Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O autor da vontade é a mesma pessoa que formula a declaração negocial, contudo, nem
sempre isso acontece.
Muito dos casos deve-se a limitações à capacidade de agir, obrigando outras pessoas a atuar
no lugar das mesmas, ou no caso dos incapazes, em comunhão – substituição de
vontades/conjugação de vontades.
À substituição de vontades chamamos representação legal, tem a sua fonte na lei. Caso
tenha fonte negocial designamos por representação voluntária.
Relativamente à conjugação de vontades a sua manifestação encontra-se na figura da
assistência tendo como função o suprimento das incapacidades.
A representação em geral
Representação: quando uma pessoa pode agir em nome e no interesse de outra.
Aquele que atua em nome de outra é o representante (procurador no caso da representação
voluntária), sendo o representado/dominus/principal aquele onde se repercute na sua esfera os
efeitos de atuação, ou seja, aquele cujo interesse se realiza.
Visto que o representante age em nome de outrem, este está provido de poderes funcionais e não
de verdadeiros direitos subjetivos.
MOTA PINTO: considera que a contemplatio domini não é essencial ao conceito, pois por vezes a
representação voluntária “pode ter lugar por força da chamada procuração in rem suam, caso em
que os poderes representativos são conferidos no interesse do próprio procurador”.
Legitimação do ato praticado por uma pessoa diferente daquela cuja esfera jurídica ele se
projeta – legitimidade indireta, não acompanhada de titularidade.
O negócio realizado pelo representante produz os seus efeitos, de forma imediata e direta,
na esfera jurídica do representado (258ºCC).
Mínimo de intervenção do representante na configuração do correspondente negócio
jurídico. Enquanto nos mantivermos no domínio daa representação, os elementos
atendíveis para fixar a relevância de vícios ou de falta de vontade, e a consequente nulidade
ou anulabilidade do negócio, são apurados em função da pessoa do representado. Mais, se
o representado estiver de má fé, uma vez que, por exemplo, conhece os vícios da coisa, não
lhe aproveita a boa fé do representante, nesse domínio (259ºCC).
Modalidades de representação
A distinção entre as modalidades está na fonte ou na origem do poder representativo
conferido ao representante.
Assim:
Representação voluntária – os poderes representativos resultam de um ato (unilateral ou
bilateral) do titular de interesse.
Representação legal – os poderes resultam da lei. Alguém que não tem capacidade de
exercício de autodeterminação a quem o ordenamento para sua proteção reira a
possibilidade de exercício de negócios validos e atribui aa outrem o poder de atuar em seu
nome.
Representação orgânica (em sede de personalidade coletiva, uma abstração criada pelo
ordenamento, não em existência física) “…na sequência do estudo, nos ocuparemos
especificamente, apenas, da representação voluntária”.
O artigo 261º limita-se a estabelecer a anulabilidade do negócio consigo mesmo, sem fixar o
seu regime. É necessário, desde modo, recorrer ao regime geral do artigo 287ºCC. Urge reconhecer
a legitimidade para reconhecer a anulação e respetivo prazo.
Apenas o representado tem legitimidade para invocar a anulabilidade, pois esta é fixada no
interesse dele. O prazo de anulação, não estado o negócio cumprido, conta-se do momento em que
o representado tem conhecimento da celebração do negócio, pois só nesse momento ele se
apercebe do vício.
Noção de procuração
Instrumento jurídico onde se consubstanciam poderes para agir em nome e no interesse de
outrem.
Documento onde se materializa o ato jurídico mediante o qual se atribuem poderes de
representação.
Negócio jurídico acima referido (262º) – o que nos interessa.
Regime da procuração
Capacidade do procurador: segue-se o regime geral da capacidade de exercício - “a capacidade de
entender e querer exigida pela natureza do negócio que haja de efetuar” (263ºCC); uma pessoa
pode praticar, na qualidade de procurador, atos jurídicos que lhe estariam vedados, por falta de
capacidade, se neles interviesse em nome próprio. Embora o procurador tenha capacidade natural
(exigida pelo 263ºCC), mas se no momento e praticar o ato, sofrer incapacidade acidental e se
verificarem os requisitos de relevância deste instituto, o negócio jurídico por ele celebrado será
anulável por força do artigo 257ºCC.
SF
A regra geral contida no artigo 262ºCC manda adotar, quanto à procuração, a forma
exigida para o negócio que o procurador deva realizar. Como logo se vê, a procuração pode
configurar-se como negócio não formal ou formal, e neste segundo caso constar de documento
mais ou menos solene. Se os poderes representativos também forem conferidos no interesse do
representante, a procuração deve constar de instrumento público cujo original fica arquivado no
notário.
A modificação da procuração está, naturalmente, sujeita às formalidades da sua constituição.
A renúncia é, em princípio, livre, sem que, contudo, seja de afastar a hipótese de gerar
responsabilidade do procurador por danos dela emergentes para o representado.
A revogação dos poderes representativos pelo representado também é em princípio livre.
Há, contudo, uma exceção – proibição de convenção em contrário e renúncia à revogação. A
exceção é legalmente prevista; verifica-se quando a procuração é também conferida no interesse
do procurador ou de terceiros. Neste caso, a revogação só é possível ocorrendo justa causa.
A extinção da procuração determina a cessação dos poderes representativos e a
ilegitimidade do procurador para a prática dos atos correspondente – imediata restituição do
documento.
A tutela de terceiros obtém-se, em geral, mediante a inoponibilidade da extinção da
procuração: os termos em que esta inoponibilidade opera variam em função da causa da extinção.
Assim, quando não se trate de revogação, a extinção da procuração é inoponível ao terceiro
com quem posteriormente o procurador tenha praticado ato abrangido pelos poderes
representativos, se aquele ignorar, sem culpa, a causa da extinção. Significa isto que a
inoponibilidade é afastada pela simples cognoscibilidade culposa da causa da extinção.
Sendo a extinção dos poderes representativos devida a revogação, o representado deve
levá-la ao conhecimento de terceiros por meio idóneo. Se não o fizer, a revogação é inoponível ao
terceiro, a menos que este tenha dela conhecimento no momento da celebração do negócio. Assim,
a falta de comunicação idónea, só releva o conhecimento efetivo do terceiro e não mera
cognoscibilidade, mesmo se houver culpa do terceiro.
Exemplo JST: “Eu falo ctg e atribuo-te poderes para, em meu nome, comprares um pc. Vais e
compras uma xbox”.
SF
Abuso de representação – não se conforma o fim visado com os poderes que lhe foram
atribuídos. O representante age, formalmente, no âmbito dos poderes que lhe foram
conferidos; mas utiliza-os para um fim não ajustado àquele em função do qual eles se
constituíram.
1. Violação do escopo
2. Violação de deveres de lealdade (e, porventura de informação) derivados da boa fé
objetiva.
Exemplo de JST: “Eu falo ctg e dou-te poderes para comprar um pc e digo-te q precisava de um
pq as aulas de penal são dadas a correr e preciso de levar pc prás aulas. Vais e compras um PC
daqueles fixos, com 100 kg. Abuso de representação pq atuaste dentro dos poderes (comprar pc),
mas contra o escopo para o qual te foram concedidos (fim - comprar um pc pra levar prás aulas)”.