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SUMÁRIO

CONTRATOS .......................................................................................................................... 3

Formação dos Contratos, requisitos, manifestação de vontade e extinção. 3

1. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS e REQUISITOS .................................................... 3

1.1 Ainda, prevê o art. 166 do Código Civil: ................................................................. 7

1.2 Outro ponto a se observar... ...................................................................................... 10

1.3 Você deve ler: ................................................................................................................... 12

2. MANIFESTAÇÃO DE VONTADE LIVRE DE VICIOS ............................................ 12

3. A FORMAÇÃO DO CONTRATO ................................................................................ 12

3.1 Do lugar do contrato .................................................................................................... 15

4. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ................................................................................... 15

4.1 Quais as formas de extinção? ................................................................................... 16

5. ORIENTAÇÕES FINAIS: ..................................................................................................... 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 18


Olá,

Primeiro gostaria de te parabenizar por ter escolhido estudar


essa disciplina tão fascinante que é o direito imobiliário.

Na graduação nós vemos bem superficialmente o direito das


coisas (Livro III do Código Civil )e ninguém nos ensina nada de
atuação junto aos cartórios de registros de imóveis, ninguém explica
como devemos atuar se precisarmos de uma autorização junto ao
município para fechamento de um loteamento por exemplo, nós não
ouvimos uma frase sequer sobre financiamento de imóveis, então, o
jeito é “estudar por fora” por meio de cursos livres, pois saber de direito imobiliário é um
diferencial muito relevante.

O segundo recadinho que gostaria de deixar é  não se assuste com o volume de coisas
a serem aprendidas, o novo as vezes assusta, mas valerá a pena.

Sempre que possivel faremos analogias para facilitar a compreensão e também


utilizaremos casos práticos reais para que o aprendizado não fique tão abstrato.

Por esses motivos, eu, Professora Eloisa Moreira, preparei esse material com o objetivo
de direcioná-lo/la nessa jornada de aprendizado e espero que lhe seja útil e agradável.

Invista sempre em você!


CONTRATOS

Formação dos Contratos, requisitos, manifestação de vontade e


extinção.

Nesta aula falaremos dos aspectos gerais dos contratos, como foi
possível observar até o momento, é importante partirmos do macro para o micro,
ou seja, primeiro aprenderemos como é a receita base dos contratos em geral para
depois você personalizar e transformá-lo em um contrato imobiliário, empresarial,
trabalhista, de prestação de serviços, etc.

1. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS e REQUISITOS

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - Agente capaz; quem?

II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; o quê?

III - Forma prescrita ou não defesa em lei. Como?

Segundo Arnaldo Rizzardo o negócio jurídico é ato jurídico dirigido a um fim


determinado, previamente, pela vontade das partes contratantes. Evidentemente, o
contrato é enquadrado na categoria de negócios jurídicos.

Diante disso já temos as primeiras lições, quais sejam: para a validade de um


contrato é preciso seguir os preceitos do art. 104 do Código Civil.
Agente capaz (QUEM): Aqui vamos lembrar dos casos de incapacidade
absoluta e relativa e também que nestes casos o incapaz deverá ser assistido ou
representado e aquele que zela pelo interesse do incapaz não pode extrapolar seus
poderes e, principalmente, não pode agir de forma a prejudicar o incapaz.

Neste ponto, reforço sempre a necessidade de aferir a capacidade civil das


partes contratantes afinal, de nada adianta redigir um contrato maravilhoso, se as
partes não estão aptas a assiná-lo de modo que ele seja válido.

Vamos ver o que prevê o art. 105 do Código Civil:

Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela
outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se,
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

“A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra
em benefício próprio” - Então imagine que João Eduardo de 16 anos e não
emancipado assinou contrato de compra e venda de um andaime de obra com
Ulisses de 19 anos.

João Eduardo não assinou o contrato acompanhado de sua mãe. Após 2


semanas Ulisses descobre a incapacidade relativa de João e, visando anular o
negócio, alega a incapacidade de João como justificativa. Ulisses não obterá êxito
nessa alegação conforme disposto na primeira parte do art. 105.

“...nem aproveita aos cointeressados capazes...” – João Eduardo e Ulisses de


16 e 19 anos respectivamente vendem a colheita de safra futura de uvas a José.
João visando anular o negócio alega sua incapacidade já que estava desassistido
de seu representante legal. O juiz anula. Isso não abarcará também Ulisses que tem
19 anos e, portanto, é totalmente capaz.
“...salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação
comum.” – Mas, se o objeto do negócio jurídico ou a obrigação comum, aí sim será
o negócio anulado para todo mundo. Ex.: João Eduardo e Ulisses de 16 e 19 anos
respectivamente vendem uma colheitadeira de soja a José. João visando anular o
negócio alega sua incapacidade já que estava desassistido de seu representante
legal. O juiz anula, neste caso, pela colheitadeira ser um objeto INDIVISIVEL a
obrigação também estará anulada para Ulisses.

Objeto lícito, possível, determinado ou determinável (O QUÊ):

Objeto lícito: está de acordo com a lei. Ex.: compra e venda, locação, prestação
de serviços jurídicos e etc.

Objeto ilícito: não se coaduna com o ordenamento jurídico e nem com os


princípios gerais de direito. Ex.: contrato de compra de plantação de maconha,
contrato de prestação de serviços de plágio de obras, de matador de aluguel e etc.

Objeto possível: ou seja, é possível de ser realizado, é exequível. Ex.: contrato


de prestação de serviços de lavagem e pintura de fachada de prédio.

Ex. 02: compra e venda de imóvel na planta para entrega em 36 meses. Após
os 36 meses o imóvel é entregue.

Objeto impossível: contrato de prestação de serviços de lavagem e pintura de


fachada, mas antes da pintura o pintor morre, ou, o prédio desaba. O objeto do
contrato que era a pintura da fachada se tornou impossível.

Ex. 02: compra e venda de imóvel na planta para entrega em 36 meses. Ocorre
que a empresa que havia programado um prédio de 20 andares, não consegue
aprovar do 15º andar para cima e a unidade vendida era a 181 do 18º andar, ou
seja, o objeto – a entrega do imóvel – se tornou impossível.

Objeto determinado: o objeto é certo, ele é bem descrito pela sua quantidade,
gênero e qualidade.

Ex.: um apartamento, de 100 metros quadrados, localizado no 4º andar, do


edifício Paulista, com duas vagas de garagem, localizado na Avenida Paulista, n.
1.000.

Objeto determinável: neste caso o objeto é incerto porque sabemos a


quantidade e o gênero, mas não sabemos a qualidade.

Ex.: um apartamento, entre 70 e 90 metros, podendo ser entre o 2º e 4º


andares, no bairro do Paraiso/SP, com direito de uso de garagem.

Ex. 02: Um apartamento em São Paulo.

Se o objeto for determinável, o contrato não é inválido.

Forma prescrita ou não defesa em lei (COMO): Como o negócio jurídico


será realizado?

Forma prescrita em lei: é aquela que a lei nos traz, também denominada de
forma especial. Quando este for o caso, para a validade do negócio ele deverá
seguir os preceitos da lei.

Ex.: Para que o casamento tenha validade, precisa ser feito perante o registro
civil de pessoas naturais.
Ex.: Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Forma não defesa em lei: a forma não é proibida pela lei. Assim, se o ato for
feito de forma a contrariar proibição legal, ele não terá validade.

Todo negócio jurídico imobiliário tem forma prescrita? – Não. E, neste caso,
não sendo também vedada, a forma será livre. Isso porque a regra geral de direito
civil é de que tudo aquilo que não for vedado, será permitido.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,


senão quando a lei expressamente a exigir.

Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem
instrumento público, este é da substância do ato.

1.1 Ainda, prevê o art. 166 do Código Civil:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - Celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - Não revestir a forma prescrita em lei;
V - For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
Ex.: É lavrada uma escritura de compra e venda de um imóvel de um menor de
idade ainda que representado por seus pais, no entanto, sem a autorização do
juiz.
RECURSO ESPECIAL Nº 1876416 - SP (2020/0022240-5) RELATOR : MINISTRO
MARCO AURÉLIO BELLIZZE RECORRENTE : SANDOVALDO SOARES CARDOSO
ADVOGADOS : ALEXANDRE REIS DE ALBUQUERQUE - SP144152 ROBERTO
GABRIEL ÁVILA - SP263697 AGRAVADO : JOSÉ ILTON BATISTA DE AGUILAR
RECORRIDO : ROZILDA ANSELMO DE OLIVEIRA ADVOGADO : GENI GUBEISSI REIS
- SP107994 RECORRIDO : ADEMIR BATISTA DE OLIVEIRA RECORRIDO :
ALESSANDRO BATISTA DE OLIVEIRA RECORRIDO : ANDERSON BATISTA DE
OLIVEIRA RECORRIDO : ELIANA BATISTA DE OLIVEIRA ADVOGADO : SIDNEI
MACHUCA - SP295964 RECORRIDO : MARIA ERENICE BATISTA DE OLIVEIRA
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M EMENTA
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA DECORRENTE DE
CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ALIENAÇÃO DE NUA-
PROPRIEDADE DE TITULARIDADE DE MENORES DE IDADE SEM PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. ATO JURÍDICO QUE FOI CONSIDERADO NULO.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RECORRIDO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 283/STF. DISPOSITIVOS INDICADOS VIOLADOS QUE, A
DESPEITO DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, NÃO FORAM OBJETO
DE DELIBERAÇÃO NO TRIBUNAL DE ORIGEM. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 211/STJ. RECURSO NÃO CONHECIDO. DECISÃO Trata-se de recurso
especial interposto por Sandovaldo Soares Cardoso, com fundamento no art. 105,
III, a, da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo assim ementado (e-STJ, fl. 235): AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO
COMPULSÓRIA. Contrato de compra e venda de imóvel. Alienação de nua-
propriedade, de titularidade de menores de idade, sem prévia autorização
judicial. Forma prescrita em lei. Ato jurídico nulo, nos termos do art. 1.691,
do CC. Improcedência do pedido de adjudicação compulsória. Recurso
provido. Opostos embargos de declaração, foram rejeitados. Em suas razões de
recurso especial, o recorrente alega violação dos arts. 182, 184, 422 e 482 do
CC/2002. Sustenta, em síntese, a validade da venda do imóvel no tocante à parte
que envolveu a viúva e os herdeiros maiores (corresponde a 75% do referido
bem), devendo os herdeiros que na época eram menores (Anderson e Eliana)
permanecerem como "sócios no imóvel juntamente com o recorrente, cada um
com sua quota parte na propriedade do bem" (e-STJ, fl. 256). Caso o negócio
seja integralmente anulado, argumenta que os vendedores deverão indenizá-lo
pelo "valor gasto na ampliação do imóvel, porém, como foi cerceado o direito
de defesa para ambas as partes na fase de instrução, restará prejudicado calcular
o valor exato que os vendedores deverão indenizar o comprador" (e-STJ, fl. 256).
Contra-arrazoado, o recurso teve o seguimento negado, ensejando a interposição
do AREsp n. 1.656.501/SP, o qual, após o oferecimento de contraminuta, foi
provido determinando-se sua conversão em recurso especial. Brevemente
relatado, decido. De plano, vale pontuar que o recurso em análise foi interposto
na vigência do NCPC, razão pela qual devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade recursal na forma nele prevista, nos termos do Enunciado
Administrativo n. 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: "Aos
recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões
publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de
admissibilidade recursal na forma do novo CPC". No caso, o Tribunal de origem
reformou a sentença que, reconhecendo ter havido a quitação do preço objeto
da compra e venda firmada entre as partes, julgou procedente a ação de
adjudicação compulsória movida pelo ora recorrente, a fim de permitir a lavratura
da escritura do imóvel. Conforme assinalou o acórdão recorrido, "à época da
alienação do imóvel, os réus Anderson Batista de Oliveira e Eliana Batista de
Oliveira eram menores de idade, contavam com 8 e 14 anos (...) respectivamente,
razão pela qual era imprescindível a obtenção de alvará judicial para
concretização do negócio, circunstância que evidencia o vício no ato de
transmissão do imóvel porque ausente a autorização judicial para sua venda" (e-
STJ, fl. 237). Ressaltou o Órgão julgador que "a genitora dos menores e
representante legal dos vendedores estava impedida de promover a venda do
imóvel, em atenção à regra do art. 1.691 do Código Civil: "Não podem os pais
alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo
por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização
do juiz" (e-STJ, fl. 237). Assim, concluiu o Colegiado a quo, "o contrato de compra
e venda da nua propriedade dos menores é nulo, insuscetível de convalidação"
(e-STJ, fl. 238). Ocorre que esse fundamento, suficiente, por si só, para manter a
conclusão do julgado, não foi objeto de impugnação específica nas razões do
recurso especial, incidindo, à hipótese, o óbice da Súmula 283 do Supremo
0
Tribunal Federal, por aplicação analógica. Ademais, a despeito da oposição de
embargos de declaração, a controvérsia não foi dirimida na Corte local sob o
enfoque dos dispositivos legais indicados violados, ressentindo-se o recurso
especial, no ponto, do indispensável prequestionamento (Súmula 211/STJ). Diante
do exposto, não conheço do recurso especial. Nos termos do art. 85, § 11, do
CPC/2015, majoro os honorários em favor dos advogados dos recorridos em 2%
sobre o valor atualizado da causa, observada a gratuidade de justiça. Publique-
se. Brasília, 03 de agosto de 2020. MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator
(STJ - REsp: 1876416 SP 2020/0022240-5, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Data de Publicação: DJ 05/08/2020)

VI - Tiver por objetivo fraudar lei imperativa;


VII - A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção.

1.2 Outro ponto a se observar...

Inexistência de simulação – art. 167 do Código Civil

Clóvis Beviláqua, referido por Washington de Barros Monteiro, usa de uma


proposição simples para conceituar a simulação, que, aliás, vem desde Teixeira de
Freitas: “A declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do
ostensivamente indicado”.

Acontece, no negócio jurídico, divergência intencional entre o declarado e o


pretendido. No dizer de Pontes de Miranda, “entre os figurantes, o ato aparente,
sem ofensas, não existe. Aparece, porém não entrou no mundo jurídico... Trata-se
de ato jurídico aparente”

As partes contratantes, com o intuito de se beneficiar ou prejudicar terceiros


1
a relação contratual, simulam um negócio, mas a finalidade real do negócio não é
aquele expresso e sim outro.

Ex.: compra e venda de imóvel de pai para filho, mas que na verdade não há
efetivo pagamento pelo filho, sendo certo que é uma compra e venda simulada
para acobertar uma doação em prejuízo aos demais herdeiros.

Não se trata de vicio de vontade que falaremos adiante porque ambas as


partes contratantes querem realizar aquele negócio, elas não fazem o negócio por
erro de interpretação ou qualquer outra modalidade de vicio de vontade.

Trago aqui alguns exemplos de negócio simulado:

 a redução do preço no contrato de compra e venda de um imóvel, com


vistas à diminuição do quantum do imposto de transmissão;
 as compras e vendas ou doações por interposta pessoa, como no caso de
venda a descendente;
 a venda simulada de um imóvel com o objetivo de justificar uma ação de
despejo;
 a venda fictícia de bens para fugir de expropriações em execuções de
dívidas;
 a colocação de um preço superior na venda de um imóvel alugado para
impedir que o locatário exerça o direito de preferência;
1.3 Você deve ler:
Código Civil - CAPÍTULO IV - Dos Defeitos do Negócio Jurídico, CAPÍTULO V
Da Invalidade do Negócio Jurídico, TÍTULO III - Dos Atos Ilícitos
2
2. MANIFESTAÇÃO DE VONTADE LIVRE DE VICIOS
A validade do negócio jurídico se sujeita ainda a manifestação da vontade que
deve ser livre de vícios de consentimento, como o erro ou ignorância, o dolo, a
simulação e a fraude.

No momento embrionário da formação do contrato, nasce do interior do


sujeito a vontade de contratar. Ocorre que é neste estágio que a vontade se revela
apta ou não para ensejar uma negociação válida. O germe de uma possível
anulação, por vício de consentimento, está nesta fase, o que revela a sua
incontestável importância.

Neste sentido devemos então estar atentos as hipóteses de anulabilidade de


contrato por vicio de consentimento.

O código civil trata deste tema nos arts. 138 a 165 - CAPÍTULO IV
Dos Defeitos do Negócio Jurídico.

E o art. 171, II diz que é anulável o negócio jurídico por vício resultante de
erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores, que são
justamente os temas abordados nos artigos anteriormente citados.

3. A FORMAÇÃO DO CONTRATO
Primeiro há uma fase de negociação onde as partes começam a negociar com
vistas a chegar em alguma proposta de interesse comum, é a fase do “namoro”.
Nesta fase ainda não há proposta formalmente dita.
Ex.: João Eduardo passa na frente de um lote de terras de titularidade de
Ulisses. Eles se encontram na rua e João Eduardo pergunta se o imóvel está à
venda, qual o valor, qual a metragem, se Ulisses aceitaria um carro como parte de
pagamento etc. É uma fase anterior a efetiva formação do contrato porque ainda 3

só há uma “sondagem” para “ver no que vai dar”.

Resumindo: são as negociações preliminares. É neste momento prévio que as


partes discutem, avaliam, pensam, fazem cálculos, estudos, tentam harmonizar os
interesses contrários das partes, para que possam chegar a uma proposta final e
definitiva.

Na segunda fase que é mais decisória, há duas declarações de vontades


vinculativas, ou seja, uma das partes fará uma proposta e a outra aceitará.

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar


dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.

Traduzindo: A partir do momento em que a proposta é verbalizada ou


encaminhada a parte contrária, o proponente ficará vinculado a proposta feita.

Para obrigar, dois requisitos devem estar presentes:

a) Que seja a proposta completa, isto é, contendo os pontos essenciais à


conclusão do negócio, de modo que não se apresente como simples convite para
examinar e adquirir um bem.
Os dados suficientes para a exata apreciação do negócio são a intenção do
proponente, objeto, preço, ou valor etc., faltando só a aceitação para nascer o
contrato.

b) Que seja a proposta séria, isto é, com a intenção de se obrigar, em caso de


aceitação.
Quando a proposta não terá força obrigatória?

É possível a isenção de obrigatoriedade, quando se inserem ressalvas na


proposta como as seguintes: “Sem compromisso”; “salvo confirmação”, e outras
4
semelhantes.

E nas hipóteses do art.428 do Código Civil.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:


I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-
se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de
comunicação semelhante;

Resumindo: se as partes estão presencialmente conversando, ou por telefone,


ou por vídeo ou áudio do WhatsApp, Telegram, enfim, qualquer forma de
comunicação instantânea, e o proponente não estabelecer prazo de resposta a
parte contrária, significa que a resposta deverá ser dada imediatamente. Não
havendo manifestação ou dizendo não o aceitante, a proposta “perde o efeito”.

II - Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente;

Se a proposta é feita de forma não instantânea, ou seja, por meio de e-mail,


carta, etc., a proposta perde o efeito se passar tempo suficiente sem que o aceitante
manifeste sua decisão.

III - Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do
prazo dado;
Se feita de forma não instantânea, ou seja, as pessoas não estão se
comunicando no momento da proposta E o proponente estabelecer prazo de
resposta, se o aceitante não manifestar sua vontade dentro do prazo dado pelo
proponente a proposta perde efeito. 5

Ex.: proposta de prestação de serviço onde se coloca “proposta válida por 10


dias”, ou seja, se a pessoa aceitar no 11º dia o proponente não estará vinculado
podendo alterar as condições da proposta.

IV - Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte


a retratação do proponente.

Ou seja, se antes ou junto da proposta chegar a outra intenção de desistência


do proponente considera-se desfeita a proposta.

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar
ao proponente a retratação do aceitante.

Aqui é a mesma explicação acima, só que com relação ao aceite da proposta.

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,


importará nova proposta.

Ou seja, quando a outra parte modifica a proposta que recebeu com uma
contraproposta, a primeira deixa de ser vinculante passando a ser a segunda.

3.1 Do lugar do contrato


Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

4. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS


Forma do distrato
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

Vejamos que o código entende que distrato é forma genérica de referir-se a 6

desfazimento contratual.
Se o contrato foi verbal o distrato será verbal, se o contrato foi escrito, o
distrato será escrito.

Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende
de interpelação judicial.
O que é clausula resolutiva? Resumidamente é a clausula que, diante do
inadimplemento do devedor, permite ao credor resolver o contrato. É um direito
potestativo do credor.

4.1 Quais as formas de extinção?


1. Pelo adimplemento das obrigações;
2. Pelo arrependimento quando permitido pelo contrato ou pela lei;
3. Por rescisão, assim denominada quando o contrato tem formação nula,
iníqua ou anulável. Desconstitui-se o negócio porque inexistiu um de seus
elementos básicos, ou porque um vício contamina sua origem.
4. Por resolução, quando há inadimplemento. Pode ser voluntária, decorrente
da deliberada vontade de não cumprir; resolução involuntária, a qual está baseada
na impossibilidade absoluta, sem culpa do devedor, como na abrupta mudança das
circunstâncias objetivas existentes quando da efetivação do contrato, ou quebra da
base objetiva do negócio, na ocorrência da onerosidade excessiva, na verificação
do caso fortuito ou de força maior.
5. Por resilição, que se apresenta no desfazimento da relação contratual por
ajuste das partes, isto é, pela comum vontade dos contratantes, e por declaração
unilateral de um dos sujeitos da relação. Na primeira espécie, a modalidade mais
pura é o distrato, quando há um negócio jurídico que rompe o vínculo contratual, 7

ou um contrato que rompe outro contrato.

5. ORIENTAÇÕES FINAIS:
Não há como se falar em direito imobiliário sem compreender exatamente
como funciona o direito contratual e das obrigações, portanto, se você quiser
trabalhar com tranquilidade no direito imobiliário, aconselho aprofundamento no
estudo do direito contratual antes de estudar os contratos imobiliários em espécie.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 8

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.

GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2007

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo Filho. Novo Curso de Direito Civil:

Contratos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

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