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MANDATO

O mandato está disposto entre os artigos 653 e 692 do Código Civile


sua existência dar-se em função da complexidade da vida em sociedade e a
necessidade “multidinâmica” para gerenciar interesses que, por vezes, ê
impossível de ser exercida por uma só pessoa.

Segundo preleciona Gonçalves (2012, p. 406), o termo “mandato” pode


assumir diversos significados, pois, “designa ora o poder conferido pelo
mandante, ora o contrato celebrado, ora o título deste contrato, de que é
sinônimo a procuração”.

O contrato de mandato é nominado e encontra-se descrito no


art. 653 do Código Civil, do qual é possível extrair seu conceito e determinar a
natureza do objeto da prestação. Aduz Fábio Ulhoa Coelho (2012, p. 646)
que: Mandato é o contrato em que uma das partes se obriga a praticar atos e
interesses da outra. É contrato de serviço porque o mandatário contrai, por
ele, obrigação de fazer, de que é credor o mandante. Ao obrigar-se, em suma,
a praticar atos ou administrar interesses, o mandatário vincula-se ao
cumprimento de um fazer. Os elementos subjetivos que compõe as partes
são o mandante, que é quem confere os poderes e, assim sendo, é o
representado e o mandatário, que é o representante. É importante frisar que o
mandato não é a mesma coisa mandado, pois, enquanto aquele é um
contrato, este é uma ordem judicial.

Caracteres jurídicos: contrato preparatório, consensual, bilateral,


gratuito ou oneroso, personalíssimo, não solene e típico. É um Contrato
Preparatório já que encerra uma obrigação de meio quando habilita o
mandatário a executar, a partir desse ponto, atos objetivados e especificados
pelo mandante. Ou seja, é o meio pelo qual o mandante realizará sua
vontade.
Consensual por se aperfeiçoar a partir do concurso de vontade das
partes. É necessária a aceitação do mandatário, seja ela expressa ou tácita,
para que o mandato seja válido. (Art. 659 CC)

Bilateral por gerar obrigações para ambas as partes. O mandatário


deve representar o mandante e executar o que for determinado no mandato.
Já o mandante deve adimplir todas as obrigações advindas da execução do
mandato.
O Mandato pode ser Gratuito ou Oneroso. A Regra trazida pelo
ordenamento é a presunção da gratuidade do mandato, conforme disciplina
o Código Civil no Art. 658 do CC. E entretanto, o mesmo dispositivo também
faz a previsão da onerosidade. A onerosidade para o mandato pode se dá por
haver as partes estipulado uma retribuição ou se o objeto do mandato
corresponder aos daqueles que o mandatário trata por oficio ou profissão
lucrativa. A medida da retribuição será fixada pelas seguintes formas: pelo
ajuste das partes; ou, na falta de menção expressa, pelas tarifas profissionais,
ou pelos usos ou costumes, ou por arbitramento.
. Personalíssimo porque o mandante baseia-se tanto na confiança
como nas características pessoais para a definição do mandatário, sejam
essas características de idoneidade técnica ou moral. Portanto, por ser um
contrato INTUITO PERSONAEo mandato não poderá ser transmitido a
outrem, exceto no caso de substabelecimento que será explicitado a seguir.
Não solene pelo fato do Mandato não exigir uma forma especial, ou
seja, em regra, esse contrato possui liberdade de forma, exceção feita
quando houver previsão expressa em lei. (Art. 654 e 657 CC).
Típico por ser uma espécie contratual prevista e positivada no
ordenamento brasileiro, especificamente no Capítulo X do Código
Civil brasileiro.
. Partes: Mandante e mandatário.
Mandante é quem concede poderes a outrem para que este o
represente e execute atos em seu nome, gerando para aquele, obrigações
como se as tivesse assumido pessoalmente. Mandatário é quem recebe os
poderes para representar outrem na prática de atos da vida civil ou de
administração como se esse os tivesse praticando.
Elementos do mandato:
Subjetivo: Consentimento, ou seja, o acordo de vontades aonde o
mandante escolhe o mandatário e este por sua vez aceita ou não a
incumbência.
Objetivo: Transferência de poderes do mandante para o mandatário.
Além da representatividade que deverá ser exercida pelo mandatário em favor
do mandante.
Requisitos:
Requisitos Subjetivos:
Capacidade do mandante para outorgar mandato;
Capacidade do mandatário para representar e executar
atos em nome do mandante.
Em regra exige-se capacidade jurídica plena das partes no contrato de
mandato. Mas, também podem os incapazes outorgar mandato, devendo a
procuração ser dada pelos seus representantes legais, ou pelos seus
assistentes.
Em casos especiais, admite-se a procuração dada pelo relativamente
incapaz (entre 16 e 18 anos) sem a intervenção de seu assistente, assim
dispondo a lei em relação aos conflitos trabalhistas (art. 792 da Consolidação
das Leis do trabalho), a faculdade de apresentar queixa-crime
(arts. 34 e 50 do CPP) e de requerer o registro de nascimento (Lei 6.015/73,
art. 50, § 3º).
Pode o relativamente incapaz figurar também como mandatário, mas,
nesse caso, o mandante não terá ação contra este, salvo em decorrência das
regras e princípios gerais e princípios aplicáveis às obrigações contraídas
pelos menores. (artigo 666 do CC)

Requisitos Objetivos:

Licitude do contrato e de sua finalidade além da possibilidade, tanto


física quanto juridicamente, do contrato e seu objeto.
Podem ser objeto de Mandato quase todos os atos, patrimoniais ou
não, desde que não haja prejuízo quanto a sua natureza e seus efeitos. Por
esse motivo, proíbe-se a realização de certos atos através de Mandato, são
eles: o exercício do voto; o depoimento pessoal; a feitura de testamento; o
exercício do pátrio poder; o exercício de cargo público; ou a prestação do
serviço militar.

Requisitos formais:

Não se exige forma especial para validade ou para a prova do


mandato. Dessa forma o Mandato pode ser feito através de instrumento
público ou particular, de forma escrita ou verbal, de forma expressa ou tácita.
Entretanto, o mandato, em regra, apenas confere poderes de administração
ordinária. Nesse sentido, para que o mandatário exorbite a administração
ordinária dependerá o mandato de previsão expressa de poderes especiais.

O mandato dependerá de poderes especiais para que o mandatário


possa levantar dinheiro, substabelecer, emitir nota promissória, prorrogar
jurisdição, renunciar direito, representar testamenteiro, contrair matrimônio,
transmitir dívidas, fazer doação, aceitar ou repudiar herança, fazer novação,
dar fiança, reconhecer filho, pedir falência, emitir cheque, por serem atos de
tamanha gravidade, que exorbitam da administração ordinária. (Art. 661 CC)

Em caráter de exceção o mandato deverá ser feito por escrito público.


São casos de exigência de instrumento público: os relativamente incapazes
devidamente assistido; do deficiente visual; além do analfabeto.

Aceitação: A aceitação é parte indispensável para a validade do


Mandato. Pode se dar da mesma forma que o contrato, expressa ou tácita,
verbal ou escrita.
Quanto à aceitação verbal, escrita ou expressa não restam dúvidas
acerca da ocorrência dessas. Entretanto, a aceitação tácita já gera certos
questionamentos. Para solucionar esse empecilho o legislador trouxe no Art.
659 que a aceitação tácita ocorre quando o mandatário começa a executar o
mandato.

Classificação: O mandato pode ser classificado como se segue.


Quanto às relações entre mandante e mandatário:
Mandato oneroso - se a atividade do mandatário for
remunerada;
Mandato gratuito - se não houver remuneração do procurador pelo
mandante.
Quanto à pessoa do procurador:
Mandato singular: quando apenas um mandante constitui apenas um
mandatário;
Mandato plural - quando há mais de um mandante e/ou mais de um
mandatário. Essa situação é descrita pela doutrina como MANDATO COM
ESTRUTURA SUBJETIVA COMPLEXA. A possibilidade de pluralidade de
mandatários está prevista no Art. 672 CC, já a possibilidade de pluralidade de
mandantes está prevista no Art. 680 CC. Ocorre que, com a pluralidade de
partes no contrato pode ocorrer conflitos de acerca da parcela de
competência que cada parte está investida. Nesse sentido, a doutrina divide o
mandato plural em: SIMULTANEO; CONJUNTO; OU SUCESSIVO.
No simultâneo, cada um dos nomeados pode atuar
individualmente;

No conjunto, todos os nomeados devem participar do ato


para que este seja válido, operando-se a solidariedade entre os
nomeados. Nesse caso deve conter menção expressa dessa
exigência no contrato;

No sucessivo, os nomeados devem atuar na ordem que


ocorreu a nomeação. Ou seja, na falta do primeiro o segundo
atuará e assim sucessivamente. Nesse caso deve conter menção
expressa dessa exigência no contrato.

Quanto ao modo de manifestação da vontade:


Mandato expresso - se dá pela elaboração de um instrumento
prevendo concessão poderes ao outorgado. Exigido quando se concede
poderes especiais. (Art. 661, § 1º, CC)
Mandato tácito - se dá pela prática de atos pelos quais é possível
presumir a concessão de poderes ao outorgado. Vale ressaltar que, como
nasce de uma presunção, caberá prova em contrario. Nesse sentido, se os
atos são praticados por quem não recebeu os poderes do titular do direito,
eles não terão efeitos contra o titular se não houver, por parte deste, a
ratificação. (Art. 662 CC)

Quanto à forma de celebração:


Mandato verbal - se dá pela concessão de poderes ao mandatário
através da fala. Essa forma de celebração não é autorizada nos casos em
que a Lei faça exigência à forma escrita. Pode ser provado através de
testemunha ou qualquer outro meio de prova admitido pelo direito. (Art. 657
CC)
Mandato escrito - se dá pela concessão de poderes ao mandatário
através de um instrumento escrito, podendo o instrumento ser particular ou
público. A exigência legal para essa forma de celebração ocorre sobre os
casos em que o negocio deva ser realizado por escrito, como exemplo a
transmissão de propriedade de um imóvel. (Art. 657 CC)
Extinção do mandato- (Art. 682 CC) REVOGAÇÃO "ad nutum" pelo
mandante, total ou parcial, expressa ou tácita, se cessar a confiança
depositada no mandatário, ou se não tiver mais interesse no negócio. Será
expressa se o mandante notificar, judicial ou extrajudicialmente, o procurador,
informando-o de que o mandato foi revogado. Será tácita se o mandante
assumir, pessoalmente, a direção do negócio ou nomear novo procurador
para o mesmo negócio. Será total se revogar toda a procuração, e parcial se
disser respeito a alguns poderes conferidos. Tal revogação produzirá efeitos
ex nunc, respeitando os atos já praticados. Se o mandato foi outorgado por
vários mandantes, a revogação feita por um deles não se estenderá aos
demais. Se houver revogação, o mandante assumirá a direção do negócio ou
confiá-lo-á a outro procurador. Para revogar o mandato, será necessário que
o mandante comunique o fato ao procurador e a terceiros, para que este não
mais proceda em seu nome, evitando, assim, a ocorrência de mandato
aparente e de suas consequências. Todavia, só poderá valer a revogação se
não ocorrerem os casos do Código Civil, arts. 683, 684, 685 e 686, parágrafo
único, atinentes à irrevogabilidade do mandato.

RENÚNCIA expressa do mandatário, mesmo sem motivo justificado,


desde que seja comunicada a tempo ao mandante, para que este providencie
a sua substituição, sob pena do renunciante responder por perdas e danos,
resultantes da inoportunidade ou da falta de tempo para a sua substituição,
salvo se provar que não podia continuar no mandato sem prejuízo
considerável e que não lhe era dado substabelecer. A produção de seus
efeitos está subordinada ao prévio conhecimento do mandante. Se o mandato
for judicial, o advogado poderá, a qualquer tempo, a ele renunciar, notificando
o mandante, a fim de que lhe nomeie sucessor, mas deverá continuar a
representar o constituinte durante os dez dias subsequentes à notificação,
para evitar-lhe prejuízo.

MORTE de qualquer dos contraentes, visto ser contrato INTUITU


PERSONAE, salvo se conferido com a cláusula "em causa própria". Se
falecer o mandante, o contrato só cessará quando o procurador tiver ciência
do ocorrido, sendo válidos os negócios que praticar enquanto ignorar o fato.
Entretanto, prevalecerão, apesar do óbito do mandante, a procuração em
causa própria e o mandato outorgado para dar escritura de venda de imóvel
cujo preço já tenha sido recebido. A morte do advogado substabelecente não
acarretará a cessação dos efeitos do substabelecimento. Se morrer o
mandatário na pendência de negócio a ele cometido, os herdeiros, tendo
conhecimento do mandato, deverão avisar o mandante e providenciarão a
bem dele, como as circunstâncias exigirem, limitando-se, porém, às medidas
conservatórias, pois a continuação dos negócios pendentes ficará adstrita
tão-somente aos que não se possam demorar sem perigo, regulando-se os
seus serviços dentro dos limites de ação pelas mesmas normas a que o
finado mandatário estava sujeito. A morte do mandatário extingue o mandato,
mas não a obrigação de prestar contas, que se transmite a seus sucessores.
Havendo pluralidade de mandatários, o óbito de um não extingue o mandato,
pois os sobreviventes poderão executá-lo, salvo se todos tiverem de agir em
conjunto. E, se vários forem os mandantes, a extinção do mandato operar-se-
á apenas relativamente ao de cujus.
INTERDIÇÃO de uma das partes por incapacidade superveniente. Os
atos praticados com terceiro de boa fé pelo mandatário, após a interdição do
mandante, não terão validade. O mandato cessará no momento em que a
sentença declaratória de interdição transitar em julgado.

MUDANÇA DE ESTADO, que inabilite o mandante a conferir poderes,


ou o mandatário a exercê-los; todavia, serão válidos os negócios praticados
pelo contraente, que ignore a causa extintiva, com terceiro de boa fé. P. ex.:
se o mandante é solteiro e passou procuração para alienar um prédio, seu
casamento extinguirá o mandato, porque a lei reclama outorga uxória para tal
ato. Todavia, não cessará o mandato em causa própria, se houver
subsequente matrimônio do mandante, sendo válidos os atos praticados pelo
mandatário. A falência constitui mudança no estado da pessoa, atingindo
mandato no que concerne a atos relacionados com o comércio, pois o
Decreto-lei n. 7.661/45, no art. 49, reza: "O mandato conferido pelo devedor,
antes da falência, acerca de negócios que interessam à massa falida,
continua em vigor até que seja revogado expressamente pelo síndico a quem
o mandatário deve prestar contas".
TÉRMINO DO PRAZO, se ele foi outorgado por prazo determinado,
caso em que no próprio instrumento figurará a data de sua cessação. Com a
expiração do termo previsto no mandato, ter-se-á a sua cessação.

CONCLUSÃO DO NEGÓCIO, se a procuração foi conferida para a


realização de certo ato negocial, como, p. ex., receber salário de determinado
mês, fazer hipoteca, vender certo imóvel etc. Praticado a ato, exaurir-se-á o
mandato.

LOCAÇÃO
Segundo a definição do art. 565, “na locação de coisas, uma das partes
se obriga a ceder à outra, por tempo determinado, ou não, o uso e gozo de
uma coisa não fungível, mediante certa retribuição”. A locação pode ser de
coisa apenas para uso, sem direito de apropriação dos frutos, aproximando-
se nesse caso do comodato, com a diferença constante da remuneração no
contrato ora tratado. A locação de gozo, envolvendo também o uso, concede,
além da utilização da coisa, a possibilidade de apropriação dos frutos.
Podemos dizer, tendo em vista a definição legal, que as coisas não produtivas
são objeto de locação de uso; as coisas frutíferas são, em princípio, objeto de
locação de uso e gozo, exceto ressalva contratual.

Nas locações de coisas, que pode ter por objeto bens móveis e
imóveis, as disposições gerais do estatuto civil aplicam-se principalmente no
tocante à locação de móveis e subsidiariamente, quando não houver
disposição específica em contrário, às locações imobiliárias. Alugam-se
veículos, animais de carga ou montaria, máquinas e vestimentas, como se
alugam lotes, lojas, residências e apartamentos. Não se alugam energia
elétrica, gás, calor ou semelhantes, porque seu uso os consome. Nas
locações imóveis, há que se obedecer à legislação especial, embora a
própria Lei do Inquilinatoressalve a vigência pelo Código Civil das locações
que enumera no parágrafo únicodo art. 1º.

LOCAÇÃO DE COISAS

O contrato de locação imobiliária situa-se logo em seguida à compra e


venda quanto à utilização e importância no mundo negocial. Cuida-se do
regramento da função social da propriedade. Exige, portanto, permanente
atenção do legislador e do jurista, tendo em vista as implicações sociais
referentes à moradia dos que não possuem casa própria e a produção e
fornecimento de serviços e bens de consumo na locação com finalidade
mercantil ou não residencial.
A locação é, portanto, contrato bilateral e comutativo, a ela sendo
aplicável o princípio da exceção de contrato não cumprido dos arts. 476 e
477. Existem obrigações recíprocas para ambas as partes. É onerosa porque
importa em vantagem e sacrifício para as partes. Se a cessão da coisa é
gratuita, tipifica-se como comodato.

É consensual porque independe da entrega da coisa para que se tenha


por perfeito. Como se trata de direito obrigacional, não transfere a
propriedade. O locador obriga-se a ceder à coisa, mas a tradição não é
essencial ao negócio, porque não se trata de contrato real.

Constitui relação duradoura porque o decurso de tempo lhe é


essencial. É não solene porque a lei não exige forma especial, embora na Lei
do Inquilinato o contrato escrito conceda maior proteção ao inquilino. Nada
impede, porém, que seja verbal.
O contrato de locação de ser pactuado por tempo determinado ou
indeterminado. Se o tempo for indeterminado, atingirá seu término com a
denúncia das partes ou outras formas de resolução ou resilição dos contratos.
As cláusulas que normalmente integram o contrato são as do prazo de
duração do contrato, do prazo de denúncia e do valor do aluguel. É
importante, também, para essa modalidade contratual, que estejam
presentes, mormente na locação imobiliária, a cláusula penal e a cláusula de
garantia, geralmente, geralmente fidejussória, embora esta enfrente hoje
dificuldades estruturais. Ressalvem-se, porém, as situações de locação
predial, com intervenção legal nessas cláusulas. Podem as partes estipular
prazo de duração de tantos meses ou anos, estabelecendo prazo de denuncia
dita vazia, aviso prévio ou pré-aviso de 30 dias após os quais o locatário se
despojará da coisa. Cessando ou não se determinado o lapso da locação, o
locatário permanece com a coisa ad nutum, sob o alvedrio do locador. Cabe a
este utilizar-se de retomada quando desejar.
A capacidade do agente é aquela para os atos da vida civil em
geral. O contrato de locação, não transfere propriedade. Não se trata, pois de
ato de disposição. Inclui-se desse modo entre os atos considerados de
administração. Assim, a exigência de outorga conjugal presente na compra e
venda não se faz necessária na locação, como regra geral. O pai e o tutor
podem dar em locação os bens dos filhos, e pupilos.

Quanto ao objeto da coisa locada, o art. 565 adverte que se trata de


bem não fungível. Isso porque incumbe ao locatário restituí-la ao locador uma
vez findo o contrato, nos termos do art. 569, IV. Ficam, portanto, excluídas da
locação às coisas consumíveis, como a energia elétrica anteriormente
referida. O objeto do contrato deve ser apto à utilização e fruição pelo locador.
Objeto inidôneo, neste ou em qualquer outro contrato, torna nulo o negócio.
Destarte, nula será a locação de objeto ilícito. O preço, aluguel ou aluguer é
essencial neste contrato. Mais comum que seja fixado em dinheiro e pago
periodicamente, por semana, mês, bimestre etc. Nada impede, embora não
seja constituído de outra espécie que não dinheiro, mas sempre redutível a
um valor. O aluguel é devido durante o tempo em que a coisa estiver à
disposição do locatário, ainda que dela não se utilize.

Sendo contrato bilateral, na locação há obrigações que emergem para


o locador e para o locatário. O elenco de obrigações recíprocas estabelecido
nos Códigos é consideravelmente alargado na Lei do Inquilinato.
O art. 566, o locador é obrigado:I – a entrega ao locatário a coisa
alugada com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e
a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em
contrário;II – a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, uso pacífico da
coisa. A principal obrigação é entregar e possibilitar o uso e fruição da coisa.
A recusa na entrega da coisa pelo locador permite ação judicial para
execução em espécie. Impossibilitando-se a entrega por culpa do locador,
responderá ele por perdas e danos.
O locatário ingressa na posse direta da coisa, sua posse é pecuniária,
como toda aquela derivada de contrato na qual existe a obrigação de restituir.
Da relação jurídica irradia-se o dever de conceder o uso e gozo e a
manutenção nesse estado. No curso da locação, não pode o locador turbar o
uso do locatário nem permitir que outros o façam. O locador tem obrigação de
proteger o locatário de embaraços e turbações de terceiros, respondendo
também por vícios ou defeitos anteriores à locação (art. 568). Aplicam-se os
princípios dos vícios redibitórios. O art. 568 deve ser interpretado em
consonância com os devedores do locador. Mesmos pelos defeitos
posteriores à locação responde o locador, porque tem o dever de garantir o
uso e o gozo da coisa para o fim a que se destina.

A obrigação sucessiva do locador é manter a coisa no estado em que


foi entregue, se o bem deteriorar-se no curso da locação, sem culpa do
locatário, este poderá pedir redução proporcional do aluguel ou rescindir o
contrato, caso já não mais sirva para o fim colimado (art. 567). A vigência do
contrato iniciar-se antes que o locatário ocupe a coisa alugada. O locatário
tem direito de ocupar a coisa, mas não obrigação. Qualquer perda ou
deterioração na coisa, uma vez vigente o contrato, reclama a aplicação do art.
567. O pagamento de aluguel é essencial à locação. O inadimplemento
caracteriza infração legal da locação, autorizando a rescisão e a retomada da
coisa. Na locação predial, a ação de retomada será sempre de despejo. Na
locação de bens móveis, a pretensão de rescisão será acompanhada de
pedido da reintegração de posse. Admite-se a purgação de mora na locação
de imóveis enquanto não rescindida a locação; possível, portanto, no prazo
de contestação. Em ação autônoma, que será executória se presentes os
requisitos legais, também podem ser cobrados os alugueres em aberto.

O art. 577 acolheu a sucessão causa mortisdos herdeiros e legatários


do locador e do locatário na locação por tempo determinado. Na locação por
tempo indeterminado, possibilita-se o rompimento da relação. As leis do
Inquilinato sempre admitiram a locação feita no intuito da família no âmbito
residencial, alargando o conceito hereditário.
O art. 578 contem norma específica a respeito das benfeitorias e o
respectivo direito de retenção. Este somente é deferido ao locatário no
tocante às benfeitorias necessárias ou, quanto às úteis, se tiverem o expresso
consentimento do locador. Quanto a indenização, segue-se o princípio geral.
Decorrendo de contrato paritário, sem cláusulas predispostas, não sendo
atingido pelo Código de Defesa do Consumidor, em princípio será válida a
cláusula que admite a perda das benfeitorias de qualquer natureza em favor
do locador.
LOCAÇÃO DE BENS IMÓVEIS

Entende-se por Locação de Bens Móveis aquela em que o locador


entrega o bem ao locatário, dispondo este da coisa como bem lhe convier,
sem a necessidade do locador operar ou executar qualquer tarefa. O Código
Civil de 2002 trata da locação de bens móveis e imóveis. Em relação aos
últimos, a atual codificação rege as locações imobiliárias que não estão
sujeitas à Lei 8.245/1991 (Lei de Locações ou Inquilinato). Esta lei trata da
locação de imóveis urbanos, levando em conta a destinação do imóvel.

Os imóveis urbanos são definidos pela sua destinação econômica e


não por sua localização. A destinação do imóvel há de ser para moradia
habitual ou fim empresarial. Desse modo, se o imóvel for destinado para
residência, indústria, comércio ou prestação de serviços, será regido pela lei
especial. Se for destinado para outros fins, como por exemplo, para
agricultura e pecuária, pode incidir o Estatuto da Terra, Lei 4.504/1964
ou Código Civil. O Art. 1º da Lei de Locações exclui alguns imóveis do seu
âmbito de aplicação, a saber: Imóveis públicos ou bens que integram o
patrimônio público; vagas autônomas de garagem ou espaço destinado a
veículos; espaços publicitários ou outdoors; arrendamento mercantil
ou leasing; dentre outros
A Lei do Inquilinato pode ser sistematizada em três grupos distintos de
locação, que nortearão o presente estudo: Locação residencial, subdividida
em: com prazo certo igual ou superior a trinta meses, contratada por escrito e
com prazo indeterminado ou inferior a trinta meses; Locação não-residencial,
subdividida em: locação comercial com direito à renovatória, e outras
locações livres; Locação especial, tendo por objeto imóveis destinados à
temporada.

CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO

Se não houver prazo, a locação será por prazo indeterminado.


Havendo prazo determinado, o locador, antes de seu vencimento não poderá
retomar o imóvel alugado, nem com pagamento da multa, já que esta
faculdade é só do locatário.

Mas, o locatário também não poderá devolvê-la ao locador sem o


pagamento da multa, de acordo com o critério da proporcionalidade, como
descreve o art. 4º da nova Lei 12.112/09.
O locatário, porém, ficará dispensado de multa se a devolução do
imóvel decorrer de transferência de emprego (privado ou público) devendo
este notificar o locador num prazo mínimo de 30 dias.

O contrato por prazo determinado, ajustado por escrito e com prazo


igual ou superior a trinta meses cessará com o fim do prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.

Mas, quando ajustado verbalmente ou por escrito com prazo inferior a


trinta meses, findo o prazo a locação prorroga-se automaticamente, por prazo
indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel nas hipóteses do art.
47.

Durante o prazo de vigência do contrato, o locador só poderá retomar o


imóvel, nas hipóteses descritas no art. 9º da Lei 8.245/91 (denúncia cheia).

LOCAÇÃO RESIDENCIAL
Nas locações ajustadas por prazo igual ou superior a trinta meses, a
resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente
de notificação ou aviso. Findo o prazo ajustado se o locatário continuar na
posse do imóvel alugado por mais de trinta dias, sem oposição do locador,
presumir-se-á prorrogada a locação por prazo indeterminado, mantidas as
demais cláusulas e condições do contrato. Com isso, o locador poderá
denunciar o contrato a qualquer tempo concedido o prazo de trinta dias para a
desocupação, ou indenizar o locador em 01 (um) mês de aluguel.

A locação ajustada verbalmente ou por escrito com prazo inferior a 30


meses, findo o prazo, a mesma prorroga-se automaticamente por prazo
indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel nas hipóteses do art.
47º.

LOCAÇÃO NÃO RESIDENCIAL

Nas locações não residenciais, se a mesma se prorrogar por prazo


indeterminado, o locador poderá retomar o imóvel a qualquer momento,
concedendo ao locatário o prazo de 30 dias para a desocupação. Nos
demais casos de locação não residencial o contrato por prazo determinado
cessa de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de
notificação ou aviso. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no
imóvel por mais de 30 dias sem oposição do locador presumir-se-á
prorrogada a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado.

Para ter direito a ação renovatóriaserá necessário:

a-) O contrato deve ser escrito, e celebrado por prazo determinado;

b-) O prazo mínimo do contrato ou a soma dos prazos ininterruptos


deverá ser de cinco anos;

c-) O locatário deve exercer o mesmo ramo comercial há pelo menos 3


anos;
d-) Propor a ação nos primeiros seis meses do último ano do contrato.
É um prazo decadencial.

Esse direito pode ser exercido pelos cessionários ou sucessores da


locação.

LOCAÇÃO POR TEMPORADA

Considera-se locação para temporada aquela destinada à residência


temporária do locatário, para pratica de lazer, realização de cursos,
tratamento de saúde, desde que contratadas por prazo não superior a 90
dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. No caso da locação envolver imóvel
mobiliado, constará do contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e
utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram.

O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os


aluguéis e encargos, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia
previstas no art. 37 para atender as demais obrigações do contrato.

Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem


oposição do locador por mais de 30 dias, presumir-se-á prorrogada a locação
por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado
do aluguel e dos encargos.

SOLIDARIEDADE LEGAL

Em caso de haver mais de um locador ou locatário entende-se que são


solidários, se o contrato não estipulou regra diversa.De acordo, com o
art. 265 do Código Civil, a solidariedade não se presume, ela é fruto da lei ou
da vontade das partes. No art. 2º da Lei do Inquilinato temos um exemplo de
solidariedade legal, já que de acordo com a regra nele estipulada a
pluralidade de locadores e a de locatários gera solidariedade entre eles.
VÊNIA CONJUGAL NO CONTRATO DE LOCAÇÃO

A locação pode ser convencionada por tempo determinado ou


indeterminado, não podendo ser perpétua por ser um contrato temporário.
Porém, se convencionado por prazo igual ou superior a dez anos, dependerá
de vênia conjugal do cônjuge do locador e do locatário. Não havendo vênia
conjugal no contrato celebrado, o consorte que não a deu estará desobrigado
de respeitar o prazo excedente do contrato.

SEGURO

O seguro pode ser conceituado conforme a concepção de cada autor,


mas tem sido possível uniformizar os conceitos básicos. Dentre os principais
tratadistas, temos o seguinte:

“O seguro é a compensação , segundo as leis da estatística ou outros


dados científicos, de um conjunto de riscos da mesma natureza, permitindo,
mediante remuneração chamada prêmio ou cotização, fornecer, pela garantia
mútua e nas condições fixadas, certas prestações em caso de realização de
uma eventualidade suscetível de criar um estado de carência”. ( Félix Monette,
Albert de Villé e Robert André, Traité des assurances terrestres, Bruxelas,
1949, V.1, P.46).

O conceito de contrato de seguro no Código Civil esta disciplinado no


Art.757, com a seguinte redação:

“Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento


do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a
coisa, contra riscos predeterminados”.

CARACTERES JURÍDICOS

1) contrato de natureza bilateral ou sinalagmático: contrato de seguro é


bilateral devido aos efeitos por ele gerados que, exatamente, a constituição de
obrigações para ambos os contraentes, ou seja, há reciprocidade de
obrigações (sinalágma). As partes, segurado e segurador, são sujeitos de
direitos e deveres: um tem como uma de suas prestações a de pagar o prêmio
e o outro tem como contraprestação pagar a indenização em se concretizando
o risco.

2) contrato oneroso: pois traz prestações e contraprestações, uma vez


que cada um dos contraentes visa obter vantagem patrimonial.

3) contrato aleatório: por não haver equivalência entre as prestações, o


segurado não poderá antever, de imediato, o que receberá em troca da sua
prestação, pois o segurador assume o risco, elemento essencial desse
contrato, devendo ressarcir o dano sofrido pelo segurado, se o evento incerto e
previsto no contrato ocorreu. O ganho ou a perda dos contraentes dependerá
de fatos futuros e incertos, previstos no contrato, que constituem o risco.

4) contrato formal: segundo entendimento da jurista Maria Helena Diniz,


o contrato de seguro seria formal, visto ser obrigatório a forma escrita, já que
não obriga antes de reduzido a escrito, considerando-se perfeito o contrato
desde o momento em que o segurador remete a apólice ao segurado, ou faz
nos livros o lançamento usual da operação ( CC,arts.758 e 759).A forma
escrita é exigida para a substância do contrato. Porém, grande parte da
doutrina afirma que o contrato de seguro está perfeito e acabado quando se
der o acordo de vontades (consenso das partes). Numa primeira análise do
art.758,CC , pode-se-ia concluir que o seguro seria formal devido à
necessidade do documento. Todavia percebe-se facilmente que o documento
exigido não faz parte da substância do ato, possuindo apenas caráter
probatório.

5) contrato de execução sucessiva ou continuada: destinando a subsistir


durante um período de tempo, por menos que seja, pois visa proteger o bem ou
a pessoa. Sua execução se realiza escalonadamente, sendo necessário que a
obrigação do segurado seja satisfeita dentro dos termos convencionados, sob
pena de rescindir-se por tratar-se de obrigação de trato sucessivo. Os efeitos
passados serão mantidos, cessando-se os que decorrerem dali para frente.
6) contrato por adesão: formando-se com a aceitação pelo segurado,
sem qualquer discussão, das cláusulas impostas ou previamente estabelecidas
pelo segurador na apólice impressa, e as modificações especiais que se lhe
introduzem são ressalvadas que o segurador insere por carimbo ou
justaposição.

7) contrato de boa-fé: (CC,arts.765,766 e parágrafo único),pois o


contrato de seguro, por exigir uma conclusão rápida, requer que o segurado
tenha uma conduta sincera e leal em suas declarações a respeito do seu
conteúdo e dos riscos, sob pena de receber sanções se proceder de má-fé, em
circunstâncias em que o segurador não pode fazer as diligências
recomendáveis à sua aferição, como vistorias, inspeções ou exames médicos,
fiando-se apenas nas afirmações do segurado, que por isso deverão ser
verdadeiras e completas, não omitindo fatos que possam influir na aceitação do
seguro. A boa-fé é exigida também do segurador.

ELEMENTOS E REQUISITOS

SUJEITOS

- SEGURADOR: é aquele que suporta o risco, assumindo mediante o


recebimento do prêmio, obrigando-se a pagar uma indenização. Assim, o
prêmio é a garantia pecuniária que o segurado paga à seguradora para obter o
direito a uma indenização se ocorrer o sinistro oriundo do risco garantido e
previsto no contrato, o risco constituirá num acontecimento futuro e incerto, que
poderá prejudicar os interesses do segurado, provocando-lhe uma diminuição
patrimonial evitável pelo seguro, e a indenização é a importância paga pela
seguradora ao segurado, compensando-lhe o prejuízo econômico decorrente
do risco e assumido na apólice da seguradora. A atividade do segurador é
exercida por companhias especializadas, isto é, por sociedades anônimas,
mediante prévia autorização do governo federal (ASSP,1.852:74; CF
88,art.192,II, com redação da EC 13/96; lei nº 8.177/91, art. 21;CC, art.757,
paragráfo único), ou cooperativas devidamente autorizadas (Dec- Lei nº 73166,
art.24; Regulamento nº 59.195/66), porém tais cooperativas só poderão operar
em seguros agrícolas e seguros de saúde.
O seguro social de acidentes do trabalho tem hoje, como único
segurador, o INSS (uma autarquia federal, que é o Instituto Nacional de
Seguridade Social).

SEGURADO: é o que tem interesse direto na conservação da coisa ou


da pessoa, fornecendo uma contribuição periódica e moderada, isto é, o
prêmio, em troca do risco que o segurador assumirá de, em caso se incêndio,
abalroamento, naufrágio, furto, falência, acidente, morte, perda das faculdades
humanas, etc , indenizá-los pelos danos sofridos. Dessa forma, ao contrário do
que se dá com o segurador, qualquer pessoa pode figurar na posição de
segurado, sendo necessário, em princípio ter capacidade civil.

- BENEFICIÁRIO: é uma figura que exsurge nos contratos de seguro de


vida e no obrigatório de acidentes pessoais em que ocorre morte por acidente e
que consiste na pessoa a quem é pago o valor do seguro, a “indenização”. Nos
casos em que o beneficiário é um terceiro, ou seja, um estranho a relação
contratual estaremos diante de um caso de estipulação em favor de terceiro.
Tal estipulação ocorre quando uma pessoa convenciona com outra que está
concederá uma vantagem ou benefício em favor daquele que não é parte no
contrato. É o que ocorre nos seguros de vida em favos de terceiro: o
estipulante convenciona com o segurador que ocorrendo o sinistro, o valor do
seguro será pago a um terceiro. Não é qualquer pessoa que pode figurar como
beneficiário, deve-se observar os arts.793 e 1814, CC.

CO-SEGURADOR: no caso de seguros vultosos, pode acontecer de


uma pluralidade de seguradores dar cobertura simultaneamente e a um mesmo
risco, configurando-se a multiplicidade de seguros. Contudo o art.778, CC,
dispõe que “nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o
valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato...”. Dessa
maneira, é defeso ao segurador celebrar mais de um contrato relativo ao
mesmo bem, pelos mesmos riscos de maneira que, em ocorrendo o sinistro,
receba-se a indenização integral de todos os seguradores. Isto se dá, pois o
contrato não é instrumento de lucro.
-RESSEGURADOR: a figura do resseguro consiste na transferência de
parte ou toda responsabilidade do segurador para o ressegurador, com a
finalidade de distribuir para mais de um segurador a responsabilidade pelo
adimplemento da contraprestação. Na verdade, o resseguro consiste no
“seguro do seguro”, uma vez que é o segurador que transfere a sua
responsabilidade ou “um seguro mediato”, na medida em que é um seguro
assumido entre o segurador e a resseguradora.

OBJETO

- INTERESSE: Sílvio Venosa aponta como objeto do seguro o interesse


segurável, sendo o posicionamento mais correto entre os doutrinadores, na
medida em que é o mais abrangente. Sob o rótulo de interesse segurável
pode--se colocar qualquer relação econômica ameaçada ou posta em risco. Ou
seja, tudo o que puder ser passível de apreciação econômica e até aquilo que
não pode, como a doutrina aponta, a vida pode ser objeto de seguro.
Atualmente, praticamente todos os interesses são passíveis de cobertura, com
exceção dos excluídos pela lei, tais como, os relativos a atos dolosos ou ilícitos
e os de valor superior ao do bem.

- RISCO: consiste o risco no acontecimento futuro é incerto previsto no


contrato, suscetível de causar dano. Quando este evento ocorre, a técnica
securitária o denomina sinistro. A obrigação de garantia contida no seguro, só
obriga a seguradora a pagar a indenização quando o risco se concretiza, de
maneira que este acontecimento torna-se essencial.

- FORMA: como já dissemos anteriormente ao tratarmos das


características do contrato de seguro, grande parte da doutrina defende que ele
é consensual, ou seja, basta o acordo de vontades, para a conclusão do
contrato. A posição defendida por alguns doutrinadores, como Maria Helena
Diniz, é de que o seguro é formal. O novo código civil, deu uma redação mais
clara ao dispositivo que trata da importância da apólice, adotando o
posicionamento da maioria da doutrina, quanto ao caráter probatório deste
instrumento. Importante observar o que diz o art. 758, CC – “o contrato de
seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta
deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio”.

CLASSIFICAÇÃO DOS SEGUROS

1) QUANTO ÀS NORMAS QUE OS DISCIPLINAM, em: A) comerciais,


regidos pelo Código Comercial, que trata dos seguros marítimos de transporte
e de caso; B) civis, disciplinados pelo Código Civil, atinentes aos seguros de
dano e aos de pessoa (CC, arts.778 a 802 ).

2) QUANTO AO NÚMERO DE PESSOAS, em: A) individuais, se


compreenderem um só segurado; e B) coletivos ou em grupo, se abrangerem
várias pessoas. É frequente o seguro de vida em grupo, pelo qual as pessoas
têm por escopo aumentar a renda em certas circunstâncias, como após a
aposentadoria, e com o evento morte, relativamente aos beneficiários.

3) QUANTO AO MEIO EM QUE SE DESENROLA O RISCO, em: A)


terrestres , B) marítimos; e C) aéreos.

4) QUANTO AO OBJETO QUE VISAM GARANTIR, em: A) patrimoniais,


se se destinam a cobrir as perdas resultantes de obrigações; B) reais, se
obtiverem os prejuízos sofridos por uma coisa; e C) pessoais, se disserem
respeito às faculdades humanas, à saúde e à vida. Ou ainda, como prefere o
novo Código Civil em: A) de dano (arts.778 a 788) ou B) de pessoa (arts.789 a
802).

5) QUANTO À PRESTAÇÃO DOS SEGURADOS, em: A) a prêmio, se


se referirem aos que obrigam o contratante a pagar uma parcela fixa
convencional; B) mútuos, como os admitidos pelo Código Civil de 1916, quando
as obrigações eram recolhidas em função dos riscos verificados, repartindo-se
as consequências, a posteriori, entre os associados mutualistas; e C) mistos,
se determinarem uma paga fixa e outra de repique, em função de sinistro, a ser
dividida entre os mutualistas, como admitia o Código Civil de 1916.

6) QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES DO SEGURADOR, em: A) dos ramos


elementares, abrangendo seguros para garantir perdas e danos ou
responsabilidades oriundas dos riscos de fogo, de transportes e outros
acontecimentos danosos, sendo que a obrigação do segurador consiste numa
indenização, se o sinistro se verificar. Pode abranger, ainda, o seguro de
responsabilidade civil (CC, arts. 787 e 788, parágrafo único); B) de pessoas ou
de vida, se garantirem o segurado contra riscos a que estão expostas sua
existência, sua integridade física e sua saúde, não havendo uma reparação de
dano ou indenização propriamente dita. Não são contratos de indenização, pois
não se pretende eliminar as consequências patrimoniais de um sinistro, mas
sim pagar certa soma ao beneficiário designado pelo segurado. Dentre estes,
os mais importantes são: os seguros de vida stricto sensu e os seguros contra
acidentes. Sendo que há duas espécies de seguros contra acidentes: o seguro
contra acidentes no trabalho, obrigatório a todo empregador, visando cobrir
riscos de morte ou lesão provocados pelo exercício do trabalho; e o seguro
contra acidentes pessoais, que tem por fim cobrir riscos de morte ou lesão
oriundos de acidente ocorrido com o segurado. Abrange também o seguro
obrigatório para proprietários de veículos automotores.

EXTINÇÃO

O contrato de seguro extinguir-se-á:

- pelo decurso do prazo estipulado;

- pelo distrato, se ambos os contraentes concordarem em dissolver os


vínculos que os sujeitavam (Dec.-Lei nº73-66, art.13);

- pela resolução por inadimplemento de obrigação legal ou de cláusula


contratual que, por efeito ex nunc, não afetará as situações consumadas e os
riscos verificados;

- pela superveniência do risco, porque então, o contrato deixará de ter


objeto e a seguradora pagará o valor segurado. Mas se tal indenização for
parcial, o contrato terá vigência apenas pelo saldo da indenização;

- pela cessação do risco, em seguro de vida, se o contrato se configurar


sob a forma de seguro de sobrevivência;
- pela nulidade, que não é causa que extingue o contrato, mas apenas o
torna ineficaz por força de lei, como ocorre nos arts. 762, 766 e 768 do Código
Civil, e nos arts. 677 e 678 do Código Comercial.

Referência:

https://hugosilva.jusbrasil.com.br/artigos/195619298/locacao-de-coisas-
e-locacao-de-bens-imoveis

https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/744857645/apostila-
de-direito-civil-contrato-de-mandato

https://talysonmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/558953932/contrato-de-
mandato

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