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8.

Entre as preferências e privilégios dos credores, o privilégio geral só


compreende os bens sujeitos ao pagamento do crédito que ele
favorece; e o especial, todos os bens não sujeitos ao crédito real nem a
privilégio geral? Justifique.

Conforme o art 963 do Código Civil, “O privilégio especial só compreende os bens


sujeitos, por expressa disposição de lei, ao pagamento do crédito que ele favorece,
e, o geral, todos os bens não sujeitos a crédito real, nem a privilégio especial”.
Nesta linha, explico: o privilégio especial refere-se aos bens que são usados como
garantia de pagamento de um determinado crédito. Isso significa que certos bens
são atribuídos a um status especial, sendo reservados para o pagamento prioritário
de determinadas dívidas, conforme definição presente no art. 964 do Código Civil.
Já os privilégios gerais englobam todos os bens que não estão sujeitos a nenhum
tipo de privilégio especial ou garantia real,são os bens que ficam disponíveis para o
pagamento de qualquer tipo de crédito (art.965 do CC). Em resumo, enquanto o
privilégio especial recai sobre um determinado bem, o geral atinge todo o
patrimônio do devedor, mas ambos não prescindem de expressa disposição da lei,
não admitindo a criação de privilégios creditórios por convenção das partes.
Ademais, os dois (especial e geral) não atribuem ao credor o direito de sequela,
mas apenas o de preferência, que só poderá ser exercida enquanto os bens
permanecem no patrimônio do devedor e só serão atingidos pelo privilégio os bens
não sujeitos a crédito real.

9. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;


da mesma maneira, a interrupção da prescrição produzida contra o
principal devedor não prejudica o fiador? Justifique.

Não. O Código Civil, em seu art. 204, caput, prevê, como regra, o caráter pessoal do
ato interruptivo da prescrição, haja vista que somente aproveitará a quem o
promover ou prejudicará aquele contra quem for dirigido. Em geral o artigo dispõe
sobre o alcance da interrupção da prescrição, segundo a natureza da relação que
une os credores ou os devedores, sob o aspecto da solidariedade ativa ou
solidariedade passiva.
No que se refere ao principal devedor, o fiador e a prescrição, o § 3º , do art. 204
CC, dispõe, expressamente, que a interrupção produzida contra o principal devedor
prejudica o fiador. O fiador é arrastado para a mesma arena adversa onde se
encontra o devedor principal da obrigação, atingido pela causa de interrupção da
prescrição, mesmo que o beneficiário ou interessado pelo cessamento da
interrupção deixe de provocá-lo. Portanto, devedor e fiador são, simultaneamente,
atingidos pelos efeitos da interrupção da prescrição.

10. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer


do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, sendo-
lhe permitido supri-las de ofício ou a requerimento das partes?
Justifique.
Conforme dispõe o § único do art. 168 do CC “As nulidades devem ser
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e
as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes”.
A nulidade absoluta é questão de ordem pública, os negócios jurídicos
absolutamente nulos não afrontam apenas os interesses das partes contratantes,
toda a ordem jurídica e social seria atingida se houvesse qualquer tipo de
conivência ou cumplicidade do poder judiciário com sua realização. Por essa razão
as nulidades absolutas podem ser alegadas por qualquer interessado ou pelo
próprio Ministério Público quando lhe couber intervir. Podem ainda as nulidades
absolutas serem declaradas pelo juiz independentemente de qualquer provocação
(ex officio) das partes, interessados do Ministério Público, desde que, contudo, seja
provocado a conhecer do negócio jurídico ou de seus efeitos e a nulidade se
encontrar provada. Além disso, com a declaração de nulidade dos negócios
jurídicos nulos, pouco importa a vontade das partes de eventualmente preservar sua
validade, sendo vedado ao juiz suprir a nulidade mesmo que haja requerimento das
partes.

11 Segundo o Código Civil, a invalidade do instrumento induz a do


negócio jurídico mesmo que este possa ser provado por outro meio?
Justifique.

Não. O Art. 183 do CC dispõe “A invalidade do instrumento não induz a do negócio


jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio”. Explico: o negócio jurídico
não pode ser confundido com o instrumento negocial, enquanto o negócio jurídico é
a declaração de vontade que produz os efeitos desejados pelo agente, o
instrumento negocial consiste em uma das formas de manifestação exterior das
declarações de vontade. Na nulidade, a inoperância do instrumento não implicará a
do ato; se este se puder provar por outros modos, o negócio continuará eficaz. Se,
porém, o instrumento for essencial à constituição e à prova do ato negocial, com a
sua nulidade ter-se-á a do negócio. Por exemplo, se inválido for o instrumento que
constituir uma hipoteca, inválida será esta, uma vez que não poderá substituir sem o
referido instrumento, nem por outra maneira ser provada.

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