Você está na página 1de 18

3º Grupo

Anara Vicente Chipirone


António Jorge
Issufo Abudo Raul

TEMA: Mandato

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
3º Grupo
Anara Vicente Chipirone
António Jorge
Issufo Abudo Raul

TEMA: Mandato
(Licenciatura em Direito)

Trabalho de Direito Civil das Obrigações II, a


ser apresentado no Departamento de Direito
para fins avaliativos, sob orientação do Dr.
Isaac Mepina.

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Índice
1.Introdução ...................................................................................................................... 3

2.Objectivos. ..................................................................................................................... 3

2.1.Objectivo Geral: ...................................................................................................... 3

2.2.Objectivos Específicos ........................................................................................ 3

3.Metodologia ................................................................................................................... 3

4. DEFINIÇÃO................................................................................................................. 4

4.1. Conceito: ................................................................................................................ 4

4.1.2. Etimologia: ...................................................................................................... 5

4.1.3. Gratuidade ou Onerosidade do Mandato:...................................................... 5

4.1.4. Mandato judicial ou extrajudicial:................................................................ 6

4.1.5. Mandato especial e geral, e mandato em termos gerais e com poderes .......... 6

4.1.6. Mandato tácito: ............................................................................................... 7

4.1.7. Mandato verbal ou escrito: .............................................................................. 7

4.1.7. Representação: ................................................................................................ 7

5.CARACTERES JURÍDICOS ........................................................................................ 8

6.OBRIGAÇÕES DO MANDANTE E DO MANDATÁRIO ...................................... 10

6.1. Obrigações do mandatário ................................................................................... 10

6.2. Obrigações do mandante .................................................................................. 11

7.EXTINÇÃO DO MANDATO .................................................................................... 11

7.1. Irrevogabilidade do mandato: ............................................................................ 14

Conclusão ....................................................................................................................... 16

Referência Bibliográfica ................................................................................................. 17


3

1.Introdução
O mandato é uma das modalidades contratuais mais comuns do quotidiano das relações
sociais em razão de sua significativa utilidade prática. As pessoas utilizam este
instrumento invariavelmente, desde situações mais simples, como para realizar a
inscrição num concurso público ou para uma matrícula em escola, até casos de maior
complexidade, como a compra e venda de um imóvel ou, até, o próprio casamento. Esta
modalidade contratual está disciplinada nos artigos 1157 a 1184 do Código Civil (CC).

Em regra todos os actos podem ser praticados por meio de procurador, desde que o
negócio diga respeito a algo que não seja ilícito e não ofenda aos bons costumes.
Também não poderá envolver actos personalíssimos, em que a lei exija a intervenção
pessoal do respectivo titular, não permitindo que sejam realizados por representante.
Assim, fazer um testamento ou revogá-lo, bem como exercer cargo público, prestar
serviço militar, não permitem a utilização de procuração.

2.Objectivos.

2.1.Objectivo Geral:
 Tecer considerações concernentes ao mandato nos termos dos artigos 1157 a
1184 do Código Civil (CC).

2.2.Objectivos Específicos
 Conceituar o Mandato;

 Identificar as obrigações do Mandatário assim como do Mandante;

 Analisar os factos da sua revogação;

3.Metodologia
Em torno da metodologia ,usamos o metodo analitico ,visto que o trabalho em si só, dá
por analizar aspectos relacionados ao Mandato, para a concretização do trabalho
usamos a legislação, algumas teses cientificas, doutrinas encontradas na Biblioteca e
alguns sites da internet,vide na referência Bibliografica e nela foram usadas as normas
APA’S.
4

4. DEFINIÇÃO

4.1. Conceito:
Art. 1157 – “Mandato é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou
mais actos jurídicos por conta da outra.”

Nos termos do art. 1157, nos faz entender que quando se fala de mandato refere-se de
um contrato pelo qual alguém (mandatário ou procurador) recebe de outrem (mandante)
poderes para, em seu nome (no nome do mandante), praticar actos ou administrar
interesses. Deste modo, o mandato é o contrato pelo qual uma pessoa confere à outra
poderes para representá-la.

Como se depreende, o mandato é o contrato em que uma das partes (mandatário,


procurador, outorgado ou representante) recebe poderes de outrem (mandante,
outorgante ou representado) para praticar atos ou administrar interesses em seu nome.
Nas palavras de Roberto Ruggiero:

Encarregar outrem de praticar um ou mais atos por nossa conta e no nosso


nome, de modo que todos os efeitos dos atos praticados se liguem diretamente
à nossa pessoa como se nós próprios os tivéssemos praticado, é o que
tecnicamente se chama conferir ou dar mandato (apud Gonçalves, 2004, p.
384).

Nesse contrato o mandatário, por ser o representante do mandante, fala e age em seu
nome e por conta deste. Logo, é o mandante quem contrai as obrigações e adquire os
direitos como se tivesse tomado parte pessoalmente no negócio jurídico (Monteiro,
2003).

Neste sentido, Sílvio de Salvo Venosa (2009, p. 260) escreve:

O mandato, propriamente dito, é o contrato que se aperfeiçoa com o encontro


de vontades. A procuração outorgada é o instrumento que materializa o
contrato. A representação é a investidura concedida pelo mandante ao
mandatário, em virtude da existência do contrato e, na maioria das vezes, do
instrumento do mandato.

Em termos gerais, o mandato tem por objeto a prática de actos ou negócios jurídicos em
favor do mandante, nos quais o mandatário atua por conta e ordem do representado
(Venosa, 2009).
5

Assim, não resta dúvida de que a representação se encontra presente na grande maioria
dos casos, “mas não é essencial à configuração do mandato, havendo hipóteses em que
este subsiste sem aquela; e outras ainda em que a mesma ideia existe, porém em
contratos de natureza diversa” (Gonçalves, 2004, p. 385).

Representação significa que alguém – o representante – atua em nome de outrem – o


representado. Logo, o primeiro participa do negócio jurídico como parte e substitui a
vontade do último.

4.1.2. Etimologia:
A etimologia da palavra mandato vem do latim mandatum, que deriva de mandare, que
significa mandar, ordenar, oferece uma noção do conteúdo do negócio: mandare, no
sentido de mandar ou ordenar, ou manum dare, dar as mãos, como até hoje são
finalizados alguns negócios e acordos, principalmente aqueles que não apresentam
cunho jurídico (Venosa, 2009). Outros autores ainda referem que a denominação deriva
de manu datum, porque as partes se davam as mãos, simbolizando a aceitação do
encargo e a promessa de fidelidade no cumprimento da incumbência; ao passo que o
vocábulo mandato significa ora o poder conferido pelo outorgante, ora o negócio
estipulado, ora o título deste contrato, de que é sinônimo a procuração (Gonçalves,
2004).

Também tem ligação de descendência da palavra manus dare, que significa “dar as
mãos”, até os dias de hoje, sinal de confiança e compromisso ao se formalizar um
negócio.

4.1.3. Gratuidade ou Onerosidade do Mandato:


Art. 1158 – “O mandato presume-se gratuito, excepto se tiver por objecto actos que o
mandatário pratique por profissão; neste caso, presume-se oneroso.”

“Se o mandato for oneroso, a medida da retribuição, não havendo ajuste entre as partes,
é determinada pelas tarifas profissionais; na falta destas, pelos usos; e, na falta de umas
e outros, por juízos de equidade.”

Levando em consideração as relações entre o mandante e o mandatário o mandato pode


ser gratuito ou remunerado, conforme seja estipulada ou não retribuição ao mandatário.
6

4.1.4. Mandato judicial ou extrajudicial:


Encarado sob o aspecto da finalidade para a qual o mandatário assume o encargo, o
mandato pode ser classificado em Judicial ou extrajudicial. O primeiro habilita o
advogado a agir em juízo e é regido por normas especiais. O mandato judicial fica
subordinado às normas que lhes dizem respeito, constante da legislação processual. O
Código Civil aplica-se-lhe apenas subsidiariamente. Não se destinando à atividade
postulatória, o mandato é extrajudicial. Neste caso, o seu instrumento a procuração
outorgada pelo mandante ao mandatário, será ad negotia.

Procuração ad negotia é a conferida para a prática e administração de negócios em


geral; ad judicia, a outorgada para o foro autorizando o procurador a propor ações e a
praticar atos judiciais em geral.

4.1.5. Mandato especial e geral, e mandato em termos gerais e com poderes


especiais:

Art. 1159– “O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou


geral a todos os do mandante.”

Esta classificação se faz em relação à extensão dos poderes conferidos.

O especial é restrito ao negócio especificado no mandato (como para a venda de


determinado imóvel, por exemplo), não podendo ser estendido a outros.

Tais modalidades não se confundem com os mandatos em termos gerais e com poderes
especiais.

Art. 1159, no1 – “O mandato geral só compreende os actos de administração ordinária.”

1º - “Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer actos que exorbitem
da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.”

2º – “O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.”

O mandato em termos gerais (o mandatário pode praticar todos os atos necessários à


defesa dos interesses do mandante) sofre uma restrição legal (art. 1159): “só confere
poderes de administração”. Para atribuir os que ultrapassem a administração ordinária
(“alienar, hipotecar, transigir”, etc.), “depende a procuração de poderes especiais e
expressos” (art. 1159, 1º). Embora o objeto seja de interpretação estrita, a outorga de
7

alguns poderes implica a de outros, que lhe são conexos: o de receber envolve o de dar
quitação; o de vender imóvel, o de assinar escritura; por exemplo.

O mandato com poderes especiais só autoriza a prática de um ou mais negócios


jurídicos especificados no instrumento. Limita-se aos referidos atos, sem possibilidade
de estendê-lo por analogia. Portanto, o mandatário só pode exercer tais poderes no
limite da outorga recebida.

A “administração ordinária” a que se refere no no 1º do art. 1159 compreende actos de


simples gerência. Não pode hipotecar o mandatário que apenas dispõe de poderes para
alienar, pois os poderes conferidos sempre se interpretam restritivamente. Se o
mandatário tem poderes para transigir, receber e dar quitação, pode também desistir.

4.1.6. Mandato tácito:


O mandato tácito só é admissível nos casos em que a lei não exija mandato expresso.

O Código Civil presume, em alguns casos, a existência de mandato para a prática de


determinados actos, hipóteses estas que são mencionadas pela doutrina como de
mandato tácito.

A jurisprudência tem admitido a existência de mandato tácito pelo início da execução


em alguns casos especialmente nos de mandato judicial, sem o efetivo poder de
representação.

4.1.7. Mandato verbal ou escrito:


O mandato, sob o ponto de vista da forma pode ser ainda verbal, ou escrito. O verbal só
vale nos casos em que não se exija o escrito. É admitido “nos negócios jurídicos cujo
valor não ultrapasse o decuplam do maior salário mínimo vigente no país ao tempo em
que foram celebrados” e pode ser comprovado por testemunhas ou outros meios de
prova admitidos em direito. O mandato escrito é o mais comum e pode ser outorgado,
por instrumento particular, ou por instrumento público nos casos expressos em lei.

4.1.7. Representação:
O mandato é espécie de representação. Haverá representação sempre que uma pessoa é
incumbida de realizar declaração de vontade de outra em seu lugar. Há três espécies de
representação:
8

a) Representação legal (decorrente de lei, que ocorre em relação aos pais, tutor e
curador, que representam seus filhos incapazes, seu pupilo e curatelado por força de
lei);

b) Representação judicial (decorrente de nomeação por juiz, como, por exemplo, o


inventariante e o síndico da falência);

c) Representação contratual (decorrente do contrato de mandato, em que a pessoa que


confere os poderes – o mandante – é a representada, e a pessoa que os aceita – o
mandatário – é o representante daquela).

A maioria dos actos pode ser praticada por meio de procurador (representante
convencional), não se limitando o objeto do mandato aos atos patrimoniais. Como
exemplo, até mesmo a adoção, o reconhecimento de filho natural e o casamento (um dos
atos mais solenes do Código Civil e de grande importância para a vida das pessoas)
podem ser praticados mediante procuração.

São exceções à possibilidade de serem praticados por meio do mandato alguns atos
personalíssimos, como o testamento, a prestação de concurso público, o serviço militar,
o mandato eletivo, o exercício do poder familiar.

5.CARACTERES JURÍDICOS
O contrato de mandato comporta classificação consoante diversos critérios, variando
conforme o autor.

Para Maria Helena Diniz, o mandato apresenta como caracteres jurídicos a


contratualidade, a representatividade e a revogabilidade.

Apresenta a característica da contratualidade pois requer a manifestação de duas


vontades para sua existência, com a outorga de poderes de um lado e a aceitação deles
de outro, sendo o mandato um contrato bilateral, gratuito ou oneroso, intuitu personae,
preparatório, consensual.

É bilateral porque gera obrigações tanto para o mandatário (art. 1161) quanto para o
mandante (art. 1167).
9

É gratuito ou oneroso pois nos casos em que se estipule remuneração ou não ao


representante, e nos casos em que a onerosidade é presumida em razão do ofício ou
profissão do mandatário (art. 1158).

É intuitu personae pois na medida em que a confiança é o centro do mandato, já que se


celebra baseando-se na confiança que o mandante tem no mandatário para a prática dos
atos compreendidos ou não no contrato.

É preparatório porque serve para a prática de outro negócio jurídico.

E é consensual, pois já se forma pelo simples acordo de vontades, considerando-se


celebrado pelo mero consenso entre as partes.

A representatividade se dá pois o contrato é uma representação convencional.

E, por fim, a revogabilidade, comporta resilição unilateral por parte de qualquer dos
contraentes, sendo revogação por parte do mandante, salvo nos casos dos arts. 1170,
1172.

Para GONÇALVES, a principal característica do mandato é a ideia representação


(ressaltada na expressão “em seu nome” no art.1178). No entanto, ressalta o autor que,
apesar de a representação estar presente na maioria dos casos, esta não é essencial à
configuração do mandato, havendo hipóteses em que este subsiste sem ela.

Mais adiante, Gonçalves caracteriza o mandato como contrato personalíssimo,


consensual, não solene, em regra gratuito e unilateral. Aponta em outros doutrinadores
outras características, como Caio Mário, que preleciona que o mandato é contrato
preparatório.

Todas estas características encontram-se em Maria Helena Diniz discriminadas como


constitutivas da contratualidade.

É personalíssimo (ou intuitu personae) porque se baseia na confiança, comportando a


revogabilidade quando esta termina.

É consensual porque se aperfeiçoa com o consenso das partes, em oposição aos


contratos reais, que se aperfeiçoam com a entrega do objeto.
10

É, ainda, em regra unilateral, porque gera obrigações somente para o mandatário,


podendo classificar-se como bilateral imperfeito devido à possibilidade de acarretar para
o mandante, posteriormente, a obrigação de reparar perdas e danos sofridos pelo
mandatário e de reembolsar as despesas por ele feitas. Toda vez que se convenciona a
remuneração, o mandato passa a ser bilateral e onerosa.

Complementa FIUZA, que por suas características, pode-se dizer que além de bilateral,
gratuito ou oneroso, intuitu personae, preparatório e consensual, o mandato é ainda
contrato típico (por se achar tipificado no Código Civil, nos arts. 653 a 692), puro (visto
que não é fruto da mistura de dois ou mais outros contratos), pré-estimado (por serem
seus efeitos previsíveis desde o início) ou aleatório (quando sua execução depende de
evento futuro e incerto, como, por exemplo, encarregar uma pessoa de vender seu carro,
sendo os resultados da venda imprevisíveis), de execução futura (uma vez que é
celebrado num momento e executado em outro, não sendo, por exemplo, como a
compra e venda à vista, que se celebra e se executa imediatamente), individual (por
somente obrigar as partes contratantes), negociável (uma vez que, de regra, é fruto de
conversações entre as partes, uma não impondo sua vontade à outra; o que poderia
relacionar-se com a característica da consensualidade), e acessório (pois tem sua
existência subordinada a outro ato, já que ninguém outorga poderes à outra pessoa para
que não faça nada; o que pode se relacionar a característica preparatória do contrato de
mandato).

Todas estas características listadas por Fiuza, Maria Helena Diniz elencaria na
característica da contratualidade.

6.OBRIGAÇÕES DO MANDANTE E DO MANDATÁRIO

6.1. Obrigações do mandatário


Ao aceitar o mandato, o mandatário assume a obrigação de praticar determinado ato ou
realizar um negócio em nome do mandante. O conteúdo do mandato consiste, destarte,
numa obrigação de fazer. Em síntese, o mandatário tem a obrigação de executar o
mandato agindo em nome do mandante com o necessário zelo e diligência, e transferir-
lhe as vantagens que auferir, prestando-lhe, a final, contas de sua gestão. Desdobram-se
deste, vários outros deveres:

Art. 1161 – “O mandatário é obrigado:


11

a) A praticar os actos compreendidos no mandato, segundo as instruções do mandante;


b) A prestar as informações que este lhe peça, relativas ao estado da gestão;

c) A comunicar ao mandante, com prontidão, a execução do mandato ou, se o não tiver


executado, a razão por que assim procedeu;

d) A prestar contas, findo o mandato ou quando o mandante as exigir;

e) A entregar ao mandante o que recebeu em execução do mandato ou no exercício


deste, se o não despendeu normalmente no cumprimento do contrato.

6.2. Obrigações do mandante


Art. 1167 – a) A fornecer ao mandatário os meios necessários à execução do mandato,
se outra coisa não foi convencionada;

b) A pagar-lhe a retribuição que ao caso competir, e fazer-lhe provisão por conta dela
segundo os usos;

c) A reembolsar o mandatário das despesas feitas que este fundadamente tenha


considerado indispensáveis, com juros legais desde que foram efectuadas;

d) A indemniza-lo do prejuízo sofrido em consequência do mandato, ainda que o


mandante tenha procedido sem culpa.

7.EXTINÇÃO DO MANDATO
O art. 1170 apresenta as hipóteses em que se extingue o contrato de mandato. São
causas de três ordens: vontade das partes, facto jurídico natural e facto jurídico não
natural.

Art. 1170 – “Cessa o mandato:” I – “pela revogação ou pela renúncia;”

1ª) Vontade das partes:

1. O mandato é livremente revogável por qualquer das partes, não obstante convenção
em contrário ou renúncia ao direito de revogação.

2. Se, porém, o mandato tiver sido conferido também no interesse do mandatário ou de


terceiro, não pode ser revogado pelo mandante sem acordo do interessado, salvo
ocorrendo justa causa.
12

Revogação é acto do mandante pondo fim ao mandato. Pode se dar a qualquer tempo,
sem que seja necessário ao mandante explicar seus motivos. Por isso, diz-se que é acto
praticado ad nutum, ou seja, pela simples vontade. O mandante deve avisar ao
mandatário e aos terceiros. É, portanto, aconselhável que, dependendo do tipo de
mandato, se for daqueles que envolvam altos valores, a revogação se faça por
notificação via cartório ou judicial, sendo ademais prudente que se a faça publicar nos
jornais de maior circulação local. Se o mandante deixar de avisar ao mandatário ou aos
terceiros, os atos realizados por eles, intra vires e de boa-fé, serão tidos como válidos.

Pode ser expressa a revogação ou tácito artigo 1171. Será tácita quando o mandante
assumir os negócios que estavam a cargo do mandatário ou quando nomear outro
mandatário.

As partes podem, contudo, convencionar que o mandato seja irrevogável. Neste caso, se
o mandante assim mesmo o revogar, responderá por perdas e danos.

Além deste caso, há outros, em que a irrevogabilidade do mandato deriva da própria


Lei. São eles:

a) Procuração em causa própria, que ocorre quando pelo mandato dá-se cessão de
crédito. A transfere a B seu crédito contra C, outorgando-lhe mandato para que
possa efetuar a cobrança. Neste caso, não há falar em prestação de contas e nem em
revogação. Como é cessão de crédito, os herdeiros do mandatário, caso este faleça, sub-
rogam-se no crédito.

b) Mandato-condição de contrato bilateral. Imaginemos contrato de depósito oneroso


em que o depositário só aceite a custódia dos bens se o depositante lhe outorgar
mandato, conferindo-lhe poderes para administrar os referidos bens. O mandato seria
aqui condição para que houvesse o depósito. Sua revogação importaria a extinção do
contrato de depósito.

c) Mandato como meio de cumprimento de outro contrato. É o que acontece no


endossomandato, em que o titular de cambial endossa-a apenas para que seja cobrada. A
tem nota promissória contra B. A fim de receber seu crédito, transfere-a a C, através de
endosso, somente para que este promova a cobrança.
13

d) Mandato que contenha poderes de cumprimento ou confirmação de negócios já


realizados. Exemplo seria o mandato conferido para que se realize contrato de compra e
venda de imóvel. A vende seu imóvel a B. Este escolhe pessoa de sua confiança, à qual
A outorga poderes para assinar a escritura em seu nome. Este mandato é meio de
cumprimento da compra e venda, não podendo, pois, ser revogado.

e) Sócio-administrador ou liquidante investido pelo contrato social.

Há duas formas de se investir sócio na administração de sociedade. A primeira, bastante


comum em sociedades de pequeno porte, é, logo quando de sua fundação, nomear tal ou
tal sócio como administrador por meio de cláusula no contrato social. A segunda, mais
comum em sociedades de médio e grande porte, é a eleição de um ou mais sócios, de
tempos em tempos, em assembleia geral. O mesmo se dá em relação ao liquidante, ou
seja, aquela pessoa encarregada de liquidar os negócios da sociedade caso esta venha a
se extinguir.

Art. 1174 – “Cessa o mandato:” II – “pela morte ou interdição de uma das partes;”

2ª) Fato jurídico natural

Fato natural é a morte. Com ela, cessa o mandato, por ser intuitu personae. Se é a morte
do mandante, os atos serão válidos em relação a terceiros de boa-fé, enquanto a ignorar
o mandatário. Se o mandatário, de má-fé, contrair obrigações com terceiros de boa-fé,
responderá perante os herdeiros do mandante, pois aplica-se ao caso a teoria da
aparência. Em outras palavras, os terceiros de boa-fé não serão prejudicados. Se a morte
for do mandatário, cessa o mandato, ainda que os herdeiros tenham habilitação para
cumpri-lo. Terão eles que avisar ao comitente e realizar os atos inadiáveis, sob pena de
responderem por perdas e danos.

Art. 1174 – “Cessa o mandato:” II – “pela morte ou interdição de uma das partes;”

III – “pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o


mandatário para os exercer;”

IV – “pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.”


14

3ª) Fato jurídico não natural

O primeiro é a mudança de estado. Toda mudança de estado que importe cessação da


capacidade contratual extingue o mandato, ressalvados os direitos de terceiros de boa-
fé. É o caso de uma das partes tornar-se louca, sendo interditada.

O segundo é o término do prazo.

E o terceiro é a conclusão do negócio, objeto do mandato.

Art. 1176 – “Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação de outro, para o
mesmo negócio, considerar-se-á revogado o mandato anterior.”

Art.1176 – “Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os herdeiros,


tendo ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a bem dele, como as
circunstâncias exigirem.”

Com a morte do mandatário ocorre de imediato o desaparecimento dos poderes de


representação.

Caso o mandante falecido deixe herdeiros ou sucessores, nesta contingência, a sucessão


causa mortis implica o nascimento de deveres perante o mandante.

De acordo com o art.1176, cada herdeiro do outorgado deve: (I) avisar o mandante da
morte; (II) providenciar os actos devidos, a bem do mandante, “como as circunstâncias
exigirem”.

A finalidade do aviso ao mandante consiste em ensejar a constituição de novo


representante. O dever de providenciar os atos exigidos pelas circunstâncias nascerá
para os herdeiros dotados de capacidade e de habilitação para o ato.

De acordo com Assis, os herdeiros que não se desincumbirem, a contento, dos deveres
impostos pelo referido artigo, respondem perante o mandante pelo dano a ele provocado
culposamente.

7.1. Irrevogabilidade do mandato:


Apesar de ser o mandato essencialmente revogável, pode tornar-se revogável em
determinados casos definidos na lei.
15

“Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar,


pagará perdas e danos.”

O mandato é irrevogável se contiver cláusula de irrevogabilidade.

No entanto, como a revogação é a própria essência do mandato, admite-se a


revogabilidade, tendo o mandante, neste caso, que pagar perdas e danos.

Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, ou tiver


sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato será
ineficaz.”

O mandato é irrevogável quando contiver cláusula de irrevogabilidade como condição


de um negócio bilateral (mandato acessório de outro contrato), ou tiver sido estipulada
no exclusivo interesse do mandatário. Conferido o mandato com a cláusula “em causa
própria”, a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer
das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para
si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.”

O mandato é irrevogável quando for conferido com a cláusula “em causa própria”.

A procuração em causa própria ou mandato in rem suam é outorgada no interesse


exclusivo do mandatário e utilizada como forma de alienação doe bens. Recebe este
poderes para transferi-los para o seu nome ou para o de terceiro (finalidade mista),
dispensando nova intervenção dos outorgantes e prestação de contas.

A procuração in rem suam não se extingue com a morte do outorgante, nem tolera
revogação. No caso de morte, o outorgado obrará em nome dos sucessores do
outorgante. Decidiu a 4ª Turma do curso de Direito: “Ao transferir os direitos, o
mandante se desvincula do negócio, não tendo mais relação com a coisa alienada, pelo
que não há que se falar em extinção do contrato pela morte do mandante”. E, no
concernente à possibilidade de revogação, “a sua revogação não terá eficácia”, e,
sujeitará o outorgante a indenizar.

“A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos


terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte
as acções que no caso lhe possam caber contra o procurador.”
16

Conclusão
O mandato é uma espécie de contrato por meio do qual alguém nomeia outrem para
representá-lo na prática de actos jurídicos ou na administração de interesses, delegando-
lhe poderes para a execução de determinados negócios.

É uma alternativa de solucionar situações que impossibilitam a presença de alguém em


determinado acto ou para a efetivação de algum negócio jurídico. Dessa forma, nomeia-
se uma pessoa de confiança, mediante uma procuração para que esta realize actos em
nome do representado.

Embora na maioria dos casos de mandato não seja necessária a confissão de uma
procuração lavrada em registo e notariado, com certeza a sua utilização torna o negócio
mais seguro juridicamente. E até mesmo a procuração, para gerar uma garantia aos
envolvidos, requer alguns cuidados, como o estabelecimento de prazo de duração e
poderes específicos.
17

Referência Bibliográfica
Legislação:

 Decreto-lei n.º 47 344, de 25 de Novembro de 1966 [aprova o código civil]

Doutrinas:

Coelho, F. U.. (2005).Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, Vol. 3.

Diniz, M. H. (2007). Curso de Direito Civil Brasileiro. 23. ed. São Paulo: Saraiva,. Vol.
3.

Gonçalves, C. R. (2004).Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva,. Vol. III.

Monteiro, W. de B.(2003).Curso de direito civil. 34. ed. São Paulo: Saraiva,. Vol. 5.

Rodrigues, Silvio. (2002). Direito Civil. 28. ed. São Paulo: Saraiva, Vol. 3.

Venosa, S. de S, (2009). Contratos em espécie. 9. ed. São Paulo: Atlas. Vol. 3.

Você também pode gostar