritura publica assegurando uma verdadeira imparcialidade entre as partes e que a vontade
está regularmente manifestada e que os sujeitos compreendem as consequências do negocio
(nota: contratos à distância- não há controlo da formação da vontade, não se sabe se é um
consentimento livre e esclarecido).

Até 2008 em Portugal era obrigatória a escritura publica (só os notários têm
competência),mas o legislador em 2008 (remissão para a posse) vem dizer que já não é preciso
a escritura bastando o documento particular autenticado por entender que a escritura publica
é uma burocracia, não só baixou o nível de exigência de forma e simultaneamente permitiu
que a autenticação do documento escrito fosse feita por mais sujeitos que o notário
acrescentando-se a este os conservadores (Dra. não concorda que avaliem a vontade), os
advogados (não concorda porque não é para isso que os advogados servem), os solicitadores
(a Dra. não concorda porque não são juristas) e camaras de comercio e indústria (são pessoas
coletivas, ninguém percebe muito bem o que significa isto). Não havendo então documento
autenticado nem escritura publica o legislador diz que o negocio é nulo pois a vontade não se
expressou da forma mais adequada. A forma é importante para refletir, a ritualização é uma
forma de fazer com que as partes reflitam e percebam a importância do que estão a fazer
portanto a forma não é uma burocracia, é um meio para assegurar a adequada formação e
manifestação da vontade sendo então um meio de tutela dos sujeitos.

Partindo do pressuposto que A e C cumpriram a forma imposta pelo legislador C ornou-se


proprietário do imóvel por força do principio da consensualidade se é titular de um direito de
propriedade por ser real tem eficácia erga omnes e como tal esta eficácia atinge D e como tal
todos os outros sujeitos estão vinculados a uma obrigação passiva universal. D quando despeja
o entulho está a incumprir a obrigação passiva universal e como tal terá de reparar a situação
que criou, se de algum modo se interfere no exercício de um poder inerente a um direito real
têm de deixar de o fazer.

Como é que vai reagir quanto a D? a ação adequada para reagir é a ação negatória, o primeiro
pedido a tribunal é a inexistência de uma posição jurídica do reu que legitime a sua ação, é a
chamada função declarativa da função declaratória. E segundo lugar pede-se a tribunal que
condene o réu a restituir a situação material tal como ela se encontrava no momento anterior
à violação do direito de propriedade, depois, havendo receio de que atos semelhantes venham
a ser praticados predir-se-á ao tribunal que condene o reu a abster-se de comportamentos de
comportamentos semelhantes, que consubstanciem uma interferência nos poderes reais do
autor- é a função preventiva da função negatória.
Diferente desta ação é a da reivindicação que serve para reagir contra o esbulho- detenção ou
posse ilegítimas.

Aa ação negatória como todas as reais tem como causa de pedir o facto jurídico do qual deriva
o direito isto significa que o autor terá de provar a titularidade do direto que pretende ver
defendido. A prova da titularidade do direito vai ser estudada no âmbito da ação de
reivindicação.

Registo

O registo nada tem haver com aquisição de direitos a não ser em causas excecionais porque o
registo em Portugal é meramente declarativo, não é constitutivo. Não é uma das fases que tem
de ser percorrida para se obter o direito real, atua a posteriori e serve para dar oponibilidade
aos direitos reais, mas estes já tinham a oponibilidade porque têm eficácia erga omnes,
dizemos que serve para dar oponibilidade porque o registo vai atuar numa situação muito
especifica que é a constituição ou alienação de direitos reais materialmente incompatíveis, vai
atuar em relaçao a terceiros, terceiros estes que adquirem direitos reais incompatíveis do
mesmo alienante. O registo é relevante porque se C registar primeiro que B é o que prevalece,
é uma exceção à prevalência porque se prevalecer o direito real primeiramente registado e
não o primeiramente constituído- exceção ao nemo plus iuris ART 4 E 5 CRegPred- C consegue
registar porque obter de quem tinha o registo a seu favor, se B tivesse registado logo isto não
acontecia porque o conservador só faz o registo se quem aparecer tiver comprovativo de ter
adquirido como antigo proprietário, a probabilidade destes casso acontecerem é cada vez
menor uma vez que o DL 116/2008 trouxe a obrigatoriedade de registo, paga-se uma sanção
pecuniário se não se registar, o registo continua a ser declarativo embora obrigatoriedade. A
obrigatoriedade foi assegurada porque o legislador colocou em primeira linha o titulador- o
notário ou outro sujeito com os poderes- em vez do antigo titular.

Uma outra exceção à característica da prevalência é a do 291 CC em que há uma cadeia de


transmissões. A vende a B e este vende a C, o ordenamento jurídico atribui a C o direito a este
de boa fé apesar de o primeiro negocio padecer de invalidade.

Mesmo Caso prático- pergunta 3

Imagine agora que em janeiro de 2023 A vendeu o mesmo prédio a E que imediatamente
registou o seu direito de propriedade. Em fevereiro E constituiu uma hipoteca a favor de F para
garantir o cumprimento do crédito com valor de 100.000. Hoje E pretende constituir uma
outra hipoteca sobre o mesmo prédio a favor do seu potencial credor para um credito de
250.000. Tendo em conta que o prédio vale 350.000 e que já foi celebrado com H um
contrato promessa de compra e venda com o pagamento de um sinal no valor de 5000 e com a
entrega do imóvel ao promitente comprador aconselharia a aceitar o negocio proposto por E?
O contrato promessa apenas tem efeitos obrigacionais

O problema de A ter vendido a 2- exceção à regra da prevalência

Constituição da hipoteca- podem ser constituídas pelo proprietário., quem tenha legitimidade
para alienar a coisa, então a primeira hipoteca não vai perturbar sendo que para ser
constituída tem de ser registada- exceção à consensualidade- é preciso outro ato que se junta
ao acordo ed vontades para que se produza o efeito real, é preciso que ao titulo se acrescente
o modo isto é algo que vem efetivar a constituição do direito real (remissão- salvo disposição
no 401 para o 687), na hipoteca o registo é constitutivo. Com a constituição do direito real
como a hipoteca o que se esta a conceder é o poder de se fazer pagar pelo valor da coisa caso
nano futuro se venha a verificar um incumprimento do crédito, concede-se ao credor o poder
de ressarcir-se, perante o incumprimento do contrato , à custa do valor da coisa (venda judicial
e pagamento aos credores). E reservou 100.000 do valor do prédio a favor de F, é por isto que
é possível constituir mais hipotecas, essas não são incompatíveis entre si, o que pode
acontecer é que o valor do bem não seja suficiente para o pagamento de todas, mas reservar o
valor da cosia não é incompatível (art 713). O legislador diz que não coloca limites ao numero
de hipotecas que se podem constituir favor do bem nem tao pouco atendendo ao valor da
cosia, o credor é que vai ter de saber que risco quer correr, tem de fazer um estudo de
mercado para saber se a coisa vai ou não estar disponível e com que valor para satisfazer o seu
crédito, sendo que quanto maior o risco maior o juro. Quando o legislador permite a
constituição de varias hipotecas vai ordenar umas em preferência sobre as outras e no nosso
direito isso é feito pela data do registo , faz isto para haver uma ordenação de pagamento aos
credores, se a coisa não tiver forças suficientes para responder ao credito pra concretizar valor
ressarcitório os credores hipotecários transformam-se em credores comuns porque eles têm o
direito de se fazer pagar sobre aquela coisa e não sobre qualquer outra e se se esgotou a coisa
vão ter de recorrer ao património restante como qualquer outro credor

Devemos dizer a G que E é o proprietário tendo legitimidade para hipotecar e devemos dizer-
lhe que foi constituída uma hipoteca a favor de F com o valor de 100000 e não há problema na
constituição de uma segunda hipoteca podendo é não ser muito agradável porque a coisa vale
350 e as duas hipotecas dão esse valor e isso é muito arriscado, mas além disso nas vendas
judiciais nunca se consegue o valor de mercado dos imoveis não tendo garantia de que se vai
conseguir o valor de mercado, assim vai haver provavelmente dinheiro para pagar a F mas não
vai haver dinheiro suficiente para pagar a G

30/03

O problema é que aquando da venda judicial poderão surgir créditos que podem ter data
posterior ao registo da hipoteca mas vão ter preferência sobre os credores hipotecários-
exceções à preferência hipotecária no âmbito das garantias. As garantias introduzem risco no
nosso sistema de crédito porque têm preferência quanto à hipoteca e não têm a mesma
publicidade que as hipotecas

A primeira delas são a taxa de justiça, as taxas de justiça devidas por causa da execução do
imóvel são pagas preferencialmente à hipoteca.
Também há privilégios creditórios que garantem os impostos sobre imoveis previstos no art
744 e estes impostos são as dividas devidas a autarquias (a taxa de justiça tem preferência
perante estes)

Aqui G já é um credor de quarto grau.

A traditio dá direito a um direito de retenção que tem prevalência sobre a hipoteca, passando
H credor do contrato promessa a ser o terceiro a receber e G passa a ser o quinto.

E apenas se obriga a celebrar o contrato translativo de propriedade no futuro e se E e H


celebrarem o contrato se a hipoteca de I já estiver constituída adquire com a hipoteca de I
tendo de ter conhecimento deste uma vez que a hipoteca é sujeita a registo podia era depois
alegar que esta não existia no momento da celebração do contrato mas isso já é um problema
de direito das obrigações. O problema não é do cumprimento do contrato promessa mas antes
no incumprimento porque se não for incumprido por casa de E o H tem direito a uma
indemnização (se não quiser a execução especifica) por incumprimento do contrato promessa
e por regra é equivalente ao dobro do sinal. Este crédito de indemnização é um credito
regular, mas quando houver a traditio o legislador concede ao promitente comprador um
direito de retenção podendo recusar a entrega da coisa para garantir o cumprimento do
crédito indemnizatório, quando o H declara já não querer o imóvel e portanto optando pela
indemnização pode sim entregar a coisa concorrendo como credor comum ao património de E,
mas pode reter a coisa até ao pagamento da indemnização, a partir deste momento de recusa
da entrega até ao momento do cumprimento do credito indemnizatório é titular de um direito
real de garantia de retenção (inversão do titulo da posse ). Este direito de retenção tem
preferência sobre a hipoteca.

Quando o legislador deu preferência ao direto de retenção fê-lo a penar nos regulares titulares
do direito de retenção ex: A contrata uma empresa para fazer umas obras e depois a empresa
diz que não devolve o imóvel enquanto não for paga a prestação de serviços, quando mais
tarde foi enxertada a alínea f) do art 1755 houve um problema- os bancos (normalmente
credores hipotecários) concorrem com os promitentes compradores, acontece
frequentemente que quando o credor tem dificuldades económicas faz promessas de compra
e venda e faz a traditio ficando o banco não como credor preferencial. Tem se colocado esta
constitucionalidade em causa mas o TC diz que é constitucional.

Caso Prático

Em janeiro de 2023 B comprou a A a quinta das amoreiras tendo imediatamente iniciado as


obras de adaptação do imóvel à instalação de uma casa de repouso. Para tanto vendeu a C
alguns dos pinheiros que estavam numa parte do terreno ficando porém acordado que seriam
apenas recolhidos em abril de 2023. Também vendeu a D um automóvel velho que encontrou
debaixo de lenha na garagem e doou a E uma antena que estava no telhado principal bem
como uma roçadora que era usada por A para limpar o pinhal. Súbita e inesperadamente B
recusa-se a cumprir todos estes negócios jurídicos, se C D e E o consultassem que lhes
responderia?
Definir os momentos da transferência de propriedade

Temos de identificar o numero de coisas porque dependente disto vamos ter de identificar os
respetivos momentos de transmissão da propriedade. Estão aqui três coisas: o prédio urbano,
o automóvel e a roçadora.

Imaginando que só temos o prédio

Coisa (certa, determinada e autónoma) em sentido jurídico é um objeto que possa ser objeto
de relações jurídicas, que seja impessoal, suscetível de apropriação exclusiva e útil. A
autonomia também é considerada uma condição para ser considerada uma coisa . O art 262 é
considerado demasiado amplo pela doutrina dando-lhe esta a definição inicial (certa,
determinada, útil, autónoma, impessoal e suscetível de apropriação exclusiva). Uma coisa não
tem autonomia se tiver uma ligação material com carater de permanência à coisa principal e
se não tem autonomia não é coisa.

Quando olhamos para a quinta vemos uma superfície em que está uma casa, uma garagem e
um jardim/pinhal onde estão os pinheiros, os pinheiros e a antena são parte da coisa principal.
É um prédio urbano porque o art 204 o diz no numero 2. O art 204 é taxativo, tudo o que não
ai estiver é coisa móvel. O conceito de coisa imóvel é jurídico.

A antena é uma parte integrante, tem potencial de autonomia. As partes integrantes deixam
de ser partes e passam a ser coisas aquando da separação art 408 (não há neste art nenhuma
exceção à consensualidade, podemos é afirmar com um conjunto de normas -este, 204, 1344-
que os direitos reais incidem sobre coisa certa autónoma e determinada). Parte componente e
integrante são iguais no regime jurídico, mas as componentes fazem parte da estrutura da
cosia de modo tal que se forem separadas da coisa principal esta perde a sua essencialidade, é
o caso das janelas e dos tijolos. Podem vender-se as partes componentes da coisa, mas só se
transformam em coisa quando forem certas, determinadas e autónomas até lá só produz
efeitos obrigacionais.

Sou proprietário de um apartamento e ai esta instalada uma banheira avaliada em 30.000 e


quero ir buscar a banheira. Posso? Depende de estar como parte integrante ou não, a estar é
parte integrante da coisa. (coisas acessórias- serve a função da coisa principal)

A antena não foi vendida, foi doada. Se tivesse sido vendida era um caso como dos frutos, mas
na doação de coisa móvel não funciona da mesma forma (947/2). O legislador diz que a
doação de coisa móvel tem de ser celebrada por escrito, caso contrario tem de ser entregue
(exceções ao principio da consensualidade: hipoteca e doação, se não for feita por escrito é
igual a acordo mais traditio). B doou a E a antena: se a doação for feita por escrita e o B já tiver
separado a antena do telhado então o proprietário é E, se a doação não for feita por escrito e
mesmo que a coisa já tenha sido separada a coisa pertence a B até ser entregue; se não houver
separação não há coisa e então não se coloca o problema da transmissão da propriedade.

Caso da roçadora: coisa acessória- tem um ligação funcional à coisa principal art 210. O
numero 2 diz que a coisa acessória não é vendida com a principal, para ser transmitida em
conjunto tem de existir vontade das partes de associar à coisa principal as acessórias.

Se na alienação da quinta favor de B nada tiver sido dito sobre a roçadora então a coisa
pertence a A e então se doou a C a venda é nula ou doação nula.
O carro é uma coisa e pertence a A

A parte dos pinheiros resolve-se igual à dos frutos

13/04

A é proprietário do prédio rustico X. Em 2005 viajou para os EUA para realizar o sonho
americano, B seu vizinho e amigo sempre acreditou que A nunca mais regressaria A portugal
tendo começado a cultivar o prédio X onde neste momento se encontra um prospero pomar
explorado por C a quem B deu de arrendamento o prédio em 2017. Há cerca de dois meses A
regressou pobre e desiludido para o pais e vendo o estado em que se encontra o antes
humilde prédio decidiu reivindicá-lo a C

a) Poderá fazê-lo?
b) Se fosse consultado por C que conselho lhe daria

a)

Ação de reivindicação- art 1311 (1315 aplica-se a todos os direitos reais). O proprietário
pode pedir a restituição da coisa. Temos então de saber se A é ou não proprietário. É
proprietário porque a propriedade não se extingue pelo não uso, o não uso é uma
manifestação do poder máximo de disposição da coisa (art 298). A ação de reivindicação
não prescreve porque o direito também não prescreve e neste sentido não se poderia
desproteger o direito, é um direito tendencialmente perpetuo (não se extingue pelo não
uso).

Assim A tem legitimidade processual ativa e pede ao tribunal que reconheça o seu direito de
propriedade e que lhe seja restituída a coisa. A causa de pedir das ações reais é o facto jurídico
do qual deriva o direito que se pretende defender, isto quer dizer, que quem intenta a ação de
reivindicação tem de fazer a prova da titularidade do direito. Como é que isto se faz?

(o registo não dá porque não prova factos, antes os presume).


(escritura publica- não prova a titularidade do direito, prova sim que as partes
produziram aquelas vontades com efeitos jurídicos. Não é o facto aquisitivo de
direito.)

Para provar a titularidade do direito é necessário percorrer o caminho até à aquisição


originária o que leva a uma cadeia de aquisições o que é uma prova tao dificil que se chama
prova diabólica.

Uma vez que a prova diabólica é tao dificil que o titular tem é de invocar que a sua aquisição é
originária. Portanto em vez de se reconstruirem todas as transmissões dizemos que o inicio do
direito é a nossa titularidade

Outra coisa que se pode fazer que não tanto prova o direito mas o presume é invocar a
presunção oferecida pelo registo. Como presunção que é inverte o ónus da prova.

Outra presunção é oferecida pela posse. A posse oferece ao possuidor a presunção da


titularidade do direito (art 1268/1), mas é preciso provar que se é possuidor
adotamos a posição subjetivista e assim posse constitui-se de dois elementos: corpus
(domínio de facto sobre a cosia que se manifesta pelo simples potencial de exercícios materiais
sobre o bem ou que se expressa através do exercício destes exercícios materiais) e o animus
que é a intenção do sujeito de se comportar como titular do direito real. Quando não existe
animus e exista apenas corpus dizemos que há uma detenção, detentores são aqueles que
exercem poderes de facto sobre a cosia sem a intenção de se expressarem como titular de um
direito real, é o caso do arrendatário.

Há então pelo menos três tipos de relaçao entre o sujeito e a coisa: a titularidade do direto, a
posse (possuidor em termos de um direito real ou de uma coisa, não se diz possuidor de
direito!) a detenção (detentor de uma cosia)

O A é titular do direito real e B é possuidor uma vez que tem corpus e animus e C é detentor,
uma vez que tem corpus mas não tem animus.

A não é possuidor uma vez que não tem corpus nem animus, A perdeu a posse quando (art
1267) se constitui uma posse contrária à dele que dure mais de um ano, perdeu então a posse
em 2006 mais um dia e adquiriu a posse quando começou a cultivar o prédio em 2005, há um
período de tempo em que os dois têm posse – não é unanime na doutrina.

Para o Dr. Mota Pinto a posse é um direito real provisório porque o destino da posse é o seu
ocaso (desaparecimento), a posse que tem de desaparecer é a posse formal. A posse formal é
a posse que não está acompanhada da titularidade do direito e que se contrapõe à posse
causal que é a que está acompanhada da titularidade do direito.

A é titular de um direito real de posse que tem como objeto um apartamento,, é titular do
direito de propriedade e também é possuidor porque tem corpus e tem animus- é o que
acontece na maioria dos casos (casa própria)- a posse de A é casual. Esta é a situação desejada
pelo direito.

Imaginem: A celebra um contrato de compra e venda com B que já habita no apartamento. Se


o contrato for nulo a titularidade pertence a A e a posse a B , esta posse de B é formal e é
sobre esta que nos debruçamos. O objetivo do legislador é que a posse formal desapareça por
ser uma perturbação do sistema, a regular ordenação dos bens está perturbada. O senhor A
pode intentar uma ação de reivindicação contra B, exigindo que a posse volte à sua esfera
jurídica.

Outra coisa pode acontecer: A intenta a ação e B diz que já é possuidor há muitos anos
querendo ser reconhecido como titular do direito. B pode invocar aquisição do direito por
usucapião convergindo a posse a titularidade no património de B m vez de no património de A
como era o caso a cima. A posse é temporária porque mais cedo ou mais tarde vai ter de
acabar, ou porque se remete ao antigo titular ou porque é adquirida pelo possuidor.

A pode intentar a ação de reivindicação porque é titular do direito de propriedade, tem


legitimidade processual passiva o possuidor ou o detentor (C). A vai ter de fazer a prova da
titularidade do direito por uma das duas vias a trás citadas (não pode através da posse porque
a perdeu)

Vamos imaginar que a ação foi intentada contra B , como é que B se pode defender? Se o B
invocar apenas a sua posição de possuidor vai perder, vai ser condenado à restituição. Entre o
titular do direito ou ao possuidor formal o tribunal dá razão ao titular. Como se combate a
titularidade? Deve alegar que adquiriu o direito de propriedade, tem de invocar uma aquisição
originária por usucapião. A usucapião é o efeito aquisitivo da posse e está prevista no art 1287,
é um modo de aquisição originária de diretos reais em consequência de uma posse prolongada
no tempo. Não é porem qualquer posse que permite a usucapião, a posse tem de ser pública e
pacifica. Para termos usucapião: posse, publica e pacifica, tempo e invocação. A lei atribui ao
possuidor faculdade de adquirir por usucapião, o que é muito importante porque tem de ser
invocada , não funciona automaticamente.

Art 1287 remeter para o 303.

O tribunal não pode reconhecer oficiosamente.

Pode ser invocada extrajudicialmente e goza de liberdade de forma. Em Portugal já não é


possível invocar judicialmente, já não há possibilidade de invocar uma ação em tribunal para o
reconhecimento da aquisição por usucapião, possível é em reconvenção invocar a aquisição
por usucapião (não se pode dirigir ao tribunal, mas pode em reconvenção). O melhor é
recorrer à conservatória ou ao notário para estar escrita a aquisição.

Para efeitos de contagem do tempo: o tempo de posse necessário vai variar em função de
características, nomeadamente ser de boa ou má fé- art 1260. Para saber se é de boa ou má fé
temos de saber se aa posse é ou não titulada.

Temos de caracterizar a posse para fazer uso da usucapião. Para caracterizar posse: art 1258 e
ss. Temos ainda de saber o modo de aquisição da posse que são variadíssimos

Pedir à raquel sumários e esquema da costa andrade

Modos de aquisição da posse (importante para a caracterização da posse):

Aquisição originária- se o adquirente possuidor estabelecer uma relaçao com a coisa sem
intervenção do anterior possuidor

Aquisição derivada: se o adquirente posterior adquirir a posse do possuidor anterior

In casu, B adquiriu originariamente, não houve nenhum ato de transmissão e A para B –


aquisição paulatina: faz-se pela prática reiterada com publicidade de atos materiais sobre o
exercício real sobre a coisa 1263-a).

Caracterização da posse:

-titulada ou não titula

Posse titulada é a posse que se funda num titulo em abstrato e idóneo à aquisição do direito
real nos termos do qual se possui- depois de termos identificado o direito real nos termos do
qual se possui vamos verificar se existe um modo de aquisição desse direito real que
corresponda ao modo de aquisição da posse. Art 1316- direito de propriedade.

A posse de B é titulada? Não titulada porque a aquisição paulatina não é o modo abstrato e
idóneo.

20/04
Estávamos a partir da hipótese que A tinha intentado uma ação de reivindicação contra B. e B
ou entregava a coisa ou tentava combater a titularidade do direito de A e podia fazê-lo
dizendo que ele é que é o proprietário i.e., tentar apagar a titularidade de A e pode tentar
fazer isso através de aquisição originária e pode tentar fazer isto através da usucapião que é
um efeito aquisitivo da posse.

Os direitos reais de gozo não podem ser todos adquiridos por usucapião. No art 1293 é
indicado que não podem ser adquiridos por usucapião os direitos lá referidos, as servidões não
aparentes não podem ser adquiridas assim porque são servidões que não se revelam por sinais
visíveis e permanecentes então não há um fenómeno do qual se possa aperceber o possuidor
para poder reagir a esta situação possessória

B é o possuidor e para além deste pressuposto a usucapião depende ainda de a posse ser
publica e pacifica. Para saber se a posse é pública e pacifica temos de fazer uma caracterização
da posse. As características da posse estão no 1258 e nos seguintes o legislador indica a noção
de cada uma destas características e faz delas resulta alguns efeitos jurídicos. Precisamos
sempre de saber como se adquiriu a posse, do modo de aquisição vamos retirar as
características dela.

Características:

-posse titulada ou não titulada: será titulada quando se funda num titulo que em abstrato i.e.
desconsiderando a situação concreta é idóneo à aquisição do direito nos termos do qual se
possui. O método/exercício que vamos desenvolver: indicar o modo de aquisição da posse e
verificar se há correspondência entre este modo e o modo autorizado pelo legislador, neste
caso B adquiriu originariamente uma vez que A não praticou qualquer ato de transmissão da
posse, é uma aquisição paulatina prevista no art 1263-a). Agora vamos ao 1316 e vamos
verificar se está lá a aquisição paulatina e não está, é um modo de aquisição da posse e não
um modo de aquisição de propriedade, esta posse é então não titulada. Se ela é não titulada-
art 1260/2 presume-se que é de má fé, esta presunção é ilidível podendo ser afastada por
prova em contrario- art 350- isto é importante pelos prazos da usucapião

-posse pacifica ou violenta: art 1261 é pacifica porque foi adquirida sem violência, sem
qualquer coação

-posso publica ou oculta: art 1262, nos termos do 1263-a o critério de publicidade não é o
mesmo a que o legislador se refere no 1262. No 1263 é publicidade de aquisição paulatina- A
posse é exercida à vista de toda a gente- os atos praticados sobre a coisa são praticados para
serem conhecidos pela aquela comunidade. A publicidade como característica da posse
significa que há cognoscibilidade por parte dos interessados. Esta posse é então púbica, tinha a
possibilidade de conhecer, é muito dificil a posse ser oculta em bens imóveis. Esta posse em
principio é uma posse publica uma vez que é suscetível de ser conhecida pelo proprietário

B tem uma posse não titulada que se presume de má fé que é pacifica e que por principio será
publica

Art 1296- temos presunção de má fé o que nos leva ao prazo de 20 anos e ainda não passou o
prazo que permita a invocação da usucapião. B tem de devolver? Se ilidir a presunção de má
fé só precisa de 15 anos já tendo tempo de posse suficiente, vai afastar a presunção de má fé
provando que adquirindo o direito de posse desconhecia estará a violar o direito de outrem art
1260/1
Seguimos sempre um raciocínio muito logico podemos fazer isto num CP (vai sair posse), mas
tenham em consideração que o fizemos de modo acompanhado. Conselho se não nos
sentirmos seguros: esquema e método de começar por identificar os titulares, possuidores e
detentores, explicar o porque das conclusões, explicar o corpus o animus e a teoria
subjetivista, identificar o direito real nos termos do qual se possui, identificar o modo de
aquisição da posse e as características, daí aplicar à usucapião e resolver o caso em si (quais as
características presentes, pode ou não adquirir o direito)

No esquema do relatório fazer este esquema de resolução de CP

No caso A não tinha intentado a ação de reivindicação contra B, mas sim contra C que era um
detentor.

Art 1252- a e 1253-c: coincidência. De 2017 em diante a posse mantem-se com B embora
esteja a ser exercida materialmente pelo sujeito que o representa que é o detentor C. A ação
de reivindicação pode ser intentada contra os detentores (1311). C pode então, segundo o
303, invocar em beneficio do possuidor a usucapião para poder ter um contrato valido e eficaz
de arrendamento. A usucapião retroage ao inicio da posse, isso quer dizer que em 2005 já era
proprietário e em 2017 pode celebrar o contrato sendo C um detentor legitimo.

Caso prático

Em 2000 a doou a B um prédio rustico por escrito particular tendo a este sido entregues as
chaves que abriam o portão de acesso ao prédio. Sete anos depois B deu de comodato o
mesmo imóvel a C sendo que este em 2010 constitui um usufruto a favor de D. quem adquiriu
a posse do prédio?

B-é possuidor porque tem corpus, exerce o domínio material ou pelo menos tem a
possibilidade disso, a coisa está sob o seu domínio e tem animus em termos do direito de
propriedade. Modo de aquisição derivada por traditio—art 1263-b; temos aqui uma situação
em que a coisa é entregue pela chave, a entrega é simbólica, traditio per clavium, também é
possível a traditio longa manum que é a aquisição da coisa à distancia. Na posse não somos tao
exigentes no corpus da coisa, o facto de a coisa ser colocada sob o domínio de facto do
adquirente possuidor é o bastante. Art 1255 -mesmo que os herdeiros ou legatários nunca
tenham posto mão à coisa considera-se que adquiriram a posse mortis causa. Art 1267-c)
perda da posse pela cedência.

Há também uma outra forma de aquisição derivada que é traditio breve manum- temos um
sujeito que já é detentor do bem e que é beneficiado por um ato de transmissão da posse (A
arrenda a B e depois vende-lhe, juntamos ao corpus o animus)

Características da posse de B

Titulada ou não titulada: titulada é aquela que se funda num titulo abstrato idóneo aquisição
do direito nos termos do qual se possui, em abstrato temos um titulo que é a doação (1316) só
que no art 1259 diz-se que a invalidade substancial não afeta a qualificação mas a invalidade
formal afeta a qualificação, se houver vicio de forma a posse é sempre não titulada porque se
considera que o titulo ficou viciado e portanto não existe. Aqui há um vicio formal porque o art
947 determina que tem de se fazer por documento particular autenticado, mas aqui a doação
foi feita em 2000 e esta possibilidade só foi legislada em 2008. A forma exigida agora não é a
mesma exigida antes do DL 2008, antes era só o escrito particular portanto o negocio tem um
vicio de forma pelo que a posse é não titulada. Sendo não titulada presume-se de má fé
(agora escritura publica ou documento particular autenticado; antes de 2008 só escritura
publica autenticado não era suficiente, exigia-se escritura publica e não escrito particular)-
verificar isto no DL 116/2008

Pacifica ou violenta: é pacifica

Publica ou oculta: publica, mais do que cognoscível é conhecida

Quanto a C, este é detentor, tem corpus mas não tem animus

D- tem corpus, mas tem animus uma vez que quer comportar-se como titular de um direito
real- Usufruto é um direito real de gozo . Possuidor

Modo de aquisição: C adquiriu a posse originariamente a posse por inversão do titulo da posse
por inversão do titulo da posse por oposição do detentor ao possuidor . C exercia a posse por
B, era representante deste e “traio-o” passou a comportar-se perante a coisa como se fosse
titular do direito real . esta inversão do titulo da posse normalmente não acontece desta
maneira, mas pode acontecer normalmente é explicita e esta é implica. Explicita porque
normalmente há uma declaração do detentor ao possuidor em que este manifesta a sua
oposição “eu passo de detentor a possuidor”, se esta situação se arrastar durante algum
tempo pode fazer benfeitorias tendo direito a frutos ou pode passar tempo suficiente para
usucapião. A posse era precária era uma detenção e converte-se numa posse por um processo
psicológico em que o detentor passa a comportar-se como possuidor (pessoas que deixam de
pagar a s rendas por se considerarem proprietários)- 1263-d) e 1265

Se C se transformou em possuidor e adquiriu originalmente

Imaginem que A deu de arrendamento a B e depois aparece um C que diz que é ele o
proprietário e então celebra um ct cv com o detentor- B transformou-se a possuidor, passa a
ter corpus e animus- é uma aquisição originária

A inversão do titulo da posse é uma forma de aquisição que é necessariamente uma posse não
titulada

27/04

A doa a B que constitui comodato a C sendo que este constitui usufruto a favor de D

A Dr. não tem certeza que a posse de C seja publica em relação a B, tudo depende da situação
concreta. É possível admitir que não houve conhecimento porque a aquisição da posse é
instantânea, no momento em que transmite posse a D é também o momento em que adquiriu
posse.

D é possuidor do direito real de usufruto. Adquiriu aposse derivadamente do C por tradição. A


sua posse é não titulada. Art 1440: há um contrato que em abstrato é legitimo para a
constituição do usufruto. Mas quando há um vicio formal a posse titulada passa a não titulada
e podemos ter quase a certeza de que existe um vicio porque não se fala em escritura publica
ou escrito particular autenticado. Na escritura o notário tem de apreciar o principio da
legitimidade e no registo o mais provável é que o registo de direito de propriedade pertença a
A. Não há legitimidade de C para constituição de um direito porque na certidão de registo
predial a legitimidade pertence a A e não a C
Sendo não titulada a posse presume-se de má fé.

É uma posse pacifica, foi adquirida sem violência

É uma posse publica em relaçao a C e em relaçao a B também uma vez que é muito dificil que
não seja cognoscível

Caso prático

Em março de 1980 A que emigrou para o Brasil nos anos 70 do século passado comprou um
prédio localizado no centro de lisboa e composto por quatro apartamentos entregando a sua
administração ao sobrinho B. quando, há cerca de dois meses, C filho e único herdeiro do A,
falecido em janeiro de 2023, se deslocou a Portugal verificou que B tinha vendido os quatro
apartamentos razão pela qual intentou sobre todos os que nele habitam ações de
reivindicação. Se fosse consultado pelos réus e sabendo que duas das frações foram alienadas
em 2005 e outras duas em 2007 que conselhos lhes daria?

Vamos supor que o prédio está sujeito ao regime de propriedade horizontal

Art 1414 e ss

1311

B não tem legitimidade para vender uma vez que só tem poderes de administração

A comprou 4 direitos de propriedade horizontal integrando este só seu património. Neste


momento estes quatro direitos pertencem a C, herdeiro de A.

A tem legitimidade para intentar a ação de reivindicação? Tem de provar que é o titular
daqueles direitos e vai faze-lo ou pela prova diabólica que é dificil ou pela prova de aquisição
originária que seria dificil fazer para si, mas pode fazê-la quanto ao seu pai que depois recebe
mortis causa, podia também havendo registo usar a presunção do registo (art 7 Predial), pode
recorrer ainda à presunção da posse (art 1258 CC).

Neste caso concerto C não tem posse uma vez que esta está com os compradores. Os
herdeiros recebem a posse por tradicio ficta, art 1255, vai se fingir que o de cujus transmitiu a
posse aos seus herdeiros mas na é isso que acontece, o que acontece é a substituição da
posse, há quase que uma aquisição da posse por determinação legal. O legislador que
considera que a posse continua só que passa o herdeiro para a posição do de cujus isto se,
claro, A tinha posse quando faleceu.

Os proprietários são possuidores porque tem corpus e animus e tornaram-se possuidores uns
em 2005 e outros em 2007 e como tal a posse do A foi perdida quando a posse dos
proprietários fez 1 ano e 1 dia (art 1267-1-d).

Isto é, A é proprietário e possuidor e entrega a administração das frações. B em relaçao aos


apartamentos é detentor que exerce os poderes de facto como representante do possuidor A.
Quando B vende aos sujeitos que lá habitam eles são possuidores em termos do direito de
propriedade horizontal porque têm corpus e animus, exercem poderes de facto com a
intenção de se comportarem como possuidores do direito real. Onde é que os proprietários
forma buscar a posse?

Adquiriram derivadamente de B, sendo que este adquiriu por inversão do titulo da posse. A
posse do B é fugaz

C é o titular pelo art 1306

Como podem X, Y,Z e W ter adquirido?

Inversão do titulo da posse que permite reconhecer B como possuidor estando este apto a
transmitir a posse para eles

Tendo X, Y, W e Z adquirido derivadamente qual é a sua posse?

- não titulada, vou considerar a posse assim uma vez que é muito improvável que um notário
tivesse lavrado a escritura ou que o documento tenha sido autenticado porque B nunca
recebeu o direito de propriedade de A não tendo legitimidade para transmitir o direito.

(no exame podemos fazer como que um dialogo)

- presume-se de má fé por ser não titulada

- posse pacifica ou violenta? Pacifica porque não foi adquirida por coação

- Publica ou oculta? Podemos presumir como publica porque é o critério de cognoscibilidade


do art 1262 que é uma característica relativa, conhecida de B e atendendo a bens imoveis é
muito dificil que uma posse possa ser exercida de forma a não ser conhecida pelos
interessados.

a ação de reivindicação de C- não pode usar a presunção da posse porque A perdeu a posse e
como tal não a pode transmitir mortis causa porque não a tem.

O que queremos fazer é apagar propriedade que C invoca porque tem a posição mais forte é C
porque tem a titularidade. Os proprietários têm de dizer que adquiriram de forma originaria o
que apaga as anteriores.

A usucapião é a melhor solução.

A usucapião é um efeito da posse, esta posse tem de ser sempre publica e pacifica, tem de
haver tempo de posse e tem de ser imputada. Cada um dos réus vai dizer que a sua posse é
publica e pacifica.

Tempo de posse- 2005+ 20 então temos de diminuir o tempo e só o conseguimos fazer se a


posse for de boa fé e como tal temos de ilidir a presunção de má fé. Temos de provar que ao
adquira a posse desconhecíamos lesar o direito de outrem (art 1260). Ora se então
conseguirem afastar a presunção de má fé precisam de 15 anos, portanto o requisito temporal
também está cumprindo.

A usucapião retroai (art 1288 e 1317) à data de aquisição da posse sendo proprietários desde
2005 .
Em relação aos 2007 é o mesmo.

Caso prático

Em junho de 2010 A doou ao seu grande amigo B por escrito particular um prédio rustico onde
estavam plantados dezenas de sobreiros, dois anos depois B decidiu vender o prédio a C,
negocio que foi formalizado por documento escrito mantendo-se porém o primeiro como
arrendatário. D, filho de A, falecido em abril deste ano tomou conhecimento da situação e
decidiu intentar uma ação de restituição contra B. Terá sucesso na sua pretensão?

1278- ação de restituição

A é titular do direito

B é possuidor, tem corpus e tem animus e adquiriu derivadamente (invalidade do negocio não
é relevante para a posse), a sua posse é não titulada por causa do vicio formal (art 947/1),
sendo não titulada presume-se de má fé. É pacifica e publica

C é possuidor, tem corpus e animus, mas a sua posse está a ser exercida por B que neste
momento é o detentor ((art 1264º). A posse de C é não titulada logo presume-se má fé, é
pacifica e publica.

D é titular do direito desde a morte de A, a ação de restituição é uma ação de defesa da posse
quando há esbulho, i.e., há outro sujeito que tem a coisa em seu poder e está a comportar-se
como possuidor

Art 1278-

Art 1281- legitimidade

Esta ação de restituição não faz sentido porque A perdeu a posse por um ato de vontade, não
houve esbulho. Para haver esbulho é preciso que haja vontade do sujeito de espoliar a posse
de um outro sujeito e aqui não há nada disso e para além disso nem sequer há posse para
defender uma vez que A transmitiu a posse a B. Esta ação vai ser indeferida liminarmente.

D deveria ter intentado uma ação de reivindicação, não tinha posse para defender mas tinha
titularidade do direito

Imagine agora que D intenta contra C uma ação de reivindicação. O reu consulta-o para saber
como pode reagir preocupando-o o facto de já ter vendido a E a cortiça dos sobreiros sendo
que E a viria recolher em 2025, além de que tinha também levantado um muro de demarcação
do terreno . Que lhe responderia?

C é possuidor desde 2012 e estamos em 2023 não podendo invocar por usucapião. Há porem
aqui benfeitorias e frutos, pode ser condenado à restituição do bem mas poderá ser
indemnizado por benfeitorias e podem haver frutos . Pode haver uma forma de C adquirir a
usucapião, onde é que ele vai buscar tempo?
D é titular do direito de propriedade, recebe-o por sucessão (art 1316 e 1317) . D vai ter de
provar que é proprietário porque vai pedir reconhecimento da propriedade e conseguinte
restituição da coisa, para ser bem sucedido tem de provar a titularidade, pode provar que
adquiriu de A e se for assim vai ter de recorrer à prova diabólica. A deveria invocar a aquisição
originaria em favor de A e como único herdeiro com a morte deste passou a titular por mortis
causa.

A acessão industrial e imobiliária há transformação de coisa pré-existente ou pela natureza ou


pela a união de coisas que pertencem a um sujeito e coisas que não pertencem a ninguém ou
que pertencem a um outro sujeito sendo que a união é fruto da natureza ou do trabalho
humano. Ex: caso dos moveis- o sujeito que transforma as uvas de outro sujeito em vinho, de
quem é o vinho; imobiliária- sujeito que usa materiais próprios para construir em terreno
alheio, a quem pertence este novo bem? O legislador diz que será adquirida a unidade por
quem trabalhou se a nova unidade predial tiver maior valor do que a que anteriormente
existia. A propriedade adquire-se originariamente por usucapião e por acessão

D deve usar as presunções que invertem o ónus da prova: art 7º CRP e a posse. Para provar a
posse tem de provar o corpus e o animus, é facilitada porque se presume sobre o sujeito que
exerce poderes de facto sobre a coisa.

No caso D não pode usar a presunção oferecida pela posse. Imaginemos uma situação em que
A é possuidor quando ele morre a posse de A transmitir-se-ia para D portanto há uma forma
de transmissão e aquisição que é derivada por mortis causa e é muito importante porque
dispensa o corpus- art 1255, temos um sujeito que exerce a posse a pela morte ele é
automaticamente substituído pelos herdeiros, vamos ficcionar que o sucessor transmitiu a
posse, é uma traditio ficta, era exatamente a mesma posse. O Dr. OC diz que temos duas
grandes categorias: a tradição real e a tradição ficta, a tradição real há efetivamente uma
transmissão da posse, há um ato de empossamento do novo possuidor; na traditio ficta finge-
se a tradição, não há modificação da posse, mas apenas do sujeito. Porem, para que haja
aquisição derivada por tradição ficta é preciso que o de cujus seja possuidor e noa é, já perdeu
a posse quando a transmitiu e assim não pode usar a presunção oferecida pela posse.

O B é um detentor porque transmitiu a posse derivadamente a C por constituto possessório,


transmitiu a posse mas manteve o usufruto. C é possuidor porque adquiriu derivadamente de
B por constituto possessório por B, é não titulada por vicio formal e como tal presume-se de
má fé, é pacifica e publica. C tem legitimidade processual ativa tendo de responder à ação
intentada por D, não pode utilizar a usucapião por uma questão temporal uma vez que pela
má fé precisa de 20 anos, mesmo que elidisse a presunção precisaria de 15 anos para poder
invocar a usucapião.

Se não pode invocar a usucapião, D vai ganhar a ação

Sempre que haja conflito entre titularidade do direito e de outra a posse a titularidade vai
sempre levar a melhor. A aquisição ao apagar o que está para trás apagaria as titularidades
anteriores, como não a pode invocar tem de restituir a coisa a D legitimo proprietário.

C vai ter de devolver o bem a D, mas e o dono da cortiça? Temos de recorrer ao regime dos
frutos e este regime esta nos art 1270 e ss. Assim há outros efeitos da posse que não o efeito
aquisitivo e presuntivo. Em relaçao a este regime o art 1270 e 1271 o legislador distingue entre
boa e má fé e não nos podemos esquecer de uma presunção de má fé sobre C tendo este de a
ilidir para poder ser beneficiado pelo art 1270. In casu 1270/3 se conseguisse ilidir a presunção
de má fé.

E se A tivesse adquirido em 2008? Se ilidisse a presunção era de boa fé. O legislador permite
um instrumento facilitador da usucapião permitindo a acessão de posses, i.e., art 1256. O C
podia ter só 11 anos de posse mas B teve posse durante 4 anos e eu precisava desses 4 anos
para fazer 15, o legislador permite que se juntem estas posses (acessão da posse), é preciso
que:

- tenham sido adquiridas derivadamente e tanto B como c adquiriram derivadamente, o


legislador diz que a acessão funciona na posse com menor âmbito, temos de analisar dois
padrões diferentes: os termos no qual a posse se possui- termos de propriedade e de usufruto
podemos mas vigora a posse em termos de direto de usufruto.

-temos ainda de olhar para a s características da posse valendo também o menor âmbito,
podemos juntar boa e má fé, mas a má fé vai sobrepor-se e como tal precisarão de 20 anos,
temos duas má fés e podíamos tentar ilidir as duas para se precisar de 15 anos.

Dr. MP não concorda mas a Dra. sim: dizem que se corrompe o instituto da acessão porque se
está a prejudicar a usucapião e parte da doutrina sugere que se faça uma regra de três simples.
Imaginem: posse de 11 anos e uma posse de má fé de 4 anos. 4 anos de posse de má fé
corresponde a que percentagem de uma posse de boa fé?

20 anos de má fé correspondem a 15 de boa fé e portanto 4 de má fé correspondem a X de


boa fé

Esta posição não é a tradicional, mas considera-se materialmente mais justa e mais
respeitadora do instituto da acessão por se estar a facilitar tanto quanto possível o instituo da
usucapião.

Em 2010 A vendeu a B por escrito particular uma moradia. 10 anos depois B deu de
arrendamento o C. Poucos meses depois C é convencido por D de que é este o verdadeiro
proprietário do bem celebrando então com ele o contrato de compra e venda. Logo de
seguida, C vendeu a E. há cerca de dois meses A apercebeu-se da nulidade do negocio
celebrado com B e decidiu então doar por escritura publica a moradia a F. Este intentou uma
ação de reivindicação contra E que o consulta para saber se e como pode reagir, que lhe
responderia considerando que o seu constituinte (cliente) realizou benfeitorias várias no
imóvel?

O direito de propriedade está em F tendo este legitimidade para intentar a ação de


reivindicação e intenta contra quem é neste momento possuidor (tem corpus e animus) em
termos de direito de propriedade. E adquiriu derivadamente de C, D burlou o C, que estava a
exercer a posse em representação de B, C adquiriu a posse em termos de direito de
propriedade por inversão do titulo da posse por ato de terceiro, houve um terceiro que se
arrogou titular do direito e celebrou com o detentor um negocio, em aberto, apto à
transmissão do direito que foi o que mutou o direito.

(a não ser que A fosse o vendedor de A não tendo este registado)


Características da posse de C:

-não titulada: temos de fazer uma comparação: de um lado o modo de aquisição e de outro
lado os modos de direto no qual ele se possui. O modo de aquisição da posse foi a inversão, é
possível adquire o direto de propriedade por inversão de titulo (mutação psicológica, era
detentor e comportou-se como possuidor) de terceiro? Não

Na inversão do titulo da posse por ato de terceiro um sujeito arroga-se da titularidade do


direito real e celebra um negocio que em abstrato é apto à transmissão desse direito

-má fé, presume-se de má fé por ser não titulada

-pacifica

-publica de certeza em relação a C, em relaçao a b é possível teoricamente que seja oculta


mas é pouco improvável

E adquiriu derivadamente por tradição real

Na aquisição derivada não se trata de consensualidade, é sempre preciso um ato de


empossamento ou investidura

E não consegue adquira por usucapião nem por acessão uma vez que C adquiriu
originariamente. E vai devolver o bem a F e pode é pedir o valor das benfeitorias (1273 ss), é
outro efeito da posse. Como sabemos o tipo de benfeitorias? art 216

Compropriedade- muito exames e orais

Em exame em vez da propriedade sai muito usufruto, uso e habitação e servidões, servidões
não aparentes. Todos os direitos reais podem ser objeto de posse e nem todos por usucapião

Caso Prático

A e B são comproprietário de um apartamento localizado no centro de Coimbra. Dois andares


abaixo vive C que adotou há cerca de 3 meses um cão que passa o dia sozinho na varanda. C
não tem os cuidados necessários para assegurar a higiene do espaço de modo que e com
particular intensidade nas ultimas semanas A e B foram obrigados a dormir na sala já que o
cheiro nauseabundo os impede de usar o quarto do apartamento. Desesperados com esta
situação A e B consultam-no para saber se e como podem reagir, que lhes responderia?

Nos temos aqui uma situação de conflito de vizinhança no âmbito do regime da propriedade
horizontal.

Sujeição de um edifício a este regime: X decidiu contruir um edifício e dividiu em frações


portanto temos 6 apartamentos, cada uma das frações tem saída para a parte comum -
escadas-, temos um elevador e a saída do prédio…

Quantas coisas temos aqui?


Uma única coisa, uma vez que os direitos reais incidem sobre coisa certa determinada e
autónoma. O senhor X não pode vender uma fração a A ou teríamos dois direitos de
propriedade sobre a mesma coisa, para poder vender vai ter de transformar uma coisa em
tantas quantas as frações, construi 6 apartamentos e para poder vender cada um vai ter de
fazer de cada um uma coisa certa, determinada e autónoma submetendo-as ao regime da
propriedade horizontal, torna-se uma coisa normativa. O X tinha um direito de propriedade
sobre o imóvel e passou a ter 6 direitos de propriedade horizontal.

Ora, a partir desse momento é titular de 6 direitos de propriedade horizontal podendo fazer
deles o que quiser. Quando o 1417 se refere ao negocio jurídico fala de um negocio unilateral,
não é possível por bilateral nomeadamente por contrato isso não faz sentido. Nem sequer
basta que sejam respeitados os requisitos do 1415.

Na nossa situação temos um A e um B que são titulares do direito de propriedade horizontal


de uma fração e C que é titular de um direito de propriedade horizontal da fração abaixo e C
tem um cão não tendo os cuidados necessários.

Sabemos que nos termos do 1344 o direito de propriedade imobiliária incide sobre superfície
demarcada e também ao subsolo dessa superfície bem como espaço aéreo correspondente. O
legislador vai intervir no direito propriedade restringindo-o muitas vezes, isto acontece
particularmente nas restrições que tem interesse privado por fundamento tendo como fim
evitar os conflitos da vizinhança, é o que acontece no 1346- qual o interesse desta norma na
propriedade horizontal? Por remissão do 1422.

1346- o legislador diz que uma das restrições á propriedade é esta estando os outros vizinhos
obrigados a suportar estas emissões de prédios vizinhos. São emissões próprias, aplicam-se
apenas às de natureza incorpórea e corpórea mas de tamanho ínfimo como os vapores, fumo
e fuligens. Prédios vizinhos: não se aplica a relaçao de vizinhança entendida como
contiguidade estamos a falar em sentido mais amplo, o legislador diz que a partir daquele
ponto deixamos de ter restrição mas sim agressão ao direto de propriedade no fim do 1346, o
titular vai poder opor-se às omissões quando conformem um prejuízo substancial ou quando
sejam anormais .

Como é que sabemos se há uso anormal ou prejuízo? Avaliando o destino económico do


prédio. P ex prédio habitacional em que o proprietário decidiu montar uma industria de fritos
é uma utilização anormal do prédio; no prejuízo substancial vamos ter de avaliar a afetação do
uso, o uso/destino económico do imóvel ficou substancialmente afetado? Assim, não vamos
avaliar o prejuízo para o titular.

No caso ter um cão não é uma utilização anormal de uma fração, mas se não são cumpridos os
mínimos cuidados de higiene? Não é anormal, não é um canil. Mas vejamos da parte dos
titulares, o cheiro não permite a utilização do prédio na totalidade podendo utilizar o 1346
para reagir contra o uso de C da sua habitação.

Notem que é uma cadeira de direito das coisas, não significa que outras áreas não possam
intervir

A e B podem então reagir porque as emissões são ilícitas, como podem reagir?

Ações de defesa de propriedade-

-prevençao contra danos;


-ação confessória (permitir pedir ao tribunal declarar a existencia de um direito),

-ação negatória: reagir contra situações que não chegam à posse e detenção ilegítimas;

Pedidos feitos nesta ação:

-declare na esfera druídica do reu que declare que este não tem direito que lhe
permita a ingerência;
-seja reconstituída a situação material existente antes da ameaça.

-No justo receio futuro pode pedir que condene ao reu que se abstenha de
praticar novos atos de ingerência no direito real que se pretende proteger) e

- ação de reivindicação. (todos os direitos reais, com as adaptações necessárias)

Este caso serve também para introduzir a compropriedade, esta não é um direito real
autónomo. Art 1420. É uma situação em que vamos ter vários sujeitos que se camam de
proprietários mas que vão conjugar a sua posição jurídico-real numa mesma coisa. Uma
posição afastada por coimbra é a teoria da pluralidade de diretos de propriedade que entende
a compropriedade como vários direitos de propriedade sobre a mesma coisa. A escola de
coimbra divide-se entre a teoria da divisão ideal da coisa (nossa) e a teoria da comunhão (2º e
3º turma.

Na primeira a cada comproprietário é atribuído parte ideal da coisa.

Na teoria da comunhão a cada comproprietário é atribuida a parte ideal não especificada, tem
direito a quota parte do bem.

Art 1403 e 1404: o legislador parece inclinar-se para comunhão, mas o Dr. MP não concorda

Os direitos são qualitativamente iguais mas podem ser quantitativamente diferentes

Caso Prático

Tendo decidido casar em julho de 2023 A e B compraram uma casa em conjunto tendo a
escritura publica sendo lavrada em fevereiro deste ano. Porem B decidiu cancelar o casamento
e em abril aproveitando o facto de A estar ausente do pais vendeu a casa a C que neste
momento até já habita o imóvel. Poderá A intentar uma ação de preferência contra B e C?

Cada um dos consortes estão sujeitas a regras diferentes- 1408, esta epigrafe é enganadora, o
legislador acautela no 1409 que os comproprietário te direito de preferência nas ações
mencionadas. Ou seja, embora no 1408/1 atribua o poder de fazerem com a quota aquilo que
quiserem acautela-os nas situações do 1409.

O A vendeu a coisa e não a sua quota. Art 1408/1

O legislador diz que não é possível alienar sem o consentimento dos restantes e sem o
consentiemnto é venda de coisa alheia e então é nulo, para os restantes consortes é como se o
negocio não existisse, se toda via a coisa for alienada tendo ambas as partes consciência da
alheiedade o negocio não é nulo mas produz apenas efeitos obrigacionais.

O nosso cliente pode intentar a ação de preferência


Sai muito em exames

Art 1405/2

A, B e C adquiriram um automóvel para as suas deslocações quotidianas na cidade de coimbra.


Acordaram ainda na divisão da utilização do automóvel por turnos de 3 meses. Enquanto
decorria o seu turno A decidiu inscrever-se numa prova de perícia automóvel, B e C pretendem
impedi-lo de usar o carro nessas condições, poderão fazê-lo? Imagine agora que A para
assegurar que o automóvel passava na inspeção contratou um mecânico para a realização das
reparações necessárias. Estas feitas A envia mensagem a B e C requerendo que cada um
pagasse a sua parte, B e C recusam-se porém a fazê-lo alegando que não só nunca autorizaram
as reparações como nem sequer lhes foi pedido o consentiemnto ou comutada a decisão de A,
terão razão? A solução seria a mesma se A tivesse pintado o carro de azul e branco em
homenagem ao FCP

É preciso distinguir uso de administração da coisa comum, têm regras diferentes

Questão do uso:

o acordo de divisão do uso da coisa é valido.

Art 1406- o regime é supletivo, os consortes podem organizar e deliberar o que bem
entenderem. Mas isso não quer dizer que no turno de cada um possa fazer o que quiser, A não
quer privar o uso dos restantes, vai utilizar no seu turno, o problema está em saber se está a
usar a coisa para fim diferente a que se destina. Aqui o objetivo é chamar à atenção para a
doutrina e a jurisprudência tem entendido o fim, o fim a que se destina é o fim concreto
determinado pelos consortes que no caso é a deslocações quotidianas, mas dizem que tem de
se entender com alguma flexibilidade como p ex: imaginem que A, B e C compraram cavalos de
corrida que têm de ter características especificas e têm uma estética muito própria e imagine-
se que um dos coproprietários queria usar o cavalo para fins agrícolas, isso vai contra o fim;
imaginem que A, B e C cada um era proprietário de um prédio diferente e decidiram comprar
um prédio onde esta um lago para irrigar cada um dos seus prédios, A quer pescar no lago,
pode? Pode, embora o fim determinado seja o da irrigação A está afazer uma utilização que
embora não corresponda ao fim não o prejudica, questão outra seria explorar o lago com
motas de agua, aí as motas de agua poluem a agua não podendo ser usada para o fim sendo
essa utilização ilícita.

No caso A quer fazer perícias automóveis, não prejudica o fim a que a coisa se destina na
opinião da Dra.

17/05

Não tem a certeza da estrutura uma vez que o Dr. MP quer participar. 1 teórica e 2 casos; 3
casos.

CA e Leandro a corrigir.
A adquiriu um apartamento com o seu irmão B que vivia no estrangeiro. A tomou a decisão de
transformar o apartamento num loft mandando a baixo quase todas as paredes internas da
habitação. Quando B regressou a Portugal ficou horrorizado com o estado do imóvel onde
queria viver com a sua família. B quer então obrigar A a colocar o apartamento nas condições
originais, mas este recusa-se a fazê-lo alegando que o irmão lhe disse que seria ele quem
deveria tomar conta do apartamento adiantando ainda que lhe são devidos 70000 euros,
quantia correspondente a metade do preço das obras. Quid iuris?

Temos aqui um caso de compropriedade e conflui neste caso vários temas:

-relacionado com o uso

-relacionado com a administração

-relacionado com as despesas

Relacionados com o uso

Um dos projetos do irmão b era usar o apartamento para habitar, este projeto podia ser
concretizado? Teria de ter autorização de A, tinham de fazer acordo sobre o uso da coisa
comum, sem acordo o projeto de B não era concretizável por contrariar o art 1406, o projeto
de B só por si não tem possibilidade de concretização a não ser que entrassem em acordo dada
a natureza supletiva do 1406.

A compropriedade está no 1403 ,é usada pela teoria da comunhão, mas esta não é a posição
do Dr. MP que usa a teoria da ideal divisão da coisa

Relacionado com as despesas

Só podemos decidir depois de termos determinado se são licitas ou ilícitas, só convocamos o


regime se forem licitas. A diz que B diz “toma conta disto”.

Pode ser só um administrador? Art 1407 – remissão para o 985, não tem de ser todos os
comproprietários os administradores da coisa, mas esta conjugação vale para os atos de
administração ordinária. Os atos administrativos ordinários são os que têm a ver com o uso e
fruição normal do bem, tudo o que não seja uma utilização ou fruição do bem é administração
extraordinária. A transformou materialmente a coisa e não se justificou para assegurar a sua
conservação ou manutenção, isto é um ato de administração extraordinária.

O regime para os atos de administração extraordinária, o Dr. Henrique Mesquita diz que a
compropriedade é um instituto que visa assegurar que vários sujeitos aproveitam
simultaneamente a coisa, não serve para fazer grandes investimentos, então quando
ultrapassamos o uso e fruição normal entramos na admista ração extraordinária e temos de
convocar todos os comproprietários, o Dr. Henrique mesquita encontrou fundamento no art
1024º. Numa situação de compropriedade todos os sujeitos têm de intervir
independentemente do prazo do contrato, independentemente de ser um ato de
administração extraordinária ou ordinária então se para um ato de administração ordinária é
preciso autorização de todos os consortes também assim será para os atos extraordinários de
administração. Assim sendo A mesmo que fosse o único administrador do bem era-o apenas
para efeitos de administração ordinário não podendo sem o consentiemnto de B tomar a
decisão para um ato de administração extraordinária ou tinha de pedir autorização antes do
ato ou procurá-lo depois da prática do ato para que este fosse válido, o ato é então inválido.
Assim sendo A tem de repor a situação material.

A questão dos 70000 então não se coloca uma vez que o ato do qual resultaram as despesas
foi ilícito. Se por acaso tivesse substituído todo o sistema elétrico por risco de fogo aqui era um
ato de conservação do bem então A tinha toda a legitimidade sendo administrador eleito para
tomar a decisão de praticar o ato e assegurar a sua concretização. Se as despesas forem licitas
aplicamos o art 1411. Se B não quisesse participar nas despesas licitas nesse caso tinha de se
eximir da sua quota através de renuncia, esta renuncia era feita em beneficio de A que se
tornava consequentemente proprietário singular do apartamento.

Diz que a propriedade horizontal em principio não sai

Vai tentar que o que não demos aqui não saia em caso prático, pode sair em teórica mas
duvida que o Dr. coloque. Insistir mais do que demos nas práticas

A, proprietário de um prédio rusticou decidiu nele elevar um edifício de 5 andares com um


apartamento por piso. Terminadas as obras e para auxiliar B, A constituiu um direito de
usufruto sobre o primeiro andar por documento particular. Quando se dirigiram ao notário
para que este autenticasse o documento este recusou com fundamento na impossibilidade de
o primeiro andar constituir objeto de um direito real. Terá razão? Em caso afirmativo que
conselho daria a A?

Caso para falar da coisificação e especificação

Neste momento o prédio é uma só coisa, existe apenas uma cosia certa determinada e
autónoma nos termos do art 204. O legislador em algumas circunstancias admite exceções
mas esta noa é uma delas. O que A está a tentar fazer é constituir direito real sobre uma parte
d prédio e não pode, o notário pode recusar. Art 1415

O conselho a dar é sujeitar o edifício ao regime da propriedade horizontal porque este regime
vai permitir transformar cada andar numa coisa certa, determinada e autónoma e assim ser
objeto de direito de propriedade horizontal e de sobre ela incidir um direito real de usufruto.

Falar nos princípios da coisificação e especificação que são internos pela teoria eclética

Falar da forma

Servidões aparecem muitas vezes, estamos a usar as servidões para usar o regime geral dos
direitos reais. Identificar se há ou não, art 1543 e verificar se os elementos do tipo estão no
caso

Caso das piscinas


A, proprietário e moradia com piscina e vendeu a B. entretanto aparece C que quer usar a
piscina e B recusa ao que C diz que A sempre permitiu. Quid iuris

Saber se C tinha ou não direito, se tinha se era oponível a B.

C apenas aproveitava a tolerância de A, mas isto não significa que se lhe quer atribuir um
direito não podendo ir para a posse.

Servidão pessoal? Encargo imposto a um prédio em beneficio de um sujeito- a Dra. não


concorda: uma servidão pessoa concede um direito de credito ao seu titular, reconhecendo a C
um direito este podia exigir do A o acesso à piscina o que não parece resultar da situação

Não existia servidão, não havia direito.

Imagine que C produz documento particular através do qual A declara constituir em beneficio
do proprietário vizinho um direito de utilização do dono do prédio vizinho.

Aqui temos a noção de que A tinha querido constituir um direito a favor de C, será oponível a
B? aqui é que temos de falar das servidões

Art 1544º

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